FAZE O QUE TU QUERES SERÁ O TODO DA LEI.
Fonte: https://www.serpentesecreta.org
QABALAH
A ÁRVORE DA VIDA
EITZ CHAYIM – SITRA ACHRA
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O nome da primeira Sephirah é Kether, KTHR, a Coroa. O nome Divino atribuído a esse nome do Pai está dado em Êxodo 3:4: AHIH, Ehieh, Eu Sou. Que significa Existência. A ideia da existência negativa dependente de sua própria essência é:
•TMIRA DTMIRIN, Temira De-Temirin, o Oculto do Oculto.
•OTHIQA DOTHIQIN, Authiqa De-Authiqin, o Mais Antigo dos Antigos Únicos.
•OTHIQA QDISHA, Authiqa Qadisha, o Mais Sagrado e Único Ancião.
•OTHIQA, Authiqa, o Antigo Uno ou o Único Antigo, ou o Mais Antigo.
•OTHIQ IVMIN, Authiq Iomin, o Ancião de Dias.
Também é chamado:
•NQDH RASHVNH, Nequdah Rashunah, o Ponto Primordial.
•NQDH PSHVTH, Nequdah Peshutah, o Ponto Uniforme.
•RISHA HVVRH, Risha Havurah, a Cabeça Branca.
•RVM MOLH, Rom Meolah, a Altura Inescrutável.
Junto com esses epítetos, encontra-se um nome muito importante, aplicado a essa Sephirah para representar a grandeza do Pai de todas as coisas. O nome é ARIK ANPIN, Arikh Anpin, o Vasto Semblante, o Macroprosopo. Dele se diz que uma parte está oculta (no sentido de Sua conexão com a existência negativa) e a outra manifesta (como uma Sephirah positiva). Nesse ponto, o simbolismo do Vasto Semblante refere-se ao fato de que apenas uni lado do Semblante é visível ou, como se diz na Qabalah: “Nele, tudo é o lado direito”. Mais tarde retomarei novamente esse ponto.
As dez Sephiroth, em sua totalidade, representam o Homem Celestial ou o Ser Primordial, ADM OILAH, Adam Auilah. Sob essa Sephirah, encontra-se classificada a ordem angélica de CHIVTH HQDSH, Chioth Ha-Qadesh, as criaturas sagradas viventes, os querubins ou esfinges de Ezequiel, e a visão do Apocalipse de João. Isso está representado, dentro do Zodíaco, por quatro signos: Touro, Leão, Escorpião e Aquário ‒ o touro, o leão, a águia e o homem. Escorpião está simbolizado, em sua parte positiva, pela águia; em sua parte negativa, pelo escorpião; e em sua parte mista, pela serpente.
A primeira Sephirah contém dentro de si as outras nove, e as produz na seguinte sequência:
O número Dois, ou o Dual. O nome da segunda Sephirah é CHKMH, Chokmah, Sabedoria, urna potência masculina ativa, refletida a partir de Kether, como já expliquei anteriormente. Essa Sephirah é o Pai Ativo e evidente, a quem a Mãe está unida em sua forma de número Três. Essa segunda Sephirah está representada pelos nomes divinos de IH, Yah, e IHVH, e tem como hóspedes angélicos os AVPNIM, Auphanim, as Rodas (Ezequiel 1). Também é chamado AB, Ab, o Pai.
A terceira Sephirah, ou Tríade, é de potência passiva feminina, denominada BINH, Binah, o Entendimento, que coexiste perfeitamente com Chokmah, o número Dois. E igual a duas linhas paralelas que se perdem no infinito sem nunca se tocarem, e daí surge o poder do número Três: forma, para o Dois, o ponto de união, ou seja, o triângulo. Nessa Sephirah, completa-se e toma-se evidente a suprema Trindade. Também é chamada AMA, Ama, Mãe, e AIMA, Aima, a mãe fecunda e grandiosa, que se une eternamente com AB, o Pai, para manter neles, e a partir deles, a ordem do Universo. Além disso, Ela é a forma mais evidente pela qual podemos chegar a conhecer o Pai e, por isso, é merecedora da honra máxima. E a Mãe, coexistente com Chokmah e, ao mesmo tempo, a grande forma feminina de Deus, os Elohim, de cuja imagem o homem e a mulher foram criados. Portanto, a doutrina da Qabalah nos diz: “iguais diante de Deus. A mulher é igual ao homem e, certamente, não é inferior a ele”. Aqueles que se denominam cristãos devem tentar insistentemente entender este princípio: a mulher é igual ao homem. Aima é a mulher descrita no Apocalipse (Capítulo 12). Essa terceira Sephirah é chamada, algumas vezes, de Grande Mar. A essa mulher foram atribuídos os nomes divinos de ALHIM, Elohim, e IHVH ALHIM; e a ordem angélica, ARALIM, Aralim, os Tronos. Ela é a Mãe suprema e se distingue de Malkuth, a Mãe inferior, a Esposa, a Rainha.
O número Quatro é a união que se produz entre a segunda e a terceira Sephiroth, chamada CHSD, Chesed, Compaixão, Perdão ou Amor. Também é chamada GDVLH, Gedulah, Grandiosidade ou Magnificência; uma potência masculina representada pelo nome divino de AL, Ele, o Mais Poderoso, e pelo nome angélico CHSHMLIM, Chashmalin, Chamas Cintilantes (Ezequiel 4:4).
O número Cinco emana da potência passiva feminina de GBVRH, Geburah, força ou esforço; ou então DIN, Deen, Justiça. O Cinco é representado pelos nomes divinos de ALHIM GBVR e de ALH, Eloh, e pelo nome angélico de SHRPIM, Seraphin (Isaias 6:6). Essa Sephirah também é chamada PCHD, Pachad, Medo.
O número Seis nasce das duas emanações anteriores que se unificam nessa Sephirah, chamada THPARTH, Tiphareth, Beleza ou Suavidade, representada pelo nome divino ALVH VDOTH, Eloah Va-Daath, e pelos nomes angélicos Shinanim, SHNANIM (Salmos 68:18), ou MILKIM, Melakim, Reis. Assim, da união da justiça e do perdão (Cinco), obteremos bondade e clemência (Quatro) para conformar a segunda trindade que complete a Sexta Sephiroth. Essa Sephirah, Senda ou Numeração (em diversos trabalhos a respeito de Qabalah, esses nomes são usados indistintamente), junto com as Sephiroth quarta, quinta, sétima, oitava e nona, formam o que se conhece como ZOIR ANPIN, Zauir Anpin, o Semblante Menor ou Microprosopo, ou seja, configuram a antítese do Macroprosopo ou Vasto Semblante que, se recordarmos, é um dos nomes de Kether, a primeira Sephirah. As seis Sephiroth das quais se compõe o Zauir Anpin são chamadas de seus seis membros. Também é chamado MILK, Melekh, o Rei.
O número Sete. A sétima Sephirah é NTZCH, Netzach, ou Firmeza e Vitória; corresponde ao divino nome de Jehovah Tzabaoth, IHVH TZBAVTH, o Senhor das Armas, e aos nomes angélicos de ALHIM, Elohim, Deuses, e THRSHISHIM, Tharshishim, os únicos brilhantes (Daniel 10:6).
O número Oito procede de uma potência passiva feminina, HVD, Hod, Esplendor, correspondendo ao nome divino de ALHIM TZBAVTH, Elohim Tzabaoth, os Deuses das Armas, e aos anjos como BNI ALHIM, Beni Elohim, os Filhos dos Deuses (Gênesis 6:4). O número Nove. Os dois últimos produzem ISVD, Yesod, a Fundação ou a Base, representada por AL CHI, El Chai, o Maior Poder Vivente, e por SHDI, Shaddaï, e, da parte dos anjos, por ASHIM, Aishim, as Chamas (Salmos 104:4), criando dessa maneira a terceira Trindade da Sephiroth.
O número Dez. Desses nove Números, Emanações ou Sephiroth, vem a décima e última, completando a escala decimal das Sendas. Esta última é chamada Malkuth, MLKVTH, o Reinado, e também a Rainha, a Matrona ou a Mãe Inferior, a Namorada, a Esposa; o Microprosopo. Também é chamada SHKINH, Shekinah, representada pelo nome divino de Adonai, ADNI, tendo como hóspedes angélicos os querubins, KRVBIM. Bem, cada uma dessas Sephiroth encontra-se em certo grau de androgenia, e manifesta-se receptiva ou feminina de acordo com a Sephirah que a precede na escala sephirótica; e masculina ou transmissiva em relação à Sephirah que a segue imediatamente. Porém, não existe uma Sephirah anterior a Kether nem há Sephirah alguma que suceda Malkuth. Por essa razão, entende-se de que modo um nome feminino como Chokam aparece demarcado em uma Sephirah masculina. O elo que enlaça as Sephiroth é o Ruach, Espírito, a partir de Mezla, a Influência Oculta.
S. L. “MACGREGOR” MATHERS, KABBALA DENUDATA – CONTENDO OS SEGUINTES LIVROS DO ZOHAR: O LIVRO DO MISTÉRIO OCULTO, A ASSEMBLEIA SAGRADA MAIOR, A ASSEMBLEIA SAGRADA MENOR
QABALAH
Qabbalah (em hebraico: קַבָּלָה, literalmente “receber/tradição”) possui um glifo do macrocosmo e do microcosmo denominado Eitz Chayim ou a Árvore da Vida que serve de instrumento para organizar e categorizar, como gavetas ou arquivos universais, varios conceitos místicos, e é um dos pontos principais para o ensino da Qabalah. Em seu nível mais simples, é composta de dez esferas ou emanações chamadas Sephiroth (no singular Sephirah) que são conectadas entre si por doze caminhos. As Sephiroth e os outros 22 caminhos são representados pelos planetas, elementos e signos do Zodíaco. A cada caminho corresponde também uma letra do Alfabeto Hebraico e um Arcano Maior do Tarot. Cada símbolo da Árvore representa uma força ou um fator cósmico. Quando a mente se concentra no símbolo, ela se põe em contato com essa força; em outras palavras, um canal superficial, um canal na consciência, se estabelece entre a mente consciente do indivíduo a um fator particular da alma do mundo, e é por esse canal que as águas do oceano refluem para o lago. O aspirante que utiliza a Árvore como seu símbolo de meditação estabelece ponto por ponto a união entre a sua alma e a alma do mundo. Essa união resulta num tremendo influxo de energia para a alma individual, e é esse influxo que lhe confere poderes mágicos. Esse poderoso a abrangente hieróglifo da alma humana a do Universo, graças à associação lógica de símbolos, evoca imagens na mente; essas imagens, porém, não se desenvolvem ao acaso, mas seguem uma linha de associações bem definidas na Mente Universal. O símbolo da Árvore é, para a Mente Universal, o que o sonho é para o eu individual – um hieróglifo sintético, oriundo da subconsciência, que representa as forças ocultas. O universo é, na realidade, uma forma mental projetada pela mente de Deus. A Árvore Cabalística pode ser comparada a uma imagem onírica que surge da subconsciência de Deus a dramatiza o conteúdo subconsciente da Divindade. Em outras palavras, se o universo é o produto final da atividade da mente do Logos, a Árvore é a representação simbólica do material rude da consciência divina a dos processos pelos quais o universo veio à existência.
As Qhiphoth (no singular, Qliphah, mulher indecente, meretriz), em Hebraico קליפות,são as Sephiroth Malignas ou Adversas, cada uma das quais uma emanação ou uma força desequilibrada oriunda de sua correspondente Esfera da Árvore Sagrada; essas emanações ocorrem durante os períodos críticos de evolução, quando as Sephiroth se encontram em desequilíbrio. É por essa razão que os textos se referem a elas como os Reis da Força Desequilibrada, os Reis de Edom, “que governaram antes que houvesse um rei em Israel”, segundo relata a Bíblia, ou, conforme as palavras da Siphrah Dzenioutha, o Book of Concealed Mystery (tradução de Mathers): “Pois antes do equilíbrio, o rosto não via o rosto. E os reis dos tempos antigos estavam mortos, e suas coroas não mais foram encontradas, e a terra estava desolada.” As Qliphots são o “Sitra Ahra“, o “outro lado“(סטרא אחרא ) em comparação com a unidade de Khether, o “Ain Soph”, resultante da Queda do homem pelo fruto proibido de Daath (Sabedoria), que é a porta de entrada para os “túneis de Set” (segundo Kenneth Grant) que levam pelo caminho da decadência até יהוה (em contraposição a הוהי ), o nome impronunciável de Ha-Shaitan.
“Esta figura deve ser estudada muito cuidadosamente, visto ser a base de todo o sistema sobre o qual o Tarot se fundamenta. É absolutamente impossível dar uma explicação completa dessa figura, porque ela é absolutamente universal, não podendo, portanto, significar o mesmo para esta e aquela pessoa.”
Aleister Crowley
Correspondências
A Santa Qabalah é um sistema de classificação dos seres, by-comings, pensamentos, mônadas, átomos, ondas, pacotes de energia, ideias, ou seja, lá o que for que se escolha para chamá-los; e de memorizar, discutir e manipular as relações entre eles. As unidades desse sistema são números, querendo-se dizer, geralmente, “números naturais”, mas não há razão para excluir outros termos matemáticos tais como √,π, 0,ש ,Ø,א,Ω), e assim por diante.
Cada unidade é uma ideia ou pessoa vivas, a cada uma estando relacionada na natureza todas as outras ideias de uma maneira ou outra.
Assim, o 93 está relacionado ao 31, sendo um múltiplo dele; o 13 está relacionado ao 1, visto que AChD, a palavra hebraica para unidade significa um. A genciana está relacionada ao céu porque ambos parecem azuis; e o azul está relacionado a Júpiter, Vênus e a Lua, e assim aos números sagrados a esses planetas, 4, 7 e 9 porque o azul é a cor de todos os três planetas numa escala ou outra.
Todas as palavras são, portanto, de algum modo conotações de toda outra palavra ou número; trata-se meramente da questão de descobrir a categoria certa para estabelecer as relações entre elas.
Correspondências tais como HVD (Esplendor), Elohim, Gibor, Kokab, Mercúrio, Samael, púrpura-violeta, Anúbis, Tahuti, Thoth, laranja, ruivo, branco mosqueado de marrom amarelado, Odin, Loki, Hermes, Hanuman, Hermafrodita, Chacal, Monokeros de Astris, móli, Anhalonium Lewinii, opala, o Espírito Santo, estoraque, os nomes e versículos empregados em ritual, veracidade, o octágono, Palatium Serenitatis, Aarão, Raqie, Svaddistthana, Sakkya-ditti, enganadores, Jarmat al Firdaus e inúmeras outras ideias pertencem todas ao número 8.
Essas “correspondências” não são arbitrárias. Em alguns casos há uma conexão racional, direta ou indireta, em outros a relação resulta da observação direta.
Todas as ideias possíveis sendo em última instância integrantes entre si, é evidentemente impossível constituir uma Qabalah completa. O mesmo se aplica às séries infinitas, às séries divergentes, às diferenciações, ao “universo em expansão” de alguma teoria física moderna.
As tabelas de correspondências empregadas como base da forma e cor das setenta e oito cartas são convenções bem experimentadas e comprovadas; a harmonia do resultado é testemunha da exatidão do método e uma defesa do sistema da Santa Qabalah.
Os Quatro Mundos
As Sephiroth se manifestam em quatro diferentes planos, interconectando as dez Sephiroth em camadas cada vez mais densas.
Atziluth – o Mundo Arquetípico – Kether a Binah
Briah – o Mundo Criativo – Chesed e Tiphareth
Yetzirah = o Mundo Formativo – Netzach à Yesod
Assiah – o Mundo Material – Malkuth
Os Quatro Planos Sinistros
Em contrapartida as manifestações das Sephiroth em quatro planos existenciais as Qliphoth também se dividem nas quatro águas negativas:
Águas das Lágrimas: A dor e o choque da queda do plano celestial até o Inferno. Trevas que configuram o desejo. Toda ilusão é destituida. Primeiro tempo. O Negativo de Aziluth – HEVEHAI, o nome contraposto do Adversário. Composto de Kether, Chokmah e Binah, as dez esferas de IHVH, a manifestação inominável.
Águas da Criação: O avesso da criação, a sombra afastando-se da luz. Imagem e semelhança do papel de Lúcifer/Samael ao plantar a raiz da árvore da Morte, a semente de Caim. O Negativo de Briah – Chesed, Geburah,Tiphareth. Dez esferas do corpo do adepto.
Águas do Oceano: De ambos os espíritos, angelicais e demoníacos e dualidade. A criação de ambos opoentes em contra partida ao outro. É a existência da vida Qliphotica, de onde emerge a Serpente Nechesh ou Leviatã, chamado Mal que oculta a sua Santidade. O grande dragão de duas cabeças, ThAMAL. A água do Opositor Bicéfalo, a União através de Leviathan. O Negativo de Yetzirah – dez Infernos em sete Locais, onde Lilith aborta seus bebês, os consagrando e as fazendo manifestar-se. Oceano sem forma, vórtice do Caos.
O Mar Falso: O Plano Astral, de onde a Besta se Ergue. Plano Onírico, onde toda criação mágicka cruza antes de ser objetivada. O Inverso de Assiah – Matéria – Ação – Manifestação. Tornar-se carne no próprio plano físico.
Os Pilares
A Árvore também pode ser dividia em três pilares:
Pilar da Severidade – Esquerdo (Pilar Negro)
Pilar do Equilíbrio – Central (Pilar Cinza)
Pilar da Misericórdia – Direito (Pilar Branco)
Portanto:
93,93/93!
AMOR – Boaz – Pilar Negro – Criança Negativa – Αγαπη
SOB – Pilar do Equilíbrio – LAShtAL
VONTADE – Jachin – Pilar Branco – Criança Positiva – Θελημα
As Partes da Alma
Yechidah (Self)
Chiah (Força Vital)
Neshama (Intuição)
Ruach (Intelecto)
Nephesh (Alma Animal)
“Segundo a Cabala, a constituição do Homem é quíntupla:
Jechidah – este é o princípio quintessêncial da Alma; aquilo que torna o homem idêntico a toda outra fagulha de Divindade e, ao mesmo, tempo diverso ( no que concerne ao ponto de vista, e ao Universo do qual esse é o centro) de todas as outras. È um ponto, possuindo apenas posição; e essa posição só é definível através de referência a eixos coordenados, a princípios secundários, que só lhe pertencem por acidente, e devem ser postulados a medida que nossa concepção cresce.
Chiah – este é o Impulso Criador, ou vontade, de Jechidah: a energia que exige a formulação do eixo de coordenadas já dito, a fim de que Jechidah possa obter auto -realização (uma compreensão articulada daquilo que é implícito em sua natureza) de suas possíveis qualidades.
Neschamah – esta é a faculdade de compreender a Palavra Chiah. É a inteligência ou intuição daquilo que Jechidah deseja descobrir a respeito de si mesmo.
Estes três princípios constituem uma Trindade; eles são um, porque eles representam o ser de, e o aparato que tornará possível a manifestação de, um Deus em forma humana. Mas eles são apenas, por assim dizer, a estrutura matemática da natureza do homem. Poderíamos compara-los com a leis da física, como estas são antes de serem descobertas. Não existem, por enquanto, quaisquer dados através de cujo exame eles possam ser percebidos. Um homem consciente, portanto, não pode saber coisa alguma desses três princípios, sem bem que eles constituem a essência dele. É a obra da iniciação viajar interiormente em direção a eles. Veja-se, no juramento de um Probacionista da A.·.A.·. :
“Obter um conhecimento científico da natureza e poderes do meu próprio ser”.
Este princípio triuno, sendo completamente espiritual, tudo que pode ser dito sobre ele é na realidade, negativo. E ele é completo em si. Além dele estende-se aquilo que é chamado O Abismo. Esta doutrina é extremamente difícil de explicar, mas corresponde mais ou menos ao hiato em pensamento entre o real, que é ideal, e o irreal, que é atual. No abismo, todas as coisas existem, realmente pelo menos em potencial, mas não desprovidas de qualquer significado possível, pois falta-lhes o substrato de realidade espiritual. Elas são aparências da Lei. São, assim, Miragens Insanas.
Agora o abismo sendo assim o grande armazém de Fenômenos, ele é a forte de todas as impressões. E o Princípio Triuno tencionou uma máquina para investigar o Universo; e esta máquina é o quarto princípio do Homem.
Ruach – pode ser traduzido Mente, Espírito ou Intelecto; nenhuma das três traduções é satisfatória, a conotação variando com cada escritor. Ruach é um grupo estreitamente entretecido de Cinco Princípios Morais e Intelectuais, concentrados em volta de seu cór, Típhereth, o Princípio da Harmonia, a Consciência Humana e Vontade, de que as outras quatro Sephiroth são (por assim dizer) as antenas. E estes cinco princípios culminam em um sexto, Daath, conhecimento. Mas este não é realmente um princípio, contém em si memso o germe de auto – contradição, e assim de auto – destruição. É um falso princípio; pois, tão cedo, o Conhecimento é analisado, ele se decompõe no pó irracional do Abismo.
A aspiração do homem ao Conhecimento é, assim, simplesmente, um caminho falso; é tecer cordas de areia.
Nós não podemos entrar aqui na doutrina da “Queda de Adão”, inventada paar explicar a parábola de como o Universo está assim, tão infelizmente constituído. Nós nos ocupamos aqui apenas com fatos observados, e não com teorias. Todas essas faculdades mentais e morais de Ruach, se bem que não são puramente espirituais com o Tríade Superna, estão ainda como se fosse, ” no ar”. Para serem úteis, elas necessitam uma base através da qual possam receber impressões, muito como uma máquina necessita de combustível e matéria prima antes de poder manufaturar o artigo que foi concebida para produzir.
Nephesch – é usualmente traduzido como “Alma Animal”. É o veículo de Ruach: o instrumento através do qual a Mente é posta em contato com o pó de Matéria do Abismo, para que possa senti-lo, julga-lo, e reagir a ele. Nephesch é, si mesmo, um princípio ainda espiritual, em um senso da palavra: o corpo físico do homem é composto de pó de Matéria, temporariamente coerido pelos princípio o infundem para seus respectivos propósitos e ultimamente para o supremo propósito de auto – realização de Jechidah.
Mas Nephesch, desavisado como é, sem outro objetivo que o tráfico direto com a matéria, tende a partilhar da inocência desta. Suas faculdades de perceber dor e prazer o atraem à arapuca de prestar demasiada atenção a um grupo de fenômeno, e evitar outros. Daí que Nephesch execute sua função como é próprio, é necessário que ele seja dominado pelas mais severa disciplina. Nem merece mesmo Ruach confiança neste ponto. Ele tem suas próprias tendências a fraqueza e injustiça. Ele tenta todo truque – e é diabolicamente astuto – para organizar seu contato com a matéria no senso mais conveniente á sua própria inércia, sem dar a mínima consideração ao seu dever para com a Tríade Superna, cortado como está de compreensão dela; de fato, nem suspeitando normalmente, a existência dela.”
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Estes três estados da existência são conhecidos como estados “Negativos” em polaridade energética, física e nada tem a ver com os conceitos humanos-culturais de Bem e Mal. Por serem negativos, receptivos, são considerados femininos. Como o corpo da Deusa Egípia Nuit se Arca sobre a terra, Geb e entre os dois acontece a criação, assim como o faz os 3 véus sobre a Árvore da Vida.
Ain: “Primeiramente é o Nada, ou a Ausência de Coisas, אין [Ain], que não faz e não pode significar Existência Negativa (se é que pode ser dito que tal Idéia significa algo) (…)”
Ain Soph: “(…) Em segundo lugar está Sem Limites אין סוף [Ain Soph] , Infinito Espaço. Este é o Dualismo da Infinidade primal; o infinitamente pequeno e o infinitamente grande. (…)”
Ain Soph Aur: “(…)O Confronto destes [Ain e Ain Soph] produz a Idéia finita positiva que ocorre ser Luz, אור [Aur]. “Esta palavra [Aur] é a mais importante. Ela simboliza o Universo imediatamente após o Chaos, a confusão do Confronto de infinitos Opostos. א [Aleph] é o Ovo da Matéria י [Yod] é Taurus, o Touro, ou Energia-Motiva; e ר [Resh] é o Sol, ou Sistema de Orbes organizado e móvel. As três Letras de [Ain] desta forma repetem as três Idéias.”
0 – Tohu: Sem forma, desolação. Qematiel, o dragão negro se une abaixo da força de Kether da árvore adversária. Kether é a esfera de Satan/Moloch e o poder por trás de Metraton (anjo do poder). É uma ascenção direta a Gnose do Adversário. O adepto entende que não há nada além da essência do magista e que as únicas armas mágickas necessárias são o corpo e a mente.
00 – Bohu: Vácuo, Vazio. Belial, o dragão negro ferido. Ele “nega deus” e une a força adversa de Chokmah. Na terra representa o Anticristo, senhor da Terra, e no Astral é o anjo mais próximo de Lúcifer. Neste vácuo o adepto se torna como Belial, sem Deus. Sem conforto, sem alguém cuidando dele. Sem salvador ou mediador. Apenas ele e as trevas primordiais. Belial sobreviveu no princípio da escuridão entendendo o fogo interno do espírito.
000 – Chasek: Trevas e Vácuo primordial. Onde o princípio das trevas emergiu, e de onde Samael se afastou. Gothiel, o homem inseto une a força adversa a Binah.
As Sephiroth
Kether | Coroa | ♇ Primum Mobile | אהיה |
Chokmah | Sabedoria | ♅ Esfera do Zodíaco | יה |
Binah | Entendimento | ♄ Esfera de Saturno | יהוה אלהימ |
Chesed | Misericórdia | ♃ Esfera de Júpiter | אל |
Geburah | Severidade | ♂ Esfera de Marte | אלהימ גבור |
Tiphareth | Beleza | ☉ Esfera do Sol | יהוה אלוה ודעת |
Netzach | Vitória | ♀ Esfera de Vênus | יהוה צבאות |
Hod | Glória | ☿ Esfera de Mercúrio | אלהימ צבאות |
Yesod | Fundamento | ☽ Esfera da Lua | שדי אל חי |
Malkuth | Reino | ♁ Esfera dos Elementos | אדני מלכ |
As Qliphots – Sitra Ahra
Kether | ThAMAL לאימואת | Gêmeos em Luta | Satan / Moloch |
Chokmah | GChGYAL לאוגוע | Estorvadores | Beelzebub |
Binah | SThRAL לאיראתאס | Ocultadores | Lucifuge Rofocale |
Chesed | Gha’agsheklah הלכסעג | Os que partem em pedaços | Astaroth/ Azariel |
Geburah | GVLChB בחלוג | Incendiários | Asmodeus |
Tiphareth | ThVGRYRYM ןורירגת | Litigiadores | Belphegor |
Netzach | HRB-SRRAL קרז ברע | Corvos da Dispersão / Morte | Baal |
Hod | SAMAEL לאמס | Veneno de Deus / Mentirosos | Adramelech |
Yesod | GMLIAL לאימג | Obscenos | Lilith |
Malkuth | NHMATh תיליל | Mulher Perversa / Fornicária | Nehemoth / Belial |
Daäth
Daäth – Conhecimento – não é uma Sephirah . Não está na Árvore da Vida; isto é, não existe realmente tal coisa.
Desta tese há muitas provas. A mais simples (senão a melhor) é talvez como segue:
Todo conhecimento pode ser expressado na forma S=P. Mas se assim, é a idéia de P está realmente implícita em S; portanto, nós não aprendemos nada, afinal de contas.
E, claro, se não é assim, a asserção S=P simplesmente é falsa. Agora veja-se como chegamos imediatamente a um paradoxo. Pois o pensamento ‘Não existe uma coisa tal como conhecimento ‘, ou ‘ Conhecimento é uma idéia falsa’ ou qualquer outra forma de enunciarmos, a conclusão acima, pode ser expressado como S=P; é, em si mesmo, uma coisa conhecida. Em outras palavras, qualquer tentativa de analisarmos a idéia de Conhecimento leva imediatamente a uma confusão da mente.
Mas isto é a essência da Sabedoria Oculta quanto a Daäti. Pois Daäti; é a coroa de Rúache, o Intelecto; e seu lugar é no Abismo; para obtermos ocorrência, que é um dos principais padrões da Verdade, nós devemos atingir Nechama.
Há uma outra explicação, completamente á parte da armadilha puramente lógica. S=P (a não ser que seja uma identidade, e portanto sem sentido) é uma afirmação de dualidade; ou como podemos dizer: percepção intelectual é uma negação da verdade samádica. É, portanto, essencialmente falsa desde as suas bases.
A asserção mais simples e mais óbvia não tolera análise.´Vermelhão é vermelho´ é inegável, sem dúvida; mas ao ser perscrutada, prova sem significado. Pois cada termo tem que ser definido através d pelo menos dois outros termos, dos quais a mesma asserção é verdade; d eforma que o processo de definição é sempre ´obscurm per obscuris´. Pois não há quaisquer termos verdadeiramente simples. não existe qualquer possibilidade de verdadeira percepção intelectual. O que nós supomos ser tal é, na realidade, uma série de convenções mais ou menos plausíveis, baseadas sobre o aparente paralelismo de experiência. Não há qualquer garantia definitiva de que quaisquer duas pessoas querem dizer exatamente a mesma coisa quando dizem ´doce´ou ´alto´ ; apenas em relação a aplicações práticas vulgares.
Estas e outras considerações levam a certos tipos de ceptismo filosófico. Concepções nechâmicas absolutamente não estão isentas desta crítica, pois, mesmo supondo que elas sejam idênticas em qualquer número de pessoas, sua expressão, sendo intelectual, sofrerá as mesmas pressões que percepções normais.
Mas nada disto sacode, ou sequer ameaça, a Filosofia de Thelema. Pelo contrário; pode ser considerado a Rocha sobre a qual está fundada. Pois o resultado final é, evidentemente, que todas as concepções são necessariamente únicas – mônadas; porque não pode nuca haver dois Pontos de Vista idênticos. E isto corresponde aos fatos: pois há Pontos de Vista estreitamente relacionados, e assim pode haver um acordo superficial entre eles, como há, o qual é percebido como falso ao ser analisado – tal qual demonstramos acima.
