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SUMÁRIO: |
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A ORIGEM DO TAROT |
MÉTODO E INVOCAÇÃO |
ARCANOS MAIORES |
ARCANOS MENORES |
NÚMEROS E NAIPESA INTERPRETAÇÃOMÉTODOS DE DISPOSIÇÃO |
Divinação, clarividência, profecia, previsão, intuição, palpite, pressentimento, é o ato ou esforço de predizer acontecimentos distantes no tempo e no espaço, se tratando especialmente do destino. A adivinhação busca determinar o as causas ocultas dos acontecimentos, predizendo pensamentos, sentimentos de outras pessoas, mudanças futuras em suas vidas, por meio de práticas variadas de consultas a sabedoria oracular.
Magos ou videntes utilizam de técnicas para entendimento da realidade num nível mais amplo e elevado. Uma maneira de canalizar respostas que estavam latentes no astral. Sonhos, clariviência, mediunidade e mesmo invocações são meios de contato com este plano.
As chaves do ocultismo prático, quer sejam do Misticismo ou da Magia(k), podem ser apreendidas intelectualmente pela dedicação constante em estudo de livros, mas é apenas nos planos internos que seus trabalhos efetivos podem ser revelados.
À menos que os contatos necessários nos planos internos sejam estabelecidos da maneira adequada, nenhuma quantidade de leitura revelará “segredos” que são literalmente indecifráveis e portanto verdadeiramente ocultos. As proteções, contra o acesso indevido, são tanto automáticas quanto à prova de descuidos. É absolutamente impossível obter resultados satisfatórios de qualquer sistema de adivinhação sem a necessária e perfeita presença da Arte. Trata-se do mais sensível, difícil e perigoso ramo da magia.
O Tarô é um oráculo de cartas, conhecido em sua configuração atual desde o século XVI. Ele consiste em 78 cartas que se dividem em dois grupos principais. Os Arcanos Maiores compõem-se de 22 cartas numeradas seqüencialmente, nas quais são representados motivos individuais, como, por exemplo, um louco, um mago, o sol e a lua, assim como também a morte e o diabo. As 56 cartas restantes, que são chamadas de Arcanos Menores, subdividem-se em quatro séries ou naipes, que possuem respectivamente um símbolo em comum (Paus, Espadas, Discos ou Copas). Existem muitas divergências sobre a origem desse oráculo e de como ele teria chegado até a Europa. As pistas mais antigas perdem-se no século XIV. Supõe-se que naquela época os Arcanos Menores tenham chegado ao Ocidente vindos do mundo islâmico. Por outro lado, a origem das cartas dos Arcanos Maiores, que por sua vez são bem mais significativas, é incerta. Elas aparecem somente por volta do fim do século XVI, e não se sabe se a ligação com as cartas dos Arcanos Menores surgiu nessa época ou se as 78 cartas estiveram desde o início juntas. Com os Arcanos Maiores, muitas pessoas acreditam ter em suas mãos nada menos do que o Livro da Sabedoria da Casta de Sacerdotes do Antigo Egito, que durante vários séculos floresceu secretamente até chegar ao conhecimento público, por volta de 400 anos atrás. Outras pessoas partem do princípio, sem dúvida bem mais plausível, de que essas cartas tenham surgido na mesma época em que se tornaram conhecidas. Tão misterioso quanto a origem dos Arcanos Maiores é o seu estranho “desaparecimento” posteriormente. Enquanto os Arcanos Menores são conhecidos por quase qualquer pessoa em razão de nossos baralhos atuais terem se originado destes, dos Arcanos Maiores somente O LOUCO “sobreviveu”. Ele transformou-se no Coringa. As outras 21 cartas restantes desapareceram dos baralhos difundidos nos dias atuais, porém, os quatro naipes dos Arcanos Menores e sua estrutura, por sua vez, permaneceram até hoje. Os símbolos Paus, Espadas, Taças e Ouros, que são até hoje difundidos em jogos de cartas em países de língua românica, tornaram-se na Alemanha Paus, Espadas, Copas, Ouros, assim como Castanhas, Folhas, Corações e Sinos.
O Tarot de Thoth, também chamado de Livro de Thoth, é uma baralho de 78 cartas de tarot projetadas por Aleister Crowley e ilustradas por Lady Frieda Harris. O projeto começou em 1938 e foi completado cinco anos mais tarde em 1943, embora ele não tenha sido publicado até 1969 pela O.T.O. através dos eforços de Grady McMurtry X°. O baralho inteiro é projetado para uma representação pictórica da Qabbala e especialmente a Árvore da Vida, um sistema de 10 esferas e 22 caminho interconectados que são usados para organizar conceitos místicos.
O Tarot é, sem qualquer dúvida, uma tentativa deliberada de representar, sob forma pictórica, as doutrinas da Qabalah. A evidência para isso é muito semelhante à evidência apresentada por uma pessoa que está fazendo palavras cruzadas. Ela sabe, pelas pistas da horizontal, que sua palavra é “ESMAG – espaço vazio – R”; portanto, é certo, sem possibilidade de erro, que o espaço vazio seja um “A”.
RODA E ‒ WHOA!
A Grande Roda de Samsara. A Roda da Lei (Dhamma). A Roda do Tarô. A Roda dos Céus. A Roda da Vida.
Todas estas Rodas são uma; porém, de todas elas, apenas a Roda do Tarot é de teu proveito consciente. Medita longa e larga e profundamente, oh homem, sobre esta Roda, revolvendo-a em tua mente! Seja esta tua tarefa: ver como cada carta brota necessariamente de outra carta, na devida ordem, do Louco ao Dez de Ouros. Então, quando tu conheceres a Roda do Destino por completo, tu talvez percebas AQUELA Vontade que a moveu primeiramente. (Não há primeiro ou último.) E eis tu passaste pelo Abismo.
– O Livro das Mentiras
As cartas da corte e as cartas menores formam o esqueleto do Tarô em sua principal função, como mapa do universo. Mas, no que diz respeito ao significado especial do baralho como chave para fórmulas mágicas, os vinte e dois trunfos (Arcanos Maiores ou ATU) adquirem importância peculiar. Sua atribuição é a seguinte: as três letras-mãe do alfabeto hebraico, Shin, Mem e Aleph, representam os três elementos ativos; as sete chamadas letras duplas, Beth, Gimel, Daleth, Kaph, Pé, Resh e Tau representam os sete planetas sagrados. As doze letras restantes, Hé, Vau, Zain, Cheth, Teth, Yod, Lamed, Nun, Samekh, Ayin, Tzaddi e Koph representam os signos do zodíaco.
Há um ligeiro emparamento ou sobreposição nesse arranjo. A letra Shin tem que servir tanto para o fogo quanto para o espírito, da mesma maneira que o número 2 participa da natureza do número 1; e a letra Tau representa tanto Saturno, quanto o elemento terra. Nessas dificuldades reside uma doutrina.
As cartas da côrte, por sua vez, representam o Pai, Mãe, Filho, Filha em sua plenitude, YHVH.
Eis uma afirmação simples sobre o plano da Árvore da Vida. Os números, ou coisas-em-si, são dez emanações sucessivas provenientes do tríplice véu do Negativo. As cartas menores, numeradas de 1 a 10 correspondem às Sephiroth. Essas cartas são exibidas sob forma quádrupla, porque não são os puros números abstratos, mas símbolos particulares desses números no universo da manifestação, que é, por questão de conveniência, classificado sob a figura de quatro elementos. As cartas da côrte representam os próprios elementos, cada elemento dividido em quatro sub-elementos.
1 – KETHER – Os quatro ases: A coroa de Deus tem quatro florões.
2 – HOKMAH – Os quatro dois: A sua sabedoria se espalha e forma quatro rios.
3 – BINAH – Os quatro tres: De sua inteligência dá quatro provas.
4 – CHESED – Os quatro quatro: Da sua misericórdia há quatro benefícios.
5 – GVURAH – Os quatro cinco: O seu rigor quatro vêzes pune quatro erros.
6 – TIPHERETH – Os quatro seis: Por quatro raios puros sua beleza se revela.
7 – NETZAH – Os quatro sete: Celebremos quatro vêzes a sua vitória eterna.
8 – HOD – Os quatro oito: Quatro vêzes triunfa na sua eternidade.
9 – YESOD – Os quatro nove: Por quatro fundamentos seu trono é suportado.
10 – MALKHUTH – Os quatro dez: Seu único reino é quatro vêzes o mesmo. E conforme os florões do divino diadema.
Vê-se por esse arranjo tão simples, o sentido cabalístico de cada lâmina. Assim por exemplo, o cinco de paus significa rigorosamente Gvurah de Iod, isto é Justiça do Criador ou cólera do homem; o sete de copas significa vitória da misericórdia ou vitória da mulher; oito de espadas significa conflito ou equilíbrio eterno, e assim as outras. Assim podemos compreender como faziam os antigos pontífices para fazer este oráculo; as lâminas lançadas à sorte davam sempre um sentido cabalístico nôvo, mais rigorosamente verdadeiro na sua combinação, unicamente a qual era fortuita; e, como, a fé dos antigos nada dava ao acaso, eles liam as respostas da Providência nos oráculos do Taro, que eram chamados Theraph ou Theraphins entre os hebreus, como o pressentiu primeiramente o sábio cabalista Gaffarel, um dos magos habituais do cardeal Rechelieu.
O Tarô é uma representação pictórica das forças da natureza, concebida pelos antigos segundo certo simbolismo convencional. O Sol é uma estrela. Ao redor dele giram diversos corpos chamados planetas, inclusive a Lua, um satélite da Terra. Esses corpos giram numa única direção apenas. O sistema solar não é uma esfera, mas sim uma roda. Os planetas não permanecem em alinhamento exato, oscilando por certa extensão (relativamente pequena) de um lado do plano para o outro. Suas órbitas são elípticas. Os antigos imaginaram essa roda com clareza maior do que as mentes modernas estão habituadas a fazer. Prestaram particular atenção no aro imaginário. Dentro dos limites desse aro, perceberam que as estrelas fixas à distância se achavam, de um modo especial, ligadas ao movimento aparente do Sol. Deram o nome de zodíaco a esse aro ou cinturão da roda. As constelações fora desse cinturão não pareciam ter muita importância para a humanidade, porque não se encontravam na linha direta da grande força giratória da roda (T.A.R.O. = R.O.T.A. = roda).
Embora as origens do Tarô sejam perfeitamente obscuras, há uma porção bastante interessante da história absolutamente moderna, bem enquadrada na memória do homem vivo, que é extremamente significativa e em relação à qual se constatará, à medida em que a tese é desenvolvida, que sustenta o Tarô de uma forma notabilíssima. Em meados do século XIX, surgiu um grande cabalista e estudioso, que ainda incomoda as pessoas obtusas devido ao seu hábito de divertir-se às suas custas, fazendo-as de tolas postumamente. Seu nome era Alphonse Louis Constant e era um abade da Igreja romana. Para obter seu nom-de-guerre, traduziu seu nome de batismo para o hebraico: Éliphas Lévi Zahed, sendo conhecido mais comumente por Éliphas Lévi. Lévi era um filósofo e um artista, além de ser um supremo estilista em literatura e um gracejador prático da variedade denominada Pince sans rire; e, sendo artista e profundo simbolista, era imensamente atraído pelo Tarô. Quando se achava na Inglaterra, propôs a Kenneth Mackenzie, famoso estudioso do oculto e maçom de alto grau, a reconstituição e edição de um baralho concebido cientificamente. Nas suas obras, ele apresenta novas representações dos trunfos chamados A Carruagem e O Diabo. Parece ter entendido que o Tarô era realmente uma forma pictórica da Árvore da Vida qabalística, que é a base de toda a Qabalah, a tal ponto que compôs suas obras apoiando-se sobre essa base. Quis escrever um tratado completo de magia. Dividiu seu assunto em duas partes: teoria e prática, as quais denominou, respectivamente, Dogma e Ritual. Cada parte possui vinte e dois capítulos, um para cada qual dos vinte e dois trunfos; cada capítulo trata do assunto representado pela figura exibida pelo trunfo. A importância da precisão da correspondência será mostrada no devido tempo.Neste ponto, aportamos para uma ligeira complicação. Os capítulos apresentam correspondência, mas o fazem erroneamente, o que só pode ser explicado pelo fato de Lévi sentir-se preso pelo seu juramento original de segredo à Ordem dos Iniciados que lhe concedera os segredos do Tarô.