Disto será compreendido porque é que não existem quaisquer Trances de Conhecimento; e isto nos convida a inquirir a tradição nos Grimórios, de que todo conhecimento pode ser miraculosamente obtido. A resposta é que, se bem que todos os Trances são Destruidores de Conhecimento ( já que, por um só ponto, ou seja, todos eles destroem o senso de Dualidade) e no entanto eles dão ao seu Adepto os meios de conhecimento. Nós podemos considerar a faculdade percepção racional como uma projeção da Verdade em forma dualística; de maneira que aquele que possui qualquer Verdade tem apenas que simbolizá-la em termos do intelecto para obter a imagem dela na forma de Conhecimento.
Esta concepção é difícil, um exemplo poderá torná-la mais clara. Um arquiteto pode indicar as características gerais de um edifício, sobre papel através de dois desenhos – uma planta ou elevação. Em qualquer dos casos, o desenho é falso sob quase todo aspecto; cada um dos desenhos é parcial, a cada um deles falta uma dimensaão e assim por diante. No entanto, em combinação, eles não deixam de representar para imaginação treinada aquilo que o edifíco realmente é; e também, se bem que ambos os desenhos sejam ´ilusões´, nenhuma outra ilusão servirá ‘a mente para que descubre a verdade que eles tencionam.
Esta é a realidade escondida em todas as ilusões do intelecto; e esta é a explicação da necessidade de que o Aspirante adquira um conhecimento adequado e acurado.
O místico vulgar afeta desprezar a Ciência como ´ílusão´ ; este é o mais fatal de todos os erros. Pois os instrumentos com os quais o místico trabalha pertencem, todos eles, exatamente a esta ordem de ´coisas ilusórias´. Nós sabemos que lentes deformam imagens; no entanto, nos podemos adquirir informação sobre objetos distantes ( a qual verificamos ser correta) quando a lente é construída de acordo com certos princípios ´ilusórios´ (em vez de caprichoso arbritário). O místico que zomba da Ciência é geralmente reconhecido pelos homens como um tolo vaidoso; ele sabe disto, e isto o endurece em sua presunção e arrogância. Nos o vemos, atiçado por sua vergonha subconsciente, atacando ativamente a Ciência; ele se alegra em apontar erros de cálculo que ocorrem constantemente, sem compreender as autoimpostas limitações da validade de qualquer asserção que estão sempre implícitas em trabalhos científicos; de forma que ele chega, por fim, a abandonar seus próprios postulados e se refugia na carapaça do teólogo.
Mas para aquele místico que fundou firmemente o seu pensamento racional em princípios sadios, que adiquiriu profunda compreensão de uma ciência fudamental e estabeleceu as apropriadas conexões entre essa ciência e suas irmãs; que, depois, fortaleceu a estrutura inteira do seu conhecimento penetrando através de Trances apropriados ás Verdades Nechâmicas das quais aquela estrutura é retamente organizada projeção de Rúache; para esse místico, o campo do Conhecimento, assim bem arado, bem semeado, bem fertilizado, em amadurecido, está pronto para colheita. O homem que realmente compreende as fórmulas básicas de um assunto-raíz pode facilmente estender sua percepção aos ramos, ás folhas, ás flores e ao fruto; e neste senso os mestres medievais de Magua estavam justificados em asseverar que pela evocação de um dado Daimon o Octonomos merecedor poderia adquirir perfeito conhecimento de todas as ciências, falar todas as línguas, comandar o amor de todos, e de qualquer forma lidar com a Natureza inteira do ponto de vista do Criador deta. Grosseiros são esses, crédulos ou críticos, que pensam que uma tal Evocação era trabalho de uma hora ou uma semana!
E o ganho do Adepto nisso tudo? Não o puro ouro, decerto, meu a Pedra dos Filósofos! Mas no entanto, uma arma mui virtuosa, de muito uso no Caminho; também grande consolo, para o lado humano dele; pois o doce fruto que pende daquela Árvore que torna os homens Deuses é precisamente este ponto amadurecido de sol chamado Conhecimento.”
“É importante explicar a Posição de Daath ou Conhecimento na Árvore. Ela á chamada o Filho de Chochmah e Binah, entretanto, não possui localização. Mas é de fato o Ápice de uma Pirâmide na qual os três primeiros Números formam a base. A Árvore, ou Minutum Mundum, é uma Figura, em um Plano , de um Universo material. Daath, estando acima do Plano, é uma Figura de Força em quatro dimensões e, assim, o Objeto da Magnum Opus. Os três Caminhos que conectam-na com a Primeira Trindade são as três Letras ou Pais do Alfabeto Hebraico.
Em Daäth, dizem ficar a Cabeça da grande Serpente Nechesh ou Leviatã, chamado Mal que oculta a sua Santidade. ( Shin + Chet+ Num = 358= chet+yod+shin+mem , o Messias ou Redentor e Daleth + Tav +Yod + Vau +Lamed= 496= Tav +Vau+Kaph+Lamed+Mem, a Noiva) Ela é idêntica a Kundalini da Filosofia Hindu, o Kwan-se do Povo Mongol que significa a Força no Homem que por sua vez equivale a Força sexual aplicada ao Cérebro, Coração e a outros Órgãos redimindo-os.”
O Arranjo de Nápoles
000 Ain = Zero Absoluto. |
00 Ain Soph = Zero como indefinível. |
0 Ain Soph Aur = Zero como base da vibração possível. |
1 Kether = O Ponto: positivo, mas indefinível. |
2 Chokmah = O Ponto: distinguível de 1 outro. |
3 Binah = O Ponto: definido pela relação a 2 outros. |
O Abismo = entre o Ideal e o Real. |
4 Chesed = O Ponto: definido por 3 coordenadas. Matéria. |
5 Geburah = Movimento |
6 Tiphareth = O Ponto: agora auto-consciente, capaz de se definir nos termos de acima. |
7 Netzach = A Ideia de Felicidade do Ponto (Ananda). |
8 Hod = A Ideia de Conhecimento do Ponto (Chit). |
9 Yesod = A Ideia de Ente do Ponto (Sat). |
10 Malkuth = A Ideia do próprio Ponto realizado em seu complemento, conforme determinado por 7, 8 e 9. |
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1 – KETHER – THAMIEL
Título: Kether, a Coroa. (Em hebraico: Kaph, Tau, Resh.)
Imagem Mágica: Um velho rei barbado, visto de perfil.
Localização na Árvore: No topo do Pilar do Equilíbrio, no Triângulo Supremo.
Texto Yetzirático: 0 Primeiro Caminho chama-se Inteligência Admirável, ou Oculta, pois é a luz que concede o poder da compreensão do Primeiro Princípio, que não tem começo. É a Glória Primordial, pois nenhum ser criado pode alcançar-lhe a essência.
Títulos Conferidos a Kether: A Existência das Existências. 0 Segredo dos Segredos. 0 Antigo dos Antigos. Ancião dos Dias. 0 Ponto Primordial. 0 Ponto no Círculo. 0 Altíssimo. 0 Rosto Imenso. A Cabeça Que não Existe. Macroprosopos. Amém. Luz Occulta. Luz Interna. He.
Nome Divino: Eheieh.
Arcanjo: Metatron.
Coro Angélico: As criaturas vivas a sagradas. Chaioth ha Qadesh.
Chakra Cósmico: Rashith ha Gilgalim. Primum Mobile. Primeiros Remoinhos.
Experiência Espiritual: A União com Deus.
Virtude: Consecução. A Realização da Grande Obra.
Correspondência no Microcosmo: 0 Crânio. 0 Sah. Yechidah. A Centelha Divina. 0 Lótus de Mil Pétalas.
Simbolos: 0 ponto. A coroa. A suástica.
Cartas do Tarô: Os quatro ases: Ás de Paus: raiz dos Poderes do Fogo; Ás de Copas: raiz dos Poderes da Água; Ás de Espadas: raiz dos Poderes do Ar; Ás de Ouros: raiz dos Poderes da Terra.
Cor em Atziluth: Esplendor.
Cor em Briah: Esplendor branco, puro.
Cor em Yetzirah: Esplendor branco, puro.
Cor em Assiah: Branco, salpicado de ouro.
1. Kether, a Coroa, localiza-se na cabeça do Pilar Medial do Equilíbrio, e nele estão suspensos os Véus Negativos da Existência. Já comentei a utilização desses Véus Negativos como estrutura para o pensamento, de modo que não repetirei esse ponto, mas lembro ao leitor qúe Kether, a Primeira Manifestação, representa a cristalização primordial na manifestação do que era até então imanifesto e, por conseguinte, incognoscível. Nada podemos saber a respeito da raiz da qual brota Kether; mas, quanto à própria Kether, podemos adiantar alguma coisa. Ela pode representar para nós, em nosso estágio de desenvolvimento, o Grande Desconhecido, mas não é o Grande Incognoscível. A mente do mago pode abarcá-la em suas visões mais elevadas. Em minhas próprias experiências com a operação conhecida como Elevação nos Planos, que consiste em elevar a consciência pelo Pilar Médio, por meio da concentração nos sucessivos símbolos a nos Caminhos, Kether, numa ocasião em que lhe toquei as fímbrias, surgiu como uma cegante luz branca, anulando por completo o pensamento.
2. Não existe forma em Kether, apenas puro ser, qualquer que seja ele. Poderíamos dizer que se trata de uma latência que se encontra a apenas um grau da não-existência. Tais conceitos são necessariamente vagos a não estou capacitada para dar-lhes a precisão que devem ter, mas ficarei satisfeita se pudermos reconhecer os graus do devir, compreendendo que a rude diferenciação entre Ser a Não-Ser não representa os fatos. Quando a existência se toma manifesta, os pares de opostos penetram o ser; mas em Kether não existe divisáo nos pares de opostos, pois estes, para se manifestarem, precisam esperar a emanação de Chokmah a Binah.
3. Kether, portanto, é o Um, que existia antes mesmo de dispor de um reflexo de si mesmo, para apresentar-se como imagem na consciência e aí estabelecer a polaridade. Devemos acreditar que ela transcende todas as leis conhecidas da manifestação – apenas existe, sem reação. Cabe lembrar, contudo, que, quando falamos de Kether, não significa uma pessoa, mas um estado de existência, a tal estado de substância existente deve ter sido completamente inerte, puro ser, sem atividade, até iniciar-se a atividade, que emana Chokmah.
4. A mente humana, não conhecendo outro modo de existência além do da forma a da atividade, tem muita dificuldade para conceber um estado inteiramente informe de passividade, o qual é, não obstante, muito distinto do não-ser. Mas precisamos realizar esse esforço, se quisermos compreender os fundamentos da filosofia cósmica. Não devemos lançar os Véus da Existência Negativa à frente de Kether ou nos condenar a uma perpétua dualidade insolúvel; Deus e o demônio lutarão para sempre em nosso cosmo, e não há finalidade em seu conflito. Devemos treinar a mente para conceber o estado de puro ser sem atributos ou atividades; podemos pensar nele como a luz branca cegante, não diferenciada em raios pelo prisma da forma; ou como a escuridão do espaço interestelar, que é nada, embora contenha as potencialidades de todas as coisas. Esses símbolos, sobre os quais repousa o olho interior, constituem um auxilio mais proveitoso para a compreensão de Kether do que todas as definições da filosofia exata. Não podemos definir a Sephirah Kether; só podemos indicá-la.
5. Constitui sempre uma experiência iluminadora descobrir o extraordinário significado das pistas contidas nas tabelas de correspondências, e o modo pelo qual elas conduzem a mente de um conceito a outro. A Primeira Sephirah chama-se Coroa, não cabeça, note-se. A Coroa é um objeto que se põe sobre a cabeça, a esse fato nos dá uma clara indicação de que Kether pertence ao nosso Cosmo, embora não esteja nele. Descobrimos também a sua correspondência microscómica no Lótus das Mil Pétalas, o chakra Sahamsara, que se localiza na aura, imediatamente acima da cabeça. Penso que isso nos ensina claramente que a essência espiritual mais íntima de alguma coisa, seja no homem ou no mundo, nunca está na manifestação real, sendo antes a base ou raiz subjacente de onde tudo brota a pertencendo, na verdade, a uma dimensão diferente – a uma ordem diferente de ser. Esse conceito dos diferentes tipos de existência é fundamental para a filosofia esotérica a devemos tê-to sempre presente quando consideramos os reinos invisíveis do mago ou do ocultista prático.
6. Na filosofia vedanta, Kether equivaleria sem dúvida a Parabrahmâ; Chokmah, a Brahman; a Binah, a Mulaprakriti. Nos outros grandes sistemas do pensamento humano, Kether equivale ao seu conceito primário, correspondendo ao Pai dos Deuses. Se foram estes que criaram o universo no espaço, então Kether é o Deus do céu. Se o universo se originou na água, Kether é o oceano primordial. Kether relaciona-se sempre com o sentido do informe a do eterno. Os deuses de Kether são deuses terríveis que devoram suas crianças, pois Kether, embora seja o pai de todos, reabsorve o universo ao final de uma época de evolução.
7. Kether é o abismo donde se originam todas as coisas, a para onde estas voltarão ao final de sua era. Nos caminhos exotéricos associados a Kether,descobrimos, por conseguinte, a implicação da não-existência. Nos conceitos esotéricos, contudo, aprendemos que esse conceito é errôneo. Kether é a forma mais intensa de existência, ser puro, não-limitado por forma ou reação; mas essa existência pertence a um tipo diverso daquele a que estamos acostumados, aparecendo-nos, portanto, como não-existência, porque não combina com nenhum dos requisitos que a nosso ver determinam a existência. A idéia da existência de outros modos de ser está implícita em nossa filosofia a devemos tê-la sempre em mente, porquanto é a chave de Kether, a Kether é a chave da Árvore da Vida.
8. O texto yetzirático descritivo de Kether, como todos os dizeres da Sepher Yetzirah, é uma sentença oculta. Afirma ele que Kether se chama Inteligência Oculta, a os diversos títulos conferidos a Kether na literatura cabalística confirmam essa denominação. Kether é o Segredo dos Segredos, a Altura Inescrutável, a Cabeça Que Não É. Temos aqui novamente a confirmaçáo da idéia de que a coroa está acima da cabeça do Homem Celestial, o Adão Cadmo; o ser puro está atrás de toda manifestação, a não é por ela absorvido, sendo antes a causa de sua emanação ou manifestação. Tal como nos expressamos em nossas obras, assim se expressa Kether na manifestação. Mas as obras de um homem não constituem a sua personalidade, sendo, ao contrário, a expressão de sua atividade natural. Ocorre o mesmo com Kether; seu modo de existência não é manifesto, mas constitui a causa da manifestação.
9. Temos até agora considerado Kether em Atziluth, isto é, em sua natureza essencial a primordial. Devemos considerá-la agora tal como aparece nos outros três Reinos distinguidos pelos cabalistas.
10. Cada Reino, ou plano de manifestação, tem sua forma primária: a matéria, por exemplo, é, com toda probabilidade, primariamente elétrica, a essa forma primordial, segundo os esoteristas, consiste no subplano etérico que subjaz aos quatro planos elementais: Terra, Ar, Fogo a Água; ou, em outras palavras, os quatro estados da matéria densa: sólido, líquido, gasoso a etéreo.
11. Os cabalistas concebem a Árvore em cada um dos quatro Reinos, a saber: Atziluth, espírito puro; Briah, mente arquetípica; Yetzirah, consciência imagética astral; a Assiah, o mundo material em seus aspectos densos e mais sutis. As operaçáes das forças de cada Sephirah são representadas em cada mundo sob a presidência de um Nome Divino, ou Mundo do Poder, e esses mundos dão as chaves das operações do ocultismo prático nos diversos planos. O Nome de Deus representa a ação da Sephirah no Mundo de Atziluth, espírito puro; quando o ocultista invoca as forças de uma Sephirah pelo Nome de Deus, isso significa que ele deseja entrar em contato com sua essência mais abstrata, pois está buscando o princípio espiritual que sustenta a condiciona esse modo particular da manifestação. Reza uma máxima do Ocultismo Branco que toda operação deve começar pela invocação do Nome Divino na Esfera em que ocorrerá a operação. Isso assegura que a operação estará em harmonia com a lei cósmica. Nunca se deve descurar o equilíbrio da força natural, pois o equilíbrio é essencial para que o mago conduza em segurança as operações de acordo com a lei cósmica; por conseguinte, o mago deve procurar compreender o princípio espiritual envolvido em cada problema a operá-to convenientemente. Toda operação, por conseguinte, precisa ter sua unificaçâo ou resolução final em Eheieh, o nome de Deus de Kether em Atziluth.
12. A invocação da divindade sob o nome de Eheieh, isto é, a afirmação do ser puro, eterno, imutável, sem atributos ou atividades, que tudo sustém, mantém a condiciona, é a fórmula primária de toda operação mágica. Somente ao ser penetrada pela compreensão desse ser imutável a sem fim, de extraordinária concentração a intensidade, pode a mente ter qualquer compreensão do poder ilimitado. A energia derivada de qualquer outra fonte é uma energia limitada a parcial. A fonte pura de toda energia localiza-se tão-somente em Kether. As operações do mago visando à concentração da energia (e que operação não o faz?) devem sempre começar por Kether, porquanto deparamos nessa Sephirah com a força emergente que brota do Grande Imanifesto, o reservatório do poder ilimitado. É graças a Kether, o Grande Imanifesto oculto atrás dos Véus da Existência Negativa, que o poder tem origem. Se extrairmos poder de qualquer esfera especializada da natureza, estaremos, por assim dizer, tirando de Pedro para dar a Paulo. O poder vem de alguma parte a vai para algum lugar, a deve ser responsável no ajuste de contas final. É por essa razão que se diz que o mago paga com sofrimento o que obtém por meios mágicos. Isso é verdade se sua operação é realizada em qualquer uma das esferas inferiores da natureza; mas se tal operação tem início com Kether em Atziluth, o mago estará extraindo força imanifesta para colocá-la na manifestação; ele aumenta as fontes do universo e, desde que as forças se mantenham em equilíbrio, nenhuma reação rebelde ocorrerá, bem como nenhum pagamento em sofrimento pelo use dos poderes mágicos.
13. Esse é um ponto de extraordinária importância prática. Os estudantes aprenderam que as Três Sephiroth – Kether, Chokmah e Binah estão fora do alcance de qualquer obra prática enquanto estamos encarnados. Na verdade, elas estáo fora do alcance da consciência cerebral, a constituem a base essencial de todos os cálculos mágicos. Se não operamos a partir dessa base, não temos nenhum fundamento cósmico, colocando-nos entre céu e a terra a não encontrando nenhum lugar de repouso seguro. Devemos, ao contrário, manter a tensão mágica que mantém vivas as formas astrais.
14. A grande diferença entre a ciência cristã a as formas mais rudes do novo pensamento e da auto-sugestâo consiste no fato de que a primeira inicia todas as suas operações pela vida divina; e, por mais irracionais que sejam suas tentativas para filosofar o seu sistema, seus métodos são empiricamente sãos. O ocultismo, e especialmente o praticante da Magia Cerimonial, se não foi instruído nessa disciplina, tende a começar sua operação sem qualquer referência à lei cósmica ou ao princípio espiritual; conseqüentemente, as imagens mentais que ele forma são como corpos estranhos no organismo do Homem Celestial, ou Macrocosmo, a todas as forças da natureza se dirigem espontaneamente para a eliminação dá substância estranha e para a restauração do equilíbrio normal das tensões. A natureza luta contra o mago com unhas a dentes; conseqüentemente, todo aquele que recorre à Magia não-consagrada jamais pode descansar sua espada, pois precisa estar sempre na defensiva a fim de manter o que conquistou. Mas o adepto que inicia sua obra com Kether em Atziluth, isto é, no princípio espiritual, e opera esse princípio de cima para baixo a fim de expressá-to nos planos da forma, empregando para esse propósito o poder extraído do Imanifesto, integra sua operação no processo cósmico, e a natureza se coloca a seu lado, em vez de hostilizá-lo.
15. Não podemos esperar entender a natureza de Kether em Atziluth, mas podemos abrir nossa consciência à sua influência, a esta é muito poderosa, conferindo-nos uma estranha sensação de eternidade e imortalidade. Podemos saber quando a invocação de Eheieh em seu puro esplendor branco é efetiva, pois compreendemos, com completa convicção, a impermanência a insignificáncia superior dos planos da forma e a supremá importância da Vida única, que condiciona todas as formas, tal como as mãos do oleiro moldam a argila.
16. A meditação sobre Kether confere-nos a compreensão intuitiva de que o resultado de uma operação tem pouco valor. “Que o sujo brinque com o sujo, se este lhe agrada.” Uma vez obtida essa compreensão, temos domínio sobre as imagens astrais e podemos operá-las à vontade. É apenas quando o operador não tem qualquer interesse pela operapão no plano físico que ele atinge esse completo domínio sobre as imagens astrais. Só a manipulação das forças lhe diz respeito, assim como a sua condução por meio da manifestação na forma; mas ele não cuida da forma que as forças podem finalmente assumir, a as deixa por si mesmas, visto que assumirão a forma mais afim a suas naturezas, sendo assim mais fiéis à lei cósmica do que a qualquer desígnio que seu limitado conhecimento poderia conferir-lhes. Essa é a chave real de todas as operações mágicas, a sua única justificativa, pois não podemos alterar o Universo para adaptá-to ao nosso capricho a conveniência, mas só nos justificamos na operação deliberada da Magia quando operamos com a grande maré da vida evolutiva a fim de chegarmos à plenitude da vida, seja qual for a forma que a experiência ou manifestação possa assumir. “Vim para que eles pudessem ter vida, a para que a tivessem em abundáncia”, disse o Senhor, a essas poderiam ser as palavras do mago.
Vida, a somente a vida, deveria ser a sua divisa, a não qualquer manifestação especializada dela como Sabedoria, Poder ou mesmo Amor.
17. Aqueles que seguiram atentamente a exposição precedente estarão em condições de descobrir algum significado nas palavras criptográficas do Texto Yetzirático atribuído a Kether. As palavras “Inteligência Oculta” dão uma pista da natureza imanifesta da existência de Kether, que é confirmada pela afirmação de que “Nenhum ser criado pode alcançar-lhe à essência”, ou seja, nenhum ser que utiliza, como veículo de consciência, um organismo dos planos da forma. Quando, contudo, a consciência foi exaltada ao ponto de transcender o pensamento, ela recebe da “Glória Primordial” o “poder de compreensão do Primeiro Princípio”; ou, em outras palavras, “Compreenderemos da mesma maneira pela qual somos compreendidos”.
18. Eheieh, Eu Sou O Que Sou, ser puro, é o Nome divino de Kether, e sua imagem mágica é um velho rei barbado visto de pèrfil. O Zohar afirma que o velho rei barbado só tem o lado direito; não vemos a imagem mágica de Kether em sua face plena, isto é, completa, mas apenas uma parte dela. Há um aspecto que deve sempre permanecer oculto para nós, como o lado escuro da lua. Esse lado de Kether é o lado que está voltado para o Imanifesto, que a natureza de nossa consciência manifesta nos impede de compreender, a que constitui um livro selado para nós. Mas, aceitando essa limitação, podemos contemplar o aspecto de Kether, o perfil do velho rei barbado, que se reflete para baixo na forma.
19. Velho é esse rei, o Antigo dos Antigos, o Velho dos Dias, que existe desde o início, quando o rosto não contemplava rosto algum. Ele é um rei, porque governa todas as coisas de acordo com sua suprema e inquestionável verdade. Em outras palavras, é a natureza de Kether que condiciona todas as coisas, porque todas as coisas surgiram dela. Ele é barbado porque, no curioso simbolismo dos rabinos, todo pêlo de sua barba tem um significado.
20. A manifestação das forças de Kether em Briah, o mundo da mente arquetípica, efetua-se por meio do arcanjo Metatron, o Príncipe das Faces, a quem a tradição atribui o papel de mestre de Moisés. A Sepher Yetzirah afirma a respeito do Décimo Caminho, Malkuth, que ele “emana uma influéncia do Príncipe dos Rostos, o arcanjo de Kether, e é a fonte de iluminação de todas as luzes do universo”. Aprendemos, assim, claramente, que não apenas o espírito flui para a manifestação na matéria, mas a matéria, por sua própria energia, lança o espírito na manifestação. Esse é um importante ponto para o praticante da Magia, pois afirma que este tem justificativas para as suas operações a que o homem não precisa esperar a palavra do Senhor, podendo invocar a Deus para ouvi-Lo.
21. Os anjos de Kether, operando no Mundo Yetziático, são os Chaioth ha Qadesh, as Criaturas Vivas a Sagradas, a esse Nome traz à mente a visão do Carro de Fogo de Ezequiel a as Quatro Santas Criaturas diante do Trono. O fato de que os quatro ases do Tarô, atribuídos a Kether, representam as raízes dos quatro elementos, Terra, Ar, Fogo a Água, confirma igualmente essa associação. Podemos, pois, considerar Kether como a fonte primordial dos elementos. Esse conceito esclarece muitas das dificuldades ocultas a metafísicas com que nos deparamos se limitamos sua operação ao plano astral a encaramos os elementais como seres pouco melhores do que os demônios, como parecem fazer algumas escolas de pensamento transcendental.
22. A questão dos anjos, archons a elementais é um tema muito discutido e muito importante no ocultismo, porque a sua aplicação prática à Magia é imediata. O pensamento cristáo pode tolerar com algum esforço a idéia dos arcanjos, mas os espíritos auxiliares, os mensageiros que são as chamas do fogo a os construtores celestes são estranhos à sua Teologia; Deus, sem ajuda a num átimo, fez os céus e a Terra. O Grande Arquiteto do Universo é também o pedreiro. A ciencia esotérica pensa de modo diferente. O iniciado conhece as legiôes de seres espirituais que são agentes da vontade de Deus e os veículos da atividade criativa. É por meio desses que ele opera, pela graça de seu arcanjo dirigente. Mas um arcanjo não pode ser conjurado por nenhum encantamento, por mais potente que este seja. Deveríamos mesmo dizer que, quando efetuamos uma operação da Esfera de uma Sephirah particular, o arcanjo opera por meio de nós para o cumprimento de sua missão. A arte do mago repousa, por conseguinte, em alinhar-se à força cósmica, a fim de que a operação que ele deseja realizar possa produzir-se como parte da operação de atividades cósmicas. Se ele for verdadeiramente puro a devoto, esse será o caso de todos os seus desejos; mas, se ele não for verdadeiramente puro a devoto, não será então um adepto, a sua palavra não será uma Palavra de Poder.
23. É interessante notar que, no Mundo de Assiah, o título da Esfera de Kether é Rashith ha Gilgalim, ou Primeiros Remoinhos, indicando, assim, que os rabinos estavam familiarizados com a teoria das nebulosas antes que a ciência tivesse conhecimento do telescópio. A maneira pela qual os amigos deduziram os fatos básicos da cosmogonia graças a meios puramente intuitivos a mercé da utilização do método de correspondências, séculos antes da invenção a aperfeiçoamento dos instrumentos de precisão que permitiram ao homem moderno realizar as mesmas descobertas de outro ângulo, será sempre um assunto de perpétua perplexidade para todo aquele que estuda a filosofia tradicional sem fanatismo.
24. Como em cima, tal é embaixo. O microcosmo corresponde ao macrocosmo, a precisamos, por conseguinte, buscar no homem a Sephirah Kether que está acima da cabeça que brilha com um puro esplendor branco em Adão Cadmo, o Homem Celeste. Os rabinos a chamam Yechidah, a Centelha Divina; os egípcios a chamam Sah; os hindus a chamam Lótus de Mil Pétalas – o núcleo do espírito puro que emana as múltiplas manifestações nos planos da forma, mas nelas não habita.
25. Enquanto estivermos encarnados, jamais poderemos nos elevar à consciência de Kether em Atziluth e reter o veículo físico intato antes de nosso regresso. Tal como Enoch caminhou com Deus e desapareceu, assim também o homem que tem a visão de Kether se desvanece no que respeita ao veículo da encarnação. Isso se explica facilmente se nos lembrarmos que não podemos entrar num modo de consciência a não ser reproduzindo-o em nós mesmos, assim como uma música nada significa para nós a menos que o coração cante com ela. Se, por conseguinte, reproduzimos em nós mesmos o modo de ser daquilo que não tem forma nem atividade, segue-se que devemos nos livrar da forma a da atividade. Se conseguirmos fazé-lo, o que foi reunido pelo modo de forma da consciencia desaparecerá a voltará aos seus elementos. Assim dissolvido, ele não pode ser reunido ao retornar à consciência. Por conseguinte, quando aspiramos à visão de Kether em Atziluth, devemos estar preparados para penetrar na Luz a nunca mais sair dela.
26. Isso não implica ser o Nirvana aniquilação, tal como uma tradução ignorante da filosofia oriental ensinou ao pensamento europeu; mas também náo implica uma completa mudança de modo ou dimensão. O que seremos, quando nos descobrirmos no mesmo nível das Criaturas Vivas a Sagradas, não o sabemos, a ninguém que alcançou a visão de Kether em Atziluth retomou para contar-nos; mas a tradição afirma que existem aqueles que o fizeram, a que eles estáo intimamente relacionados com a evolução da humanidade a são os protótipos dos super-homens, a respeito dos quais todas as raças têm uma tradição – uma tradição que, infelizmente, tem sido envilecida a degradada nos últimos anos pelos ensinamentos pseudo-ocultistas. O que quer que seja que esses seres possam ser ou não, é seguro dizer que eles não têm nem forma astral nem personalidade humana, mas são como chamas no fogo que é Deus. O estado da alma que atingiu o Nirvana pode ser comparado a uma roda que perdeu seu aro a cujos raios penetram e interpenetram toda a criação; um centro de radiação, a cuja influência não se pode determinar um limite, exceto o de seu próprio dinamismo, a que mantém a sua identidade como um núcleo de energia:
27. A experiência espiritual atribuída a Kether é a união com Deus. Esse é o fim e o objetivo de toda a experiência mística e, se procurarmos qualquer objetivo, seremos como aqueles que edificam uma casa no mundo da ilusão. Tudo o que pode reter o místico em seu caminho direto para esse objetivo produz-lhe a impressão de um grilhão, que o prende, e, que, como tal, deve ser quebrado. Tudo aquilo que sujeita a consciência à forma, todos os desejos que não sejam o da união com Deus são males para ele e, desse ponto de vista, ele está certo; agir de outra maneira invalidaria sua técnica.
28. Mas essa não é a única prova que o místico deve enfrentar; exigese-lhe que satisfaça os requisitos dos planos da forma antes de estar livre para começar sua retirada a escapar da forma. Há o Caminho da Mão Esquerda que conduz a Kether, a Kether das Qliphoth, que é o Reino do Caos. Se o adepto aspirante se aventura pelo Caminho Místico prematuramente, é para lá que ele vai, a não ao Reino da Luz. Para o homem que é naturalmente do Caminho Místico, a disciplina da forma é incompatível. E uma das mais sutis tentações é abandonar a batalha da existência na forma, a qual resiste ao seu domínio, a retirar-se pelos planos antes que o nadir tenha sido atravessado a as lições da forma tenham sido aprendidas. A forma é a matriz na qual a consciência fluídica é mantida até adquirir uma organização à prova de dispersão; até tomar-se um núcleo de individualidade diferenciada do mar amorfo do puro ser. Se a matriz for quebrada muito cedo, antes que a consciência fluídica se tenha formado como um sistema organizado de tensões estereotipadas pela repetição, a consciência se retrairá para o amorfo, assim como a argila retomará à lama se libertada do amparo do molde antes de ser queimada. Se há um místico cujo misticismo produz incapacidade mundana ou qualquer tipo de disposição da consciência, sabemos que o molde se quebrou muito cedo para ele, a ele deve retomar à disciplina da forma até que a sua lição tenha sido aprendida a sua consciência tenha alcançado uma organização coerente a coesa que nenhum Nirvana possa destruir. Que ele corte lenha a carregue água a serviço do Templo, se desejar, mas que não profane o local sagrado com suas patologias a imaturidades.
29. A virtude atribuída a Kether é a da consecução; a realização da Grande Obra, para utilizar um termo pedido de empréstimo aos alquimistas. Sem a realização não há consecução a sem consecução não há realização. Boas intenções pesam pouco na escala da justiça cósmica; é por nossa obra completada que somos conhecidos. Temos, é verdade, toda a eternidade para completá-la, mas devemos fazê-to até o Yod final. Não há misericórdia na justiça perfeita, a não ser a que nos permite tentar novamente.
30. Kether, contemplada do ponto de vista da forma, é a coroa do Reino do Esquecimento. A não ser que compreendamos a natureza vital da Pura Luz Branca, sentiremos pouca tentação de lutar por essa Coroa que não é dessa ordem de ser; e, se tivermos essa compreensão, entáo estaremos livres da limitação da manifestação a poderemos falar a todas as formas como quem realmente tem a autoridade para fazê-lo.
QLIPHA
תאומיאל Thaumiel (ThAMAL)
Demônios: Satan e Moloch ou a Trindade Luciferiana – Samael-Lilith-Cain.
Significado: Gêmeos de Deus, as duas forças em luta
Descrição: Um bicéfalo com duas cabeças gigantes
Poder: Divisão
Nomes de Poder: THAMIEL (ThAMAL): LUFUGIEL + MAHAZIEL + ABRAXSIEL + AZAZAèL + THADEKIEL
Tarot: O Tolo (Consciência Divina)
Planeta: Sol Negro
Símbolos: a suástica e a coroa.
A palavra significa literalmente “Gêmeos de Deus”, as “forças combatentes”. É a esfera Qliphotica equivalente a Kether refletida em sua sombra. Enquanto Kether representa a Unidade, Thaumiel representa a dualidade, divisão, onde a consciência se desorganiza em incoerências da estupidez que impossibilitam a paz na humanidade que se recusa a se elevar a um nível superior de espiritualidade. Pois que seus governantes são dois deuses em guerra: Shaitan e Moloch, em constante disputa. O deus fenício Moloch, semeador de pestes e senhor dos sacrifícios de crianças. Moloch é Melek, O “rei” das Qliphoth. Em Thaumiel, a conA divisão seria o afastamento do Universo (IHWH) a ponto de achar em seu isolamento a sua própria chama interior, o seu poder intrínseco. Claro, se for capaz de primeiro suportá-lo. Thaumiel também pode representar o Chama Negra, a partícula de Samael presente em todo ser humano através da descendência de Caim.
2 – CHOKMAH – GHOGIEL
Título: Chokmah, Sabedoria. (Em hebraico: Cheth, Kaph, Mem, Hé.)
Imagem Mágica: Uma figura masculina, barbada. Localização na Árvore: No topo do Pilar da Misericórdia, no Triângulo Supremo.
Texto Yetzirático: 0 Segundo Caminho chama-se Inteligência Iluminadora. É a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, que a iguala. É exaltada sobre todas as cabeças, a os cabalistas a chamam de Segunda Glória.
Títulos Conferidos a Chokmah: Poder de Yetzerah. Ab. Abba. 0 Pai Supremo. Tetragrammaton. Yod do Tetragrammaton.
Nome Divino: Jehovah.
Arcanjo: Ratziel.
Coro Angélico : Auphanim, rodas.
Chakra Cósmico: Mazloth, o Zodíaco.
Experiência Espiritual: A Visão de Deus face a face.
Virtude: Devoção.
Correspondéncia no Microcosmo: 0 lado esquerdo da face.
Símbolos: 0 lingam. 0 falo. 0 Yod do Tetragrammaton. 0 Manto Interno da Glória. 0 pedestal. A torre. 0 cetro ereto do poder. A linha reta.
Cartas do Tarô: Os quatro dois: Dois de Paus: domínio; Dois de Copas: amor; Dois de Espadas: paz restaurada; Dois de Ouros: mudança harmoniosa.
Cor em Atziluth: Azul-suave puro.
Cor em Briah: Cinza.
Cor em Yetzirah: Cinza-pérola iridescente.
Cor em Assiah: Branco salpicado de vermelho, azul a amarelo.
1. Toda fase de evolução tem início num estado de força instável e caminha, graças à organização, para o equilíbrio. Uma vez este alcançado, nenhum desenvolvimento posterior poderá ocorrer, se a estabilidade não for superada, dando início, mais uma vez, a uma fase de forças em conflito. Como já vimos, Kether é o ponto formulado no vazio. De acordo com a definição euclidiana, um ponto tem posição, mas não dimensões. Se, contudo, concebermos esse ponto movendo-se no espaço, ele se transformará numa linha. A natureza da organização a da evolução das Três Supremas está tão distante da nossa experiência que só podemos concebê-la simbolicamente; mas, se imaginarmos o Ponto Primordial que é Kether estendendo-se pela linha que é Chokmah, teremos a representação simbólica mais adequada que seremos capazes de alcançar em nosso presente estágio de desenvolvimento.
2. Esse fluxo de energia, representado pela linha reta ou pelo cetro ereto do poder, é essencialmente dinâmico. Trata-se, na verdade, de um dinamismo primário, pois não podemos conceber a cristalização de Kether no espaço como um processo dinâmico; ela partilha, antes, de uma certa estaticidade – a limitação do informe a do liberto, nos moldes da forma, por mais tênue que a forma possa parecer aos nossos olhos.
3. Atingidos os limites da organização dessa forma, a força que flui incessantemente do Imanifesto transcende as suas limitações, demandando modos novos de desenvolvimento a estabelecendo relações a tensões novas. Chokmah é esse fluxo de força desorganizada a desequilibrada, e, sendo Chokmah uma Sephirah dinâmica, que flui incessantemente como energia ilimitada, poderíamos considerá-la, apropriadamente, mais como um canal por onde passa a energia do que como um receptáculo em que a força é armazenada.
4. Chokmah não é uma Sephirah organizada, a sim a Grande Estimuladora do Universo. É de Chokmah que Binah, a Terceira Sephirah, recebe o seu influxo de emanação, a Binah é a primeira das Sephiroth organizadoras e estabilizantes. Não é possível compreender nenhuma Sephirah sem estudar a sua companheira; por conseguinte, para compreender Chokmah, deveremos dizer algo a respeito de Binah. Notemos, preliminarmente, que Binah é atribuída ao planeta Saturno, recebendo o título de Mãe Superior.
5. Em Chokmah a Binah temos, respectivamente, o positivo e o negativo arquetípicos; a masculinidade e a feminilidade primordiais, estabelecidas quando “o rosto não contemplava rosto algum” a quando a manifestação ainda era incipiente. É desses pares de opostos primários que surgem os Pilares do Universo, por entre os quais se tece a rede da manifestação.
6. Como já observamos, a.Árvore da Vida é uma representação diagramática do Universo, na qual os aspectos positivo a negativo, masculino a feminino são representados pelos dois pilares laterais, da Misericórdia e da Severidade. Pode parecer estranho que o título de Misericórdia seja conferido ao Pilar masculino a positivo, e o de Severidade ao feminino; mas, quando se compreende que a força dinâmica masculina é a que estimula a elevação e a evolução, a que é a força feminina que edifica as formas, percebe-se que a nomenclatura é adequada, pois a forma, embora seja edificadora a organizadora, é também limitadora; toda forma constituída precisa, por sua vez, ser superada, perdendo sua utilidade a assim, tomando-se um obstáculo à vida evolutiva; por conseguinte, ela é a causadora da dissolução a da desintegração que conduz à morte. O Pai é o Dador de vida; mas a Mãe é a Dadora da morte, porque seu útero é a porta de ingresso para a matéria, a por intermédio dela a vida é animada na forma, a nenhuma forma pode ser infinita ou eterna. A morte está implícita no nascimento.
7. É por entre esses dois aspectos polarizados dá manifestação – o Pai Supremo e a Mãe Suprema – que se tece a rede da vida; as almas vão a vêm entre eles, como a lançadeira de um tecelão. Em nossas vidas individuais, em nossos ritmos fisiológicos, na história da ascensão a queda das nações, observamos a mesma periodicidade rítmica.
8. Nesse primeiro par de Sephiroth, temos a chave para o sexo – o par de opostos biológicos, a masculinidade e a feminilidade. Mas a paridade de opostos não ocorre apenas no tipo; ela ocorre também no tempo, a temos épocas alternadas em nossas vidas, em nossos processos fisiológicos, a na história das nações, durante as quais atividade a passividade, construção a destruição prevalecem altemadamente; o conhecimento da periodicidade desses ciclos integra a antiga sabedoria secreta dos iniciados e é operado astrológica e cabalisticamente.
9. A imagem mágica de Chokmah a os símbolos atribuídos a ela confirma essa idéia. A imagem mágica é a de um homem barbado – barbado para indicar maturidade; o pai que provou sua masculinidade, não o homem virgem inexperiente. A linguagem simbólica fala claramente, e o lingam dos hindus e o falo dos gregos são o órgão gerador masculino em seus respectivos idiomas. O pedestal, a torre e o cetro levantado simbolizam o membro viril em sua potência maior.
10. Não devemos pensar, contudo, que Chokmah é apenas um símbolo fálico ou sexual. Ela é, antes de mais nada, um símbolo dinâmico ou positivo, pois a masculinidade é uma forma de força dinâmica, assim com a feminilidade é uma forma de força estática, latente ou potencial, inerte até que se lhe comunique o estímulo. O todo é maior do que a parte, a Chokmah e Binah são o todo de que o sexo é uma parte. Compreendendo a relação existente entre o sexo e a força polarizante como um todo, descobrimos a chave para a correta compreensão desse aspecto da natureza, a podemos avaliar, no contexto do padrão cósmico, os ensinamentos da psicologia a da moralidade a respeito da sexualidade. Podemos observar também, com os freudianos, os inúmeros símbolos de que se vale a mente subconsciente do homem para representar o sexo, compreendendo, ademais, conforme assinalam os moralistas, o processo de sublimação do instinto sexual. A manifestação é sexual porque ocorre sempre em termos de polaridade; e o sexo é cósmico a espiritual porque suas raízes mergulham nas Três Supremas. Devemos aprender a não dissociar a flor aérea da raiz terrestre, pois a flor que é separada de sua raiz fenece, a suas sementes ficam estéreis, ao passo que a raiz, protegida pela terra-mãe, pode produzir flor após flor a levar o seu fruto à maturidade. A natureza é maior do que a moralidade convencional, que, no mais das vezes, não passa de tabu a totemismo. Felizes sáo os povos cuja moralidade incorpora as leis da natureza, pois suas vidas serão harmoniosas a eles crescerão e, multiplicados, dominarão a Terra. Desgraçados são os povos cuja moralidade é um sistema selvagem de tabus, concebido para incensar uma divindade imaginária como Moloch, pois eles serão estéreis a pecadores; a desgraçados também são os povos cuja moralidade ultraja a santidade dos processos naturais a que, ao arrancarem a flor, não prestam atenção ao fruto, pois seu corpo será doente e o seu Estado, corrupto.
11. Em Chokmah, portanto, devemos ver tanto a Palavra criadora que disse “Faça-se a luz” como o lingam de Siva e o falo adorado pelas bacantes. Devemos aprender a reconhecer a força dinâmica, e a reverenciá-la, onde quer que a vejamos, pois seu nome divino é Jehovah Tetragrammaton. Vemo-la na cauda aberta do pavão a na iridescéncia do pescoço do pombo; igualmente, podemos ouvi-la no chamado do gato no cio, e a senti-la no cheiro do bode. Também a encontramos nas aventuras colonizantes das épocas mais viris da história inglesa, especialmente as de Elizabeth a Vitória ambas mulheres! Vemo-la novamente no homem diligente que se esforça em sua profissão para manter o lar. Esses aspectos pertencem todos a Chokmah, cujo título adicional é Abba – Pai. Em todas essas manifestações, devemos ver o pai, o progenitor, que dá vida ao não-nascido, assim como o macho que deseja a sua companheira; teremos, assim, uma perspectiva mais autêntica dos assuntos relativos ao sexo. A atitude vitoriana, em sua reação contra a grosseria da Restauração, atingiu praticamente o padrão de tribos muito primitivas, as quais, como nos contam os viajantes, não associam a união dos sexos com o nascimento da prole.
12. Está dito que a cor de Chokmah é o cinza; em seus aspectos superiores, cinza-pérola iridescente. Essa cor simboliza o velamento da pura luz branca de Kether, que desce, em sua rota de manifestação, até Binah, cuja cor é o preto.
13.O Chakra Cósmico, ou manifestação física direta de Chokmah, é o Zodíaco, que em hebraico se chama Mazloth. Vemos assim que os antigos rabinos compreendiam corretamente o processo da evolução de nosso sistema solar.
14.O Texto Yetzirático atribuído a Chokmah é, como de costume, extremamente obscuro em sua formulação; não obstante, podemos extrair dele algumas pistas esclarecedoras. O Segundo Caminho, como se denomina Chokmah, chama-se Inteligência Iluminadora. Já nos referimos à Palavra criadora que diz “Faça-se a luz”. Entre os símbolos atribuídos a Chokmah no 777 (sistema Malher-Crowley), encontramos o do Manto Intemo da Glória, que é um termo gnóstico. Essas duas idéias, tomádas em conjunto, suscitam a idéia da vida animadora – o espírito iluminador. É a força masculina que, em todos os planos, deposita a centelha fecundante no óvulo passivo e transforma a latência inerte deste no desenvolvimento ativo do crescimento a da evolução. É a força dinámica da vida, que é espírito, que anima a argila da forma física a constitui o Manto Interno da Glória.
15. O Texto Yetzirático confere também a Chokmah o título de Coroa da Criação, implicando assim que essa Sephirah, como Kether, é antes extema ao universo manifesto do que imanente a ele. É a força viril de Chokmah que dá impulso à manifestação e, por conseguinte, é anterior à própria manifestação. A Voz do Logos clamou “Faça-se a luz” muito antes que as águas e o firmamento fossem separados. Essa idéia se destaca ainda mais na frase do Texto Yetzirático que fala de Chokmah como o Esplendor da Unidade, que o iguala, indicando assim claramente a sua afinidade antes com Kether, Unidade, do que com os planos da forma dualística. A palavra esplendor, tal como é aqui empregada, indica claramente uma emanação ou irradiação, a nos ensina a pensar em Chokmah mais como a influência emanante do ser puro do que como uma coisa em si. Isso nos leva a uma compreensão mais verdadeira do sexo. Fique bem claro, contudo, que a esfera de Chokmah nada tem a ver com os cultos da fertilidade como tais, salvo pelo fato de que é a masculinidade, a força dinámica, que promove a vida primordial a evoca a manifestação. Embora as manifestações superiores e inferiores da força dinãmica sejam da mesma esséncia, elas são de níveis diferentes; Priapo não é idintico a Jehovah. Não obstante, a raiz de Priapo se encontra em Jehovah, e a manifestação de Deus Pai encontra-se em Priapo, como o indica o fato de que os rabinos chamam Chokmah de Yod do Tetragrammaton, e o Yod, em sua fraseologia, é idêntico ao fngam.
16. É curioso que a Sepher Yetzirah afirme, a respeito das duas Sephiroth, que elas são exaltadas sobre todas as cabeças – o que é uma contradição; no entanto, como essa afirmação diz respeito a Chokmah a Malkuth, poderemos compreender-lhe o significado se meditarmos sobre seu sentido. Chokmah é o Pai Supremo, Malkuth é a Mãe Inferior, e o mesmo texto que declara sua exaltação sobre todas as cabeças afirma que ela se senta no trono de Binah, a Mãe Superior, a contraparte negativa de Chokmah. Ora, Chokmah é a forma mais abstrata da força, a Malkuth é a forma mais densa da matéria, de modo que temos nessa afirmação uma pista de que cada um dos membros desse par de opostos extremos é a manifestação suprema de seu próprio tipo, sendo ambos igualmente sagrados em seus diferentes caminhos.
17. Devemos fazer uma distinçâo entre o rito da fertilidade, o rito da vitalidade e o rito da iluminação ou inspiração, que invoca as línguas de fogo de Pentecostes. O culto da fertilidade visa à reprodução clara a simples, seja dos rebanhos, dos campos ou das esposas; pertence a Yesod, a nada tem a ver com o culto da vitalidade, que pertence a Netzach, a esfera de VênusAfrodite, a que diz respeito a certo ensinamento esotérico muito importante, relativo ao tema das influências vitalizantes a magnéticas que os sexos exercem um sobre o outro a que é distinto do ato sexual, do qual trataremog quando estudarmos Netzach, a esfera de Vênus.
18.O rito de Chokmah, se assim podemos chamá-lo, diz respeito ao influxo da energia cósmica. É informe, por ser o impulso puro da criação dinãmica; e, sendo informe, a criação a que dá lugar pode assumir toda e qualquer forma; daí a possibilidade de sublimar a força criativa, desviando-a de seu aspecto puramente priápico.
19. Até onde sei, não existe uma cerimônia mágica formal de qualquer das Trés Supremas. Só podemos entrar em contato com elas participando de sua natureza essencial. Kether, ser puro, é atingido quando alcançamos a compreensão da natureza da existência sem partes, atributos ou dimensões. Essa experiência é apropriadamente chamada de Transe da Aniquilação, a aqueles que a experimentaram caminham com Deus a não mais retomam, pois Deus os arrebata; por conseguinte, a experiência espiritual atribuída a Kether é a União Divina, a aqueles que a experimentam penetram na luz a nela permanecem.
20. Para nos colocarmos em contato com Chokmah, temos de experimentar a precipitação da energia cósmica dinâmica em sua forma pura; uma energia tão imensa que o homem mortal nela se funde a se desagrega. Conta-se que, quando Semele, mãe de Dionísio, viu Deus – seu amante divino sob a forma de Zeus -, foi ela crestada a queimada, dando à luz prematuramente o seu filho. A experiência espiritual atribuída a Chokmah é a Visão de Deus face a face; a Deus (Jehovah) disse a Moisés: “Não podes contemplar minha face a sobreviver.”
21. Mas, embora a visâo do Pai Divino queime os mortais com Fogo, o Filho Divino pode ser evocado familiarmente por meio dos ritos apropriados – as Bacanálias, no caso do Filho de Zeus, e a Eucaristia, no caso do Filho de Jehovah. Vemos, assim, que existe uma forma inferior de manifestação, que “nos mostra o Pai”, mas esse rito deve sua validade apenas ao fato de que deriva sua Inteligência fuminadora, seu Manto Interno de Glória, do Pai, Chokmah.
22. O grau de iniciação correspondente a Chokmah é o do Mago, a as armas mágicas atribuídas a esse grau são o falo e o Manto Interno da Glória. Esses símbolos têm um significado microcósmico ou psicológico, assim como um significado macrocósmico ou místico. O Manto Interno da Glória significa seguramente a Luz Interna que ilumina todos os homens que vêm ao mundo – a visão espiritual por meio da qual o místico disceme as coisas espirituais, a forma subjetiva da Inteligência Iluminadora a que se refere o Texto Yetzirático.
23. O falo ou lingam é uma das armas mágicas do iniciado que opera o grau de Chokmah. O conhecimento do significado espiritual do sexo a do significado cósmico da polaridade diz respeito a esse grau. Aquele que é capaz de compreender o aspecto mais profundo das coisas místicas a mágicas não pode deixar de perceber o fato de que, na compreensáo desse poder tremendo a misterioso (que chamamos sexo em uma de suas manifestações), reside a chave de muitas coisas. Não é por acaso que as imagens sexuais invadem as visões do vidente, desde o Untico dos Cânticos até O Castelo Interior.
24. Não se deve deduzir do que antecede que advogo ritos orgiásticos como Caminho de Iniciação; mas posso dizer claramente que sem a correta compreensão do aspecto esotérico do sexo o Caminho é um beco sem saída. Freud falou a verdade à sua geração quando apontou o sexo como a chave da psicopatologia; mas ele errou, em minha opinião, quando o transformou na única chave da multiforme alma humana. Assim como não pode haver saúde da subconsciência sem harmonia da vida sexual, não pode haver operação positiva ou dinâmica no plano da superconsciência sem a correspondente compreensão a observação das leis da polaridade. Para muitos místicos que buscam refúgio da matéria no espírito, essas palavras poderáo parecer duras, mas a experiência provará que elas traduzem a verdade; por conseguinte, é preciso dizê-las, embora isso não suscite muitos agradecimentos.
25. O tremendo fluxo descendente da força Chokmah evocada por meio do Nome Divino de Quatro Letras vai do Yod macrocósmico ao Yod microcósmico, sendo, então, sublimado. Se a mente subconsciente não estiver livre de dissociações a repressôes, a todas as partes da multiforme natureza humana não estiverem coordenadas a sincronizadas, as reações e os sintomas patológicos serão o resultado desse fluxo descendente. Isso não significa que o invocador de Zeus é necessariamente um adorador de Priapo, mas significa, isto sim, que nenhum homem pode sublimar uma dissociação. Quando o canal está livre de obstruções, a força descendente pode voltear o nadir a transformar-se numa força ascendente, a qual pode ser dirigida para qualquer esfera ou transformar-se no canal que desejarmos; mas, queiramos ou não, essa força assumirá necessariamente a direção descendente antes de tomar-se ascendente e, a menos que os nossos pés estejam firmemente plantados na terra elemental, rebentaremos como velhos odres de vinho.
26. Os ocultistas práticos sabem que Freud falou a verdade, embora não toda a verdade, mas não ousam afirmá-lo, por medo de serem acusados de adoração do falo a de práticas orgiásticas. Essas coisas têm seu lugar, embora não no Templo do Espírito Santo, a negar-lhe o seu lugar é uma loucura pela qual a era vitoriana pagou bem caro com uma rica colheita de psicopatologia.
27. Quando operamos dinamicamente em qualquer plano, nós o fazemos no Pilar Direito da Árvore, derivando nossa energia primária da força Yod de Chokmah. A esse respeito, devemos nos referir ao fato de que a correspondência microcósmica de Chokmah se estabelece com o lado direito da face. As correspondências macrocósmicas a microcósmicas exercem um papel importante nos trabalhos práticos. O Macrocosmo, ou Grande Homem, é, naturalmente, o próprio universo; e o microcosmo é o homem individual. O homem é o único ser cuja natureza, quádrupla, corresponde exatamente aos níveis do cosmo. Os anjos carecem dos planos inferiores, a os animais carecem dos planos superiores.
28. As referências ao microcosmo não devem ser tomadas literalmente em relação às panes do corpo físico; as correspondências referem-se à aura a às funçôes das correntes magnéticas na aura, a devemos ter sempre em mente, como afirma Swami Vivelcananda, que o que está à direita no macho está à esquerda na fêmea. Além disso, deve-se lembrar que o que é positivo no plano físico é negativo no plano astral; é positivo novamente no piano mental a negativo no plano espiritual, como o indicam as serpentes gêmeas branca a preta do caduceu de Mercúrio. Se colocarmos esse caduceu sobre a Árvore quando pretendermos com ela representar os Quatro Mundos dos cabalistas, formaremos um hieróglifo que revela as operaçôes da lei da polaridade em relação aos pianos. Esse é um hieróglifo muito importante, que fornece aspectos interessantíssimos à meditação.
29. Decorre entáo que, estando a alma numa encarnação feminina, funcionará ela negativamente em Assiah a Briah, mas positivamente em Yetzirah a Atziluth. Em outras palavras, uma mulher é física a mentalmente negativa, mas psíquica a espiritualmente positiva, sucedendo o contrário no homem. Nos iniciados, contudo, há um considerável grau de compensação, pois cada um aprende a técnica tanto dos métodos psiquicos positivos quanto negativos. A Centelha Divina, que é o núcleo de toda alma viva, é, naturalmente, bissexual, contendo as raízes de ambos os aspectos, como ocorre com Kether, à qual corresponde. Nas almas altamente desenvolvidas, o aspecto compensador está desenvolvido pelo menos até certo ponto. A mulher puramente feminina e o homem puramente mascuiino estão hipersexualizados, a julgar pelos padrôes civilizados, a só podem encontrar um lugar apropriado nas sociedades primitivas, onde a fertilidade é a primeira exigência que a sociedade faz às mulheres, e a caça e a guerra são a ocupação constante dos homens.
30. Isso não significa, contudo, que as funções físicas dos sexos estão pervertidas no iniciado, ou que a configuração de seu corpo apresente qualquer modificação. A ciência esotérica ensina que a forma física e o tipo racial que a alma assume em cada encarnação são determinados pelo destino, ou Carma, a que a vida deve ser vivida de acordo com isso. É muito arriscado para nós introduzir mudanças em nosso tipo, racial ou físico, a deveríamos sempre aceitá-to como a base de nossas operaçôes, a escolher nossos métodos de acordo com ele. Há certas operações a certas atividades numa loja para as quais o veículo masculino é mais apropriado do que o feminino e, quando é preciso realizar trabalhos práticos numa cerimônia, os oficiantes são selecionados por seu tipo; mas, quando se trata de realizar os rituais referentes ao treinamento de um iniciado, é costume deixar que cada um se ocupe dos diferentes ofícios para que possam aprender a manipular os diferentes tipos de força e, assim, alcançar o equilibrio.
31. Benjamin Kidd, em seu estimulante livro, Lhe Science of Power, assinala que o tipo superior do ser humano se aproxima ao da criança. Observamos que o tamanho de sua cabeça é relativamente grande em comparação com o peso do corpo, a que as características sexuais secundárias não estão presentes. Encontramos a mesma tendência, de uma forma modificada, no adulto civilizado. O tipo superior de homem não é um gorila hirsuto, nem é o tipo superior de mulher um mamífero exagerado. A tendência da evolução na civilização é para uma aproximação do tipo entre os sexos no que diz respeito às características sexuais secundárias. Que porcentagem de varões civilizados poderia deixar erescer uma barba realmente patriarcal? O caráter sexual primário, contudo, precisa manter-se integralmente ou a raça perecerá rapidamente; a não temos razão alguma para acreditar que esse seja o caso, mesmo entre nossos mais modernos epicenos, que enchem as cortes de divórcio com abundantes evidências de sua transbordante filoprogenitividade.
32. Podemos entender melhor essas coisas se as “colocarmos sob a Ârvore”. Os dois Pilares, o positivo sob Chokmah e o negativo sob Binah, correspondem, respectìvamente, ao Ida a ao Pingala dos sistemas da ioga. Essas duas correntes magnéticas, que correm na aura paralelamente à espinha, chamam-se correntes do Sol a da Lua. Numa encarnação masculina, trabalhamos predominantemente com a corrente do Sol, a fertilizadora; numa encarnação feminina, trabalhamos predominantemente com as forças da Lua. Se desejamos operar com o tipo de força oposto àquele com que somos naturalmente dotados, temos de fazê-to utilizando nosso modo natural como base de operação e, por assim dizer, fazê-to “por tabela”. O homem que deseja utiiizar as forças da Lua emprega algum artifício que lhe possibilite obter, por reflexo, a força lunar; e a mulher que deseja utilizar as forças solares emprega um artifício pelo qual é capaz de focalizá-las em si mesma a refleti-las. No plano físico, os sexos se unem, e o homem gera um filho na mulher, aproveitando-se dos poderes liuiares de que esta dispõe. A mulher, por outro lado, desejando a criação a sendo incapaz de realizá-la por si própria, seduz o homem por meio de seus desejos, até que este lhe derrame sua força solar, fecundando-a.
33. Nas operações mágicas, o homem e a mulher que deseja operar com a força oposta à de seu veículo físico (e essa operação é parte integrante da rotina do treinamento oculto) eleva o nível de consciência para o piano no qual se acha a polaridade necessária a passa a operar desse plano. O sacerdote de Osíris emprega às vezes os espíritos elementais para suplementar sua polaridade, e a sacerdotisa de Ísis invoca as influências angélicas.