Eis um excelente exemplo da doutrina do equilíbrio que a tudo permeia. Lê-se sempre a equação ax2 + bx + x = 0. Se não for igual a zero, não é uma equação. E assim, sempre que qualquer símbolo perde importância em um lugar na Qabalah, ele a ganha em outro. As cartas da corte e as cartas menores formam o esqueleto do Tarô em sua principal função, como mapa do universo. Mas, no que diz respeito ao significado especial do baralho como chave para fórmulas mágicas, os vinte e dois trunfos adquirem importância peculiar.
A que símbolos são atribuídos? Não podem ser identificados com nenhuma das ideias essenciais, porque este lugar está tomado pelas cartas de 1 a 10. Não podem representar primordialmente o complexo Pai, Mãe, Filho, Filha em sua plenitude, porque as cartas da corte já assumiram essa posição. Sua atribuição é a seguinte: as três letras-mãe do alfabeto hebraico, Shin, Mem e Aleph, representam os três elementos ativos; as sete chamadas letras duplas, Beth, Gimel, Daleth, Kaph, Pé, Resh e Tau representam os sete planetas sagrados. As doze letras restantes, Hé, Vau, Zain, Cheth, Teth, Yod, Lamed, Nun, Samekh, Ayin, Tzaddi e Koph representam os signos do zodíaco.
Há um ligeiro emparamento ou sobreposição nesse arranjo. A letra Shin tem que servir tanto para o fogo quanto para o espírito, da mesma maneira que o número 2 participa da natureza do número 1; e a letra Tau representa tanto Saturno, quanto o elemento terra. Nessas dificuldades reside uma doutrina.
Mas não se pode dispensar essas vinte e duas letras assim casualmente. A pedra que os construtores rejeitaram torna-se a parte mais importante do canto. Essas vinte e duas cartas adquirem uma personalidade própria: uma personalidade muito curiosa. Seria inteiramente errado afirmar que elas representam um universo completo. Parecem representar fases bastante curiosas do universo. Não parecem fatores essenciais na estrutura do universo. Mudam de tempos em tempos em sua relação com os eventos correntes. Um olhar no elenco de seus títulos parece não mostrar mais o espírito estritamente filosófico e científico de austera classificação encontrado nas outras cartas. A linguagem do artista salta sobre nós. Os títulos são: O Louco, O Prestidigitador (NT: O Mago), A Alta Sacerdotisa, A Imperatriz, O Imperador, O Hierofante, Os Amantes, A Carruagem, Volúpia, A Roda da Fortuna (NT: Fortuna), Ajustamento, O Pendurado, Morte, Arte, O Diabo, A Casa de Deus (NT: A Torre), A Estrela, A Lua, O Sol, O Æon, O Universo. É óbvio que não são representações simbólicas francas, diretas dos signos, elementos e planetas envolvidos. São mais hieróglifos de mistérios peculiares vinculados a cada um. Pode-se começar a suspeitar que o Tarô não é uma mera representação direta do universo ao modo impessoal do sistema do Yi King. O Tarô começa a se parecer com propaganda. É como se os Chefes Secretos da Grande Ordem, que é a guardiã dos destinos da espécie humana, tivessem desejado apresentar certos aspectos particulares do universo, estabelecer certas doutrinas especiais, declarar certas modalidades de trabalho apropriados às situações políticas existentes. Diferem tal como uma composição literária difere de um dicionário.Foi bastante lamentável, embora absolutamente inevitável, ser obrigado a ir tão longe na argumentação, e que esta argumentação tenha envolvido tantas digressões a título de notas preliminares sobre a descrição direta do baralho. Talvez tudo se torne mais simples procedendo-se à sumarização das afirmações acima. Eis uma afirmação simples sobre o plano da Árvore da Vida. Os números, ou coisas-em-si, são dez emanações sucessivas provenientes do tríplice véu do Negativo. As cartas menores, numeradas de 1 a 10 correspondem às Sephiroth. Essas cartas são exibidas sob forma quádrupla, porque não são os puros números abstratos, mas símbolos particulares desses números no universo da manifestação, que é, por questão de conveniência, classificado sob a figura de quatro elementos.
As cartas da corte representam os próprios elementos, cada elemento dividido em quatro sub-elementos. Por comodidade, segue abaixo uma lista dessas cartas:
Cavaleiro de Bastões – Fogo do Fogo
Rainha de Bastões – Água do Fogo
Príncipe de Bastões – Ar do Fogo
Princesa de Bastões – Terra do Fogo
Cavaleiro de Copas – Fogo da Água
Rainha de Copas – Água da Água
Príncipe de Copas – Ar da Água
Princesa de Copas – Terra da Água
Cavaleiro de Espadas – Fogo do Ar
Rainha de Espadas – Água do Ar
Príncipe de Espadas – Ar do Ar
Princesa de Espadas – Terra do Ar
Cavaleiro de Discos – Fogo da Terra
Rainha de Discos – Água da Terra
Príncipe de Discos – Ar da Terra
Princesa de Discos – Terra da Terra
Os trunfos do Tarô são vinte e dois e representam os elementos entre as Sephiroth ou coisas-em-si, de sorte que a posição deles na Árvore da Vida é bastante significativa. Eis dois exemplos: a carta chamada Os Amantes, cujo título secreto é Os Filhos da Voz, o Oráculo dos Poderosos Deuses, conduz do número 3 ao número 6. O número 6 é a personalidade humana de um homem; o número 3, sua intuição espiritual. Portanto, é natural e significativo que a influência do 3 sobre o 6 seja aquela da voz da intuição ou da inspiração. É a iluminação da mente e do coração pela Grande Mãe.
Considere novamente a carta que une o número 1 ao número 6. Seu nome é A Alta Sacerdotisa e é atribuída à lua. A carta representa a Ísis Celestial, sendo um símbolo de completa pureza espiritual e iniciação em sua forma mais secreta e íntima, descendo sobre a consciência humana a partir da suprema consciência divina. Contemplada de baixo, é a aspiração pura e inabalável do homem à divindade, sua fonte. Será adequado tratar mais detalhadamente dessas matérias quando estivermos com as cartas separadamente.
Do exposto até aqui, transparece que o Tarô ilustra, primeiramente, a Árvore da Vida em seu aspecto universal e, em segundo lugar, o comentário particular que ilustra a fase da Árvore da Vida que interessa particularmente as pessoas encarregadas da guarda da espécie humana no momento específico da produção autorizada de dado baralho. É, consequentemente, correto para aqueles guardiões alterar o aspecto do baralho quando lhe parecer bom fazê-lo. O próprio baralho tradicional foi submetido a numerosas modificações, adotadas de acordo com a conveniência. Por exemplo, O Imperador e A Imperatriz nos baralhos medievais se referiam de maneira absolutamente definida ao Santo Imperador Romano e sua consorte. A carta originalmente denominada O Hierofante, representando Osíris (como é mostrado pelo formato da tiara) tornou-se, no período renascentista, O Papa. A Alta Sacerdotisa passou a ser chamada de Papisa Joana, representando certa lenda simbólica que circulava entre os iniciados e se tornou vulgarizada na fábula de uma papisa. Ainda mais importante, O Anjo, ou O Juízo Final, representava a destruição do mundo pelo fogo. Seu hieróglifo é, de certa forma, profético, pois quando o mundo era destruído pelo fogo em 21 de março de 1904,7 a atenção de alguém era inevitavelmente atraída para a semelhança dessa carta com a Estela da Revelação. Sendo este o início do novo Æon, pareceu mais adequado exibir o início do Æon, pois tudo que se sabe do próximo Æon, vigente por 2.000 anos, é que seu símbolo é aquela de cetro duplo.8 Mas o novo Æon produziu alterações tão fantásticas na ordem estabelecida das coisas, que seria evidentemente absurdo tentar proceder às tradições desgastadas, pois “os rituais de outrora são negros.” Por conseguinte, o esforço deste escriba tem sido no sentido de preservar aquelas características essenciais do Tarô, que são independentes das alterações periódicas do Æon, ao mesmo tempo modernizando os aspectos dogmáticos e artísticos do baralho que acabaram por se tornar ininteligíveis. A arte do progresso consiste em manter incólume o eterno e, contudo, adotar uma posição de vanguarda, talvez em alguns casos quase revolucionária, com respeito aos acidentes que estão sujeitos ao império do tempo.
INVOCAÇÃO
Acenda a vela e incenso de sua preferência ou de acordo com as correspondências astrológicas. Mantenha sua esfera de cristal no centro das operações. Que ela nunca seja revelada aos profanos e sempre envolta em tecido negro quando não estiver sendo utilizada. Segure as 78 cartas em sua mão esquerda e na mão direita empunhe o bastão sobre elas, invocando:
I invoke thee, I A O, that thou wilt send H R U, the great Angel that is set over the operations of this Secret Wisdom, to lay his hand invisibly upon these consecrated cards of art, that thereby we may obtain true knowledge of hidden things, to the glory of thine ineffable Name. Amen” |
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Eu invovo a ti, I A O, para que envies H R U, o grande Anjo que preside às operações desta Sabedoria Secreta, para que pouse sua mão invisivelmente sobre estas consagradas cartas de arte, que por meio disso possamos obter conhecimento verdadeiro sobre coisas ocultas, para a glória inefável de seu Nome. Amen “ |
“Convém notar, a propósito, que o nome Heru é idêntico a Hru, que é o grande Anjo constituído como regente do Tarô. Este novo Tarô pode, portanto, ser considerado como uma série de ilustrações para O Livro da Lei, cuja doutrina está implícita em toda parte. ” – O Livro de Thoth.
EMBARALHAR, CORTAR E DISPOR AS CARTAS
Depois de ter definido a pergunta e decidido por um sistema de disposição que melhor se adeque a questão. Prossiga como descrito em sugestão a seguir:
1. Embaralhe as cartas. Você não tem de levar em consideração nenhuma regra em especial para fazê-lo. Embaralhe-as durante o tempo e a forma que você preferir.
2. Espalhe-as em forma de leque à sua frente com as figuras voltadas para a superfície da mesa.
3. Com a mão esquerda, retire do leque aleatoriamente a quantidade de cartas necessária para o sistema de disposição escolhido e coloque-as uma em cima da outra em um monte, ainda voltadas para baixo.
4. Coloque as cartas restantes de lado.
5. Vire-as agora, uma após a outra, na seqüência em que foram escolhidas (ou seja, em primeiro lugar a carta que se encontra por debaixo do monte), e posicioneas de acordo com o respectivo sistema de disposição escolhido para a leitura.