34. Como toda manifestação se produz por meio dos pares de opostos, o princípio da polaridade está implícito não apenas no macrocosmo, mas também no microcosmo. Compreendendo tal princípio a sabendo aproveitar as possibilidades por ele concedidas, seremos capazes de elevar nossos poderes naturais a um nível muito acima do normal; poderemos utilizar o meio ambiente como uma rampa de empuxo, descobrindo a poderosa força de Chokmah nos livros, em nossa tradiçáo racial, em nossa religião, em nossos amigos a colegas; poderemos receber de todos eles o estímulo que nos fecunda a nos toma mental, emocional a dinamicamente criativos. Fazemos o nosso meio ambiente exercer o papel de Chokmah para nosso Binah. Da mesma maneira, podemos exercer o papel de Chokmah para o Binah do meio ambiente. Nos planos sutis, a polaridade não é fixa, mas relativa; o que é mais poderoso do que nós é positivo para nós, tomando-nos comparativamente negativo; o que é menos poderoso do que somos em qualquer aspecto é negativo para nós, a podemos assumir comparativamente o papel positivo. Essa polaridade fluídica, sutil a flutuante constitui um dos aspectos mais importantes dos trabalhos práticos; se a compreendermos a formos capazes de aproveitá-la, poderemos fazer coisas notáveis, estabelecendo nossas vidas a nossas relações com nosso meio ambiente em bases completamente diferentes.
35. Devemos aprender a discernir quando podemos funcionar como Chokmah a produzir feitos no mundo; a quando podemos atuar melhor como Binah, a fazer o nosso meio ambiente fertilizar-nos, de modo a nos tomarmos produtivos. Jamais devemos esquecer que a autofertilização envolve a esterilidade em poucas gerações, a que precisamos sempre ser fertilizados pelo meio no qual estamos trabalhando. É preciso haver um intercâmbio de polaridade entre nós a tudo o que nos propomos a fazer, a devemos estar sempre alerta para descobrir as influências polarizantes, seja na tradição, ou nos livros, seja nos colegas que operam no mesmo campo, ou mesmo na própria oposição a antagonismo dos inimigos; pois há tanta força polarizante num ódio sincero quanto no amor, quando sabemos utilizá-la. Precisamos ter estímulos se desejamos criar alguma coisa, mesmo que esta se resuma a viver uma vida útil. Chokmah é o estímulo cósmico. Tudo que estimula é atribuído a Chokmah, na classificação da Árvore. Os sedativos são atribuídos a Binah. Compreenderemos melhor esse princípio de polaridade cósmica quando estudarmos Binah, a Terceira Sephirah, pois é muito difícil compreender as implicações de Chokmah sem as relacionar ao seu oposto polarizante, com o qual ela sempre funciona. Por conseguinte, não prosseguiremos nosso estudo da polaridade no presente capítulo, concluindo nosso exame de Chokmah com o estudo das cartas que lhe são atribuídas no Tarô. Retomaremos nossa investigação sobre esse tema tão significativo quando Binah nos proporcionar mais dados.
36. Como observamos no capítulo sobre Kether, os quatro naipes do baralho do Tarô são atribuídos aos quatro elementos, a vimos que os quatro ases representavam as raízes dos poderes desses elementos. Os quatro dois são atribuídos a Chokmah, a representam o funcionamento polarizado desses elementos em equilíbrio harmônico; por conseguinte, um dois é sempre uma carta de harmonia.
37.O Dois de Paus, que é atribuído ao elemento Fogo, chama-se Senhor do Domínio. O pau é essencialmente um símbolo fálico masculino, e é atribuído a Chokmah, de modo que podemos interpretar essa carta como referência à polarização – o positivo que encontrou seu parceiro no negativo a está em equilíbrio. Não há antagonismo ou resistência ao Senhor do Domínio, a um reino contente aceita o seu governo; Binah, satisfeita, aceita seu parceiro.
38.O Dois de Copas (Agua) chama se Senhor do Amor; temos aqui, novamente, o conceito da polarização harmoniosa.
39. O Dois de Espadas (Ar) chama-se Senhor da Paz Restaurada, indicando que a força destrutiva das espadas está em equilíbrio temporário.
40.O Dois de Ouros (Terra) chama-se Senhor da Mudança Harmoniosa. Aqui, como nas Espadas, vemos a natureza essencial da força elemental modificada por seu oposto polarizante, indicando, assim, o equilíbrio. A força destrutiva de Espadas retoma à paz, e a inércia e a resistência da Terra tomam-se, quando polarizadas pela influência de Chokmah, um ritmo equilibrado.
41. Essas quatro cartas indicam a força Chokmah na polaridade, isto é, o equilíbrio essencial do poder, tal como este se manifesta nos Quatro Mundos dos cabalistas. Quando surgem na adivinhação, elas indicam poder em equilíbrio. Não traduzem, porém, uma força dinâmica, como se poderia esperar em relação a Chokmah, pois Chokmah, sendo uma das Sephiroth Supremas, apresenta força positiva nos planos sutis e, conseqüentemente, nos planos da forma. O aspecto negativo de uma força dinâmica é representado pelo equilíbrio – polaridade. O aspecto negativo de um poder negativo é representado pela destruição, como podemos observar no hieróglifo de Kali, a terrível consorte de Siva, cingida de crânios a dançando sobre o corpo de seu esposo.
42. Esse conceito dá-nos uma chave para outro dos muitos problemas da Árvore – a polaridade relativa das Sephiroth. Como já se observou anteriormente, cada Sephirah é negativa em sua relação com a Sephirah que lhe é superior a da qual recebe o influxo das emanações, a positiva em relação àquela que lhe é inferior, que procede dela, a em relação à qual representa o papel de emanadora. Alguns dos pares de Sephiroth têm, contudo, uma natureza mais definitivamente positiva ou mais definitivamente negativa. Por exemplo, Cholanah é Positiva positiva a Binah é Negativa positiva. Chesed é Positiva negativa, a Binah Negativa negativa. Netzach (Vênus) a Hod (Mercúrio) são hermafroditas. Yesod (Lua) é Negativa positiva a Malkuth (Terra) é Negativa negativa. Nem Kether nem Tiphareth são predominantemente masculinas ou femininas. Em Kether, os pares de opostos estão em estado de Iatência a ainda não se manifestaram; em Tiphareth, eles estão em perfeito equilíbrio.
43. Há dois meios pelos quais a transmutação pode ser efetuada na Árvore; a esses são indicados por dois dos hieróglifos que se superpôem sobre os Sephiroth; um deles é o feróglifo dos Trés Pilares, e o outro é o Hieróglifo do Relâmpago Brilhante. Os Pilares já foram descritos; o Relâmpago Brilhante indica simplesmente a ordem de emanação das Sephiroth, que ziguezagueia de Chokmah a Binah a de Binah a Chesed, para a frente a para trás, através da Árvore. Se a transmutação ocorre de acordo com o Relâmpago Brilhante, a força altera seu tipo; se ocorre de acordo com os Pilares, ela permanece do mesmo tipo, mas num arco superior ou inferior, de acordo com o caso.
44. Esse ponto pode parecer muito complexo e abstrato, mas os exemplos servirão para demonstrar-lhe a simplicidade e a praticidade, quando o compreendemos bem. Tomemos o problema da sublimação da força sexual, que tanto preocupa os psicoterapeutas, e a respeito do qual, embora falando muito, eles dizem tão pouco. Em Malkuth, que no microcosmo é o corpo físico, a força do sexo se expressa em termos de óvulo a espermatozóide; em Yesod, que é o duplo etéreo, ela se expressa em termos de força magnética, a respeito da qual nada sabe a psicologia ortodoxa, mas sobre a qual temos muito a dizer sob o cabeçalho da Sephirah correspondente. Hod e Netzach estão no plano astral; em Hod a força do sexo se expressa em imagens visuais e, em Netzach, num tipo diverso de magnetismo, mais sutil, popularmente referido como “aquele algo”. Em Tiphareth, o Centro Cristológico, a força torna-se inspiração espiritual, iluminação, influxo oriundo da consciência superior. Se é de tipo positivo, ela se toma inspiração dionísica, inebriação divina; se é negativa, toma-se o amor cristão impessoal a harmonizador.
45. Quando a transmutação é óperada nos Pilares, ficamos impressionados com a verdade da irônica frase francesa Plus ça change, plus c’est la Wme chose. Chokmah, dinamismo puro, estímulo puro sem expressão formada, toma-se, em Chesed, o aspecto edificador a organizador da evolução; anabolismo, em oposição ao catabolismo de Geburah. Em Chesed, a força Chokmah toma-se essa forma peculiarmente sutil de magnetismo que concede o poder de liderança e é a raiz da grandeza. Assim também, no Pilar Esquerdo, a força restritiva de Binah toma-se a força destrutiva de Geburah, e novamente a produtora de imagens mágicas, Mercúrio-Hermes-Thoth.
46. De tempos em tempos, os símbolos da ciência oculta transpiraram para o conhecimento popular, mas o não-iniciado não compreendeu o método de dispor esses símbolos num padrão como o da Árvore, nem soube aplicar-lhe os princípios alquímicos da transmutação a destilação, que é onde residem os segredos reais de sua utilização.
QLIPHA
עוגיאל Chaigidel / Ghogiel (ChIGDAL/GChGYAL)
Demônio: GHOGIEL (AGHAGIEL)
Arquidemônio: BEELZEBUB OU ADAM BELIAL
Significado: Estorvadores
Descrição: Gigantes Negros Entrelaçados com Serpentes.
Poder: Limitação
Nomes de Poder: CHAIGIDEL (ChIGDAL): LUFEXIEL + DUBRIEL + GOLEBRIEL + CHEDEZIEL+ ALHAZIEL + ITQUEZIEL
Tarot: O Mago
Planeta: Netuno/ Estrelas Fixas
A Qlipha de Chokmah. Manifesta a Limitação e a Confusão do Grande poder de Deus (Significado de Chaigidel). Representa também o Caos Anti-Cósmico, a “confusão” derivada do Grande Poder confinado em vez de fluir na força positiva de Chokmah.
Ghogiel significa “Palacio Vazio de Deus”, demonstrando a capacidade de preenchimento destes Abismos ou Conchas vazias com uma forma determinada. Encontrar Ordem no Caos.
O deus fenício Beelzebub, Senhor das Moscas ou Senhor dos Escaravelhos, é o deus da perseguição que provoca a queda de Reis. Beelzebub em tempos antigos já foi considerado um deus do bem, curador e guia das almas e deus dos oráculos. Baal-Zebud assim como Jehovah, significa “Senhor”.
Trabalhar com Ghogiel leva a canalizar energia criativa a Satariel. Essa esfera traz a forma os Desejos e a Vontade do magista. A carta do Mago representa a ousadia, e seus habitantes são Sombras que podem ser absorvidas pelo próprio magista. Seu regente é Baal-Zebub, o que apodrece a Carne para iniciar no espírito. Também há referencias nesta esfera a Adam-Belial (o homem derrotado/aquele que nega IHWH).
3 – BINAH – SATARIE
Título: Binah, Entendimento, (Em hebraico: Beth, Yod, Nun, Hé.)
Imagem Mágica: Uma mulher madura. Uma matrona.
Localização na Árvore: No topo do Pilar da Severidade, no Triângulo Supremo.
Texto Yetzirático: A Terceira Inteligência chama-se Inteligência Santificadora, Fundamento da Sabedoria Primordial; chama-se também Criadora da Fé, a suas raízes são o Amém. É a mãe da fé, a fonte de onde emana a fé.
Tftulos Conferidos a Binah: Ama, a Mãe estéril obscura. Aima, a Mãe fértil brilhante. Khorsia, o Trono. Marah, o Grande Mar.
NomeDivino: Jehovah Elohim.
Arcanjo: Tzaphkiei.
Coro Angélico: Aralim, Tronos.
Chakra Cósmico: Shabbathai, Saturno.
Experiência Espiritual: A visão da dor.
Virtude: 0 silêncio.
Yício: A avareza.
Correspondência no Microcosmo: 0 lado direito do rosto.
Símbolos: 0 yoni. 0 Kteis. A Vesica Piscis. A taça ou o cálice. 0 Manto Extemo do Ocultamento.
Cartas do Tarô: Os quatro três: 7 três de Paus: força estabelecida; Três de Copas: abundância; Três de Espadas: dor; Três de Ouros: trabalhos materiais.
Cor em Atziluth: Carmesim.
Cor em Briah: Negro.
Cor em Yetzirah: Marrom-escuro.
Cor em Assiah: Cinza salpicado de rosa.
1. Binah é o terceiro membro do Triãngulo Supremo, e a tarefa de explicá-la será, ao mesmo tempo, extensa a simples, porquanto podemos estudá-la à luz de Cholcmah, que a equilibra no Pilar oposto da Árvore. Jamais poderemos entender uma Sephirah se a considerarmos em separado de sua posição na Árvore, uma vez que essa posição lhe indica as relações cósmicas; vemo-la em perspectiva, por assim dizer, a podemos deduzir donde provém e para onde vai, que influências intervêm em sua criação, a qual a sua contribuição para o esquema das coisas como um todo.
2. Binah representa a potência feminina do universo, assim como Chokmah representa a masculina. Como já observamos, são Positiva a Negativa; Força a Forma. Cada uma encabeça o seu Pilar, Chokmah no topo do Pilar da Misericórdia a Binah no topo do Pilar da Severidade. Poder-se-is pensar que essa distribuição é antinatural; que a Mãe deveria presidir a misericórdia, e a força masculina do universo, a severidade. Mas não devemos sentimentalizar essas coisas. Estamos tratando de princípios cósmicos, não de personalidades; a mesmo os símbolos pelos quais eles são apresentados dão nos boas indicações, se temos olhos para ver. Freud não teria discordado da atribuição de Binah ao topo do Pilar da Severidade, pois ele tinha muitas coisas a dizer sobre a imagem da Mãe Terrível.
3. Kether, Eheieh, Eu Sou, é puro ser, onipotente, mas não ativo; quando um fluxo de atividade emana dele, chamamos essa atividade de Chokrnah; é esse fluxo descendente de atividade pura que constitui a força dinãmica do universo, a toda força dinâmica pertence a essa categoria.
4. Devemos lembrar que as Sephiroth são estados, não lugares. Sempre que existe um estado de ser puro a incondicionado, sem partes ou atividades, esse estado se refere a Kether. Portanto é nesses dez escaninhos de nosso fichário metafísico que podemos classificar as idéias relativas a todo o universo manifesto, sem precisar remover qualquer objeto, tal como surge à nossa compreensâo, do lugar que ocupa. Em outras palavras, sempre que tivermos energia pura em funcionamento, saberemos que a força subjacente pertence a Chokmah; podemos ver, desse modo, a identidade intrínseca, quanto ao tipo, de todos esses fenõmenos, os quais, à primeira vista, parecem não apresentar nenhum vínculo mútuo, pois aprendemos, graças ao método cabalístico, a referi-los, de acordo com o seu tipo, às diferentes Sephiroth, podendo assim correlacioná-los com todas as classes de idéias cognatas, de acordo com o sistema de correspondências já explicado anteriormente. Esse é o método que a mente subconsciente segue automaticamenie; cabe ao ocultista treinar sua mente consciente na utilizaçáo desse mesmo método. Podemos notar, a propósito, que esse método é sempre empregado quando os indivíduos operam diretamente do subconsciente, como ocorre no gênio artístico, no lunático, a durante os sonhos ou o transe.
5. Pode parecer estranho ao leitor que essa digressão a respeito de Chokmah seja incluída sob o cabeçalho de Binah, mas é apenas à luz de sua polaridade com Chokmah que podemos compreender Binah; e, igualmente, teríamos muito mais a acrescentar à nossa explicação de Chokmah agora que tomamos Binah para compará-la. Os membros dos pares de opostos se esclarecem mutuamente, e são incompreensíveis quando estudados em separado.
6. Mas voltemos a Binah. Os cabalistas afirmam que ela é emanada por Chokmah. Traduzamos essa afirmativa em outros termos. Reza uma máxima oculta – que é, como acredito, confirmada pelas pesquisas de Einstein, embora eu não tenha o conhecimento necessário para relacionar suas descobertas com as doutrinas esotéricas – que a força jamais se move numa linha reta, mas sempre numa curva tão vasta quanto o universo, retomando eventualmente, por conseguinte, ao ponto de onde proveio, mas num arco superior, visto que o universo progride continuamente. Segue-se, portanto, que a força que assim procede, dividindo-se a redividindo-se a movendo-se em ângulos tangenciais, chegará eventualmente a um estado de tensões equilibradas e a alguma forma de estabilidade – estabilidade que será outra vez perturbada no curso do tempo quando novas forças frescas emanarem na manifestação a introduzirem novos fatores para propiciar o necessário ajustamento.
7. É esse estado de estabilidade – produzido pelas forças interatuantes quando agem a reagem a chegam a um equilíbrio – que é a base da forma, como é exemplificado no átomo, que é nada mais nada menos do que uma constelação de elétrons, cada um dos quaffs é um vórtice ou um remoinho. É a estabilidade assim obtida – a qual, note-se, é uma condição a não uma coisa em si – que os cabalistas chamam de Binah, a Terceira Sephirah. Sempre que existe um estado de tensões interatuantes que produzem a estabilidade, os cabalistas referem esse estado a Binah. Por exemplo, o átomo, sendo, para todos os propósitos práticos, a unidade estável do plano físico, é uma manifestação do tipo de força Binah. Todas as organizaçôes sociais sobre as quais pesa opresssivamente a mão morta da estagnação, tal como a civilização chinesa antes da revolução, ou nossas velhas universidades, estão sob a influência de Binah. A Binah atribui-se o deus grego Kronos (que não é outro senão o Pai do Tempo) e o deus humano Saturno. Observe-se a importância atribuída ao tempo, em outras palavras, à idade, nas instituiçaes de Binah; só os cabelos grisalhos são dignos de reverência; a capacidade por si só conta muito pouco. Ou seja, apenas aqueles que são congeniais a Kronos podem obter sucesso em tal ambiente.
8. Binah, a Grande Mãe, chamada às vezes de Marah, o Grande Mar, é, naturalmente, a Mãe de Toda Vida. Ela é o útero arquetípico por meio do qual a vida vem à manifestação. Tudo que fornece uma força para servir a vida como um veículo provém dela. Devemos lembrar, contudo, que a vida confinada numa força, embora seja capaz de organizar-se a desenvolver-se, é muito menos livre do que era quando ilimitada (embora também desorganizada) em seu próprio plano. Incorporar-se numa forma é, por conseguinte, o início da morte da vida. É uma limitação a um encarceramento; uma sujeição a uma constrição. A forma limita a vida, aprisiona-a, mas, não obstante, permite-lhe organizar-se. Visto desse ponto de vista da força livre, o encarceramento numa forma é extinção. A forma disciplina a força com uma severidade sem misericórdia.
9. O espírito desencamado é imortal; não há nada nele que possa envelhecer ou morrer. Mas o espírito encarnado vê a morte no horizonte tão logo o dia nasce. Podemos compreender, portanto, quão terrível deve parecer a Grande Mãe quando aprisiona a força livre na disciplina da forma. Ela é morte para a atividade dinâmica de Chokmah; a força Chokmah morre quando conflui para Binah. A forma é a disciplina da força; por conseguinte, é Binah a cabeça do Pilar da Severidade.
10. Podemos conceber, assim, que a primeira Noite Cósmica tenha ocorrido – primeiro Pralaya, ou submersão da manifestação no repouso quando o Triãngulo Supremo encontrou estabilidade a equilíbrio de força na emanação a organização de Binah. Tudo era dinâmico antes, tudo era desenvolvimento a expansão; mas, com o início da manifestação do aspecto Binah, houve um entravamento a uma estabilização, e o antigo fluxo dinâmico a livre se deteve.
11. Que esse entravamento – e a conseqüente estabilização – era inevitável num universo cujas linhas de força sempre se movem em curvas, eis uma conclusão inevitável. Se compreendermos que o estado Binah era a conseqüência inevitável do estado Chokmah num universo curvilíneo, entenderemos por que o tempo deve passar por épocas nas quais ou Binah ou Chokmah tem o predomínio. Antes de as linhas de forças terem completado seu circuito no universo manifesto a começado a retomar sobre si mesmas a entrelaçar-se, tudo era Chokmah, dinamismo irrestrito. Depois que Binah e Chokmah, como primeiro par de opostos, encontraram o equilibrio, tudo era Binah, e a estabilidade era imutável. Mas Kether, o Grande Emanador, continua a manifestar o Grande Imanifesto; a força flui no universo, aumentando a soma da força. Este fluxo de força rompe o equilíbrio a que se havia chegado quando Chokmah a Binah atuaram, reatuaram a se detiveram. A ação e a reação começam novamente, e a fase Chokmah, uma fase na qual predomina a força completa, se sobrepõe à condição estática que é Binah, e o ciclo prossegue novamente quando Kether, o emanador incessante, quebra o equilíbrio em favor do princípio cinético que se opõe ao princípio estático.
12. Vemos, assim, que, se Kether, a força de todos os seres, é concebida como o supremo bem, como de fato deve ser, a que, se a natureza de Kether é cinetica, e a sua influência se inclina inevitavelmente para Chokmah, segue-se obrigatoriamente que Binah, o oposto de Chokmah, o opositor perpétuo dos impulsos dinâmicos, seja vista como o inirnigo de Deus, o demônio. Saturno-Satã é uma transição fácil; assim como Tempo-Morte-Demônio. Nas religiões ascéticas como o Cristianismo e o Budismo, encontra-se implícita a idéia de que a mulher é a raiz de todo o mal, porque ela é a influência que sujeita o homem, por seus desejos, a uma vida de forma. A matéria constitui, para ambas as fés, a antinomia do espírito, numa dualidade etema não-resolvida. O Cristianismo reconhece prontamente a natureza herética dessa crença quando ela lhe é apresentada sob a forma do Antinomianismo; mas não compreende que seus próprios ensinamentos a sua prática são igualmente antinomianistas quando concebe a matéria como o inimigo do espírito, acreditando que, como tal, ela deve ser vencida a ultrapassada. Essa crença infeliz causou tantos sofrimentos humanos nos países cristãos quanto a guerra a as pestes.
13. A Cabala ensina uma doutrina mais sábia. Para ela, todas as Sephiroth são sagradas, tanto Malkuth quanto Kether, tanto Geburah, o destruidor, quanto Chesed, o preservador. Ela reconhece que o ritmo é a base da vida, não um progresso com um único movimento para a frente. Se compreendêssemos melhor esse aspecto, evitaríamos muitos sofrimentos, pois contemplaríamos as fases Chokmah a Binah como fases mutuamente sucessivas, tanto em nossas vidas como nas vidas das naçôes, a compreenderíamos o profundo significado das palavras de Shakespeare, quando diz: “Lhere is a tide in lhe affairs of men which taken at lhe flood leads on lhe fortune. ” [Existe uma maré nos assuntos dos homens Que, se aproveitada quando sobe, conduz à ventura.]
14. Binah é a raiz primordial da matéria, mas o pleno desenvolvimento da matéria só pode ser obtido depois que alcançamos Malkuth, o universo material. Veremos repetidamente, no curso de nossos estudos, que as Três Supremas têm suas expressôes especializadas num arco inferior em uma ou outra das seis Sephiroth que formam o Microprosopos. Essas Esferas têm suas raízes na Tríade Superior, ou são os reflexos delas, a essas pistas têm um significado profundo. Binah vincula-se a Malkuth como a raiz ao seu fruto. Isso é indicado no Texto Yetzirático de Malkuth, que diz: “Ela sentava-se no trono de Binah.” É impraticável, por essa razão, atribuir firme a seguramente os deuses de outros panteôes às diferentes Sephiroth. Aspectos de Ísis encontram-se em Binah, Netzach, Yesod a Malkuth. Aspectos de Osíris encontram-se em Chokmah, Chesed a Tiphareth. Isso é muito claro na mitologia grega, em que se dão diferentes títulos descritivos aos deuses e deusas. Por exemplo, Diana, a divindade lunar, a caçadora virgem, era adorada em Éfeso como a deusa de muitos seios; Vênus, a deusa da beleza feminina a do amor, tinha um templo em que era adorada como a Vênus Barbada. Esses fatos ensinam-nos algumas verdades importantes, instando-nos a buscar o princípio atrás da manifestação multiforme, e a compreender que o mesmo princípio assume formas diferentes em níveis diferentes. A vida não é tão simples como o desinformado gostaria de acreditar.
15. O significado dos nomes hebraicos da segunda e da terceira Sephiroth são Sabedoria a Entendimento, a ambas as Esferas, curiosamente, opõem-se uma a outra, como se a distinção entre os termos fosse de importância fundamental. A Sabedoria sugere às nossas mentes a idéia do conhecimento acumulado, das séries infinitas de imagens na memória; mas o Entendimento comunica-nos a idéia da penetração de seu significado, o poder para perceber-lhes a essência e a inter-relação, o que não está necessariamente implícito na Sabedoria, tomada como conhecimento intelectual. Obtemos, assim, um conceito de uma série extensa, uma cadeia de idéias associadas, em relação a Chokmah, o que concorda pelo menos com o símbolo de Chokmah de uma linha reta. Mas, em relação ao Entendimento, temos a idéia da síntese, da percepção de significados que se produz quando as idéias são relacionadas umas às outras, a superimpostas umas sobre as outras, em séries evolutivas do denso ao sutil. Isso sugere novamente a idéia do princípio unificador de Binah.
16. Estes sâo meios sutis da operação mental, a podem parecer fantásticos àqueles que não estão acostumados com o método de utilização mental do iniciado; mss o psicanalista os compreende a os aprecia em seu verdadeiro significado, assim como faz o poeta quando constrói suss torres nefelibatas de imagens.
17.O Texto Yetzirático destaca a idéia da fé, a fé que reside no entendimento, o qual, por sua vez, é filho de Binah. Esse é o único local em que a fé pode repousar adequadamente. Um cínico definiu a fé como o poder de acreditar naquilo que sabemos não ser verdade, a essa parece ser uma definiçáo bastante exata das manifestações de fé tal como aparecem em muitas mentes não-instruídas, fruto da disciplina de seitas carentes de consciência mística. Mas à luz dessa consciência, podemos definir a fé como o resultado consciente da experiência superconsciente que não foi traduzida em termos de consciência cerebral, a da qual, por conseguinte, a personalidade normal não está diretamente consciente, embora, não obstante, sinta-lhe, possivelmente com grande intensidade, os efeitos, a suas reaçôes emocionais são, dessa forma, modificadas fundamental a permanentemente.
18. À luz dessa definição, podemos ver como .as raízes da fé podem de fato residir em Binah, Entendimento, o princípio sintético da consciéncia. Pois há um aspecto formal da consciência, assim como da substância, e consideraremos esse aspecto em detalhes quando estudarmos Hod, a Sephirah básica do Pilar da Severidade de Binah. Vemos, assim, mais uma vez, como as Sephiroth se inter-relacionam, propiciando o esclarecimento de suas vinculações mútuas.
19. A afirmação de que as raízes de Binah estão em Amém refere-se a Kether, pois um dos títulos de Kether é Amém. Isso indica claramente que, embora Chokmah emane Binah, não devemos nos deter aqui quando buscamos as origens, mas devemos remontar à fonte de tudo que brota do Imanifesto atrás dos Véus da Existência Negativa. Esse conceito é claramente formulado pelo Texto Yetzirático de Chesed, que, falando das forças espirituais, diz: “Elas emanam uma da outra, em virtude da emanação primordial, a coroa superior, Kether.”
20. Não devemos nos confundir ou nos enganar a esse respeito pelo fato de o Texto Yetzirático de Geburah declarar que Binah, o Entendimento, emana das profundezas primordiais de Chokmah, Sabedoria. Binah está em Kether, assim como em Chokmah, “mas de outra maneira”. No ser puro, informe a indiviso existem as possibilidades da força a da forma; pois, onde há um pólo positivo, há necessariamente o aspecto correlato de um pólo negativo. Kether está para sempre num estado de devir. Aliás, um cabalista judeu me disse que a tradução correta de Eheieh, o Nome divino de Kether, é “Eu serei”, não “Eu sou”. Esse devir constante não pode permanecer estático; ao contrário, precisa pôr-se em atividade; a essa atividade não pode permanecer para sempre sem correlações; ela precisa organizar-se; cumpre chegar a um modo de equilíbrio entre as correntes. Temos, assim, a potencialidade tanto de Chokmah quanto de Binah implícita em Kether, pois, é bom repetir, as Sephiroth Sagradas não são coisas, mas estados, e todas as coisas manifestas existem em um ou outro desses estados, a contêm uma mescla desses fatores em sua constituição, de modo que todo o universo manifesto pode ser classificado nos escaninhos apropriados de nossa mente quando o hieróglifo da Árvore é aí estabelecido. Na verdade, uma vez estabelecido a claramente formulado esse hierógtifo, a mente o utiliza automaticamente, a os complexos fenômenos de existência objetiva classificam-se em nosso entendimento. É por essa razão que o estudante de ocultismo que trabalha numa escola iniciática é instado a memorizar as principais correspondências das Dez Sephiroth Sagradas e a não depender das tabelas de referência. Muitas vezes já se objetou que isso é uma intolerável perda de tempo e energia, a que a referéncia às tabelas de correspondências, tais como a de 777, de Crowley, é muito melhor. Mas a experiência prova que esse não é o caso, a que o esoterista que se dedica a essa disciplina, e a repete diariamente, como o católico reza o seu rosário, é amplamente recompensado pela iluminação posterior que recebe quando sua mente classifica as inumeráveis mudanças a acasos da vida mundana na Árvore, revelando, assim, o seu significado espiritual. Deve-se ter sempre em mente que a utilização da Árvore da Vida não é apenas um exercício intelectual; é uma arte criativa, no sentido literal das palavras; a que as faculdades devem ser desenvolvidas na mente, assim como o escultor ou o músico adquire a sua habilidade manual.