Uma outra sugestão seria:
1. Embaralhe as cartas durante o tempo e a forma que você preferir.
2. Com a mão esquerda (caminho lunar), corte as cartas tentando atingir o meio do baralho e coloque a esquerda do restante de cartas. Sobreponha a parte cortada sobre a outra metade do monte a direita.
3. Corte novamente em quatro partes enquanto mentaliza a vibração יהוה. Melhor ilustrando: corte no meio e divida as metades formando 4 partes. Junte novamente as cartas e corte ao meio com a mão esquerda.
4. Retire quantas cartas forem necessárias para o sistema de disposição escolhido retirando sequencialmente da parte de cima do monte.
Os Arcanos Maiores consistem de 22 cartas que representam os principais arquétipos. É provável que 22 não seja um número mais definitivo para arquétipos do que qualquer outro, uma vez que antigas culturas e religiões, juntamente com as mais modernas, tendem a englobar literalmente centenas de arquétipos, como faz o hinduísmo com sua legião volumosa de deuses maiores e menores, e o catolicismo com sua hierarquia celestial de várias centenas de serafins, querubins, tronos, domínios, virtudes, poderes, principados, arcanjos e anjos. No entanto, no Tarô, os Arcanos Maiores são aqueles arquétipos mais eminentemente ligados ao inconsciente coletivo da humanidade e, como tal, possuem uma aplicação universal independente de raça, religião ou credo da pessoa. Visto de um outro ponto do espectro numérico, pode-se também dizer que os Maiores consistem de apenas dois arquétipos – sendo eles a polaridade terra-céu de yin e yang, positivo e negativo, ou masculino e feminino – expressos em 22 de seus aspectos ou estágios complementares. Como resultado, a maioria das cartas dos Arcanos Maiores mostram apenas um homem ou uma mulher, ou um homem e uma mulher juntos. Porém, se estivermos dispostos a ir além, esses dois arquétipos podem também ser reduzidos a apenas um que, como já dissemos, é o Um, o Todo simples e indivisível, percebido por nós como yin e yang no plano Terrestre. O Um é representado pelo Louco. Por essa razão é que o Louco recebe o número 0, e pode ser colocado tanto no começo quanto no fim dos Arcanos Maiores. O Tarô, por representar a cosmologia, é um trampolim para o infinito e para o eterno. Não há fim para ele, e essa é a razão pela qual os tarólogos falaram e escreveram muito sobre isso em geral e sobre cada arquétipo em especial. Ao fazer uma leitura, a interpretação dependerá de para quem se está lendo, o sentido de uma carta específica, sua relação com outras cartas, a posição de cada carta no sistema, o objetivo a ser alcançado e, para muitos leitores, se a figura da carta está virada para cima ou para baixo. Acrescente a isso as possibilidades genéricas contidas no macrocosmo do Tarô em si e em cada carta individualmente, e teremos material suficiente para durar não uma vida inteira, mas inúmeras vidas.
OS 22 ARCANOS: |
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י (Yod)
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ה (He)
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ו (Vau)
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ה (He)
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Naipe de Paus (Fogo)
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Naipe de Copas (Água)
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Naipe de Espadas (Ar)
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Naipe de Discos (Terra)
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Os Arcanos Menores consistem de 40 cartas: 10 cartas numeradas de 1 a 10 em cada um dos quatro naipes. Os quatro naipes são paus, copas, espadas e ouros. Em geral, considera-se que os Arcanos Menores também incluam as cartas da realeza. Os quatro naipes representam os quatro elementos e são extremamente importantes porque mostram as quatro últimas maneiras de que somos capazes de perceber as coisas. Toda a consciência humana é filtrada por nossa(s) 1) intuição ou espírito (paus); 2) emoções (copas); 3) pensamentos (espadas); ou 4) os cincos sentidos físicos (ouros). Se um estímulo não estiver sendo recebido por meio de um ou mais desses quatro mecanismos perceptivos, então não perceberemos sua presença. Na psicologia, essas quatro funções são chamadas de intuição, sentimento, pensamento e sensação, respectivamente. Também do ponto de vista psicológico, paus (intuição) corresponde ao super-consciente, ouros (emoções) ao subconsciente, espadas (pensamento) ao consciente e ouros (sensação) ao físico. Os quatro naipes são fundamentais para nossa existência na Terra, e suas correlações são encontradas em inúmeras formas, tais como o Cavaleiro, a Rainha, o Príncipe e a Princesa das cartas da realeza; as quatro estações Primavera, Verão, Outono e Inverno; e as quatro direções Norte, Sul, Leste, Oeste. Na astrologia e na alquimia eles são denominadas pelos quatro elementos Fogo, Água, Ar e Terra, e na numerologia são os números de 1 a 4. Os quatro naipes possuem nomes e títulos diferentes, dependendo do contexto em que estão sendo usados e que assunto está sendo discutido, mas seja quais forem estas denominações, cada naipe possui os mesmos atributos, isto é, o naipe de paus mantém as mesmas características como Fogo, o número 1, intuição, Primavera e espaço chamado Sul. Depois estão algumas outras propriedades geralmente atribuídas aos naipes. Diferentes tarólogos discordam um pouco acerca dessas correspondências, mas, em geral, são bem coerentes.
PAUS
O Mundo Espiritual da Criatividade.י do tetragrammaton. A época da Primavera e o quadrante do Sul. Empreendimento, carreira, sabedoria, imaginação, inspiração, criatividade, liberdade, intuição, energia, poder, paixão, espírito, luz e superconsciente. As cores de paus são as da luz, iluminação, fogo, chama, aurora boreal, arco-íris e Sol, porque, embora todas as coisas sejam compostas de luz, estas estão mais próximas da pura luz ou das refrações de luz na física.
COPAS
O Mundo Emocional do Sentimento. ה do tetragrammaton. O tempo do Verão e o espaço do Leste. Receptividade, emoções, sentimentos, segurança, sobrevivência, instintos, memória, psiquismo, anseios, medos, sonhos, fantasias e subconsciente. As cores de copas são as da água, lagos, rios, chuva, mar e sangue. O sangue é, na verdade, azul escuro até ser exposto ao ar, razão pela qual nossas veias parecem azuis embaixo da pele.
ESPADAS
O Mundo Mental do Pensamento. ו do tetragrammaton. O tempo do Outono e o quadrante do Oeste. Mudança, novas empreitadas e idéias, intelecto, mente, razão, análise, planejamento, comunicação, lógica, processos de pensamento, opiniões, julgamentos e consciência. As cores do naipe de Espadas são as do ar, nuvens, fumaça e céu. O ar e o céu são ambos azul claro. O físico K.C. Cole afirma: “O ar é azul pela mesma razão que o céu (composto de ar), porque grupos de moléculas do ar espalham a luz azul mais do que todas as outras cores na luz solar…” Ar, nuvens e céu podem, a princípio, não parecer muito coloridos para nós, mas talvez não haja nada mais bonito ou colorido em sua própria maneira do que o céu, as nuvens e o ar durante uma tempestade violenta; o jorro vibrante, silenciosamente maciço da atmosfera sobre o deserto; ou a intensidade de tirar o fôlego do céu pintado durante o nascer e o pôr do sol.
OUROS
O Mundo Material dos Objetos Físicos Visíveis. ה final do tetragrammaton. O tempo do Inverno e o espaço do Norte. As recompensas terrestres, objetos materiais, negócios, trabalho, sucesso material, posses e todos os corpos físicos, oriundos da matéria, os objetos, o físico, estrutura, forma, dinheiro, finanças. As cores de ouros são aquelas tanto da Terra mesma, quanto de suas crianças físicas – criaturas, pessoas, árvores, plantas e toda vegetação.
OS QUATRO ASES
Os ases representam as raízes dos quatro elementos. Estão inteiramente acima e distintos das outras cartas menores do mesmo modo que se diz de Kether que é simbolizada apenas pelo ponto mais alto do Yod do Tetragrammaton. Nestas cartas não há manifestação real do elemento sob sua forma material. Elas formam um vínculo entre as cartas menores e as princesas, as quais regem os céus em torno do polo norte. O meridiano é a Grande Pirâmide, e os elementos regem, indo rumo ao leste, na ordem do Tetragrammaton, fogo, água, ar e terra. Assim, a grosso modo, ases-princesas, Bastões cobrem a Ásia, Copas o oceano Pacífico, Espadas as Américas, Discos Europa e África. Para tornar esta relação clara, pode-se observar um pouco o símbolo do pentagrama, ou escudo de Davi. Ele representa o espírito regendo os quatro elementos, sendo assim um símbolo do triunfo do homem. É muito difícil captar a ideia do elemento espírito. A letra Shin, que é a letra do fogo, tem que trabalhar duplamente representando também o espírito. Em termos gerais, as atribuições do espírito não são claras e simples como as dos outros elementos. É particularmente notável que o tablete do espírito no sistema enoquiano seja a chave para todo o dano, como no sistema hindu o akasha seja o ovo das trevas. Por outro lado, o espírito representa Kether. Talvez jamais estivesse na mente do Adepto Isento ou Adeptos Isentos que inventaram o Tarô irem tão longe nesta matéria. O ponto a ser retido é que tanto em sua aparência quanto em seu significado os ases não são os próprios elementos, mas sim as sementes destes elementos.
OS QUATRO DOIS
Estas cartas se referem à Chokmah. Do ponto de vista da pessoa comum, Chokmah é realmente o número 1 e não o número 2 porque é a primeira manifestação. Kether está completamente ocultada, de maneira que ninguém conhece coisa alguma a respeito dela. Consequentemente, apenas ao atingir os duques um elemento aparece realmente como o próprio elemento. Chokmah é descontaminado de qualquer influência e por isso os elementos aqui aparecem em sua condição harmoniosa original.O dois de Bastões é chamado de Senhor do Domínio e representa a energia do fogo, o fogo sob sua forma melhor e mais elevada. O dois de Copas é o Senhor do Amor, desempenhando função similar para a água. O dois de Espadas foi anteriormente chamado de Senhor da Paz Restaurada, mas esta palavra restaurada está incorreta porque não houve nenhum distúrbio. Assim, Senhor da Paz é um título melhor, mas é preciso um pensar profundo e árduo para resolver isso já que a espada é tão intensamente ativa. Pode ser útil o estudo do ensaio sobre o silêncio (pág. 120) para obter-se um paralelo: a forma negativa da ideia positiva. Consultar também o ensaio sobre castidade (Little Essays toward Truth, págs. 70-74.) que conclui: “Senhores Cavaleiros, sede vigilantes: vigiai por vossas armas e renovai vosso juramento, pois esse dia é de augúrio sinistro e letalmente carregado de perigo que vós não acumulareis até o trasbordamento com prazenteiras façanhas e audazes de dominadora, de viril castidade.” Ver também o testemunho de Catulo: domi maneas paresque nobis Novem continuas futationes. Tampouco deixe ele de compreender o gesto de Harpócrates; silêncio e castidade são isômeros. É tudo um caso da proposição geral de que a soma da energia infinita do universo é zero. O dois de Discos era chamado outrora de Senhor da Mudança Harmoniosa. Agora, simplesmente Mudança, e aqui a doutrina tem que ser expressa com um pouco mais de clareza. Sendo este naipe da terra, há uma ligação com as princesas e, portanto, com a Hé final do Tetragrammaton. A terra é o trono do espírito; tendo atingido a base, surge-se imediatamente de novo no topo. Daí, a carta manifesta o simbolismo da serpente dos anéis infinitos.
OS QUATRO TRÊS
Estas cartas se referem à Binah; em cada uma delas é expresso o simbolismo da compreensão. A ideia se tornou fertilizada; o triângulo foi formulado. Em cada caso a ideia é de certa estabilidade que jamais pode ser transtornada, mas da qual uma criança pode resultar. O três de Bastões é, consequentemente, o Senhor da Virtude. A ideia de vontade e domínio foi interpretada no caráter. O três de Copas é chamado de Senhor da Abundância. A ideia de amor atingiu a fruição, mas isto é agora suficientemente abaixo da Árvore para introduzir uma diferenciação bastante definida entre os naipes, que não foi previamente possível. A ideia de divisão, de mutabilidade, a ideia da qualidade aérea das coisas se manifesta no três de Espadas, o Senhor da Dor. Aqui se lembra da escuridão de Binah, do luto de Ísis, mas não se trata de qualquer tristeza vulgar dependente de qualquer desapontamento ou descontentamento individuais. É Weltschmerz, a dor universal; é a qualidade da melancolia. O três de Discos, de modo semelhante, exibe o resultado da ideia da terra, da cristalização das forças, sendo assim chamado de Senhor do Trabalho. Alguma coisa foi definitivamente feita.
OS QUATRO QUATROS
Estas cartas são atribuídas a Chesed. A conexão entre o número quatro e o número três é extremamente complexa. A característica importante é que o Quatro está “abaixo do Abismo”; por isso, na prática, significa solidificação, materialização. As coisas se tornaram manifestas. O ponto essencial é que ele expressa o governo da lei. No naipe de Bastões a carta é chamada de Conclusão. A manifestação prometida por Binah ocorreu agora. Este número tem que ser bastante íntegro porque é a influência dominante real sobre todas as cartas seguintes. Chesed, Júpiter-Amon, o Pai, o primeiro abaixo do Abismo, é a ideia mais elevada que pode ser compreendida de uma maneira intelectual, e é por isso que a Sephirah é atribuída a Júpiter, que é o demiurgo. O quatro de Copas é chamado de Luxúria. A natureza masculina do fogo permite que o quatro de Bastões apareça como uma concepção muito positiva e clara. A debilidade presente no elemento água ameaça sua pureza; não é suficientemente forte para controlar-se devidamente, de modo que o Senhor do Prazer é um pouco instável. A pureza foi de alguma maneira perdida no processo de satisfação. O quatro de Espadas é chamado de Trégua. Parece mais na linha do “homem forte armado que mantém sua casa em paz”. A natureza masculina do ar o torna dominante. A carta é quase um retrato da formação do sistema militar de clãs da sociedade. Quanto aos Discos, o peso do símbolo excede em peso quaisquer considerações de sua fraqueza. A carta se chama Poder. É o poder que domina e estabiliza tudo, mas administra seus negócios mais por negociação, por métodos pacíficos do que por qualquer afirmação de si mesmo. É a lei, a constituição sem o elemento agressivo.
OS QUATRO CINCOS
No Arranjo de Nápoles, a introdução do número cinco mostra a ideia de movimento vindo em ajuda daquela da matéria. Eis uma concepção completamente revolucionária cujo resultado é um total transtorno do sistema estaticamente estabilizado. Surgem agora tormenta e tensão.Isto não deve ser encarado como algo “maligno”. O sentimento natural em relação a isso é efetivamente pouco mais do que relutância das pessoas em se levantarem da mesa do almoço para voltarem ao trabalho. Na doutrina budista da dor essa ideia está implícita, a saber, que inércia e insensibilidade têm que caracterizar a paz. O clima da Índia é talvez em parte responsável por essa noção. Os adeptos da Escola Branca, da qual o Tarô é o livro sagrado, não conseguem concordar com tal simplificação da existência. Todo fenômeno é um sacramento. Por tudo isso, um distúrbio é um distúrbio. O cinco de Bastões é chamado de Disputa. Por outro lado, o cinco de Copas é chamado de Desapontamento, o que é apenas natural, porque o fogo se delicia em energia superabundante, enquanto que a água do Prazer é naturalmente plácida, e qualquer distúrbio da tranquilidade só pode ser considerado como infortúnio. O cinco de Espadas é analogamente problemático. A carta é chamada de Derrota. Houve poder insuficiente para sustentar a paz armada dos quatro. A disputa realmente irrompeu. Isto tem que significar derrota, pois a ideia original da espada foi uma manifestação do resultado do amor entre o bastão e a copa. É porque o nascimento tinha que se expressar na dualidade da espada e do ouro que a natureza de cada um parece ser tão imperfeita. O cinco de Discos encontra-se num caso igualmente ruim. A suave quietude dos quatro foi completamente arruinada. Esta carta se chama Preocupação (ver Skeat, Dicionário Etimológico. A ideia é de estrangulamento, como os cães preocupam as ovelhas. Note-se a identidade com a esfinge). O sistema econômico ruiu; não há mais equilíbrio entre as ordens sociais. Discos sendo como é, estólido e obstinado, se comparado com as demais armas, pois a revolução delas serve para estabilizá-las, não há qualquer ação, ao menos não em seu próprio âmbito, que possa afetar o resultado.
OS QUATRO SEIS
Estas cartas são atribuídas a Tiphareth. Esta Sephirah é, em certos aspectos, a mais importante de todas. É o centro de todo o sistema; é a única Sephirah abaixo do Abismo que se comunica diretamente com Kether. É alimentada diretamente de Chokmah e Binah, e também de Chesed e Geburah. Está assim admiravelmente apta a dominar as Sephiroth inferiores; é equilibrada tanto vertical quanto horizontalmente. No sistema planetário representa o Sol; no sistema do Tetragrammaton representa o Filho. O complexo geométrico inteiro do Ruach pode ser considerado como uma expansão de Tiphareth. Representa consciência em sua forma mais harmonizada e equilibrada, definitivamente em forma, não apenas ideia, como no caso do número dois. Em outras palavras, o Filho é uma interpretação do Pai nos termos da mente. Os quatro seis são assim representativos de seus respectivos elementos no que eles têm de melhor prático. O seis de Bastões é chamado de Vitória. A explosão de energia no cinco de Bastões, que foi tão súbita e violenta que até produziu a ideia de conflito, conquistou agora o sucesso por completo. O governo, ou domínio, no naipe de Bastões não é de modo algum tão estável como poderia ter sido se tivesse havido menor exposição de energia. Assim, deste ponto, logo que a corrente deixa o pilar do meio, a fraqueza inerente ao elemento fogo (que é não ser completamente equilibrado para toda sua pureza) leva a desenvolvimentos bastante indesejáveis. O seis de Copas é chamado de Prazer. Este prazer é de um tipo completamente harmonizado. O signo do zodíaco que governa a carta sendo Escorpião, o prazer é aqui enraizado no seu solo mais conveniente. Esta é preeminentemente uma carta fértil, uma das melhores no baralho. O seis de Espadas é chamado de Ciência. Seu regente é Mercúrio, de maneira que o elemento de sucesso rejeita a ideia de divisão e disputa; é a inteligência que conquistou a meta. O seis de Discos é chamado de Sucesso. O regente é a Lua. Esta é uma carta de acomodamento; é muito densa, totalmente falta de imaginação, e, contudo, um tanto sonhadora. A mudança logo cairá sobre ela. O peso da terra em última instância arrastará a corrente descendentemente para um mero acontecer de coisas materiais. Todavia, a Lua estando em Touro, o signo de sua exaltação, o melhor das qualidades lunares está inerente. Ademais, sendo um seis, a energia solar a fertilizou, criando um sistema equilibrado por enquanto. A carta é digna do nome Sucesso. Lembre-se apenas que todo sucesso é temporário; quão breve parada sobre o caminho do labor!
OS QUATRO SETES
Estas cartas são atribuídas a Netzach. A posição é duplamente desequilibrada; fora do pilar do meio e muito baixo na Árvore. Corre-se um enorme risco de descer até a ilusão e, antes de mais nada, fazê-lo por um esforço desvairado. Netzach pertence à Vênus; Netzach pertence à Terra e a maior catástrofe que pode sobrevir a Vênus é perder sua origem celeste. Os quatro setes não são capazes de trazer qualquer conforto; cada um representa a degeneração do elemento. Sua fraqueza maior fica exposta em todos os casos. O sete de Bastões é chamado de Valor. A energia se sente ela mesma na iminência de morrer; luta desesperadamente e pode ser vencida. Esta carta traz à tona o defeito inerente à ideia de Marte. Patriotismo, por assim dizer, não é o suficiente. O sete de Copas é chamado de Deboche. Esta é uma das piores ideias que se poder ter; seu método é veneno, sua meta, insanidade. Representa a ilusão do delirium tremens e do vício das drogas; representa o afundamento no lodo do prazer falso. Há algo quase suicida nesta carta. Ela é particularmente má porque não há nada, seja lá o que for, para equilibrá-la – nenhum planeta forte para sustentá-la. Vênus vai atrás de Vênus e a terra é agitada dentro do paul de escorpiões.O sete de Espadas é chamado de Futilidade. Trata-se de uma carta ainda mais fraca do que o sete de Bastões. Possui um signo passivo em lugar de um ativo, um planeta passivo em lugar de um ativo. É como um boxeador reumático tentando “voltar” depois de ter estado fora do ringue durante anos. Seu regente é a Lua. A pouca energia que ela possui não passa de devaneio; é absolutamente incapaz do labor sustentado que por si só, exceto milagres, pode conduzir qualquer esforço à fruição. A comparação com o sete de Bastões é sumamente instrutiva. O sete de Discos é chamado de Fracasso. Este naipe proporciona a passividade extrema; não há virtude positiva nele abaixo do Abismo. Esta carta é regida por Saturno. Compare-a com os outros três setes. Inexiste esforço aqui, e não há sequer sonho; o dinheiro apostado foi jogado fora e está perdido. Isto é tudo. O próprio trabalho é abandonado; tudo afunda na preguiça.