21.O Texto Yetzirático refere-se especificamente a Binah como a Inteligência Santificadora. A santificação evoca a idéia do que é sagrado a posto à parte. A Virgem Maria está intimamente associada a Binah, a Grande Mãe, a dessa atribuição passamos à idéia daquilo que dá origem a tudo, mas retém a sua virgindade; em outras palavras, daquilo cuja criatividade, não o envolve na vida de sua criação, mas permanece à parte a atrás, como a base da manifestação, a substãncia-raiz de onde surge a matéria. Pois, embora a matéria tenha suas raízes em Binah, a matéria, não obstante, tal como a conhecemos, é de uma ordem de ser muito diferente da Sephirah Suprema em que reside sua essência. Binah, a influência primordial formativa, criadora de todas as formas, está atrás a além da substãncia manifesta; em outras palavras, é etemamente virgem. É a influência formativa que subjaz a toda edificaçáo da forma, essa tendência de curvar as linhas de força para correlacionar a alcançar a estabilidade, que é Binah.
22. Essas duas Sephiroth básicas da Tríade Suprema são expressamente referidas como Pai a Mãe, Abba a Ama, a suas imagens mágicas são as de um homem barbado a de uma matrona, representando, assim, não a atração sexual de Netzach a Yesod – que são representados como donzela a adolescente -, mas os seres maduros que se uniram a reproduziram. Devemos sempre fazer uma distinção entre a atração sexual magnética e a reprodução, pois ambas são coisas muito diferentes, a não constituem níveis ou aspectos diferentes da mesma coisa. Aqui está uma importante verdade oculta que consideraremos no devido tempo.
23. Chokmah a Binah representam, portanto, a virilidade e a feminilidade essenciais em seus aspectos criadores. Como tal, não são imagens fálicas, mas nelas se acha a raiz de toda força vital. Jamais compreenderemos os aspectos mais profundos do esoterismo se não entendermos o verdadeiro signiiicado do falicismo. Este nada tem a ver com as orgias nos templos de Afrodite, que desgraçaram a levaram à decadência a fé pagã dos antigos e causaram a sua queda; significa que tudo reside no princípio da estimulação do inerte, mas potencial pelo princípio dinâmico, que deriva sua energia diretamente da fonte de toda energia. Esse conceito abrange tremendas chaves de conhecimento, a constitui um dos pontos mais importantes dos Mistérios. É óbvio que o sexo representa um aspecto desse fator; é igualmente óbvio que há muitas outras aplicações concementes a ele que não são sexuais. Não devemos de forma alguma permitir que nossos preconceitos sobre o sexo, ou uma atitude convencional para com esse grande a vital assunto, nos façam retroceder diante desse grande princípio da estimulação ou fecundação do inerte potencial pelo princípio ativo. Aquele que assim se inibe não está preparado para os Mistérios, sobre cujo portal estão escritas as seguintes palavras: “Conhece-to a ti mesmo.”
24. Esse conhecimento não conduz à impureza, pois a impureza implica uma perda do controle que permite às forças ultrapassarem os limites que a Natureza lhes impôs. Aquele que não controla seus próprios instintos e paixões não é mais apto para os Mistérios do que aquele que os inibe e dissocia. Fique bem claro, contudo, que os Mistérios não ensinam o ascetismo ou o celibato como um requisito, pois eles não concebem o espírito e a matéria como um par de antinomias irreconciliáveis, mas, antes, como níveis diferentes da mesma coisa. A pureza não consiste na emasculação, mas na manutenção de diferentes forças em seus níveis a lugares adequados, a no impedimento de invadirem a esfera alheia. Ela ensina que a frigidez e a impotência constituem defeitos tão sérios como qualquer outro, devendo ser consideradas como patologias sexuais, da mesma maneira que a luxúria, que destrói seu objeto e o degrada.
25. Todas as relaçóes da existência manifesta implicam a ação dos princípios de Binah a Chokmah e, sendo o sexo uma perfeita representação de ambos, foi ele utilizado como tal pelos antigos, que não se perturbavarrm pela nossa timidez sobre o assunto, a tomavam suas metáforas do tema da reprodução da mesma maneira livre pela qual tomamos as nossas da Biôlia. Pois para eles a reprodução era um processo sagrado, a eles se referiam a ela, não com grosseria, a sim com reverência. Se desejamos compreendê-los, devemos nos aproximar de seus ensinamentos sobre a fonte da vida a da força vital com o mesmo espírito com que eles se aproximaram delas, a ninguém cujos olhos não estejam vendados pelo preconceito, ou que não permaneça nas trevas lançadas por seus próprios problemas irresolvidos, pode deixar de compreender que nossa atitude atual em face da vida seria mais saudável a agradável se tivesse como fermento o bom senso e o discernimento do paganismo.
26. Os princípios da masculinidade a da feminilidade manifestos em Chokmah a Binah representam mais do que mera polaridade positiva a negativa, atividade a passividade. Chokmah, o Pai Universal, é o veículo da força primordial, a manifestação imediata de Kether. É, na verdade, Kether em ação, pois as diferentes Sephiroth não representam diferentes coisas, mas diferentes funções da mesma coisa, isto é, força pura jorrando na manifestação, oriunda do Grande Imanifesto, que está atrás dos Véus Negativos da Existência. Chokmah é força pura, assim como a expansão da gasolina, quando esta se inflama na câmara de combustão de um motor, é força pura. Mas, assim como essa força expansiva se expandiria a se perderia se não houvesse um mecanismo para transmitir seu poder, da mesma forma a energia não-direcionada de Chokmah se irradiaria pelo espaço a se perderia se nada houvesse para receber seu impulso a utilizá-lo. Chokmah explode como a gasolina; Binah é a câmara de combustão; Gedulah a Geburah são os movimentos altemados do pistão
27. A força expansiva fornecida pelo combustível é energia pura, mas náo poria um carro em movimento. A organização constritiva de Binah é potencialmente capaz de fazê-lo, mas ela não pode fazê-to a não ser pondose em movimento pela expansão da energia acumulada do vapor da gasolina. Binah é potencialmente ilimitada, mas inerte. Chokmah é energia pura, ilirrmitada a incansável, mas incapaz de fazer qualquer coisa, exceto irradiar- se pelo espaço se nada houver que a detenha. Mas, quando Chokmah age sobre Binah, sua energia é reunida a utilizada. Quando Binah recebe o impulso de Chokmah, todas as suas capacidades latentes são vitalizadas. Em suma, Chokmah fornece a energia, a Binah fornece o motor.
28. Consideremos, agora, a masculinidade e a feminilidade desse par de opostos supremo, conforme se expressam no ato da geração. Os espermatozóides do macho tém uma vida brevíssima; eles são as unidades de energia mais simples possfvel; assim que essa energia se expande, eles se dissolvem. Mas o mecanismo reprodutor da fêmea, o útero que gera a os seios que alimentam, são capazes de conduzir essa vida transferida à sua própria vida independente; e, no entanto, todo esse complexo mecanismo deve ficar inerte até que o estímulo da força Chokmah o ponha em ação. A unidade reprodutora feminina é potencialmente ilimitada, mas inerte; a unidade reprodutora masculina é onipotente, mas incapaz de produzir um nascimento.
29. Muitas pessoas pensam que, sendo a masculinidade e a feminilidade, tal como as conhecem no plano físico, princípios fixos detemiinados pela estrutura, o potente e o potencial se limitam rigidamente aos seus respectivos mecanismos. Ora, isso é um erro. Existe uma contínua altemação de polaridade sobre todos os planos, exceto o físico. E, de fato, entre os tipos primitivos de vida animal, há também uma alternãncia de polaridade no plano físico. Entre os tipos superiores, especialmente entre os vertebrados, a polaridade é fixada pelo acaso do nascimento, salvo as anomalias hermafroditas, que só podem ser consideradas como patológicas, a em que apenas um sexo é sempre funcionalmente ativo, qualquer que seja o aparente desenvolvimento do outro aspecto. Um dos segredos mais importantes dos Mistérios consiste no conhecimento dessa contínua interação de polaridade. Não se trata, em absoluto, de homossexualidade, que é uma expressão pervertida a patológica desse aspecto, que surge como uma desordem de sentimento sexual quando a lei da polaridade alternante não é corretamente compreendida.
30. Em suma, embora o modo de reprodução no plano físico seja determinado em todos os indivíduos pela configuração de seu corpo, suas reaçôes espirituais não são tão fixas, pois a alma é bissexual; em outras palavras, em toda relação de vida, somos às vezes positivos a às vezes negativos, conforme sejam as circunstâncias mais fortes do que nós, ou sejamos nós mais fortes do que as circunstâncias. lsso ressalta claramente do fato de que Netzach (Vênus-Afrodite) é a Sephirah basal do Pilar de Chokmah. Vemos, assim, que a natureza feminina apresenta uma polaridade diferente em níveis diferentes, pois em Netzach ela é tão positiva a dinâmica como em Binah é estática.
31. Tudo isso não é apenas desconcertante do ponto de vista intelectual, mas também muito confuso moralmente; e, mesmo sob risco de ser acusada de encorajar de todas as maneiras as anormalidades, devo tentar esclarecer o assunto, pois suas implicaçôes práticas são de grande alcance.
32. Afirmam os rabinos que toda Sephirah é negativa em relação à que lhe é superior a que a emanou, a positiva em relação à que lhe é inferior e por ela emanada. Aqui está a chave; somos negativos em nossas relações com o que apresenta um potencial superior ao nosso, a somos negativos em nossas relações com o que possui um potencial inferior. Essas relaçôes estão num perpétuo estado de futuação, o qual varia em cada ponto de nossos inúmeros contatos com o meio em que agimos.
33. Na maior parte dos casos, a relação entre um homem a uma mulher não é inteiramente satisfatória para nenhuma parte, a eles devem resignar-se a uma satisfação incompleta em suas relações sob a compulsão da pressão religiosa ou econômica, ou suprir de alguma forma a sua insatisfação, tendo como resultado a recorrência das condições anteriores, quando a novidade perdeu seu interesse. Deve-se observar que, sob tais circunstâncias, a cuhninação da satisfação sexual acha-se apenas na novidade, a esta é uma coisa que precisa ser constantemente renovada, com o conseqüente resultado desastroso para a economia sexual.
34.O problema reside no fato de que, embora o macho forneça o estímulo físico que leva à reprodução, não é ele capaz de compreender que, nos planos intemos, em virtude da lei da polaridade inversa, é negativo, dependendo, para sua consecução, do estímulo concedido pela fémea. Ele depende dela para a fertilidade emocional, como se pode ver claramente no caso de uma mente altamente criativa, como Wagner ou Shelley.
35.O matrimônio não é uma questâo de duas metades, mas de quatro quartos, que se unem numa harmonia equilibrada de fecundação recíproca. Binah a Chokmah são equilibrados por Hod a Netzach. O homem tem deuses a deusas para adorar. Boaz a Jakin são Pilares do Templo, a apenas quando unidos produzem a estabilidade. Uma religiáo sem deuses está a meio caminho do ateísmo. Na palavra Elohim encontramos a chave verdadeira. Elohim é traduzido por “Deus” tanto na Versão Autorizada quanto na Revisada das Sagradas Escrituras. Ela deveria ser traduzida, na verdade, por “Deus a Deusa”, pois é um substantivo feminino acrescido de uma terminação masculina de plural. Esse é um fato incontrovertível, em seu aspecto lingüístico pelo menos, e é de se presumir que os diversos autores dos livros da Bíblia conheciam seu significado, a que não utilizaram essa forma, única a peculiar, sem alguma boa razão. “E o espírito dos princípios masculino a feminino, conjunto, movia-se sobre a superfície do informe, e a manifestação teve lugar.” Se desejamos o equilíbrio, em lugar de nosso presente estado de tensôes desiguais, devemos adorar a Elohim, não a Jehovah.
36. A adoração de Jehovah, a não de Elohim, pode impedir-nos a “elevação aos planos”, isto é, a obtenção da consciência supranormal como parte de nosso equipamento normal, pois devemos estar preparados para mudar de polaridade enquanto mudamos de nível, pois o que é positivo no plano físico torna-se negativo no astral, a vice-versa. Além disso, como o trabalho oculto prático sempre invoca a utilização de mais de um plano, seja simultaneamente, como na invocação, ou sucessivamente, como quando correlacionamos os níveis de consciência segundo o trabalho psíquico, o fator negativo precisa sempre ter seu lugar em nossa obra, tanto subjetiva quanto objetivamente.
37. Isso nos abre novos aspectos do assunto. Quantas pessoas compreendem que suas próprias almas são literalmente bissexuais em si mesmas, e que os diferentes níveis de consciência agem como macho a fêmea em suas relações mútuas?
38. Freud declarou que a vida sexual determina o tipo de toda a vida. É provável, no entanto, que a vida como um todo determine o tipo da vida sexual; mas, para os propósitos práticos, sua maneira de esclarecer o fato é verdadeira, pois, embora não se possa endireitar uma vida sexual confusa operando-se sobre a vida como um todo – por exemplo, nem a riqueza nem a fama são uma compensação adequada para a repressão desse instinto fundamental -, pode-se endireitar todo o padrão vital, desemaranhando-se a vida sexual. Esse é um assunto de experiência prática a não precisa ser discutido a priori. É por essa razão, sem dúvida alguma (aprendida pela experiência prática das operações da consciência humana), que os antigos conferiam ao falicismo uma parte tão importante em seus ritos. Atualmente, ele é um ponto muito importante no aspecto cerimonial dos cultos modernos, mas o reconhecimento do significado dos símbolos empregados tradicionalmente foi reprimido pela consciência.
39. A psicologia freudiana fornece a chave para o falicismo a abre uma porta que conduz ao Adytum dos Mistérios. Não há como escapar a esse fato no ocultismo prático, por mais desagradável que possa parecer a muitos; a isso explica por que tantos empreendimentos mágicos são estéreis.
40. Esses assuntos constituem segredos recônditos dos Mistérios, dos quais os modernos perderam as chaves, mas a experiência da nova psicologia e a arte da psiquiatria provaram abundantemente a solidez da base com a qual os antigos fundamentaram sua adoração do princípio criativo a da fertWdade como parte importante de sua vida religiosa. É uma experiência já bem-estabelecida que a pessoa que dissociou seus sentimentos sexuais da consciência não pode agarrar-se à vida em qualquer nível. Esse fato é a base da moderna psicoterapia. No trabalho oculto, a pessoa inibida a reprimida tende para as formas desequilibradas de psiquismo a mediunidade, e é totalmente inútil para o trabalho mágico, onde o poder deve ser dirigido e manipulado pela vontade. Isso não significa que a total repressão ou a total expressão seja necessária para o trabalho mágico, mas sim que a pessoa que se apartou de seus instintos, que sâo suas raízes na Mãe Terra, a em cuja consciência há, por conseguinte, um vazio, não pode abrir o canal através do qual a força, oriunda dos planos, possa ser trazida à manifestação no plano físico.
41. Não tenho dúvidas de que serei mal-interpretada por minha franqueza nesses assuntos; mas, se alguém não se adiantar a enfrentar o ódio por falar a verdade, como poderiam os verdadeiros investigadores descobrir seu caminho para os Mistérios? Deveríamos manter na loja oculta a mesma atitude vitoriana que foi abandonada por completo fora de seu recinto? Alguém precisa quebrar esses falsos deuses feitos à imagem de Mrs. Grundy. Estou inclinada a pensar, contudo, que as perdas que poderíamos sofrer nesse assunto serão bem pequenas, pois não seria possível treinar ou cooperar com a espécie de pessoa que se assusta quando lhe falam claramente. Não se pense também que estou convidando quem quer que seja a participar comigo de orgias fálicas, como bem poderá alguém pensar. Assinalo apenas que a pessoa que não pode compreender o significado do culto fálico do ponto de vista psicológico não tem bastante inteligência para participar dos Mistérios. IV 42. Tendo concedido um espaço considerável à elucidação do princípio de Binah em seu trabalho na polaridade com Chokmah, uma vez que não se pode compreendê-la de outra maneira, sendo ela essencialmente um princípio de polaridade, podemos considerar agora o significado do simbolismo atribuído à terceira Sephirah. Esse simbolismo apresenta dois aspectos – o aspecto da Grande Mãe e o aspecto de Saturno, pois ambas as atribuições são conferidas a. Binah. Ela é a poderosa Mãe de Todos os Viventes, e é também o princípio da morte, porquanto a forma precisa morrer quando cumpriu sua missáo. Nos planos da forma, morte a nascimento são duas faces da mesma moeda.
43. O aspecto maternal de Binah expressa-se no título de Marah, o Mar, que se lhe atribui. É um fato curioso que se represente Vénus-Afrodite nascendo da espuma do mar a que a Virgem Maria receba dos católicos o nome de Stella Mans, Estrela do Mar. A palavra Marah, que é a raiz de Maria, significa também “amargura”, e a experiência espiritual atribuída a Binah é a Visáo do Sofrimento. Uma visão que evoca a imagem da Virgem chorando aos pés da cruz, com o coração atravessado por sete punhais. Lembremos também o ensinamento de Buda, segundo o qual a vida é sofrimento. A idéia da submissão à dor e à morte está implícita na idéia da descida da vida aos planos da forma.
44.O Texto Yetzirático de Malkuth, já citado, fala do Trono de Binah. Um dos títulos conferidos à Terceira Sephirah é Khorsia, o Trono; a os anjos atribuídos a essa Sephirah chamam-se Aralim, palavra que significa também Tronos. Ora, um trono sugere essencialmente a idéia de uma base estável, um firme fundamento sobre o qual o exercitador do poder tem o seu assento a do qual não pode ser removido. É, na verdade, um bloco que suporta a ação do retrocesso de. uma força, da mesma maneira que o ombro do atirador suporta o recuo do rifle. Os grandes canhões, utilizados para disparos de longa distância, precisam ser fixados a estruturas de concreto que ofereçam resistência ao contragolpe da explosão da carga que impulsiona o projétil, pois é óbvio que a pressão na culatra do canhão deve ser igual à exercida na base do projétil quando se efetua o disparo. Essa é uma verdade que nossos credos religiosos idealizadores estão inclinados a ignorar, com o conseqüente enfraquecimento a debilitaçâo de seus ensinamentos. Binah, Marah, a matéria, é a estrutura que empresta à força vital dinámica uma base segura.
45. Da resistência à força espiritual, como já observamos, provém a idéia do mal implícito, que é tão injusta para com Binah. Isso se torna muito claro quando consideramos as idéias que surgem em associação com Saturno-Cronos. Saturno implica algo muito sinistro. Ele é o Grande Maléfico dos astrólogos, a todo aquele que encontra uma quadratura de Saturno em seu horóscopo considera-a como uma pesada aflição. Saturno é o resistente, mas, sendo um resistente, é também um estabilizador a um testador que não nos permite confiar nosso peso àquilo que não o resistiria. É digno de nota que o Trigésimo Segundo Caminho – que conduz de Malkuth a Yesod e é o primeiro Caminho trilhado pela alma que se eleva – seja atribuído a Saturno. Ele é o deus da forma mais antiga da matéria. O mito grego de Cronos, que é simplesmente o nome grego para o mesmo princípio, considê’ia-o como um dos deuses mais velhos; ou seja, aqueles deuses que criaram os deuses. Ele é o pai de Júpiter-Zeus, o qual se salvou graças a um estratagema de sua mãe, pois Saturno tinha o desagradável hábito de comer suas crianças. Encontramos nesse mito novamente a idéia do dador da vida e dá morte. Como já observamos, Saturno, com sua foice, converte-se facilmente na Morte. É muito interessante notar as reentráncias dessas cadeias de idéias associadas em relação a cada Sephirah, pois não podemos deixar de ver como as mesmas imagens afloram outra a outra vez em todas as cadeias de idéias que possuímos, mesmo quando partimos de idéias aparentemente muito divergentes como mãe, mar a tempo.
46. Cada planeta tem uma virtude a um vício; em outras palavras, cada planeta pode estar, nas palavras dos astrólogos, bem ou mal-aspectado, bem ou mal-exaltado. Não podemos passar pela vida sem notar que cada tipo de caráter tem os vícios de suas virtudes; isto é, suas virtudes, quando levadas ao extremo, tornam-se vícios. Ocorre o mesmo com as sete Sephiroth planetárias; elas têm seus bons a maus aspectos, de acordo com a proporção com que os apresentam; quando falta o equilíbrio, em razão da força desequilibrada de uma Sephirah particular, experimentamos as más influências dessa Sephirah; por exemplo, Saturno devorara seus filhos. A morte começa a destruir a vida antes que ela tenha cumprido suas funçôes. Nenhuma Sephirah, portanto, é totalmente má, nem mesmo Geburah, que é a destruição personificada. Todas são igualmente indispensáveis ao esquema das coisas como um todo, a suas boas a más influências relativas dependem do papel que desempenham, o qual não deve ser nem muito forte, nem muito débil, mas equilibrado. A pouca influência de uma dada Sephirah conduz ao desequilíbrio na Sephirah oposta. A influência em excesso torna-se uma influência positivamente má – uma dose excessiva de veneno.
47. A virtude de Binah é o Silêncio, a seu vício é a avareza. Vemos aqui, novamente, a influência de Saturno tomar-se presente. Keats fala do “Saturno de cabelos grisalhos, silencioso como uma pedra”, a nessas poucas palavras o poeta evoca uma imagem mágica da era a do silêncio primordial da influência satumiana. Saturno é de fato um dos velhos deuses a está relacionado ao aspecto mineral da Terra. Seu trono acha-se nas rochas mais antigas, onde não cresce planta alguma.
48. É costume dizer que o silêncio é uma das virtudes especialmente desejadas nas mulheres. Seja como for, a não há dúvida de que a língua é a sua arma mais perigosa, o silêncio indica receptividade. Se estamos calados, podemos ouvir, a assim aprender; mas, se estamos falando, as portas de entrada da mente estão fechadas. É a resistência e a receptividade de Binah que são seus poderes principais. E dessas virtudes provém o vício, que é constituído por seu excesso, a avareza, que nega em demasia a retém até o que é dispensável. Quando isso acontece, precisamos da generosa influência de Gedulah-Geburah, Júpiter-Marte, para destruir o velho deus, o devorador de seus filhos, a reinar em seu lugar.
49. Os símbolos mágicos de Binah são o Yoni e o Manto Exterior de Ocultamento. Esta é uma expressão gnóstica, a aquele, um termo indiano, que indica os genitals da mulher, a correspondência negativa do falo do homem. O termo Kteis, menos conhecido, é o termo europeu equivalente. Nos símbolos religiosos hindus, o yoni e o lingam surgem com muita freqüência, pois a idéia da força vital a da fertilidade são os motivos principais de sua fé.
50. A idéia da fertilidade é o motivo principal nos aspectos de Binah que se manifestam no mundo de Assiah, o nível material. A vida não apenas penetra a matéria para discipliná-la, mas também retira-se dela triunfalmente, aumentada a multiplicada. O aspecto da fertilidade, equilibrando o aspecto Tempo-Morte-Limitação, é essencial ao nosso conceito de Binah. O Tempo-Morte ceifa com sua foice o trigo de Ceres, a ambos são símbolos de Binah.
51. A idéia do Manto Exterior de Ocultamento sugere claramente a matéria, assim como o esplendor envolvente do Manto Interno de Glória do princípio vital. Ambas as idéias, reunidas, comunicam-nos o conceito do corpo animado pelo espírito; o Manto Interno ou Glória Espiritual oculto de todos os olhos pelo invólucro exterior da matéria densa. Mais a mais vezes, enquanto meditamos sobre esses mistérios, encontramos a iluminação dessa coleção aparentemente fortuita de símbolos atribuídos a cada Sepliirah. Já vimos em nosso estudo que nenhum símbolo está só, a que toda penetração da intuição a da imaginação serve para revelar as grandes linhas de relaçôes entre os símbolos.
52. Os quatro três do baralho do Tarô são as cartas atribuídas a Binah e, de fato, o número três está intimamente associado à idéia da manifestação na matéria. As duas forças opostas encontram expressão numa terceira, o equilíbrio entre elas, que se manifesta num plano inferior ao de seus pais. O triângulo é um dos símbolos atribuídos a Saturno como deus da matéria mais densa, e o triãngulo de arte, como é chamado, é utilizado nas cerimônias mágicas quando o objetivo é evocar um espírito a fazê-to visível no plano da matéria; para outros modos de manifestação, utiliza-se o círculo.
53. O três de paus chama-se Senhor da Força Estabilizada. Temos novamente aqui a idéia do poder em equilíbrio, que é tâo característico de Binah. Lembremos que Paus representa a força dinâmica de Yod. Essa força, quando na esfera de Binah, cessa de ser dinâmica, consolidando-se.
54. Copas é, essencialmente, a forma feminina, pois a copa, ou o cálice, é um dos símbolos de Binah a está estreitamente relacionado com o yoni no simbolismo esotérico. O Três de Copas está, portanto, em casa em Binah, pois os dois grupos de simbolismo se completam mutuamente. O Três de Copas, que é corretamente chamado de Abundância, representa a fertilidade de Binah em seu aspecto de Ceres.
55.O Três de Espadas, contudo, chama-se Sofrimento, a seu símbolo no baralho de Tarô é um coração transpassado por três punhais. Nossos leitores lembrarão a referência ao coração apunhalado da Virgem Maria no simbolismo católico, a Maria equivale a Marah, a amargura, o Mar. Ave, Maria, stella marls!
56. As Espadas são, naturalmente, cartas de Geburah e, como tal, representam o aspecto destrutivo de Binah como Kali, a consorte de Siva, a deusa hindu da destruição.
57. Ouros são as cartas da Terra e, como tal, correspondem a Binah, a forma. O Três de Ouros, por conseguinte, é o Senhor dos Trabalhos Materials, ou atividade no plano da forma.
58. Notemos que, assim como os planetas têm sua influência rèforçada quando estão nos signos do Zodíaco que são suas próprias casas, também as cartas do Tarô, quando o significado da Sephirah coincide com o espírito do naipe, representam o aspecto ativo da influência; e, quando a Sephirah e o naipe representam influências diferentes, a carta é maléfica. Por exemplo, a carta ígnea de espadas é uma carta de mau augúrio quando se acha na Esfera de influência de Binah.
59. Alonguei-me bastante ao comentar Binah, porque com ela se completa a Tríade Suprema e o primeiro dos pares de opostos. Ela representa não apenas a si mesma, mas também aos pares funcionais, pois é impossível compreender qualquer unidade na Árvore, a não ser em referência às outras unidades com que interage a se equilibra. Chokmah sem Binah, a Binah sem Chokmah, são incompreensíveis, pois o par é a unidade funcional, a não qualquer uma das Sephiroth em separado.
QLIPHA
סאתאריאל Satariel (SThRAL)
Demonio: Lucifuge Rofocale
Significado: Os Ocultadores
Descrição: Gigantescas Cabeças Negras Vendadas, com chifres e olhos medonhos.
Poder: Interferência
Nomes de Poder SATERIEL (SATARAL): SATURNIEL + ASTERIEL + REQRAZIEL + TAGARIEL + ABHOLZIEL + LAREZIEL + ABNEXIEL
Planeta: Saturno
Tarot: O Mundo/Universo
Símbolos: a vagina, yoni, o caudeirão, a taça, o triangulo invertido, o túmulo, o sarcófago, a foice, a túnica negra, o crânio tambor.
Satariel é a esfera que representa “Os Ocultadores de Deus” com cabeças negras e chifrudas com seus olhos medonhos atrás de véus. Os ocultadores dissimulam falsos dogmas e regras e difamam tudo em todas as religiões. Satariel é um plano e estado no qual a consciência está ocultada e obscurecida pela completa ignorância. O silêncio de Binah dá lugar a avareza do espírito caracterizada pela retenção excessiva mesmo do que é vital pela negação do essencial. Perfeição e Imperfeição devem ser contrabalanceadas, pois em perfeição absoluta, sem desafios, não há Vida, apenas estagnação. Portanto unir-se em plenitude com Kether é estagnar-se.
Esta esfera representa também os poderes e caminhos Ocultos. Enquanto Binah revela os caminhos da perfeição, Satariel interfere e obscurece estes caminhos.
É governada por Lucifuge Rofocale ou “Aquele que foge da Luz”, e representa o obscuro. Lucifuge Rofocale é também um anagrama para Focalor, outra manifestação deste Demônio.
Arquétipos Qliphoticos:
Caronte: Deus Na mitologia grega, Caronte (em grego antigo: Χάρων, transl. Kháron) é o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Uma moeda para pagá-lo pelo trajeto, geralmente um óbolo ou danake, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que não tinham condições de pagar a quantia, ou aqueles cujos corpos não haviam sido enterrados, tinham de vagar pelas margens por cem anos. No mitema da catábase, alguns heróis – como Héracles, Orfeu, Enéas, Dioniso e Psiquê – conseguem viajar até o mundo inferior e retornar, ainda vivos, trazidos pela barca de Caronte.
Euronymous: Demônio grego da morte que rege a putrefação e se alimenta de carniça;
Gréias: Mulheres velhas, nome de Dino, Ênio e Péfredo, filhas de Fórcis e Ceto e irmãs das Górgonas, com as quais eram frequentemente confundidas. Já nasceram velhas. Todas as três, em conjunto, possuíam um só dente e um só olho, dos quais se serviam alternadamente. Encarregadas de guardar o caminho que conduzia à morada das Górgonas, foram enganadas por Perseu, quando este se predispôs a matar a Medusa. O herói conseguir apoderar-se de seu único olho, de modo que as três mergulharam no sono ao mesmo tempo ele pôde realizar sua façanha sem perigo. Segundo outra versão, Perseu tomara-lhes o olho e o dente e recusou-se a devolvê-los se as velhas mulheres não o encaminhassem às Ninfas que lhe forneceriam os meios para vencer a
Medusa: sandálias aladas, uma espécie de sacola e o capacete de Hades.