OS QUATRO OITOS
Os quatro oitos são atribuídos a Hod. Estando no mesmo plano dos setes na Árvore da Vida, embora no outro lado, os mesmos defeitos inerentes que foram encontrados nos setes também se aplicam aqui. Contudo, talvez se possa realçar um alívio, a saber, que os oitos chegam (num certo sentido) como um remédio para o erro dos setes. O dano foi produzido e agora há uma reação contra ele. Pode-se, portanto, esperar constatar que, se não há possibilidade de perfeição nas cartas deste número, elas estão livres daqueles erros essenciais e originais do caso de maior rebaixamento. O oito de Bastões é chamado de Presteza, como se poderia esperar de sua atribuição a Mercúrio e Sagitário. Trata-se de uma eterização da ideia do fogo. Todos os elementos grosseiros desapareceram. (Que se permita uma curta digressão sobre os signos do zodíaco. No caso de cada elemento, o signo cardeal representa a investida célere, impulsiva da ideia. No signo querúbico o elemento atingiu seu pleno equilíbrio de poder, e nos outros signos a força está esmorecendo. Assim, Áries representa a arremetida do fogo, o relâmpago; Leão, seu poder, o Sol; e Sagitário, o arco-íris, sua sublimação. Considerações similares se aplicam aos outros elementos. Ver a seção de Atribuições: as triplicidades do zodíaco). No oito de Bastões o fogo não está mais associado às ideias de combustão e destruição. Representa energia no seu sentido mais exaltado e mais tênue, o que sugere dela formas tais como a corrente elétrica; poder-se-ia quase dizer luz pura no sentido material dessa palavra. O oito de Copas é chamado de Indolência. Esta carta é o próprio ápice do dissabor. É regida pelo planeta Saturno; o tempo e a dor se precipitaram sobre o prazer e inexiste força no elemento água que possa reagir contra eles. Esta carta não é exatamente “a manhã que sucede a noite anterior”, mas está muito próxima disto. A diferença é que a “noite anterior”, não aconteceu! Esta carta representa a festa para a qual todos os preparativos foram feitos, mas o anfitrião esqueceu-se de convidar os convivas, ou os fornecedores não entregaram as iguarias e bebidas. Há esta diferença, ainda que se trate de uma maneira ou outra da própria falha do anfitrião. A festa que ele planejava estava apenas um pouquinho acima de sua capacidade; talvez ele tenha perdido o entusiasmo no último momento. O oito de Espadas é chamado de Interferência. À primeira vista pareceria fácil confundi-lo com o oito de Copas, mas a ideia, na realidade, é completamente diferente. A carta é atribuída a Júpiter e Gêmeos. Consequentemente, não há prostração da vontade devido à tensão interna ou externa. Trata-se apenas do erro de ser benévolo quando a benevolência é desastrosa. Gêmeos é um signo do ar, um signo intelectual; Júpiter é amabilidade e otimismo. Isto não funcionará no mundo de Espadas. Se alguém precisa agredir, um golpe violento é o melhor. Mas há outro elemento nesta carta, a saber, aquele da interferência (os oitos, sendo substancialmente mercurianos, são sempre isto) inesperada, pura má sorte imprevista. Incidentes triviais têm alterado amiúde o destino de impérios, reduzido a nada “os mais bem formulados planos de ratos e homens”. O oito de Discos é chamado de Prudência. Esta carta é bem melhor do que as duas últimas porque, em assuntos puramente materiais, especialmente aqueles relacionados ao dinheiro real, há uma espécie de força em não fazer coisa alguma. O problema de todo financista é, em primeiro lugar, ganhar tempo; se seus recursos são suficientes, ele sempre ganha na bolsa. Esta é a carta do “economizar alguma coisa para um dia de chuva”. Sua atribuição é Sol em Virgem; é a carta do agricultor; ele pode fazer pouco mais do que plantar a semente, sentar-se e aguardar a colheita. Não há nada nobre sobre este aspecto da carta; como todos os oitos, ela representa um elemento de cálculo e o jogo é seguramente lucrativo caso se tenha ajustado adequadamente a cagnotte. Há ainda outro ponto que complica esta carta. O oito de Discos representa a figura geomântica Populus, que é uma figura despreocupada, e ao mesmo tempo, estável. Pensa-se no tempo da Rainha Vitória, em um homem que é “alguma coisa na cidade”, bamboleando-se para a cidade com Alberto, o Bom chamando atenção para si por sua corrente de relógio e sua sobrecasaca; na superfície ele é muito afável, mas não é o bobo de ninguém.
OS QUATRO NOVES
Estas cartas são atribuídas a Yesod. Após a excursão dupla ao infortúnio, a corrente volta ao pilar do meio. Esta Sephirah é a sede da grande cristalização da energia. Mas esta ocorre bem embaixo na Árvore, no ápice do terceiro triângulo descendente, e um triângulo achatado neste caso. Há pouco apoio de esferas baixas, desequilibradas como Netzach e Hod. O que salva Yesod é o raio direto de Tiphareth; esta Sephirah está na linha direta de sucessão. Cada uma destas cartas produz o impacto pleno da força elementar, mas no seu sentido mais material, ou seja, da ideia da força, pois Yesod está ainda em Yetzirah, o mundo da formação. Zoroastro diz: “O número Nove é sagrado e atinge o auge da perfeição.” Egito e Roma, também, possuíam nove divindades maiores. O nove de Bastões é chamado de Força. É regido pela Lua e Yesod. Em The Vision and the Voice, o décimo primeiro Æthyr apresenta um relato clássico da resolução desta antinomia de mudança e estabilidade. O estudante deveria consultar também os trabalhos de qualquer um dos melhores físicos matemáticos. Dentre todas as importantes doutrinas sobre equilíbrio, esta é a de mais fácil compreensão, a saber, que mudança é estabilidade, que a estabilidade é garantida pela mudança, que se alguma coisa cessasse de mudar por uma fração de um segundo dividido se desintegraria. É a intensa energia dos elementos primordiais da natureza, que se os chame de elétrons, átomos, qualquer coisa que se queira, não faz diferença. A mudança garante a ordem da natureza. É por isso que ao aprender andar de bicicleta cai-se de uma maneira extremamente desajeitada e ridícula. O equilíbrio é tornado difícil por não se ir suficientemente rápido. Assim, do mesmo modo, não é possível traçar uma linha reta se a mão treme. Esta carta é uma espécie de parábola elementar que ilustra o significado deste aforismo: “Mudança é Estabilidade.” Aqui a Lua, o mais débil dos planetas, está em Sagitário, o mais ilusório dos signos; ainda assim, ela ousa chamar-se Força. A defesa, para ser eficiente, tem que ser móvel. O nove de Copas é chamado de Felicidade. Esta é uma carta peculiarmente boa porque felicidade, como sugere a palavra, é em grande parte matéria de sorte: a carta é regida por Júpiter e Júpiter é fortuna. Em todas essas cartas da água, há certo elemento de ilusão; elas começam pelo Amor e o amor é a maior e mais mortal das ilusões. O signo de Peixes é o refinamento, o esmorecimento desse instinto, o qual, principiado com espantosa fome e levado à frente com paixão, tornou-se agora “um sonho dentro de um sonho”.A carta é regida por Júpiter. Júpiter em Peixes é efetivamente boa fortuna, mas somente no sentido de saciedade total. A satisfação mais plena é meramente a matriz de uma putrefação posterior; não existe esta coisa chamada repouso absoluto. Uma cabana no campo com as rosas a toda sua volta? Não, não há nada permanente nisto;não há repouso no universo. Mudança garante estabilidade. Estabilidade garante mudança. O nove de Espadas é chamado de Crueldade. Aqui a ruptura original inerente a Espadas é aumentada ao seu poder máximo. A carta é regida por Marte em Gêmeos. É a agonia da mente. Ruach consome a si mesmo nesta carta; o pensamento atravessou todo estágio possível e a conclusão é desespero. Esta carta foi delineada muito adequadamente por Thomson em The City of Dreadful Night. É sempre uma catedral – uma catedral dos danados. Está presente a mancha cáustica da análise. A atividade é inerente à mente, mas ainda assim há sempre a consciência instintiva de que nada pode conduzir a lugar algum. O nove de Discos é denominado Ganho. O naipe de Discos é insípido demais para se preocupar; ele soma seus ganhos; não preocupa sua cabeça quanto a se alguma coisa é ganha quando tudo é ganho. Esta carta é regida por Vênus. Ronrona com satisfação por ter colhido o que semeou; esfrega as mãos e se senta tranquilamente. Como será compreendido ao se considerar os dez, não há reação contra a satisfação como há nos outros três naipes. Fica-se cada vez mais estólido e se sente que “tudo é para o melhor no melhor dos mundos possíveis”.
OS QUATRO DEZ
Estas cartas são atribuídas a Malkuth. Aqui é o fim de toda a energia. Está completamente distante do “mundo da formação”, onde as coisas são elásticas. Não há agora qualquer atribuição planetária a ser considerada. No que diz respeito à Sephirah, está bem baixo no mundo de Assiah. Pelo simples fato de ter concebido quatro elementos, a corrente se separou da perfeição original. Os dez são uma advertência; veja para onde conduz – para dar o primeiro passo errado! O dez de Bastões é denominado Opressão. Isto é o que acontece quando se emprega força, força e nada mais a não ser força todo o tempo. Aqui assoma o moroso e pesado planeta Saturno abatendo o lado ígneo, etéreo de Sagitário; ele traz à tona o pior em Sagitário. Veja o arqueiro em lugar de estar emitindo raios benignos a tratar com a chuva cáustica da morte! O bastão dominou; executou seu trabalho; executou seu trabalho demasiado bem; não soube quando parar. O governo se tornou tirania. Pensa-se na hidra quando se reflete que o rei Charles foi decapitado em Whitehall! O dez de Copas se chama Saciedade. Sua atribuição é Marte em Peixes. O signo da água mergulhou num sonho de estagnação, mas nele se forma e se desenvolve a violenta qualidade de Marte para levá-lo à putrefação. É como está escrito: “Até um dardo atravessar seu fígado.” A busca do prazer foi coroada de perfeito sucesso, e constantemente é descoberto que, tendo conseguido tudo que se desejou, não se o desejou afinal de contas; e agora é preciso pagar. O dez de Espadas é chamado de Ruína. Ensina a lição que os estadistas deviam ter aprendido e não aprenderam, ou seja, que se prossegue lutando o tempo suficiente, tudo termina em destruição. Contudo, esta carta não é inteiramente destituída de esperança. A influência solar domina; a ruína nunca pode ser completa porque o desastre é uma doença estênica. No momento em que as coisas estão suficientemente ruins, começa-se a construir novamente. Quando todos os governos se esmagaram entre si, resta ainda o camponês. Ao fim das desventuras de Cândido, ele podia ainda cultivar seu jardim. O dez de Discos é chamado de Riqueza. Aqui está registrada novamente esta doutrina que sempre reaparece, a saber, que logo que se atinge o fundo encontra-se a si mesmo no alto. E a Riqueza é dada a Mercúrio em Virgem. Quando a riqueza é acumulada além de certo ponto, tem que se tornar completamente inerte e cessar de ser riqueza ou convocar a ajuda da inteligência para que seja empregada corretamente. Isto deve ocorrer necessariamente em esferas que não têm nada em absoluto a ver com posses materiais como tais. Deste modo, Carnegie funda uma biblioteca, Rockefeller faz doações para a pesquisa simplesmente porque nada há mais a ser feito. Mas toda essa doutrina se acha por trás da carta: é seu significado interior. Há ainda outro ponto a ser considerado, a saber, que esta é a última de todas as cartas e, portanto, representa a soma total de todo o trabalho que foi realizado desde o início. Assim, nela está desenhada a própria figura da Árvore da Vida. Esta carta, em relação às demais trinta e cinco cartas menores, é o que o vigésimo primeiro trunfo, O Universo, é para o resto dos trunfos.
ANÁLISE INDIVIDUAL DAS CARTAS
A interpretação consiste, primeiramente, em fazer uma conexão entre o significado específico de cada carta e o significado da posição na qual ela se encontra. Você pode encontrar o significado de cada posição na descrição do sistema de disposição respectivo. A mensagem de cada carta nos diferentes níveis de significado pode ser encontrada na parte das interpretações. Procure lá a palavra-chave que corresponde à sua pergunta e tente conectá-la ao significado da posição na qual a carta se encontra de uma maneira que faça sentido. E inteiramente normal que, à primeira vista, as afirmações individuais das primeiras cartas pareçam meio truncadas, pouco informativas ou incompreensíveis. Não se deixe perturbar por isso, continue simplesmente com a próxima. Geralmente, no final, mesmo os significados das cartas que estavam mais difíceis de compreender se tornam claros. Em algunssistemas de disposição, é conveniente interpretar as cartas em uma seqüência diferente daquela de quando elas foram viradas para cima. Você pode encontrar sugestões a esse respeito na rubrica “procedimento de interpretação”, nos respectivos sistemas de disposição.
SÍNTESE
Ao final de cada interpretação, deve ser feita uma síntese. Para isso, conecte as afirmações individuais formando uma mensagem completa. Não é necessário eliminar todas as discrepâncias. As nossas vidas, e com isso também as cartas, são, com freqüência, bastante contraditórias. A interpretação só não deve permanecer como uma obra inacabada, mas sim ser resumida em uma mensagem final. Deixe que cada elemento amadureça dentro de você, transformando-se em partes de uma história completa.
CARTAS INVERTIDAS
Alguns especialistas atribuem um significado diferente às cartas que, ao serem viradas, encontram-se invertidas, ou seja, de cabeça para baixo. Outros simplesmente as viram de cabeça para cima, ou seja, para a posição certa. Os dois procedimentos estão corretos e dependem unicamente, como muitas outras coisas no Tarô, das “regras do jogo” que o intérprete tenha combinado consigo mesmo antes de começá-lo. Experimente você mesmo essa variação. Porém, decida sempre, antes de tirar a primeira carta, se, ao surgir uma carta de cabeça para baixo, você atribuirá a ela um significado especial ou simplesmente a virará para a posição correta. Caso queira levar em consideração o fato de a carta estar invertida, você deve sempre embaralhar as cartas espalhando-as sobre a superfície da mesa ou do chão, para que elas realmente tenham uma chance de se virar como esperado. Como nós mesmos sempre viramos as cartas invertidas para a posição certa, você não encontrará neste livro nenhum texto de interpretação para cartas invertidas. Porém, você pode procurar o seu significado em uma variante problemática, exagerada ou dificultada do significado original da carta.
A QUINTESSÊNCIA
Ao final de cada consulta, o Tarô oferece uma indicação complementar de como o consulente deve lidar com o conselho das cartas e o que deve ser especialmente levado em consideração ao se proceder a seguir. Calcule essa quintessência adicionando o valor numérico das cartas de um jogo. Para isso, as cartas da Corte valem 0, os Ases valem 1 e as outras cartas restantes valem o número que está escrito nelas. Se o resultado for um número de um só algarismo, procure a carta correspondente nos Arcanos Maiores. Ela indica como se deve proceder com relação à questão. Se o resultado da adição dos números das cartas for um número com mais de um algarismo, então some esses algarismos quantas vezes for preciso, até obter um número de um só algarismo. Essa soma é o resultado da adição de cada algarismo de um número. A soma de 365 seria. por exemplo, 3+6+5=14. e a nova adição seria 1+4=5. Quando o resultado da soma for um número de dois algarismos entre 10 e 22, a carta dos Arcanos Maiores correspondente é uma informação adicional para o consulente. Esse número de 10 a 22 pode ser considerado também uma condição necessária para se chegar ao verdadeiro tema da quintessência, que sempre será uma carta de apenas um algarismo. Como 22ª carta dos Arcanos Maiores, O Louco representa essa quintessência, mesmo que a carta tenha o algarismo 0. O significado da quintessência pode ser encontrado no resumo seguinte:
N°
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CARTA
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CONSELHO
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1
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O Mago
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Tome a iniciativa. Tenha uma atitude ativa. Enfrente a sua tarefa com habilidade.
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2
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A Alta Sacerdotisa
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Coloque-se à disposição. Deixe-se conduzir. Tenha confiança, que a sua voz interior dirá o que você deverá fazer, assim como também, quando e onde.
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3
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A Imperatriz
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Você está pisando em um terreno fértil. Tenha confiança na força vital. Deixe que o assunto se desenvolva dentro de você.
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4
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O Imperador
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Encare a situação com sobriedade e realismo. Coloque as coisas em ordem e preste atenção para não perder o fio da meada. Realize os seus propósitos com coerência e com uma perseverança maleável.
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5
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O Hierofante
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Não se prenda a formas externas ou que já estejam mortas. Busque o sentido oculto das coisas. Deixe-se conduzir por uma profunda confiança na fé.
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6
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Os Amantes
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Tome uma decisão com todo o coração. Aja afetuosamente e dê atenção aos pontos em comum e aos aspectos unificadores.
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7
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A Carruagem
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Concentre-se no seu objetivo e ponha-se imediatamente a caminho.
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8
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Ajustamento
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Pondere a situação com inteligência. Tome uma decisão racional e bem pensada. Tenha consciência de que você é responsável por tudo, daqui por diante.
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9
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O Eremita
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Recolha-se dentro de si para descobrir o que você realmente quer. Não se deixe influenciar por ninguém. Retina suas forças antes de arriscar a dar um passo na direção do novo.
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10/1
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Fortuna / O Mago
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Reconheça no tema da pergunta uma parte da sua missão na vida, e que é chegada a hora de se dedicar a essa questão (Fortuna). Você tem agora força e habilidade necessárias para enfrentar a tarefa relacionada à pergunta (O Mago).
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11/2
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Volúpia / A Alta Sacerdotisa
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Demonstre o seu prazer e aproxime-se desse assunto com paixão (Volúpia), em plena confiança de ser guiado por sua voz interior no momento decisivo (A Alta Sacerdotisa).
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12/3
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O Pendurado / A Imperatriz
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A questão está emperrada e, somente depois de uma fundamental inversão e reavaliação (O Pendurado), florescerá e crescerá intensamente (A Imperatriz).
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13/4
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A Morte / O Imperador
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Uma velha estrutura precisa ser encerrada, (A Morte) para que uma nova possa surgir (O Imperador).
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14/5
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Arte / O Hierofante
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Procure encontrar a mistura certa. Tente, apesar de toda tensão, combinar os opostos. Aprofunde-se na questão (Arte) e então você compreenderá o sentido do todo (O Hierofante).
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15/6
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O Diabo / Os Amantes
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Reconheça as suas motivações ocultas. Ilumine a escuridão. Liberte-se de dependências (O Diabo) para poder seguir o caminho da decisão livre tomada com todo o coração (Os Amantes).
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16/7
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A Torre / A Carruagem
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Saia do aperto. Rompa com as velhas amarras. Subjugue aquilo que o mantém preso (A Torre) e arrisque um novo começo (A Carruagem).
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17/8
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A Estrela / Ajustamento
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Observe a situação a partir de uma posição mais elevada. Tome consciência das perspectivas favoráveis e do alcance dos seus propósitos (A Estrela). Tome uma decisão inteligente, pois a responsabilidade sobre o decorrer do assunto está inteiramente em suas mãos (Ajustamento).
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18/9
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A Lua / O Eremita
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Siga o caminho do medo cautelosa, porém determinadamente. Busque a luz no fim do túnel (A Lua). Enquanto isso, não se deixe influenciar nem irritar por ninguém; pelo contrário, mantenha-se fiel a si mesmo (O Eremita).
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19/20/1
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O Sol / Fortuna / O Mago
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Aproxime-se do assunto despreocupadamente e com otimismo (O Sol). Agora é a hora de se dedicar a essa questão (Fortuna). Você tem força e habilidade necessárias para executar essa tarefa com maestria (O Mago).
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20/2
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O Aeon / A Alta Sacerdotisa
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Aposte no novo e em um futuro distante (O Aeon). Confie na sua voz interior, que o guiará com segurança (A Alta Sacerdotisa).
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21/3
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O Universo / A Imperatriz
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Reconheça que aqui você se encontra em casa. Conquiste o seu lugar neste mundo (O Universo). Você verá com que vivacidade tudo se desenvolverá, como a questão crescerá e prosperará (A Imperatriz).
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22/4
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O Louco / O Imperador
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A situação precisa primeiramente se tornar bem caótica (O Louco), antes que uma nova estrutura possa se desenvolver (O Imperador).
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Consultas simples
A maneira mais fácil de se fazer urna consulta ao Tarô consiste em tirar uma carta tendo em mente um determinado tema. Em razão do vasto espectro de interpretações, a mensagem de uma única carta pode deixar. sem dúvida, a desejar e não ser tão clara ou evidente. Se, em vez disso, forem tiradas duas cartas, sendo que uma ilustra as possibilidades positivas. enquanto a outra indica os aspectos problemáticos, a diferença entre as duas pode fornecer, em muitos casos, uma imagem muito mais precisa.
Prós e Contras
Se você estiver buscando uma opinião rápida do oráculo, tire simplesmente duas cartas, das quais a primeira mostrará as possibilidades e chances. enquanto que a segunda alertará sobre os riscos e perigos. Para interpreta-las, você pode utilizar a rubrica ENCORAJA A para a primeira carta e, para a segunda carta, a rubrica ALERTA SOBRE. Uma comparação entre as duas cartas indicará quão favoráveis estão as suas chances e a dimensão dos riscos vinculados ao assunto, ou seja, se existem mais coisas a favor ou contra o seu propósito.
A Carta do Dia
Uma bela forma de familiarizar-se com as cartas e vivenciar o seu significado em experiências cotidianas consiste em tirar uma carta todo dia pela manhã. O seu significado pode estar em uma experiência evidente. que pode estar descrita na rubrica CARTA DO DIA, ou também nas pequenas coisas, em fenômenos sutis, que talvez nos passassem despercebidos. Quando a CARTA DO DIA nos chama a atenção para essas coisas “secundárias”, é porque elas são significativas sob o ponto de vista do inconsciente. Atentar a esses detalhes, e quem sabe até vivenciar como eles começam a interligar-se uns aos outros, formando uma experiência significativa, pode ser extremamente enriquecedor. Mesmo que as sugestões de interpretação feitas aqui não possam, obviamente, descrever também esse nível sutil de interpretação das CARTAS DO DIA, elas podem, porém, dar algumas pistas de como também chegar a esses significados ocultos.
A Carta do Ano
Além do seu significado como CARTAS DO DIA, as 22 cartas dos Arcanos Maiores foram também interpretadas como CARTAS DO ANO. Existem várias maneiras de calcular essas cartas. Pode-se determiná-las somando o dia e o mês do aniversário com o ano corrente. obtendo-se um número de quatro algarismos. Depois, deve-se somar cada um dos algarismos. Se alguém nasceu no dia 8 de fevereiro, a carta do ano de 1998 será calculada da seguinte forma: 8+2=10+1998=2008. Depois, somam-se 2+0+0+8 e obtém-se 10 como resultado. A carta 10 dos Arcanos Maiores, ou seja, FORTUNA, é então a CARTA DO ANO para todas as pessoas que fazem aniversário no dia 8 de fevereiro e vale de 8/2/1998 até 7/2/1999. Se o número obtido for maior que 22, devem-se somar outra vez os seus algarismos para se obter um número entre 1 e 22. Contudo, como o Tarô é um oráculo baseado no acaso, simplesmente tirar uma carta para representar a CARTA DO ANO, em vez de calculá-la, corresponde muito mais a sua natureza. Isso pode ser feito no Ano-Novo para o ano que entrará, ou no dia do aniversário da pessoa para o ano individual. Em ambos os casos, deve-se tirar sempre essa carta dentre as 22 cartas dos Arcanos Maiores, que para isso devem ser separadas das outras, pois somente as cartas dos Arcanos Maiores possuem uma profundidade de conteúdo que faz jus a ser considerado um tema anual.
SISTEMAS DE TIRAGEM
Muitos são os sistemas elaborados para a tiragem das cartas. A determinante é a pergunta em questão. As 78 lâminas representam arquétipos existentes no inconsciente coletivo da humanidade e que, ao formarem certos padrões e combinações, passam a representar a tendência de expressão desses arquétipos. A leitura dessas combinações requer não somente o conhecimento teórico mas a sensibilidade sobre indicações, dependendo da pergunta, de cores, posições das imagens e o entendimento subjetivo das cartas pois a comunicações é feita com o subconsciente do vidente. Buscar, à medida que for desvirando as cartas, estar receptivo às impressões, idéias, intuições e pensamentos fugidios que possam surgir, em ressonância à função previamente atribuída à carta.