Kali: Como uma deusa negra hindu da morte, destruição e do tempo, de aparência macabra e sanguinária, é um aspecto de Shakti ou poder de Shiva;
Ravana: Ravana (Devanagari: रावण, IAST Rāvaṇa;), no Hinduísmo é o principal adversário de Rama no épico hindu, o Ramayana. Ravana era o rei dos demônios, de Lanka(Heladiva) e criatura mais poderosa do universo. Sempre maligno, ardiloso e extremamente poderoso, possuía dez cabeças e se vangloriava da sua imortalidade por apresentar tal característica sobrenatural.
Kalfou: O loa Voodo das trevas, da destruição, da morte e das encruzilhadas, perigoso senhor dos espíritos sinistros e da feitiçaria tenebrosa.
Ghoul: Demônio árabe do deserto, da noite e da morte, mostro vampiresco semelhante a uma hiena, que devora os viajantes do deserto e viola túmulos para se alimentar de carniça.
Supay: Deus inca da dor, da morte e do inferno.
Camazotz: No Popol Vuh, os Camazots são os monstros parecidos com morcego encontrados pelo herois gêmeos Hunahpu e Xbalanque durante seus ensaios no submundo de Xibalba. Os gêmeos entraram no submundo para se vingar da morte de seu pai, primeiro foram atacados por morcegos e então por um homem-morcego, o Camazots.
Jasha: Morcego japonês do rancor e do ódio femininos.
4 – CHESED – GHA’AGSHEKLA
Título: Chesed, Misericórdia. (Em hebraico: Cheth, Samech, Daleth.).
Imagem: Um poderoso rei coroado, sentado em seu trono.
Localização na Árvore: No centro do Pilar da Misericórdia.
Texto Yetzirático: 0 Quarto Caminho chama-se Inteligência Coesiva ou Receptiva, porque contém todos os Poderes Sagrados, dele emanando as virtudes espirituais com as suas essências mais requintadas. Tais poderes emanam uns dos outros por virtude dá Emanação Primordial, a Coroa Mais Elevada, Kether.
Títulos Conferidos a Chesed: Gedulah. Amor. Majestade.
Nome Divino: El.
Arcanjo: Tzadkiel.
Coro Angélico: Chasmalin.
Chakra Cósmico: Tzedek, Júpiter.
Experiência Espiritual: Visão do amor.
Virtude: Obediência.
Vícios: Fanatismo. Hiprocrisia. Gula. Tirania.
Correspondência no Microcosmo: 0 braço esquerdo.
Simbolos: A figura sólida. 0 tetraedro. A pirâmide. A cruz de braços iguais. 0 orbe. 0 bastão. 0 cetro. 0 cajado.
Cartas do Tarô: Todos os quatro: Quatro de Paus: obra perfeita; Quatro de Copas: prazer; Quatro de Espadas: repouso após a luta; Quatro de Ouros: poder terrestre.
Cor em Atziluth: Violeta-intenso.
Cor em Briah: Azul.
Cor em Yetzirah: Púrpura-intenso.
Cor em Assiah: Azul-intenso, salpicado de amarelo.
1. Entre as Três Supremas e o par seguinte de Sephiroth em equiliôrio na Árvore, acha-se um grande precipício, que os místicos chamam de Abismo.As seis Sephiroth seguintes, Chesed, Geburah, Tiphareth, Netzach, Hod e Yesod, constituem o que os cabalistas chamam de Microprosopos, o Rosto Menor, Adão Cadmo, o Rei. A Rainha, a Esposa do Rei, é Malkuth, o Plano Físico. Temos, então, o Pai (Kether), o Rei e a Esposa, a nessa configuração da Árvore há um profundo simbolismo de grande importância prática tanto para a filosofia como para a Magia.
2. O Abismo, o precipício que se localiza entre o Macroprosopos e o Microprosopos, assinala uma demarcação na natureza do ser, no tipo de existência que prevalece sobre os dois níveis. É nesse Abismo que Daath, a Sephirah Invisível, tem sua estação, a poderíamos chamá-la corretamente de Sephirah do Devir. Ela se chama também Conhecimento, termo que poderia ser interpretado, ademais, como Percepção, Apreensão, Consciência.
3. Esses dois tipos de existência, Macroprosopos e Microprosopos, indicam o potencial e o real. A manifestação real, como nossas mentes finitas podem concebê-la, tem início em Microprosopos; e o primeiro aspecto de Microprosopos a vir à existência é Chesed, a Quarta Sephirah, situada imediatamente sob Chokmah, o Pai, no Pilar da Misericórdia, do qual é a Sephirah central. Ela é equilibrada na Árvore por Geburah, a Severidade; a esse par, Geburah a Gedulah, forma “o Poder e a Glória” da invocação final do Pai Nosso, sendo o “Reino”, naturalmente, MaIkuth.
4. Como já vimos, podemos aprender muito com a posição de uma Sephirah no padrão da Árvore; pela posição de Chesed no Pilar da Misericórdia, vemos que ela é Chokmah num arco inferior. Chesed é emanada por Binah, Sephirah passiva, a emana, por sua vez, Geburah, Sephirah catabólica, cujo chakra cósmico é Marte, com todo o seu simbolismo bélico, que é Saturno num arco inferior.
5. Chesed é o pai amoroso, o protetor e o preservador, assim como Chokmah é o Engendrador de Tudo. Ela continua a obra de Chokmah, organizando a preservando aquilo que o Pai de Tudo gerou. Ela equilibra com a Misericórdia a Severidade de Geburah. É anabólica, ou ascendente, em oposição ao catabolismo descendente de Geburah.
6. Esses dois aspectos são muito bem expressos nas imagens mágtcas atribuídas a essas duas Sephiroth. Essas imagens mágicas são ambas de reis; a de Chesed é um rei em seu trono, e a de Geburah, um rei em seu carro; em outras palavras, os governantes do reino na paz a na guerra; um como legislador, outro como guerreiro.
7. A analogia fisiológica permite-nos uma clara compreensão do significado dessas duas Sephiroth. O metabolismo consiste em anabolismo, ou ingestão ou assimilação de alimento, e a deposição deste no tecido, a de catabolismo, ou transformação do tecido em obra ativa, a saída de energia.Os subprodutos do catabolismo são as toxinas da fadiga, que o sangue deve eliminar pelo repouso.O processo vital é uma assimilação a um sucumbir, e Geburah a Gedulah (outro nome para Chesed) representam esses dois processor no macrocosmo.
8. Chesed, sendo a primeira Sephirah do Microprosopos, o universo manifesto, representa a formulação da idéia arquetípica, a concretização do abstrato. Quando o princípio abstrato que forma a raiz de alguma nova atividade é formulado em nossas mentes, estamos operando na esfera de Chesed. Um exemplo esclarecerá esse ponto. Suponhamos que um explorador contemple, do alto de uma montanha, uma região recentemente descoberta e comprove que as planícies que se estendem para além da costa são férteis e que são cortadas por um rio que abre caminho até o mar através de um vale na cadeia de montanhas. Ele pensa na riqueza agrícola das planícies, nas facilidades de transporte que o rio oferece a imagina um porto no estuário, pois sabe que o escoadouro do rio forma, com toda certeza, um canal que permitiria a passagem dos navios.Em seu olho mental, ele vê os ancoradouros, os armazéns, as lojas a as habitações. Pergunta a si mesmo se as montanhas contêm minérios a imagina uma estrada de ferro ao longo do rio a com ramificações pelos vales.Vê a chegada dos colonizadores a deduz que eles terão necessidade de uma igreja, um hospital, um cárcere, o ubíquo botequim.Sua imaginação traça a rua principal da cidade, a resolve adquirir os terrenos das esquinas para que possa prosperar, ele mesmo, com a prosperidade geral da nossa cidade.Ele vê tudo isso enquanto a floresta virgem cobre a costa a fecha as passagens da montanha.Mas, como sabe que as planícies são férteis a que o rio cruza as montanhas, ele contempla em termos de primeiros princípios os desenvolvimentos que se farão necessários. Enquanto sua mente assim opera, ele está funcionando na Esfera de Chesed, saiba-o ele ou não; a todos aqueles que podem também funcionar nor termos de Chesed, adiantando-se ao futuro, como o faz o explorador de nosso exemplo, vendo as coisas que devem surgir de causas dadas, muito antes de a primeira linha ser traçada no projeto ou o primeiro ladrilho ter sido assentado, têm o poder de possuir a valiosa terra onde os ancoradouros deverão ser construídos a por onde deverá correr a rua principal.
9. Todo trabalho criativo do mundo segue esse curso, graças às mentes que operam nos termos de Chesed, o rei sentado em seu trono, sustendo o cetro e o orbe, governando a guiando seu povo.
10. Em contraste com o que acabamos de expor, observamos que existem pessoas cujas mentes não podem funcionar acima do nível de Malkuth, a Esposa do Rei.São pessoas que não podem descobrir a madeira pela árvore. Pensam em termos de detalhes, carecendo de todo princípio sintético. Sua lógica é incapaz de remontar às origens, e é sempre materialista. São incapazes de discemir as causas sutis, a são vítimas do que chamam de caprichos do destino. São incapazes de discemir os estados mais sutis, e não conseguem operar na linha seguida pelos impulsos primários quando estes descem por si próprios ou são chamados à manifestação.
11. O ocultísta que não possui a iniciação de Chesed limitar-se-á, em sua operação, à Esfera de Yesod, o plano de Maia, a ilusão. Ele acredita que as imagens astrais refletidas no espelho mágico da subconsciência são realidades, a não fará nenhuma tentativa de traduzi-las em termos de um plano superior a aprender o que elas representam realmente.Ele permanecerá na Esfera da ilusão a será iludido pelos fantasmas de sua própria projeção inconsciente. Se fosse capaz de funcionar nor termos de Chesed, perceberia as idéias arquetípicas subjacentes, das quais essas imagens mágicas são apenas as sombras a as representações simbólicas, a poderia se tomar então um mestre do tesouro das imagens em vez de ser alucinado por elas. Seria dessa forma capaz de utilizar as imagens como um matemático utiliza símbolos algébricos a operaria a Magia como um adepto iniciado a não como um mago.
12.O místico que opera no Centro Cristológico de Tiphareth, se não dispuser das chaves de Chesed, será também alucinado, mas de uma maneira diferente e mais sutil. Nesse nível, ele saberá decifrar as imagens mágicas com bastante exatidão, referindo-as àquilo que representam a não lhes dando valor algum, exceto como sinais, como tão bem o demonstra Santa Teresa em seu O Castelo Interior. Ele cairia no erro, contudo, de pensar que as imagens que percebe a as experiências por que passa são o resultado de um contato direto a pessoal de Deus com sua alma, em vez de compreender que elas são estágios do Caminho. Descobrirá um Salvador pessoal no homemDeus a não na influência regeneradora da força cristológica. Adorará Jesus de Nazaré como Deus Pai, confundindo, assim, as pessoas.
13. Chesed, portanto, é a Esfera da formulação da idéia arquetípica, a compreensão pela consciência de um conceito abstrato que é subseqüentemente trazido aos planos a concentrado na luz da experiência da concretização de idéias abstratas análogas. Em seu aspecto macrocósmico, ela representa também uma fase correspondente do processo de criação. A ciência materialista acredita que os únicos conceitos abstratos são aqueles formulados pela mente do homem. A ciência esotérica ensina que a Mente Divina formulou idéias arquetípicas para que a substância pudesse tomar forma, a que, sem essas idéias arquetípicas, a substância seria informe a vazia, limo primordial aguardando o sopro de vida para organizar-se no cristal ou na célula. As pesquisas mais recentes da física revelaram que toda substância, sem exceção, tem urea estrutura cristalina a que as linhas de tensão que o sensitivo percebe como correntes etéreas foram reveladas pelos raios X.
14. Um papel muito importante a muito malcompreendido nos Mistérios é o desempenho pelos seres chamados geralmente de Mestres. Escolas diferentes definem o termo de maneira diferente, a alguns incluem os adeptos vivos de alto grau entre os Mestres; mas consideramos conveniente fazer uma distinção entre os Irmãos Mais Velhos encarnados a desencarnados, pois suas missões a maneira de operar são totalmente diversas. O título de Mestre deveria, por conseguinte, ser conferido apenas àqueles que estão livres da rede do nascimento a morte. Na terminologia da tradição esotérica ocidental, o grau de Adeptus Exemptus é atribuído a Chesed, indicando o termo Exemptus, isto é, “isento”, essa libertação do karma que libera da Roda. Sei muito bem que outros podem atribuir um significado diferente ao título, e que há pessoas encarnadas que possuem esse grau. A esses respondo que tais pessoas, se o grau é um grau operante a não mera honra vazia, estão livres do Carma a náo reencamarâo. Tais pessoas podem muito bem ser chamadas de Mestres, pois sua consciência é do grau de um Mestre, mas como é necessário fazer a distinçáo entre adeptos encarnados a desencarnados, é conveniente antes precisar a classificação por essa distinção menor do que conceder aos humanos um prestígio que a natureza humana não está apta a manter. Enquanto um adepto estiver encarnado, estará sujeito, em algum grau, às debilidades humanas a às limitaçôes impostas pela velhice a pela saúde física. Até não se ter liberado da Roda a não funcionar como consciência Aura, não escapará por completo às limitaçôes humanas da hereditariedade e do meio ambiente; por conseguinte, não se pode ter nele a mesma confiança que se pode depositar nos verdadeiros Mestres desencarnados.
15. Uma parte muito importante do trabalho dos Mestres é a concretização das idéias abstratas concebidas pela Consciência Logoidal. O Logos, cuja meditação dá nascimento aos mundos a cuja consciência reveladora é evolução, concebe as idéias arquetípicas extraídas da substância do Imanifesto – para utilizar uma metáfora, já que a definição é impossível. Essas idéias permanecem na consciência cósmica do Logos assim como na flor, porque não há solo para a sua germinação. A Consciência Logoidal, enquanto ser puro, não pode, de seu próprio plano, fomecer o aspecto formativo necessário para a sua manifestação. Ensinam as tradições esotéricas que os Mestres, consciências desencarnadas disciplinadas pela forma, mas atualmente informes, em sua meditação sobre a divindade, são capazes de perceber telepaticamente essas idéias arquetípicas na mente de Deus e, compreendendo a aplicação prática destas aos planos da forma e a linha que esse desenvolvimento seguirá, produzir imagens concretas em sua própria consciência, que serve para trazer as idéias arquetípicas abstratas ao primeiro dos planos da forma, chamado pelos cabalistas de Briah.
16. Essa é, pois, a tarefa que os Mestres realizam em sua Esfera especial, a Esfera de Chesed, organizadora, construtiva a edificadora, no Pilar da Misericórdia. O trabalho dos Mestres Negros, que são completamente diferentes dos Adeptos Negros, é realizado na Esfera correspondente de Geburah, no Pilar da Severidade, a qual será considerada em seu devido tempo. O ponto de contato entre os Mestres a os seus discípulos humanos está em Hod, a Sephirah da Magia Cerimonial, conforme indica o Texto Yetzirático, que declara que a essência de Hoda emana de Gedulah, a Quarta Sephirah. Essas pistas, dadas nos Textos Yetzráticos a respeito das relações entre as Sephiroth individuais, são muito importantes no ocultismo prático. Hod, portanto, pode ser tomada como representante de Chokmah a Chesed num arco inferior, assim como Netzach representa Binah a Geburah. Explicaremos esse ponto em detalhes quando analisarmos essas Sephiroth, mas é preciso fazer-lhes uma breve referência para tomar inteligível a função de Chesed.
17. Chegamos a um ponto, no esquema da Árvore, em que o tipo de atividade é acessível ao âmbito da consciência humana. Em nosso estudo das Sephiroth precedentes, formulamos conceitos metafísicos. Esses conceitos, embora muito remotos da imediata aplicação à vida da forma, são extremamente importantes, pois a menos que estejam na base de nosso entendimento da ciência esotérica, incorreremos na superstição a utilizaremos a Magia como magos, não como adeptos; em outras palavras, seremos incapazes de transcender os limites dos planos da forma, ficando alucinados, a cairemos sob o domínio dos fantasmas evocados pela imaginação mágica, em vez de utilizá-la como as contas do ábaco em nossos cálculos, o que, para um engenheiro, equivaleria a utilizar uma régua comum em vez da régua de cálculos.
18. Chesed, portanto, reflete-se em Hod através do Centro Cristológico de Tiphareth, assim como Geburah se reflete em Netzach. Essa relação é muito instrutiva, pois indica que, para a consciência elevar-se da forma à força, a para a força descer à forma, ela precisa passar pelo Centro de Equilíbrio a Redenção, ao qual são atribuídos os Mistérios da Crucificação.
19. É à Esfera de Chesed que a consciência exaltada do adepto se eleva em suas manifestações ocultas; é aqui que ela recebe a inspiração com que trabalha nos planos da forma. É aqui que encontra os Mestres como influências espirituais, por meio de contatos telepáticos, sem qualquer mescla de personalidade. Esse é o modo verdadeiro a superior de entrar em contato com os Mestres, contato que se efetua de mente a mente em sua própria esfera de consciência exaltada. Quando, pela clarividência, vemos os Mestres como seres vestidos, cujos trajes indicam seu raio, são eles percebidos por meio da refração na Esfera de Yesod, que é o reino dos fantasmas e das alucinações. Pisamos um terreno muito inseguro quando encontramos os Mestres aqui. É aqui que a forma antropomórfica é conferida à inspiração espiritual que tanto desorienta os sensitivos que não conseguem elevar-se a Chesed. E é assim que o anúncio da volta ao mundo de um impulso espiritual é interpretado como o advento de um Instrutor Universal.
20. Quanto mais descemos na Árvore até as Esferas mais acessíveis à nossa compreensão, mais descobrimos que os símbolos associados a cada Sephirah se tomam cada vez mais eloqüentes quando falam de nossa experiência, em vez de obrigar-nos a raciocionar pela analogia.
21. A imagem mágica que representa Chesed é um poderoso rei coroado, sentado em seu trono; essa posição indica que ele está estavelmente sentado num reino em paz, não em marcha em seu carro para a guerra, como o sugere a imagem mágica de Geburah. Os títulos adicionais de Chesed – Majestade, Amor – confirmam o conceito do rei benévolo, pai de seu povo; e a localização de Chesed no centro do Pilar da Misericórdia confirma, ademais, a idéia da lei estável, ordenada a misericordiosa, que govema para o bem dos governados. O título do coro angélico associado a Chesed – Chasmalim, ou Brilhantes – assinala a idéia do esplendor real de Gedulah, que é um título alternativo utilizado freqüentemente para Chesed. O chakra cósmico atribuído a Chesed – Júpiter, o grande benigno da Astrologia – confirma toda a cadeia de associaçôes.
22. No lado microcósmico ou subjetivo, descobrimos que a virtude atribuída a essa esfera de experiência é a da obediência. É apenas através da virtude da obediência que o sujeito pode aproveitar-se do sábio governo de Chesed. Temos de sacrificar muito de nossa independência a do egoísmo para partilhar das comodidades da vida social organizada. Não há escapatória desse sacrifício a dessa restrição. A força da gravidade resiste-nos, entre outras coisas. A liberdade poderia ser definida como o direito de escolher o próprio mestre, pois é preciso ter um guia em toda a vida associativa respeitável, caso contrário reinará o caos. Uma autoridade efetiva a inspirada, eis o que clama em coro o mundo atual, a país após país está buscando a descobrindo o guia que mais se aproxime de seu ideal nacional, a todos marcham como um só homem atrás desse guia. O único remédio para a enfermidade mundial é a influência benigna, organizadora a ordenante de Júpiter; quando isso ocorrer, as nações recobrarão seu equilíbrio a sua saúde física.
23. Inversamente, os vícios atribuídos a Chesed – fanatismo, hipocrisia a tirania – são todos vícios sociais. O fanatismo recusa-se a mover-se com os tempos ou encarar outro ponto de vista – ambos, vícios fatais nas relações raciais. A hipocrisia implica que não nos entregamos de todo coração à vida social, mas, como Ananias, guardamos o nosso quinhão. A gula expõe-nos à tentação de tomar mais do que nos cabe na partilha dos bens comuns, e é apenas outro nome para egoísmo. E a tirania é esse use errõneo da autoridade que surge quando a natureza se mancha de crueldade a vaidade.
24. A correspondência no microcosmo estabelece-se com o braço esquerdo, o que indica um modo menos dinâmico de funcionamento de poder do que o da mão direita, que levanta a espada na imagem mágica de Geburah. A mão esquerda segura o orbe, que significa a própria Terra, a mostra que tudo está em segurança na mão firme do governante. Chesed, de fato, denota antes a firmeza do que a força da energia dinámica.
25. O número místico de Chesed é o quatro, a este é amiúde representado como uma figura quadrilátera, ou tetraedro. Um talismã de Júpiter é sempre deposto sobre tal figura. Outro símbolo de Chesed é a figura sólida, tal como a entende a geometria. Compreenderemos a razão desse simbolismo se considerarmos as figuras geométricas atribuídas às Sephiroth que já estudamos. O ponto é atribuído a Kether; a linha, a Chokmah; o plano bidimensional, a Binah; conseqüentemente, o sólido tridimensional conceme, naturalmente, a Chesed.
26. Mas essas relações significam muito mais coisas do que unìa mera série de símbolos. O sólido representa essencialmente a manifestação, tal como o concebe a nossa consciência tridimensional. Não podemos conceber uma existência unidimensional ou bidimensional, salvo na matemática ou simbolicamente. Chesed, como já observamos, é a primeira das Sephiroth manifestas; por conseguinte, é muito natural que o símbolo da figura sólida integre o resto de seu simbolismo. A figura sólida utilizada para simbolizar Chesed é normalmente a pirâmide, que é uma figura de quatro lados, constituída de três faces a uma base, expressando, assim, a qualidade numerológica de Chesed.
27. Existem muitas outras formas de cruz que representam simbolicamente os Mistérios, além da cruz do Calvário no Mistério Cristão, a cada uma delas representa modos diferentes de funcionamento do poder espiritual, tal como as diferentes formas dos Nomes Sagrados de Deus. A forma da cruz associada a Chesed é a cruz de braços iguais, que simboliza os quatro elementos em equilíbrio, a implica o governo da natureza por uma influência sintetizadora que confere harmonia equilibrada a todas as coisas.
28.O orbe, o bastão, o cetro e o cajado, que são os símbolos atribuídos a essa Sephirah, expressam perfeitamente os diferentes aspectos do poder real benévolo de Chesed, de modo que não precisamos nos deter em seu estudo.
29. As quatro cartas do Tarô atribuída a Chesed quando se manipula o baralho para a adivinhação expressam a idéia que rege a correspondência. O Quatro de Paus simboliza a Obra Perfeita, representando, assim, admiravelmente, a realização do rei no tempo de paz em seu reino bem-governado. O Quatro de Copas chama-se Senhor do Prazer, a relaciona-se com o título de Esplendor atribuído a Chesed a com o fulgor de seu coro angélico. O Quatro de Espadas indica o Repouso após a luta, a concorda perfeitamente com o significado do monarca sentado. O Quatro de Ouros é o Senhor do Poder Terrestre, um simbolismo táo claro que não necessita esclarecimentos.
30. Deixamos para o fim deste estudo a análise do Texto Yetzirático, para evitar que a apresentação ordenada do simbolismo de Chesed se quebrasse. Além disso, esse texto contém tantos significados, que podemos compreendê-los melhor quando estamos mais bem equipados com o simbolismo que lhe corresponde. Muito do que se relaciona ao ensinamento contido nesse texto, contudo, já foi estudado quando o examinamos em relação às Sephiroth precedentes. Não nos repetiremos, pois, contentando-nos em remeter o estudante àquelas páginas em que os assuntos são estudados em detalhe, evitanto, assim, repetições desnecessárias – repetições, aliás, que são quase inevitáveis no estudo da drvore da Vida, em que os diferentes símbolos representam o mesmo poder em diferentes níveis de manifestação ou sob diferentes aspectos.
31. “O Quarto Caminho chama-se Inteligência Coesiva.” Podemos compreender claramente o sentido dessas palavras se consideramos Chesed através do símbolo do rei sentado em seu trono, organizando os recursos e prosperidade do reino a esforçando-se para que todas as coisas se equilibrem para o bem comum.
32.O Texto Yetzirático o chama também de Inteligência Receptiva, e isso se refere ao símbolo do braço esquerdo, que é atribuído a essa Sephirah no microcosmo.
33. Chesed “contém todos os Poderes Sagrados, dele emanando as virtudes espirituais com as suas essências mais requintadas”. O ensinamento implícito nessa sentença já foi elucidado na exegese anterior do conceito das idéias arquetípicas.
34. “Tais poderes emanam uns dos outros por virtude da Emanação Primordial, a Coroa Mais Elevada, Kether.” Esses conceitos já foram abordados a propósito da Segunda Sephirah, Chokmah, quando estudamos o transbordamento da força de Esfera a Esfera.
QLIPHA
גצסכאה Gamchicoth (GMChKVTh)
Demonio: Astaroth/ Azariel
Significado: Os Destruidores
Descrição: Gigantes Pretos
Poder: Agitação
Nomes de Poder: GAMEHIOTH (GAMChATh): + MALEXIEL + GABEDRIEL +CHEDEBRIEL + AMDEBRIEL +A’OTHIEL + THERIEL
Planeta:Júpiter
Tarot: Roda da Fortuna
É associado aos Devoradores, Transgressores. Um aspecto totalmente Vampiresco e uma força predatória universal. Gamchicoth é a gula indevida de consumir toda criação, em contrapartida de Chesed, a fonte. Também representa movimento e constante mutação (roda da fortuna), em contraponto ao Extâse e a Não-Mudança.
O arquidemônio desta Qlipha é Astaroth, que possui o mesmo nome da deusa fenícia, o espírito da ostentação, da indolência, vaidade ilusória, grande tesoureiro do ingerno e regente das ciências acadêmicas mal aplidadas. Astaroth, supostamente outro nome para Astarte, mas na realidade um aspecto demoníaco com pouca ou nenhuma relação a deusa da fertilidade suméria.
Esta Qlipha é tida como “Perturbadores das Almas”, a opressão, a tirania do poder patriarcal abusivo, realizando o trabalho de desviar e atrapalhar o caminho e transforma a paz em atos de covardia e permissividade e indulgência hipócrita.
Arquétipos Qliphoticos:
Mammon: Mamon representa o terceiro pecado, a Ganância ou Avareza, também o anticristo, devorador de almas, e um dos sete príncipes do Inferno. Sua aparência é normalmente relacionada a um nobre de aparência deformada, que carrega um grande saco de moedas de ouro, e “suborna” os humanos para obter suas almas. Em outros casos é visto com uma espécie de pássaro negro (semelhante ao Abutre), porém com dentes capazes de estraçalhar as almas humanas que comprara.
Zagam: Deus hebreu da farsa, da falsificação e das fraudes financeiras e políticas.
Limos: Demônio grego da miséria, a fome e da escassez;
Behemoth: Demônio hebreu dos prazes animalescos do paladar, da glutonaria, da obesidade e do desperdício.
Tântalo: Semideus grego da gula e da fome, roubou o néctar dos deuses e foi condenado a um suplício para sofre de fome e sede. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular “Tão perto e, ainda assim, tão longe”.
Minotauro: Deus grego da opressão e da gula insaciável, um besta com cabeça de touro que se alimenta de carne humana, encarcerado em um labirinto.
Fraude: A deusa romana da fraude, das farsas e da ilusão das aparências.
5 – GEBURAH – GOLACHAB
Título: Geburah, Força, Severidade. (Em hebraico: Gimel, Beth, Vau, Resh, Hé.)
Imagem Mágica: Um poderoso guerreiro em seu carro.
Localização na Árvore: No centro do flar da Severidade.
Texto Yetzirático: 0 Quinto Caminho chama-se Inteligencia Radical, porque se assemelha à Unidade, unindo-se a Binah. Entendimento, que emana das profundidades primordiais de Chokmah, Sabedoria.
Títulos Conferidos a Geburah: Din (justiça); Pachad (medo).
Nome Divino: Elohim Gebor.
Arcanjo: Khamael.
Coro Angélico: Seraphim, Serpentes de Fogo.
Chakra Cósmico: Madim, Marte.
Experiência Espiritual: Visão do poder.
Virtude: Energia, coragem.
Vício: Crueldade, destruição.
Correspondência no Microcosmo: 0 braço direito.
Simbolos: 0 pentágono. A Rosa de Tudor de Cinco Pétalas. A espada. A lança. 0 açoite. A corrente.
Cartas do Tarô: Os quatro cincos: Cinco de Paus: luta; Cinco de Copas: perda no prazer; C1nco de Espadas:derrota; Cinco de Ouros: conflito terrestre.
Cor em Atziluth: Laranja.
Cor em Briah: Vermelho-escarlate.
Cor em Yetzirah: Escarlate-brilhante.
Cor em Assiah: Vermelho, salpicado de negro.
1. Um dos aspectos menos compreendidos da filosofia cristã é o problema do mal; a um dos assuntos menos abordados na ética cristã é o problema da força, ou severidade, em oposição à misericórdia e à doçura. Conseqüentemente, Geburah, a Quinta Sephirah, cujos títulos adicionais são Din (lustiça) a Pachad (Medo), é a Sephirah menos compreendida de todas as Esferas, sendo, portanto, uma das mais importantes. Se a doutrina cabalística não afirmasse explicitamente que todas as Dez Sephiroth são sagradas, muitos estariam inclinados a considerar Geburah como o aspecto maléfico da Árvore da Vida. E, de fato, o planeta Marte, cuja Esfera é o chakra cósmico de Geburah, é chamado na Astrologia de maléfico.