Método de disposição: A CRUZ CELTA
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A CRUZ CELTA é o método de disposição mais conhecido e, além disso, foi-nos transmitido desde os tempos antigos. E um sistema de disposição universal que pode ser usado para todos os tipos de perguntas, principalmente para aquelas sobre a tendência da evolução dos acontecimentos. para esclarecimento de motivações ocultas, para uma previsão ou para investigar as causas de uma situação. Quando não se tem certeza de qual dos sistema é o mais apropriado para determinada pergunta. pode-se sempre decidir pela CRUZ CELTA.
Perguntas típicas: Como se desenvolverão os meus planos? O que acontecerá a seguir? Como anda o lado profissional?
A CRUZ CELTA possui uma antiga fórmula mágica:
1 = isto é. |
1 = esta é a questão. |
SIGNIFICADO DE CADA POSIÇÃO:
1 = a situação inicial.
2 = o impulso que vem em seguida, que pode fomentar, complementar ou também obstruir. Essas duas cartas dão a resposta principal sobre a situação como ela é, enquanto que as duas próximas cartas mostram informações sobre o seu fundamento.
3 = o plano consciente. Aquilo que está claro para o consulente, o que ele reconhece, vê e que talvez até anseie conscientemente com relação à pergunta.
4 = o âmbito do inconsciente. “Nisto se apóia” é dito na fórmula mágica. Isso quer dizer que o assunto está bem ancorado nesse plano, é conduzido por uma profunda certeza interior, possui raízes bem fortes e não se deixa abalar com facilidade. De acordo com o tipo de pergunta, tem-se uma certa margem para a interpretação do significado dessas duas cartas. Porém, em última análise, elas refletem o que dizem a cabeça (3) e o coração (4).
5 = a carta que nos remete ao tempo passado. Ela mostra o passado recente, o que conduziu à pergunta, ou nos dá uma idéia da causa da atual situação.
6 = a primeira carta que aponta para o futuro, que nos dá uma perspectiva do futuro próximo, do que virá a seguir.
7 = essa carta mostra ao consulente a sua postura com relação ao tema (cartas 1 e 2) ou como ele se sente nessas circunstâncias.
8 = o ambiente. Aqui pode estar representado tanto o local dos acontecimentos quanto a influência de outras pessoas sobre o tema. Se a pergunta feita for sobre o relacionamento entre duas pessoas, essa carta representará em princípio o(a) parceiro(a).
9 = expectativas e temores. O significado dessa carta é muitas vezes subestimado, por ela não possuir um caráter prognóstico. Porém, ela nos fornece indicações valiosas, especialmente se você interpretar as cartas para outra pessoa. Aqui é mostrado como o consulente avalia a situação, o que ele espera e o que ele teme.
10 = a segunda carta que aponta para o futuro nos dá uma perspectiva a longo prazo e mostra aonde a situação poderá nos levar. Sendo assim, encontramos exclusivamente nas posições 6 e 10 cartas com um caráter prognóstico. Todas as outras cartas nos dão indicações importantes, esclarecedoras e complementares sobre o ambiente e contexto do assunto da pergunta.
PROCEDIMENTO DE INTERPRETAÇÃO:
Comece pela posição 5 (passado e antecedentes) e interprete a seguir a posição 9 (expectativas e temores). Dessa forma, você obterá uma idéia melhor da situação, pois agora já sabe quais acontecimentos antecederam (5) à pergunta e quais são as expectativas do consulente (9). Interprete então as cartas 1 e 2 como os impulsos atuais principais, sendo que a posição 1 é sempre o primeiro impulso, enquanto a posição 2 indica o impulso seguinte, que pode complementar, obstruir ou fomentar o impulso inicial. Veja o que é percebido conscientemente (posição 3) e como a temática está ancorada no inconsciente (posição 4). Lembre-se de que essa posição é especialmente importante. O que estiver bem enraizado aqui suportará até grandes tempestades. Porém, se aqui uma carta difícil indicar raízes problemáticas, isso é prejudicial, ainda que as outras cartas passem uma mensagem agradável. Observe, por fim, a postura do consulente em relação ao assunto (posição 7), as influências externas ou o ambiente à sua volta (posição 8). antes de finalizar com as cartas prognósticas nas posições 6 e 10.
Método de disposição: A CRUZ
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A CRUZ é um dos sistemas de disposição mais simples, mas nem por isso menos interessante. Ela fornece uma mensagem curta e significativa, que com bastante freqüência aponta para uma direção valiosa. Ao mesmo tempo, ela é muito versátil. Se você ainda não está tão familiarizado com as 78 cartas do Tarô e o grande número delas
o confunde, você pode limitar-se apenas às 22 cartas dos Arcanos Maiores.
Perguntas típicas: Como anda o meu lado profissional, o meu relacionamento? Como andam os meus planos? Como devo agir?
SIGNIFICADO DE CADA POSIÇÃO:
1 = este é o assunto em questão.
2 = isto você não deveria fazer.
3 = isto você deveria fazer.
4 = este é o resultado, é para isto que serve.
PROCEDIMENTO DE INTERPRETAÇÃO:
Comece com a carta 1, que às vezes desencadeia um verdadeiro lampejo súbito, mas fornece-nos apenas uma informação sem importância. Em seguida, é especialmente importante salientar as diferenças entre as cartas 2 e 3, pois por meio disso se expressa o verdadeiro conteúdo da mensagem. Justamente quando se trata de cartas semelhantes, a essência da mensagem pode estar na sutil diferença entre as duas. Verifique então. para finalizar, a carta na posição 4 para saber o que implicará essa situação.
VARIANTE:
Você pode usar o mesmo sistema de disposição quando não entender alguma vez o significado de uma carta. Embaralhe todas as cartas novamente, para deitá-las da mesma maneira, agora com a pergunta: “Qual o significado da carta X na última consulta?”
Nesse caso, as posições têm o seguinte significado:
1 = este é o assunto em questão.
2 = este não é o significado da carta.
3 = este é o significado da carta.
4 = é para isso que ela serve, este é o seu propósito.
Método de disposição: O PRÓXIMO PASSO
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Você deve escolher esse método de disposição sempre que queira que o Tarô o acompanhe durante o processo para alcançar um objetivo ou se você estiver buscando um guia que o conduza mesmo pelos caminhos mais complicados. Ele não indica para onde o caminho levará no final, mas sim o que se deve fazer em seguida. Como as cartas sempre se referem, de acordo com a nossa experiência, a um espaço de tempo de quase não mais que 14 dias, esse é o jogo mais indicado para assuntos sobre os quais você queira consultar as cartas várias vezes, para receber seguidamente novos impulsos. Além disso, nesse caso, o próprio Tarô lhe diz quando você deve consultar as cartas novamente.
Perguntas típicas: Qual deve ser o meu próximo passo?
SIGNIFICADO DE CADA POSIÇÃO:
1 = a situação de partida. Onde o consulente se encontra no momento.
2 = isto não é importante agora. Isto não deve ser temido nem esperado.
3 = só isso importa agora.
4 = o próximo passo conduz a isso. Assim que isto aconteça, é hora de consultar as cartas outra vez.
PROCEDIMENTO DE INTERPRETAÇÃO:
As cartas 1 e 4 mostram o ponto de partida e para onde conduz o próximo passo. Não se deve atribuir aqui um significado exagerado à carta 4. Ela indica, basicamente, quando se deve deitar as cartas novamente, ou seja, quando o passo descrito aqui foi tomado. Esse é o momento no qual a experiência descrita pela carta 4 acontece, mesmo que dure apenas alguns minutos. A carta mais importante encontra-se na posição 3. Ela indica o que se deve observar durante todo esse espaço de tempo, o que realmente o levará adiante. A carta 2 é de certa maneira uma advertência, uma vez que toda a energia que fluir nessa direção será desperdiçada. Isso porque a situação esboçada nessa carta, com toda certeza. não se realizará durante esse processo.
Método de disposição: O CÍRCULO ASTROLÓGICO
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O CÍRCULO ASTROLÓGICO é o sistema de disposição que se ajusta, mais do que qualquer outro, para se fazer perguntas abrangentes ao Tarô. Ele fornece informações sobre 12 áreas da vida. Dessa forma, esse esquema de disposição é um bom começo para uma consulta mais detalhada. As áreas que forem acentuadas por cartas importantes podem ser, em seguida, investigadas mais profundamente por outros métodos de disposição.
Perguntas típicas: Onde me encontro no momento? Quais serão as principais experiências e acontecimentos para mim no próximo mês ou no ano X? (Sem um limite específico de tempo, as cartas refletem o presente e um futuro próximo).
SIGNIFICADO DE CADA POSIÇÃO:
1 = o estado de espírito do momento: Esse estado de espírito é importante, pois determinará a forma pela qual as cartas nas outras posições serão percebidas.
2 = finanças: Segurança. A forma de lidar com dinheiro. Ganhos e gastos.
3 = experiências no dia-a-dia: Assuntos que dizem respeito ao setor com o qual ocupamos mais tempo em nossas vidas.
4 = o lar: O ambiente no qual nós nos sentimos protegidos e enraizados. O aconchego que almejamos, quando sentimos que o mundo exterior se torna ameaçador demais.
5 = tudo o que dá prazer: Jogos, brincadeiras e diversões de todos os tipos. Brincadeiras com crianças, jogos
envolvendo dinheiro. Os jogos amorosos (que são analisados mais profundamente na posição 7) e os passatempos.
6 = o trabalho: A sua atividade atual, o tipo e o método de trabalho, a rotina de trabalho e o seu conteúdo.
7 = relações amorosas: O relacionamento, o casamento, o vínculo amoroso duradouro.
8 = aspectos ocultos: Todos os tabus e transgressões de tabus. Em especial a sexualidade, mas também as experiências com o oculto.
9 = conscientizações profundas: Ampliação dos seus próprios horizontes por meio de viagens, tanto interiores quanto exteriores. Convicções, conscientizações, crenças religiosas e os princípios e bons propósitos que resultam destes.
10 = reconhecimento público: Especialmente o sucesso e o futuro profissional.
11 = os amigos: Amizades, ideais de amizades, experiências em grupo e hospitalidade.
12 = as esperanças e os medos secretos: Desejos e temores, que podem se referir a uma ou mais casas do círculo.
PROCEDIMENTO DE INTERPRETAÇÃO:
Para compreender a mensagem integral, interprete primeiramente cada carta na sua respectiva posição no círculo. Nessa primeira rodada, algumas mensagens podem parecer vagas ou difusas. Em seguida, observe possíveis relações entre as posições mostradas a seguir, o que lhe possibilitará uma interpretação mais completa.
OS EIXOS PRINCIPAIS:
Posição 1 e 7 = a temática do eu/você.
Posição 4 e 10 = o “de onde” e o “para onde”.
Os elementos das casas (que também são chamados de trítonos):
Posição 1, 5 e 9 = o triton do fogo revela, freqüentemente, algo sobre o temperamento e desenvolvimento pessoal.
Posição 2, 6 e 10 = o trítono da terra corresponde ao mundo do dinheiro e do trabalho.
Posição 3 e 7 e 11 = o triton do ar reflete o plano dos pensamentos, das idéias, dos contatos e das conversas.
Posição 4, 8 e 12 = o trítono da água representa os sentimentos e a intuição, os desejos e os estados de espírito.
Essa primeira análise geral não precisa necessariamente conduzir a uma mensagem integral em todas as áreas. É possível que a observação individual de cada área não leve a nenhuma conexão compreensível com o todo. Acontecendo isso, não se prenda e passe para a próxima etapa.