2. Contudo, aqueles que foram instruídos além da rude ilusão de uma filosofia enganosa, sabem que Geburah de maneira alguma é o Inimigo ou Adversário descrito nas Escrituras, mas sim o rei em seu carro que marcha para a guerra, cujo poderoso braço direito protege o seu povo com a espada da legalidade a assegura que a justiça será feita. Chesed, o rei sentado em seu trono, o pai de seu povo em tempos de paz, pode conquistar nosso amor; mas é Geburah, o rei em seu carro a caminho da guerra, que merece nosso respeito. Jamais se fez suficiente justiça ao papel exercido pelo sentimento de respeito na emoção do amor. Temos uma espécie de amor pela pessoa que pode nos inspirar o temor de Deus, apresentando-se a ocasião, que é de uma qualidade muito diferente; ele é muito mais estável a permanente e, curiosamente, muito mais satisfatório emocionalmente do que o amor no qual não existe nenhum quê de temor. É Geburah que fornece o elemento de temor, de medo do Senhor, que é o início da Sabedoria, a de um respeito saudável geral que nos ajuda a enfrentar o Caminho difícil a estreito a evoca a nossa melhor natureza, porque sabemos que nossos pecados serão postos à luz.
3. Esse é um fato ao qual a ética cristã, tal como é popularmente compreendida, não dá bastante importância; e, como o tom geral da sociedade cristã se inclina contra a Quinta Sephirah sagrada, será necessário considerar em detalhes o lugar que essa esfera ocupa na Árvore e o papel que exerce tanto na vida espiritual como na social, pois ela é malcompreendida, e essa ausência de compreensão do fator Geburah é a causa de muitas de nossas dificuldades na vida moderna.
4. Geburah ocupa a posição central do Pilar da Severidade; representa, por conseguinte, o aspecto catabólico ou destrutivo da força. O catabolismo, convém recordar, é aquele aspecto do metabolismo, ou do processo vital, que se relaciona com a liberação da força na atividade. Já se disse que o Bem é o que é construtivo a edificador, e o Mal é o que é destrutivo a demolidor. Podemos ver quão falsa é essa filosofia se tentamos classificar, de acordo com esse princípio, um câncer a um desinfetante. No ensinamento mais profundo a mais filosófico dos Mistérios, reconhecemos que o Bem e o Mal não são coisas em si, mas estados. O Mal é simplesmente uma força que não está sem lugar; se deslocada no tempo, fora de sua época, está tâo longe de sua meta que se toma inútil. Deslocada no espaço, se se manifesta no lugar errado, como, por exemplo, uma brasa no tapete da lareira ou a água do banheiro no forro da sala de estar. Se deslocada, quanto às proporçôes, um excesso de amor, por exemplo, nos toma tolos a sentimentais; já uma falta de amor nos toma cruéis a destrutivos. É em tais coisas que reside o Mal, não num demônio pessoal que age como um adversário.
5. Geburah, o Destruidor, o Senhor do Medo a da Severidade, é, portanto, tão necessário ao equiliõrio da Árvore como Chesed, o Senhor do Amor, a Netzach, a Senhora da Beleza. Geburah é o Cirurgião Celestial; é o cavaleiro de armadura brilhante, o matador de dragôes; belo como um noivo, em sua força, para a donzela ansiosa, embora, sem dúvida, o dragão preferisse um pouco mais de amor.
6. As iniciaçôes dos maléficos, Saturno, Marte e a enganosa Yesod lunar, sáo tão necessárias à evolução a ao desenvolvimento equilibrado da alma como o são os Mistérios da Crucificação atribuídos a Tiphareth. É o ponto de vista unilateral do Cristianismo que causa sua debilidade, sendo ele responsável por tudo que é patológico a mal sáo tanto em nossas vidas privadas como em nossa vida social. Mas não devemos esquecer igualmente que o Cristiamsmo chegou como um remédio para o mundo pagão que estava moribundo por causa de suas próprias toxinas. Temos necessidade daquilo que o Cristianismo tem para dar; mas também, infelizmente, temos de ter em conta o que lhe falta. Consideremos, agora, a influência adstritiva a corretiva de Geburah.
7. A energia dinâmica é tão necessária ao bem-estar da sociedade quanto a doçura, a caridade e a paciência. Não devemos esquecer que a dieta eliminatória que restaura a saúde, na doença, produz a doença na saúde. Jamais deveríamos exaltar as qualidades que são necessárias para compensar um excesso de força como fins em si a como meios de salvação. Caridade em excesso é obra de um louco; paciência em excesso é o sinete de um covarde. Necessitamos de um equilíbrio justo a sábio, que contribui para a felicidade, a saúdé e a franca compreensão de que sacrifícios são necessários para obtê-las. Não podemos comer o bolo a conservá-lo, seja na esfera espiritual ou em qualquer outra. 8. Geburah é o sacerdote sacrificial dos Mistérios. O sacrifício não significa oferecer algo que nos é caro porque um Deus ciumento não suporta interesses rivais em Seus devotos a se regozija com o nosso sofrimento. Significa a escolha deliberada a vigilante de um bem maior, de preferência a um bem menor, assim como o atleta prefere a fadiga do exercício à facilidade da preguiça que o põe fora de condiçôes. O carvão queimado numa fornalha é sacrificado ao deus do poder do vapor. O sacrifício é realmente a transmutação da força; a energia latente no carvão, oferecida no altar sacrifical da fornalha, é transmutada na energia dinãmica do vapor por meio da maquinaria apropriada.
9. Existe uma maquinaria psicológica a cósmica de que podemos dispor a que se relaciona a todo ato de sacrifício que converte este ato em energia espiritual; a essa energia espiritual pode ser apiicada a outros mecanismos, reaparecendo nos planos da forma como um tipo inteiramente diferente de força do que aquela com que começou.
10. Por exemplo, um homem pode sacrificar as emoções em favor de sua carreira; ou uma mulher pode sacrificar a carreira às suas emoçôes. Se o ato é puro a sem arrependimentos, uma imensa quantidade de energia psíquica é liberada para a utilizaçâo no canal escolhido. Mas, se o desejo inferior é simplesmente expressão inibida a negada a não realmente deposto no altar do sacrifício como uma deliberada a livre oferenda, a vítima infortunada fez a pior escolha. É aqui que precisamos de Geburah para nos tornarmos como o sacerdote que arranca o sacrifício de nossas mãos, mesmo que seja o nosso primogênito, e o oferece a Deus com um golpe rápido, puro e mÍsericordioso. Pois, Geburah, no microcosmo, que é a alma do homem, é a coragem a resolução que nos liberta da nódoa da autopiedade.
11. Que falta nos fazem-as virtudes espartanas de Geburah nesta época de sentimentalismos a neurosesl Quantas quedas não poderíamos evitar se esse Cirurgião Celestial pudesse executar o corte limpo que tem chance de curar, evitando assim o compromisso fatal e a irresolução doentia, que é como uma ferida aberta a ameaçada de gangrenal.
12. Além disso, se não houvesse uma mão forte a serviço do Bem no mundo, o Mal se multiplicaria. Se não é bom apagar um tição quando este ainda arde, é igualmente mau deixar a cinza acumular-se, evitando a utilização do atiçador. Há um momento em que a paciência se toma fraqueza, desperdiçando o tempo do melhor homem, a em que a misericórdia se toma uma loucura a expõe o inocente ao perigo. A política da não-resistência ao Mal só pode ser seguida satisfatoriamente numa sociedade bem vigiada; ela jamais foi tentada com sucesso sob condiçôes-limites. Pois a natureza, de dentes a garras vermelhas, exibe as cores de Geburah, ao passo que a civilização compensadora pertence a Chesed, Misericórdia, que modifica a força irrestrita e a destrutividade excessiva de tudo que está na fase Geburah de seu desenvolvimento. Mas, igualmente, devemos lembrar que a civilização repousa na natureza como um edifício repousa sobre suas fundações, onde está oculto o esgoto, tão necessário à saúde.
13. Onde quer que haja algo que tenha sobrevivido à sua utilidade, Geburah deve brandir a sua faca de poder; onde quer que haja egoísmo, este deve ser traspassado pela ponta da lança de Geburah; onde quer que exista violência contra a fraqueza, ou o use impiedoso da força, é a espada de Geburah, não o orbe de Chesed, que é o neutralizador mais eficaz; onde quer que haja preguiça a desonestidade, o flagelo sagrado de Geburah é necessário; a onde haja uma remoção das estacas colocadas para proteger-nos de nosso vizinho, é a cadeia de Geburah que deve intervir.
14. Essas coisas são tão necessárias à saúde da sociedade a do indivíduo como o amor fratemo; mas são muito raras em nossa época sentimental, que as utiliza medicinalmente a não vingativamente. Aquele que grita “Alto” ao agressor a “Saiam” àqueles que lhe bloqueiam o caminho, esse age como um sacerdote na Esfera da Quinta Sephirah Sagrada.
15. Se observarmos a vida, constataremos que o ritmo, não a estabilidade, é o princípio vital. A estabilidade que a existência manifesta alcança é a estabilidade de um homem sobre uma bicicleta, que se equilibra entre duas quedas opostas; ele pode cair para a direita ou para a esquerda, a manter o equiliôrio por meio de seu impulso.
16. Na vida dos indivíduos, no desenvolvimento de qualquer transaçáo, no tom de qualquer mente grupal disciplinada ou altamente organizada, vemos a constante altemância das influências de Geburah a Gedulah num balanço rítmico de um lado a outro. Todo aquele que é responsável pelo disciplinarrmento de um grupo organizado sabe conhecer a constante necessidade de apertar a afrouxar as rédeas; de estimular a refrear. Há uma sensação da necessidade de soltar a linha quando o grupo transborda com um impulso de interesse a entusiasmo, seguido pela necessidade de tomar a folga quando o impulso se perde. Se não se pega a folga com mão firme, o grupo mete-se nos laços a toma-se insubordinado. O sábio manipulador dos homens sabe qúando a reação se dissipou a chega o momento de estalar o látego de Geburah sobre os cavalos a fazé-los saltar no varal novamente quando o novo impulso dinámico se avoluma; mas ele sabe também que não deve estalá-to muito cedo, quando os cavalos estão tendo um descanso ou quando um dos mais inquietos tem uma perna enroscada.
17. Na vida nacional, especialmente, podemos nos dar conta dos ritmos altemantes de Geburah a Gedulah. Arrisco-me a profetizar que a nação inglesa está saindo de uma fase Gedulah a entrando numa fase Geburah. Em todas as partes vemos que a misericórdia, superestimada pelas imperfeiçôes da natureza humana, está sendo abolida em favor de uma severidade que restaurará o equilíbrio da justiça imparcial a impedirá que o mal se multiplique. O trabalho da polícia está sendo reorganizado; os juízes estão dando sentenças mais severas; a reforma penal experimentou um recuo; o humanitarismo não terá a última palavra. A alma grupal da raça está entrando na fase Geburah, a perdeu a paciência com as suas unidades imperfeitas.
18. No próximo ciclo, a tendência será descartar o incapaz a concentrar-se no esforço de conduzir o hábil ao seu desenvolvimento mais elevado. Geburah será o parceiro mais velho, a toda atenuação da severidade que Gedulah propõe terá de passar pelo escrutínio da justiça imparcial. Essa é uma reforma muito necessária, pois, no fim de uma fase, os extremos tendem a desenvolver-se, e o humanitarismo de Gedulah toma-se abusivo a ridículo, e seus refinamentos convertem-se em debilidade, perdendo o contato com as realidades.
19. Quando uma nova fase se inicia numa escala de mente grupal, é nos menos iluminados, nos de mente estreita, que sua influência é mais forte; os cultos tendem a manter-se longe dos extremos. Podemos constatá-to analisando a linha adotada pelos vários tipos de jornalismo. O jornalismo popular clama pela livre utilização do chicote como uma punição para o crime; pelo repúdio das dívidas a pactos intemacionais; em, suma, pelos golpes germs com a espada de Geburah. Em todas as partes, cresce a tendência de não sofrer a estupidez de ninguém – tendência que toma as negociações extremamente difícies, pois Geburah é um péssimo negociante, a sua única contribuição à discussão é a do soldado grego que tomou a espada a cortou o nó.
20. Ora, o iniciado, sabendo que as fases se sucedem na altemáncia rítmica, não toma qualquer fase muito seriamente, nem pensa que está vivendo no fim do mundo ou no do milénio. Ele sabe que a vida seguirá seu curso, iniciando um corretivo valioso a necessário, a concluindo pelos extremos; mas, desde que haja visão suficiente entre os iluminados de uma raça, as pessoas não perecerão, pois o próprio fato de chegar-se aos extremos indica o fim da inclinação, e o pêndulo reverterá normalmente o seu movimento e começará a voltar em direção ao centro da estabilidade. É apenas quando o povo perde completamente a visão que o pêndulo se desequilibra a se autodestrói. Foi esse o caso de Roma, de Cartago e, mais recentemente, da Rússia. Mas, mesmo quando a organização social se quebra e o pêndulo se perde no espaço, o princípio do ritmo é inerente em toda a existência manifests, a se restabelece de imediato quando qualquer espécie de organização se forma depois do naufrágio.
21. A grande fragilidade do Cristianismo reside no fato de que ele ignora o ritmo. Ele equilibra Deus com o Demônio, em vez de Vishnu com Siva. Seus dualismos são antagônicos em lugar de equilibrantes e, por conseguinte, jamais podem resultar no três funcional, no qual o poder está em equilíbrio. Seu Deus é o mesmo de ontem, hoje a amanhã, a não progride com a criaçáo, mas entrega-se em um único espaço criativo, repousando depois sóbre seus louros. A experiência humans total, o conhecimento humano total é contra a verdade dessa concepção.
22. O conceito cristão, sendo estático a não-dinâmico, não pode entender que, quando uma coisa é boa, seu oposto não é necessariamente mau. Ele não tem nenhum sentido de proporção porque não compreende o princípio do equilíbrio no espaço a do ritmo no tempo. Conseqüentemente, para o ideal cristão, a parte é sempre maior do que o todo. A cordura, a misericórdia e o amor constituem o ideal do caráter cristão, e, como assinala com razão Nietzsche, essas são as virtudes do escravo. Deveríamos ter lugar em nosso ideal para as virtudes do governante a do líder – coragem, energia, justiça a integridade. O Cristianismo nada tem a dizer-nos sobre as virtudes dinâmicas; conseqüentemente, aqueles que empreendem o trabalho do mundo não podem seguir o ideal cristão por causa de suas limitações a de sua inaplicabilidade aos problemas que lhe dizem respeito. Eles não podem medir o certo e o errado por nenhum padrão, salvo o seu próprio auto-respeito. O resultado é o espetáculo ridículo de uma civilização dedicada a um ideal unilateral a forçada a manter seus ideais a sua honra em compartimentos separados.
23. Precisamos tanto do realismo de Geburah para equilibrar o idealismo de Gedulah, quanto precisamos da justiça para temperas a misericórdia. A experiência na educação das crianças nos ensina que a criança que nunca é contrariada é uma criança estragada; que o jovem carente da espora da competição pode tomar-se um jovem negligente, pois são muito poucos os que trabalham por amor ao trabalho. Ocorre o mesmo com as nações. O monopólio, na falta da espora da competição, sempre se revelou ineficaz; as profissões não-competitivas sofrem sempre de obesidade intelectual.
24. Geburah é o elemento dinâmico da vida que incita a vencer os obstáculos. O caráter a que faltam os aspectos marcianos nunca fará nada na vida. Aqueles que dependem de um arrimo de família não-Geburah sabem que o amor não é uma completa solução para os problemas da vida. Devemos aprender a amar o guerreiro armado de espada, assim como o Amor Divino, que nos dá o copo de água a nos diz “Vinde a mim os que estão cansados a carregados”.
25. Quando aprendermos a beijar a vara a compreendermos o valor das experiências constritivas, receberemos a primeira das iniciações de Geburah; e, quando aprendermos a perder nossas vidas a fim de salvá-las, teremos a segunda. Há um certo tipo de coragem que não teme a dissolução, pois ela sabe que todos os princípios espirituais são indestrutíveis e, na medida em que os arquétipos persistem, tudo pode ser reconstruído. Geburah só é destrutivo para aquilo que é temporal; é o servo daquilo que é eterno, pois, quando, por meio da atividade ácida de Geburah, tudo que é impermanente desaparecer, as realidades eternas a incorpóreas brilharão em toda a sua glória, deixando ver todos os seus detalhes.
26. Geburah é o melhor amigo que podemos ter, se somos honestos. A sinceridade não precisa temer suas atividades; na verdade, ela é a melhor proteção que podemos ter contra a insinceridade do próximo, pois nada há melhor do que a influência de Geburah para desmascarar tanto pessoas como pontos de vista.
27. Geburah a Gedulah precisam trabalhar juntas; jamais uma sem a outra. Devemos adorar o Deus das Batalhas assim como o Deus do Amor, para que o elemento combativo no universo renda homenagens ao Senhor Único, ao Eu Sou Aquele Que É. Não se deve maldizer a espada como um instrumento do Demônio, mas abençoá-la a consagrá-la para que jamais possa ser empunhada numa causa injusta. Jamais deveremos pô-la de lado devido a um pacificismo impraticável, mas brandi-la a serviço de Deus, de modo que, emitida a ordem para que não se sofra mais a coisa má, o poderoso Khamael, o Arcanjo de Geburah, possa conduzir os Serafins à batalha, não numa raiva destrutiva, mss sóbria a impessoalmente a serviço de Deus, no intuito de esclarecer o Mal a fazer o Bem prevalecer.
28. Já falamos tanto a respeito da natureza de Geburah, que não nos resta muita coisa a dizer sobre as suas atribuições.
29.O Texto Yetzirático nos diz que o Quinto Caminho chama-se Inteligência Radical porque se assemelha à Unidade. Ora, a Unidade é apenas um dos títulos atribuídos a Kether; por conseguinte, podemos dizer que Geburah é correlata de Kether num arco inferior. Há várias Sephiroth que são assim referidas na Sepher Yetzirah, a essas referências são muito importantes quando se procura penetrar-lhes a natureza. Afirma-se que Chokmah é o Esplendor da Unidade a seu igual, a que as raízes de Binah estão em Amém, que é também um título de Kether.
30. Geburah é uma Sephirah altamente dinâmica, a sua energia, transbordando no mundo da forma a vitalizando-o, estabelece uma analogia estreita com a força transbordante de Kether, que é a base de toda manifestação.
31.O Texto Yetzirático afirma também que Geburah se une a Binah, o Entendimento. Quando lembramos que, na Astrologia, Saturno, o chakra cósmico de Binah, a Marte, o chakra cósmico de Geburah, chamam-se os Maléficos Major a Menor, vemos que deve haver mais do que uma relação superficial entre os dois.
32. Binah é a causa da morte porque é o dador de forma à força primordial, tomando-a, desse modo, estática; Geburah chama-se Destruidor porque a ígnea força de Marte quebra as formas a as destrói. Vemos, assim, que Binah está etemamente ocupada em encerrar a força na forma, e Geburah em quebrar a destruir perpetuamente todas as formas com a sua energia desagregadora.
33. Mas devemos perceber igualmente que é apenas quando a influência protetora a preservativa de Chesed está ausente que as influências destrutivas de Geburah sáo capazes de operar sobre as formas edificadas por Binah, pois o Caminho das Emanações entre Binah a Geburah passa por Chesed. Geburah é o corretivo essencial de Binah, sem o qual Binah prenderia toda a criação na rigidez. Binah, por sua vez, como assinala o Texto Yetzirático, emana das profundezas primordiais de Chokmah, a Sabedoria. Vemos assim que existe um aspecto dinâmico mesmo em Binah. Nenhuma Sephirah confina-se exclusivamente a um único tipo de força, pois cada Sephirah emana de uma Esfera do tipo oposto de polaridade, a por sua vez emana uma Sephirah de polaridade oposta. O que realmente temos no Relâmpago Brilhante são fases sucessivas no desenvolvimento de uma única força; e, como estas emanam sucessivamente, não se superpondo umas às outras, elas permanecem como planos de manifestação a tipos de organização.
34. Essas fases a planos sucessivos de manifestação podem ser comparados às sucessivas fases de um rio. Este começa como uma corrente montanhosa; depois, toma-se um plácido ribeiro entre os prados; e, finalmente, o grande caminho de água entre as docas por onde passam os navios. Os diferentes trechos do rio permanecem constantes; o tipo de água em cada um é constante; claro a brilhante nos trechos superiores, cheia de aluviões entre os ribeiros dos prados, suja a enegrecida abaixo das docas. Mas, ao mesmo tempo, a água em si não é constante, pois ela não fica estagnada em qualquer ponto, estando em comunicação ininterrupta; as águas “emanam” umas das outras, para utilizar a linguagem da Cabala. Mas a água transforma sua natureza enquanto progride, pois algo se acrescenta a ela pelas experiências por que passa; solo de aluvião dos ribeiros dos prados; a sujeira da cidade nas docas.
35. Da mesma maneira, a emanação primordial de Kether modifica-se em cada trecho sephirótico do rio cósmico; os trechos, ou Esferas sephiróticas, permanecem constantes; as emanações fluem, sofrendo modificações em cada esfera. 36. Os títulos atribuídos a Geburah, tais como Força, Justiça, Severidade a Medo, falam por si mesmos a indicam os aspectos duais dessa Sephirah. A medida que descemos na Árvore em direção aos planos da forma, vemos mais a mais claramente que toda Sephirah é dupla a que seu excesso tende à força desequilibrada.
37. A imagem mágica de um guerreiro poderoso em seu carro, coroado a armado, indica a natureza dinâmica da força Geburah. O chakra cósmico do ígneo Marte expressa ainda mais claramente a mesma idéia.
38. A experiência espiritual evocada pela iniciação na Esfera de Geburah é a visão do poder. É apenas quando um homem a recebe que se toma um Adeptus Major. A manipulação correta do poder é um dos maiores testes que podem ser impostos a qualquer ser humano. Até esse ponto de seu Progresso nos graus, o iniciado aprende as lições da disciplina, controle a estabilidade; ele adquire, de fato, o que Nietzsche chama de moralidade do escravo – uma disciplina muito necessária para a natureza humana impenitente, tão orgulhosa de seu próprio conceito. Com o grau de Adeptus Major, con. tudo, ele deve adquirir as virtudes do super-homem, a aprender a utilizar o poder em vez de submeter-se a ele. Mas, mesmo assim, ele não é a lei, a sim o servo do poder que utiliza, devendo seguir-lhe os propósitos a não servir aos seus. Embora não mais responsável perante seus colegas, ele é ainda responsável perante o Criador do céu a da terra, a deverá render-lhe conta de sua administração.
39. Cabe-lhe uma grande liberdade; mas também um grande esforço. Ele pode pronunciar a palavra de poder que desencadeia o vento, mas deve estar preparado para cavalgar o turbilhão decorrente. Eis um aspecto que o mago amador nem sempre compreende.
40. A energia e a coragem, que são as virtudes de Marte, e a crueldade e a destruição, que são seus vícios quando tais qualidades se tomam excessivas, dispensam comentários, pois são auto-explicativas.
41. Os símbolos atribuídos a Marte-Geburah precisam de algum esclarecimento, contudo, pois seu significado nem sempre transparece à primeira vista.
42. As figuras planas com um número variável de lados são atribuídas aos diferentes planetas e, na magia cerimonial, ou talismánica, são utilizadas como o esquema de qualquer forma associada a uma força planetária. A Saturno, o mais antigo planeta, o primeiro a desenvolver-se no tempo evolutivo, atribui-se a figura bidimensional mais simples, o triângulo. A estabilidade equilibrada de Chesed tem a figura de quatro lados, o quadrado. E, à terceira Sephirah planetária, Marte, atribui-se uma figura de cinco lados, e o cinco é considerado no sistema cabalístico como o número de Marte. Conseqüentemente, o Pentágono, a figura de cinco lados, é o símbolo de Marte, e todo altar a Marte deverá ser pentagonal ou de cinco lados, assim como todo talismã. A Rosa Tudor, de cinco pétalas, que é outro símbolo de Marte, requer mais explicações, mas, quando lembramos a íntima associação entre Marte a Vênus na mitologia, a que a rosa é a flor de Vênus, temos uma chave do significado simbólico correspondente. As linhas de força que cruzam a Árvore vão de Geburah-Marte a Netzach-Vênus, através de Tiphareth, o Lugar do Redentor, o centro do equiliôrio, da mesma maneira que Chesed e Hod se vinculam, como se indica claramente no Texto Yetzirático, que diz que Hod tem sua raiz nos locais ocultos de Gedulah, a quarta Sephirah.
43. Compreendendo, portanto, a íntima relação entre os pares diagonais que formam os quadrantes-do quadrado central da Árvore, entendemos o relacionamento indicado pela forma da rosa com suas cinco pétalas.
44. A espada, a lança, o açoite e a corrente são armas tão características de Marte que dispensam qualquer comentário.
45. Os quatro cincos do baralho do Tart são cartas maléficas, cada uma de acordo com o seu tipo. De fato, todo o naipe de espadas, que está sob o govemo de-Marte, representa a litigiosidade, pois seus melhores aspectos são “Descanso da luta” a “Sucesso após a batalha” e, quando uma carta de Espadas é associada a uma Sephirah cujo chakra cósmico é um dos maléficos astrológicos, o resultado é desastroso, a descobrimos os Senhores da Derrota a da Ruína nesse naipe.
46. Nossa habilidade para receber a iniciação de Geburah depende de nossa disposição para com as forças marcianas, a só podemos determiná-la pelo grau de autodisciplina a estabilidade que atingimos em nossas próprias naturezas.
47. Geburah é a mais dinámica a violenta de todas as Sephiroth, mas é também a mais altamente disciplinada. Na verdade, a disciplina militar, regida pelo deus da Guerra, é um sinônimo da mais rigorosa espécie de controle que pode ser imposto sobre os seres humanos. A disciplina de Geburah precisa adequar-se exatamente a essa energia; em outras palavras, os freios de um carro devem ter uma relação direta com a potência do motor se queremos dirigir a salvo na estrada. É essa tremenda disciplina de Geburah que é um dos pontos de teste dos Mistérios. Empregamos a expressão “disciplina de ferro” a ferro é o metal de Marte.
48. O iniciado de Geburah é uma pessoa muito dinâmica a severa, mas é também uma pessoa muito controlada. Suas virtudes características são a calma e a paciência sob a provocação. No campo esportivo, que é o aspecto lúdico do deus da Guerra, sabe-se que a perda da paciéncia implica a derrota. Todo boxeador sabe que, se a cólera se apoderar dele instigando-o a lutar em vez de boxear, as vantagens estarão contra ele. O iniciado de Marte é essencialmente o Guerreiro Feliz, o iniciado que passou pelo grau de Tiphareth e conquistou o equilíbrio.
49. Ele luta sem malícia; perdoa o fraco e o ferido; não combate para destruir a lei, mas para que ela seja corretamente respeitada. É o restaurador do equilíbrio e, como tal, é sempre o defensor dos fracos a dos oprimidos. Nunca é um deus que se encontra do lado dos grandes exércitos, embora diga: “Com os obstinados, mostro-me obstinado.” Ele agarra o gigante de duas cabeças das Qliphoth, Thaumiel, as Duas Forças Oponentes, bate-lhes as cabeças a diz: “Maldição para as tuas casasl Fica na paz de Deus ou te arrependerásl”
50. Quando uma alma está naquele estágio de desenvolvimento em que o único caminho pelo qual se pode desenvolver é o da experiéncia, Geburah não o desaponta, a cuida para que ela encontre o que está procurando. Geburah é o Grande Iniciador dos presunçosos.
QLIPHA
גולחב Golohab/Golachab/Golab(GVLAB ou GVLChB)
Demonio: Asmodeus
Significado: Os incendiários
Descrição: Formas com enormes cabeças negras, algumas vezes parecidas com vulcões em erupção.
Poder: Agressão, Violência
Nomes de Poder: GALEB (GLEB): GAMELIEL + BARASHIEL + EBAIKIEL + LEBREXIEL
Planeta: Marte
Tarot:Torre
Se Geburah é a esfera da Força e poder para governar, Golachab é a esfera dos destruidores queimam tudo até a aniquilação mesmo do que é útil e necessário – até a si mesmos. Esta é a esfera do confronto, daqueles que só pensam em destruir. O ódio impetuoso, a vingança caprichosa, o egoísmo, a inveja, a traição e discórdia, a dor e a violência destrutiva incendeia e consome seus perpetradores.
Marte representa a guerra, como força da natureza, o fogo que destrói, e a carta da Torre demonstra em seu simbolismo a destruição. Esta esfera é também relacionada a Tubal-Caim, um descendente de Caim que era ferreiro e aprimorou a arte de Caim, sendo um fabricante de armas. Um de seus principais habitantes é Usiel, “ruína de Deus”.
Seu Demônio regente é Asmodeus/Aeshmadeus, o perverso espírito dos impulsos animalescos e descontrolados, espírito tentador fornicário de paixões baixas e destrutivas e do assassinato passional. Tido como demônio da Luxúria, a entidade ligada a Destruição, sendo o portador da “Lança do ferimento”, do “Mangual ensanguentado” e da “Espada de Shaitan”. É considerado o construtor (não o arquiteto) do Templo de Salomão, construindo-o sem a utilização de nenhuma ferramenta.
Arquétipos Qliphóticos:
Erínias: As Erínias (Fúrias para os romanos – Furiæ ou Diræ) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nêmesis(deusa da vingança) punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável). Viviam nas profundezas do tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o deus Urano foi castrado por Cronos. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente.
Surtur: Deus escandinavo do fogo e da destruição, rei dos filhos malignos de Muspel, o gigante do fogo.
Loki: Deus escandinavo do fogo, do caos e da destruição, é inteligente, astuto e calculista.
Fenris: Lobo escandinavo da fúria, da violência e da destruição.
Gibil: Desus sumeriano do fogo, do sangue, da morte e da destruição.
Samael: Anjo hebreu da guerra, das armas e das paixões violentas.
Azazel: Demônio hebreu da guerra, das armas e das paixões violentas, regente das injustiças.