RELAÇÕES ADICIONAIS:
Com freqüência, podemos reconhecer uma conexão temática entre as cartas nas posições 5 (flertes, casos amorosos e relacionamentos sem compromisso), 7 (relacionamento, casamento) e 8 (sexualidade). Muitas vezes, as esperanças e os medos da posição 12 são explicáveis pelo estado de espírito da carta na posição 1. Para concluir a interpretação, compare as mensagens isoladas, formando um quadro global, e calcule no final a quintessência.
Método de disposição: O JOGO DA DECISÃO
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O Tarô não pode tomar a decisão por nós, mas sim apenas esclarecer a extensão dos temas relacionados com a pergunta. Sendo assim, o JOGO DA DECISÃO apresentado aqui não é apropriado para perguntas que só podem ser respondidas com um “sim” ou um “não”. Ele indica apenas dois caminhos possíveis e deixa que o consulente se decida por um deles. Nesse método de disposição, pode-se ver mais claramente do que em outros que o Tarô não prende ninguém a uma tendência. Pelo contrário, o consulente constrói o seu futuro quando ele decide, por meio da sua escolha, qual caminho tomará.
Perguntas típicas: Como devo me decidir? O que acontecerá se eu fizer X, e o que acontecerá se eu não fizer X?
SIGNIFICADO DE CADA POSIÇÃO:
7 = o indicador: é uma representação figurativa do contexto da pergunta, do problema ou também do posicionamento do consulente com relação à decisão.
3, 1, 5 = essas cartas mostram, nessa ordem cronologicamente, o que acontecerá se você fizer X.
4, 2, 6 = essas cartas mostram, nessa ordem cronologicamente, o que acontecerá se você não fizer X.
PROCEDIMENTO DE INTERPRETAÇÃO:
Não se deixe irritar pela seqüência estranha com a qual as cartas são dispostas. Ela tem relação com a origem desse método de disposição, mas não tem influência na forma de interpretar as cartas. Comece com a posição 7, que pode indicar-lhe o que a pergunta significa, o que o conduziu à pergunta, o que se deve observar no momento da decisão ou como a decisão deve ser tomada. Interprete então as cartas da parte de cima individualmente, uma após a outra (quer dizer 3, 1 e 5), e depois as da parte de baixo (4, 2 e 6). Ao final, tente ponderar qual dos dois caminhos é o mais vantajoso. Mantenha em mente que as primeiras cartas (3 e 4) indicam como o processo começa; as cartas seguintes (1 e 2), como ele se desenvolve; e as cartas (5 e 6), onde ele vai chegar. Dessa forma, as cartas 5 e 6 são as mais importantes, pois elas mostram as perspectivas a longo prazo.
PARTICULARIDADE:
Nesse método de disposição, existem as chamadas “cartas sinalizadoras”, que indicam a qual das alternativas o Tarô dá preferência. Se uma das cartas abaixo estiver em um dos caminhos, isso significa uma clara recomendação para seguir nessa direção. Se essas cartas aparecerem em ambos os caminhos, deve-se examinar se ambos não podem ser seguidos simultaneamente, ou pelo menos um após o outro. Essas cartas não têm nenhum significado especial quando aparecem na posição 7.
1. OS AMANTES (VI) significa que a decisão já foi tomada a favor do caminho no qual essa carta se encontra.
2. A carta FORTUNA (X) indica que o consulente não tem livre escolha e deve, pelo menos no início, seguir o caminho no qual essa carta se encontra.
3. A ESTRELA (XVII) mostra o caminho do futuro.
4. O AEON (XX) também.
5. O UNIVERSO (XXI) representa o lugar certo e verdadeiro, ao qual o consulente pertence.
Tendo sido estabelecido à conclusão deste ensaio que as cartas do Tarô são indivíduos vivos, convém considerar as relações que são obtidas entre elas e o estudante.
Façamos uma analogia com uma debutante no seu baile de apresentação à sociedade. Ela é apresentada a setenta e oito pessoas adultas. Supondo-se que se trate de uma garota particularmente inteligente, de educação social bastante elevada, ela poderá saber tudo a respeito da posição e características gerais dessas pessoas. Isto, entretanto, não implicará em conhecimento real de qualquer uma delas; ela não disporá de meios de afirmar como uma ou outra pessoa reagirá em relação a ela. No máximo, será capaz de conhecer apenas uns poucos fatos dos quais deduções podem ser feitas. É improvável, por exemplo, que V.C. vá se esconder num porão se alguém acha que há um gatuno na casa. É improvável que o bispo vá se abandonar aos tipos mais espalhafatosos de blasfêmia.
A posição do estudante do Tarô é bastante semelhante. Neste ensaio e nestes desenhos é feita uma análise do caráter geral de cada carta; mas o estudante não poderá alcançar qualquer apreciação verdadeira das cartas sem observar o comportamento delas durante um longo período. Só poderá atingir uma compreensão do Tarô mediante a experiência. Não lhe será suficiente intensificar o estudo das cartas como coisas objetivas ‒ terá que empregá-las; terá que viver com elas, e elas, também, têm que viver com ele. Uma carta não está isolada de suas companheiras. As reações das cartas, sua interação mútua, precisam ser embutidas na própria vida do estudante.
Então como deve ele usá-las? Como deve ele misturar a vida delas à sua? A maneira ideal é a contemplação, mas esta envolve iniciação de um grau tão elevado que é impossível descrever o método aqui, não sendo este, tampouco, nem atraente nem adequado à maioria das pessoas. A maneira prática e ordinária é a adivinhação.
O método técnico tradicional de adivinhação pelo Tarô se segue, tendo sido extraído de O Equinócio, vol. I, no 8, e sua publicação é autorizada por Frater O.M. Adeptus Exemptus.
1. A SIGNIFICADORA
Escolha uma carta para representar o consulente, fazendo uso do teu conhecimento ou tua avaliação mais de seu caráter do que se apoiando em suas características físicas.
2. Tome as cartas em tua mão esquerda. Na mão direita empunhe o bastão sobre elas e diga: Invoco a ti, IAO para que envies HRU, o grande Anjo que preside às operações desta Sabedoria Secreta para que ele pouse sua mão invisivelmente sobre estas consagradas cartas da arte, que por meio disso possamos obter conhecimento verdadeiro de coisas ocultas, para a glória de teu Nome inefável. Amém.
3. Entregue as cartas ao consulente e convide-o a pensar na indagação atentamente e fazer o corte.
4. Pegue as cartas tal como cortadas e as retenha para o procedimento subsequente.
PRIMEIRA OPERAÇÃO
Esta mostra a situação do consulente na ocasião na qual ele o está consultando.
1. As cartas estando à tua frente, faça um corte colocando a metade do alto à esquerda.
2. Faça dois novos cortes, um para cada pilha de cartas, da direita para esquerda.
3. Estas quatro pilhas de cartas representam IHVH, da direita para a esquerda.
4. Encontre a carta significadora. Se ela estiver no maço do Yod, a indagação se refere a trabalho, negócios, etc.; se estiver no maço da Hé, refere-se a amor, casamento ou prazer; se estiver no maço do Vau, a indagação se refere a problemas, perda, escândalo, brigas, etc.; se estiver no maço do Hé final, a indagação se refere a dinheiro, bens e assuntos puramente materiais.
5. Pergunte ao consulente o objeto de sua indagação: se errado, abandone a adivinhação.
6. Se certo, espalhe o maço que contém a significadora, com a face para cima. Compute as cartas a partir do consulente na direção em que ele as observa. O cômputo deve incluir a carta a partir da qual você o iniciou.
No caso de Cavaleiros, Rainhas e Príncipes, conte 4.
No caso de Princesas, conte 7.
No caso de Ases, conte 11.
No caso de cartas menores, compute de acordo com o número.
No caso de trunfos, conte 3 quando se tratar de trunfos dos elementos; 9 quando se tratar de trunfos planetários; 12 quando se tratar de trunfos zodiacais.
Componha uma “história” destas cartas. Esta história é aquela do início da questão.
7. Emparelhe as cartas de cada lado da significadora, em seguida as externas e assim por diante. Componha outra “história”, que deve suprir os detalhes omitidos na primeira.
8. Se tal história não for absolutamente precisa, não desanime. Talvez o próprio consulente não saiba de tudo. Mas as linhas principais devem ser formuladas com firmeza, com retidão, ou a adivinhação deve ser abandonada.
SEGUNDA OPERAÇÃO
DESENVOLVIMENTO DA QUESTÃO
1. Embaralhe as cartas, faça a invocação adequadamente, e deixe que o consulente faça o corte como antes.
2. Distribua as cartas em doze pilhas, para as doze casas astrológicas do céu.
3. Decida-se quanto à pilha em que deverá ser encontrada a significadora, por exemplo, na sétima casa se a questão disser respeito a casamento, e assim por diante.
4. Examine a pilha escolhida. Se a significadora não estiver aí, tente uma casa cognata. Em caso de não encontrar novamente a significadora, abandone a adivinhação.
5. Faça a leitura da pilha, computando e emparelhando as cartas como antes.
TERCEIRA OPERAÇÃO
MAIS UM DESENVOLVIMENTO DA QUESTÃO
1. Embaralhe, etc., como antes.
2. Distribua as cartas em doze pilhas para os doze signos do zodíaco.
3. Faça a adivinhação das pilhas apropriadas e proceda como antes.
QUARTA OPERAÇÃO
PENÚLTIMOS ASPECTOS DA QUESTÃO
1. Embaralhe, etc., como antes.
2. Encontre a significadora. Coloque-a sobre a mesa. Faça com que as trinta e seis cartas seguintes formem um círculo em torno dela.
3. Compute e emparelhe as cartas como antes.
(Note que a natureza de cada decanato é mostrada pela carta menor atribuída a ele e pelos símbolos dados em Liber DCCLXXVII, cols. 149-151).
QUINTA OPERAÇÃO
RESULTADO FINAL
1. Embaralhe, etc., como antes.
2. Distribua as cartas em dez pilhas na forma da Árvore da Vida.
3. Decida-se quanto à pilha em que deva estar a significadora, tal como antes, mas o insucesso neste caso não implica necessariamente na perda da adivinhação.
4. Compute e emparelhe as cartas como antes.
(Note que não se é capaz de dizer em que parte da adivinhação ocorre o tempo presente. Geralmente Op. I parece indicar a história passada da questão, mas nem sempre. A experiência ensinará. Às vezes uma nova corrente de grande ajuda pode mostrar o momento da consulta. Devo acrescentar que em assuntos materiais este método se revela extremamente valioso. Tenho sido capaz de resolver os problemas mais complexos nos mínimos detalhes. O.M.)
É absolutamente impossível obter resultados satisfatórios deste ou de qualquer outro sistema de adivinhação sem a necessária e perfeita presença da Arte. Trata-se do mais sensível, difícil e perigoso ramo da magia. As condições necessárias, acompanhadas de um amplo exame comparativo de todos os importantes métodos em uso, são descritas e discutidas em detalhe em Magick, capítulo XVII. O abuso da adivinhação tem sido responsável, mais do que qualquer outra causa, pelo descrédito de que toda a matéria da magia se tornou alvo, quando Mestre Therion empreendeu a tarefa de sua reabilitação. Aqueles que não dão importância a suas advertências e profanam o Santuário da Alta Magia não terão senão a si mesmos para se culpar pelos desastres formidáveis e irremediáveis que os destruirão infalivelmente. Próspero é a resposta de Shakespeare ao Dr. Fausto.