Pele: A deusa polinésia dos vulcões, do fogo, das paixões violentas, da vingança e da guerra.
Andras: Demônio goético da discórdia, dos crimes de guerra e da morte violenta.
6 – TIPHARETH – THAGIRIO
Títulos: Tiphareth, Beleza. (Em hebraico, תפארת : Tau, Pé, Aleph, Resh, Tau.)
Imagem Mágica: Um rei majestoso. Uma criança. Um deus sacrificado.
Localização na Árvore: No centro do Pilar do Equiliíbrio.
Texto Yetzirático: O Sexto Caminho chama-se Inteligência Mediadora, pois nele se multiplicam os influxos das emanações, fluindo essas influências para todos os reservatórios das bênçãos com que se unem.
Títulos conferidos a Tiphareth: Zoar Anpin, o Rosto Menor. Melekh, o Rei. Adão. O Filho. O Homem.
Nome Divino: Tetragrammaton Aloah Va Daath.
Arcanjo: Rafael.
Coro Angélico : Malachim, mensageiros.
Chakra Cósmico: Shemesh, o Sol.
Experiência Espiritual: Visão da harmonia das coisas. Mistérios da crucificação.
Virtude: Devoção à Grande Obra.
Vício : Orgulho.
Correspondência no Microcosmo: O peito.
Simbolos: O lámen. A Rosa-cruz. A cruz do Calvário. A pirámide truncada. O cubo.
Cartas do Tarô: Os quatro seis: Seis de Paus: vitória; Seis de Copas: alegria; Seis de Espadas: sucesso merecido; Seis de Ouros: sucesso material.
Cor em Atziluth: Rosa-claro.
Cor em Briah: Amarelo.
Cor em Yetzirah: Rosa-salmão intenso.
Cor em Assiah: Ambar-dourado.
1. Há três importantes chaves para a natureza de Tiphareth. Em primeiro lugar, ela é o centro de equilíbrio de toda a Árvore, estando no meio do Pilar Central; em segundo lugar, é Kether num arco inferior a Yesod num arco superior; em terceiro lugar, é o ponto de transmutação entre os planos da força a os planos da forma. Os títulos que lhe são conferidos na nomenclatura cabalística confirmam esses três aspectos. Do ponto de vista de Kether, ela é uma criança; do ponto de vista de Malkuth, é um rei; e, do ponto de vista da transmutação de força, é um deus sacrificado.
2. Macrocosmicamente, ou seja, do ponto de vista de Kether, Tiphareth é o equilibrio de Chesed a Geburah; microcosmicamente, ou seja, do ponto de vista da psicologia transcendental, é o ponto em que os tipos de consciência característicos de Kether a Yesod são concentrados num foco. Hod a Netzach encontram igualmente sua síntese em Tiphareth.
3. As seis Sephiroth, de que Tiphareth é o centro, são às vezes chamadas de Adão Cadmo, o homem arquetípico; de fato, Tiphareth não pode ser corretamente compreendida senão como o ponto central dessas seis esferas, que ela govema como um rei em seu domínio. São essas seis que, para todos os propósitos práticos, constituem o reino arquetípico que repousa atrás do reino da forma em Malkuth a domina a determina completamente a passividade da matéria.
4. Quando temos de considerar uma Sephirah em relação às suas vizinhas, a fim de tentar interpretá-la à luz de sua localização na Árvore, não é possível proceder a uma exposição inteiramente metódica a ordenada do sistema cabalístico, pois que, se desejamos nos fazer compreendidos, devemos neeessariamente começar por explicações parciais. Devemos, por conseguinte, adiantar algumas explicaçóes sobre as trés Sephiroth inferiores agrupadas em tomo de Tiphareth: Netzach, Hod a Yesod.
5. Netzach relaciona-se com as forças da natureza a com os contatos elementais; Hod, com a magia cerimonial a com o conhecimento oculto; e Yesod, com o psiquismo e o duplo etéreo. Tiphareth, assistida por Geburah e Gedulah, representa a vidência, ou o psiquismo superior da individualidade. Cada Sephirah, naturalmente, tem seus aspectos subjetivos a objetivos – seus fatores na psicologia a seu plano no universo.
6. As quatro Sephiroth sob Tiphareth representam a personalidade ou o eu inferior; as quatro Sephiroth acima de Tiphareth são a individualidade, ou o eu superior, a Kether é a centelha divina, ou núcleo de manifestação.
7. Tiphareth, por conseguinte, jamais deve ser encarada como um fator isolado, a sim como um vínculo, um ponto focal, um centro de transição ou transmutação. O Pilar Central relaciona-se sempre com a consciência. Os dois Pilares laterais, com os diferentes modos de operação da força nos diferentes níveis.
8. Em Tiphareth, encontramos os ideals arquetípicos concentrados num foco a transmutados em idéias arquetípicas. Ela é, na verdade, o Lugar da Encarnaçao. Por essa razão, chama-se A Criança. E porque a encamação do ideal de Deus também implica a desencarnaçáo sacrifical, atribuem-se a Tiphareth os Mistérios da crucificação, a todos os deuses sacrificados são colocados nessa Esfera quando se sobrepõem os panteões à Árvore. Deus Pai é atribuído a Kether; mas Deus Filho, pelas razões dadas acima, é atribuído a Tiphareth.
9. A religião exotérica jamais ultrapassa Tiphareth na Árvore. Ela nada compreende dos mistérios da criação representados pelo simbolismo de Kether, Chokmah a Binah, ou dos modos de operação dos Anjos das Trevas e dos da Luz representados no simbolismo de Geburah a Gedulah; nem dos mietérios da consciência a da transmutação de força representados na Sephirah invisível, Daath, que não tem nenhum simbolismo.
10. Em Tiphareth, Deus se manifesta na forma a habita entre nós; isto é, penetra no ámbito da consciência humana. Tiphareth, o Filho, “mostranos” Kether, o Pai.
11. Para que a forma possa estabilizar-se, as forças que a compôem devem estar equilibradas. Por conseguinte, a idéia do Mediador, ou Redentor, é inerente a essa Sephirah. Quando a divindade, seu próprio eu, se manifesta na forma, essa forma precisa estar perfeitamente equilibrada. Poder-seia corretamente inverter a proposição a dizer que, quando as forças que edificam uma forma estão perfeitamente equilibradas, a divindade, seu próprio eu, se manifesta nessa forma de acordo com seu tipo. Deus manifesta-se entre nós quando as condições permitem a manifestaçâo.
12. Vindo à manifestação, nos planos da forma, no aspecto de Criança de Tiphareth, o deus encarnado chega à maturidade a torna-se o Redentor. Em outras palavras, tendo obtido a encamação por meio da matéria num estado virginal, isto é, Maria, Marah, o Mar, a Grande Mãe, Binah, a Suprema, distinta da Mãe Inferior, Malkuth, a manifestação de Deus em desenvolvímento procura para sempre reter o Reino de suas Sephiroth centrais num estado de equilíbrio.
13. Quando se representa na Árvore o hieróglifo da Queda, é interessante notar que as cabeças da Grande Serpente que provém do Caos chegam até Daath a não a ultrapassam.
14. O Redentor, portanto, manifesta-se em Tiphareth, a faz um esforço incessante para redimir o seu Reino, reunindo-o às Esferas Supremas através do abismo aberto pela Queda, que separou as Sephiroth inferiores das superiores, a procurando equilibrar as diversas forças do reino sêxtuplo.
15. Para esse fim, sacrificam-se os deuses encarnados, morrendo pelo povo, a fim de que a tremenda força emocional libertada por esse ato possa compensar a força desequilibrada do Reino e, assim, redinefini-lo ou equilibrá-lo.
16. Essa Esfera da Árvore recebe o nome de Centro Cristológico, e é aqui que a religião cristã tem seu ponto focal. As fés panteístas, tais como a grega e a egípcia, centralizam-se em Yesod; a as fés metafísicas, tais como a budista e a confucionista, visam a Kether. Mas, assim como todas as religiões dignas do nome têm um aspecto esotérico ou místico, a um aspecto exotérico ou panteísta, o Cristianismo, embora seja essencialmente uma fé tipharéthica, tem seu aspecto místico centralizado em Kether, a seu aspecto mágico, como se vê no Catolicismo popular, centralizado em Yesod. Seu aspecto evangélico visa à concentração em Tiphareth como Criança e Deus Sacrificado, a ignora o aspecto do Rei no centro de seu Reino, rodeado pelas cinco Sephiroth sagradas da manifestação.
17. Consideremos, agora, a Árvore do ponto de vista macrocósmico, observando os diferentes arquétipos da força manifestante que entra em ação a edifica o universo, analisando-as apenas remotamente, do ponto de vista microcósmico, em seu aspecto psicológico, como fatores da consciência. Mas, com Tiphareth, nosso modo de aproximação se modifica, pois doravante as forças arquetípicas estão encerradas em formas, a só podemos nos aproximar delas do ponto de vista de seu efeito sobre a consciência; em outras palavras, nosso modo de aproximação deve se fazer por meio da experiência direta dos sentidos, embora esses sentidos não pertençam apenas ao plano físico, mas funcionam tanto em Tiphareth como em Yesod, cada um de acordo com o tipo que lhe corresponde. Enquanto estávamos nos níveis superiores, tivemos de contar com a analogia metafísica a raciocinar por dedução a partir dos primeiros princípios; estamos agora no campo legítimo da ciência indutiva, a devemos nos submeter à sua disciplina e expressar nossas descobertas em seus termos; mas, ao mesmo tempo, devemos manter nosso vínculo com o transcendental através de Tiphareth; podemos fazê-to expressando o simbolismo de Tiphareth nos termos da experiência mística. Todas as experiências místicas do tipo em que a visão termina numa luz cegante são atribuídas a Tiphareth, pois a dissolução da forma no influxo opressivo da força caracteriza o modo transitório da consciência dessa Esfera na Árvore. As visões que mantêm claramente a forma definida são características de Yesod. As iluminações que não têm forma, como as descritas por Plotino, dizem respeito a Kether.
18. Em Tiphareth, reúnem-se e recebem interpretação as operações da magia natural de Netzach e a magia hermética de Hod. Ambas essas operações realizam-se em termos de forma, embora a forma predomine na operaçáo de Hod num grau maior do que nas de Netzach. Todas as visões astrais de Yesod devem ser traduzidas em termos de metafísica através das experiências místicas de Tiphareth. Se essa tradução não é feita, caímos nas alucinações, pois acreditamos que os reflexos projetados no espelho da mente subconsciénte a traduzidas aqui em termos de consciência cerebral são as coisas reais – de que elas são, na verdade, apenas as representações simbólicas.
19. Kether é metafísica; Yesod é psíquica; a Tiphareth é essencialmente mística, compreendendo-se o termo “místico” como um modo de operação mental em que a consciência cessa de trabalhar nas representaçôes subconscientes simbólicas, ganhando conhecimento por meio de reações emocionais.
20. Os diferentes títulos adicionais e o simbolismo atribuído às várias Sephiroth, a especialmente os nomes divinos, dão-nos uma chave importantíssima para a compreensão dos mistérios da Bíblia, que é essencialmente um livro cabalístico. De acordo com a maneira pela qual a Divindade é referida, sabemos a que Esfera da Árvore o modo particular de manifestação deve ser referido. As referências ao Filho concernem sempre a Tiphareth; as referências ao Pai referem-se a Kether; as referências ao Espírito Santo referem-se a Yesod; a os mistérios mais profundos são secretos, pois o Espírito Santo é o aspecto da Divindade que é adorado nas lojas ocultas; a adoração das forças naturais panteístas a as operações elementais ocorrem sob o governo de Deus Pai; e o aspecto ético a regenerativo da religião, que é o aspecto exotérico destinado à sua época, está sob o governo de Deus Filho em Tiphareth.
21. O iniciado, contudo, transcende sua época, a visa à união dos três modos de adoração em seu culto à Divindade enquanto trindade na unidade; o Filho redime o culto panteísta da natureza da degradação a torna o Pai transcendental compreensível à consciência humana, pois “aquele que Me viu viu o Pai”.
22. Tiphareth, contudo, não é apenas o centro do Deus Sacrificado, mas também o centro do Deus Inebriador, o Dador de Iluminação. Dionísio refere-se a esse centro, assim como Osíris, pois, como já vimos, o Pilar Central diz respeito aos modos de consciência; e a consciência humana, elevando-se de Yesod pelo Caminho da Flecha, recebe a iluminaçáo em Tiphareth; por conseguinte, todos os dadores de iluminação nos Panteões são atribuídos a Tiphareth.
23. A iluminação consiste na introdução da mente num modo de consciência mais elevado do que aquele que é edificado a partir da experiência sensorial. Na iluminação, a mente muda de marcha, por assim dizer. Mas, a não ser que o novo modo de consciência seja vinculado ao anterior a traduzido em termos de pensamento finito, esse modo manifesta-se como um raio de luz que cega por seu brilho. Não vemos por meio do raio de luz que brilha sobre nós, mas por meio do reflexo desse raio, que se projeta sobre os objetos de nossa própria dimensão. A não ser que nossas mentes possuam idéias que possam ser iluminadas por esse modo superior de consciência, elas serão simplesmente esmagadas e, após esse experiência cegante com um modo superior de consciência, a escuridão será muito mais intensa para os nossos olhos, do que o era antes. Na verdade, não mudamos exatamente de marcha, mas deixamos o mecanismo de nossa mente como que desembreado. Esse é, de modo geral, o significado da iluminação. Por mais breve que seja o relâmpago, ele é suficiente para convencer-nos da realidade da existência suprafísica, mas não para ensinar-nos algo a respeito de sua natureza.
24. A importância do estágio de Tiphareth na experiência mística reside no fato de que a encamação da Criança ocorre aqui; em outras palavras, a experiência mística engendra gradualmente um corpo de imagens que se ilnminam a se tomam visíveis quando ocorrem as iluminaçôes.
25.O aspecto de Criança de Tiphareth é também um aspecto muito importante para nós no trabalho prático dos Mistérios relativos à iluminação. Pois devemos aceitar o fato de que a Criança-Cristo não nasceu, como Minerva, da cabeça de Deus Pai, mas começa com uma pequena coisa, deitada humildemente entre os animais a sem mesmo ser admitida na hospedaria com os humanos. Os primeiros raios da experiência mística devem ser obrigatoriamente muito limitados, pois não tivemos tempo para construir, graças à experiência, um corpo de imagens a de idéias que possam representá-las. Precisamos de muito tempo para reunir essas imagens a idéias às experiências transcendentais, acrescentando sua quota e a subseqüente meditação racional que as organiza.
26. Os místicos cometem com freqüência o erro de pensar que estão seguindo a Estrela até o lugar do Sermão da Montanha a não à manjedoura de Belém, onde ocorreu o nascimento. E aqui que o método da Árvore revela toda a sua utilidade, permitindo ao transcendental expressar-se em termos de simbolismo, a que o simbolismo se expresse em termos de metafísica, unindo assim o psiquismo com o espiritual por meio do intelecto, e iluminando os três aspectos de nossa consciência temária.
27. É em Tiphareth que essa tradução se faz, pois é nessa Esfera que se reúnem as experiências místicas da consciência direta que iluminam os símbolos psíquicos.
28. O Pilar Central da Árvore é essencialmente o Pilar da Consciência, assim como os dois Pilares laterais são os Pilares dos poderes ativos a passivos. Quando considerada microcosmicamente, ou seja, do ponto de vista da psicologia a não da cosmologia, Kether, a Centelha Divina em torno da qual se organiza o ser individualizado, deve ser encarada antes como o núcleo da consciência do que como a própria consciência. Daath, a Sephirah invisível, é também o Pilar Central, embora, falando estritamente, ela pertença sempre a um plano diferente daquele em que a Árvore está sendo considerada. Por exemplo, como no momento estamos considerando a Árvore microcosmicamente, Daath seria o ponto de contato com o macrocosmo. É só com Tiphareth que alcançamos a consciência claramente definida e individualizada.
29. Tiphareth é o ápice funcional da Segunda Tríade da Árvore, cujos dois ângulos básicos consistem em Geburah a Gedulah (Chesed). Essa Segunda Tríade, emanando da Primeira Tríade das Três Supremas, forma a individualidade evolutiva, a alma espiritual. É ela que perdura a se repete através da evolução, é dela que emanam as sucessivas personalidades, as unidades da encamação, e é nela que a essência ativa da experiência se reabsorve ao final de cada encarnação, quando a unidade encarnada volta ao pé a ao éter.
30. É essa Segunda Tríade que forma a Sobrealma, o Eu Superior, o Santo Anjo da Guarda, o Primeiro Iniciador. É essa voz desse eu superior que com freqüência se ouve, a não a voz de entidades desencamadas, ou do próprio Deus, como pensam aqueles que foram treinados na tradição.
31. Ofuscada a dirigida pela Segunda Tríade, a Terceira Tríade organiza-se através da experiência da encarnação, com Malkuth como seu veículo físico. A consciência cerebral pertence a Malkuth, e é a única de que dispomos enquanto estamos aprisionados em Malkuth. Mas as portas de Malkuth náo estáo rigorosamente fechadas nos dias de hoje, a são muitos aqueles que podem enxergar através dos estalidos da fantasmagoria do plano astral, experimentando a consciência psíquica de Yesod. Quando essa Esfera é alcançada, o Caminho se abre para o psiquismo superior – a verdadeira vidência, que é característica da consciência de Tiphareth.
32. Nossa primeira experiência do psiquismo superior, portanto, expressa-se normalmente, no início, em termos do psiquismo inferior, pois, ao nos livrarmos de Malkuth, contemplamos o Sol de Tiphareth da Esfera lunar de Yesod. Por conseguinte, ouvimos vozes com o ouvido interior a vemos visões com o olho interior, mas elas diferem da consciência psíquica comum porque não são as representações diretas das formas astrais, mas apresentaçôes simbólicas das coisas espirituais em termos de consciência astral. Essa é uma função normal da mente subconsciente, e é muito importante que seja plenamente compreendida, pois a má interpretação desse ponto dá origem a seriíssimos problemas, podendo até mesmo conduzir ao desequilíbrio mental.
33. Aqueles que estão familiarizados com a terminologia cabalística sabem que a primeira das iniciaçóes maiores consiste no poder de desfrutar do conhecimento a da conversação de nosso Anjo da Guarda Sagrado; este, lembremos, é, na verdade, nosso próprio eu superior. A característica desse modo superior de operação mental não consiste em vozes nem visões, mas é consciência pura; é uma intensificação da consciência, a dessa atividade da mente provém um poder peculiar de compreensão a penetração que partilha da natureza da intuição superdesenvolvida. A consciência superior nunca é psíquica, mas intuitiva, a não contém nenhuma imagética sensorial. É essa ausência de imagética sensorial que informa o iniciado experiente de que ele está no nível da consciência superior.
34. Os antigos sabiam disso, a estabeleciam uma diferença entre os métodos mântricos que provocam os contatos ctónicos e a divina inebriação dos Mistérios. As Mênades que dançavam no cortejo de Dionísio pertenciam a uma ordem de iniciação totalmente diferente da ordem das pitonisas; as pitonisas eram sensitivas a médiuns, mas as Mênades, as iniciadas dos Mistérios Dionisíacos, experimentavam uma exaltação da consciência a uma aceleração da vida que lhes permitiam realizar surpreendentes proezas de força.
35. Todas as religiões dinâmicas têm seu aspecto dionisíaco; muitos santos da religiâo cristã relataram que o Cristo Crucificado de sua devoção lhes veio na forma do Esposo Divino; e, quando falam dessa inebriação divina de que participaram, sua linguagem utiliza as metáforas do amor humano como sua expressão apropriada – “Como és adorável, minha irmã, minha esposa”; “Aturdido pelos beijos dos lábios de Deus (. . .)”. Essas coisas dizem muito para aqueles que sabem compreendê-las.
36. O aspecto dionisíaco da religião representa um fator essencial na psicologia humana, e é a má compreensáo desse fato que, por um lado, impede a manifestação das experiências espirituais superiores em nossa moderna civilizaçáo e, por outro, permite as estranhas aberrações do sentimento religioso que, de tempos em tempos, dá origem ao escândalo e à tragédia nas posiçáes mais elevadas de movimentos religiosos bastante dinâmicos.
37. Há uma certa concentração a exaltação emocional que possibilita as fases superiores de consciência, a sem a qual é impossível atingi-las. As imagens do plano astral se transformam numa emoção com a intensidade do fogo ardente e, quando toda a escória da natureza se transforma em chamas, a fumaça se clareia, a somos deixados com o fogo branco da consciência pura. Pela própria natureza da mente humana, que tem o cérebro como seu instrumento, esse fogo branco não pode durar por muito tempo; mas, no breve espaço de sua duração, o temperamento sofre mudanças, e a própria mente recebe novos conceitos a experimenta uma expansão que nunca se retrai por completo. A tremenda exaltação da experiência desaparece, mas somos deixados com uma permanente expansão da personalidade, uma capacidade intensificada para a vida em geral a um poder de compreensão das realidades espirituais que nunca seriam nossas se não nos balançássemos forçosamente por sobre o grande abismo da consciência no momento do êxtase.
38. Os líderes espirituais de hoje não têm qualquer conhecimento da técnica da produção deliberada do êxtase a nenhuma idéia de como dirigi-lo quando ocorre espontaneamente. Os revivalistas conseguiram produzir uma forma híbrida de êxtase entre as pessoas de pouca instrução, utilizando o magnetismo pessoal, e o valor de um revivalista é medido por seu poder de inebriar os ouvintes. Mas as conseqüências dessa inebriação equivalem às de qualquer outra inebriação, e a vida parece extremamente velha, tediosa e inútil quando o revivalista se volta para outros campos de atividade. Quando a inebriação tem fim, o converso pensa que perdeu Deus; ninguém parece compreender que o êxtase é um relâmpago de magnésio na consciência e que, se fosse prolongado, queimaria o cérebro e o sistema nervoso. Mas, embora ele não possa ser prolongado, a não se pense em prolongá-lo, graças a ele atravessamos o centro morto da consciência a despertamos para uma vida superior.
39. A técnica da Árvore oferece uma definição precisa para essas experiências espirituais, a aqueles que são treinados nessa técnica não tomam o despertar de sua própria consciência superior como a voz de Deus. Da consciência sensorial de Malkuth, por meio do psiquismo astral de Yesod, às intuições informes e à consciência ativada de Tiphareth, eles sobem e descem suave a habilmente, nunca confundindo os planos ou sofrendo a sua mistura, mas concentrando-os numa consciência centralizada.
40. Os cabalistas chamam Tiphareth de Shemesh, ou Esfera do Sol, e é interessante notar que todas as divindades solares são deuses curadores, e que todos os deuses curadores são deuses solares – fato em que devemos meditar.
41. O Sol é o ponto central de nossa existência. Sem o Sol não haveria o sistema solar. A luz do Sol exerce um papel importantíssimo no metabolismo, ou processo vital, das criaturas vivas, a toda a nutrição das plantas verdes depende dele. Sua influência está intimamente ligada à das vitaminas, o que é comprovado pelo fato de certas vitaminas poderem ser utilizadas para suplementar a sua ação. Vemos, por conseguinte, que a luz solar é um fator muito importante em nosso bem-estar; poderíamos it mais longe e dizer que ele é essencial à nossa existência a que nossa associação com o Sol é muito mais íntima do que compreendemos.
42. O símbolo do Sol no reino mineral é o ouro, puro a precioso, que todas as nações concordaram em chamar de metal solar a reconhecer como metal precioso a unidade básica de troca. O papel exercido pelo ouro na política das nações excede bastante a sua utilidade intrínseca como mental. O ouro é, ademais, a única substância na Terra que é incorruptível a imaculável. Ele pode embaçar devido à acumulação de impurezas em sua superfície, mas o metal em si, ao contrário da prata a do ferro, não sofre alteração ou decomposição química. Nem a água consegue corroê-lo.
43. O Sol é para nós o Dador de Vida e a fonte de todo ser; é o único símbolo adequado de Deus Pai, que pode apropriadamente ser chamado de Sol atrás do Sol, sendo Tiphareth, na verdade, o reflexo imediato de Kether. É por meio da mediação do sol que a vida se originou na Terra, e é por meio da consciência tipharética que entramos em contato com as fontes da vitalidade a as assimilamos, tanto consciente quanto inconscientemente.
44. O Sol é, acima de todas as coisas, o símbolo da energia manifestante; são as efusões súbitas a excepcionais da energia espiritual a solar que causam a inebriação divina do êxtase; é o ouro, como base monetária, o representante objetivo da força da vida exteriorizada; pois, na verdade, o dinheiro é vida a vida é dinheiro, pois sem dinheiro não podemos viver plenamente a vida. A força vital, que se manifesta no plano físico como energia e no plano mental como inteligência a conhecimento, pode ser transmutada, pela alquimia apropriada, em dinheiro, que é a prova da capacidade ou energia de alguém. O dinheiro é o símbolo da energia humana, por meio da qual podemos acumular, hora após hora, o produto de nosso trabalho, recebendo-o como salário no final do mês, a gastando-o em coisas necessárias ou guardando-o para a utilização futura que considerarmos conveniente. O ouro que garante as cédulas monetárias é um símbolo da energia humana, a só pode ser obtido por um gasto dessa energia; embora ela possa ser a energia de um pai ou de um marido, transmitida por herança, não obstante é o símbolo da atividade de algum ser humano em alguma esfera, mesmo se esta for apenas a da sociedade de ladrões.
45. Os movimentos secretos a subterrâneos do ouro atuam na política das nações como os hormônios no corpo humano; a há leis cósmicas que lhe governam os movimentos cíclicos a fortuitos, sobre as quais os economistas não fazem a menor idéia.
46. Kether, o Espaço, a fonte de toda existência, reflete-se em Tiphareth, que age como um transformador a distribuidor da energia espiritual primordial. Recebemos essa energia diretamente por meio da luz solar, e indiretamente por meio da clorofila nas plantas verdes, que lhes possibilita utilizar a luz solar, a que ingerimos em primeira mão nos alimentos vegetais e em segundo lugar, nos tecidos dos animais hérbívoros.
47. Mas o deus solar é mais do que a fonte da vida. Ele é também o curador que age quando a vida vai mal. Pois é a própria vida, seus excessos, falta, ou maldirecionamento, que constitui a atividade nos processos da enfermidade; a enfermidade não tem energia, a não ser a que rouba à vida do organismo. É, por conseguinte, pelos ajustamentos na força vital que a cura pode ser realizada, a os deuses solares são os deuses naturais que devem ser evocados a esse respeito, pois a vida e o Sol estão intimamente associados.
48. É por meio do conhecimento da manipulação da influência solar que os antigos sacerdotes-iniciados realizavam suas curas, e a adoração do Sol está na raiz do culto de Esculápio na Grécia antiga.
49. Nós, os modernos, aprendemos o valor da luz solar e das vitaminas em nossa economia fisiológica, mas não compreendemos o papel importantíssimo desempenhado pelo aspecto espiritual das influências solares em nossa economia psíquica, utilizando essa palavra em seu sentido dicionarizado. Há um fator tipliarético na alma humana que, de acordo com a tradição antiga, tem sua correspondência física no plexo solar, não na cabeça ou no coração, que é capaz de recolher o aspecto sutil da energia solar da mesma maneira pela qual a clorofila na folha de uma planta recolhe seu aspecto mais tangível. Se nos privamos dessa energia a somos impedidos de assimilá-la, adoecemos a enfraquecemos, tanto na mente como no corpo, como as plantas que crescem num porão, privadas de sua luz.
50. Essa separação do aspecto espiritual da natureza deve-se às atitudes mentais. Quando recusamos reconhecer nosso papel na natureza, e o papel da natureza em nós, inibimos esse fluxo livre de magnetismo vitalizante que circula entre a parte e o todo; a na falta de certos elementos essenciais à função espiritual, a saúde psíquica é impossível.
51. Os psicanalistas atribuem grande importância à repressão como uma causa da enfermidade psíquica; eles aprenderam a reconhecer a repressão porque, em sua forma extrema, de repressão sexual, seus efeitos nocivos são evidentes. Eles não compreenderam, contudo, que a repressão sexual, a não ser quando causada pelas circunstâncias, caso em que não dá origem a dissociações, é apenas o resultado de uma causa que reside muito além do sexo, a tem suas raízes numa falsa espiritualidade, um refinamento a um idealismo espúrio, que conduziu à supressão da simpatia, da franqueza a da gratidão numa criatura viva em face do Dador de Vida, o aspecto superior da natureza. Isso tem como causa a sua vaidade espiritual, que considerava indignos os aspectos mais primitivos da natureza.
52. É por causa de nossos ideais espúrios, com seus falsos valores, que temos tantas enfermidades neuróticas em nosso meio. É por não honrarmos a Priapo e a Cloacina como divindades que fomos amaldiçoados pelo deus do Sol a separados de Sua influência benéfica, pois um insulto aos Seus aspectos inferiores é um insulto á Ele.
53. Quando uma criatura não está num estágio adequado para a reprodução, o chamado do sexo lhe é repugnante; essa é a base natural do pudor, que protege o organismo do desgaste a da exaustão. Como uma acumulação dos excrementos decompostos dá origem à enfermidade, o odor de seus excrementos é repulsivo às criaturas vivas, mesmo àquelas de desenvolvimento mais inferior, de modo que elas evitam a sua proximidade. Por causa dessas duas repulsas, tão racionais a úteis sob condições naturais, os diversos modos dos tabus irracionais se desenvolveram sob nossas condições artificiais de vida civilizada.
54. Nossa atitude em face dessas duas importantes seçôes da vida natural implica que elas são desnaturais, degradadas, venenosas. Conseqüentemente, privamo-nos dos contatos terrestres; então, o circuito se quebra e os contatos celestes nos faltam. A corrente cósmica provém de Kether, passa por Tiphareth a Yesod, a chega a Malkuth; se o circuito se quebra em qualquer parte, ele não pode funcionar. Certo, é impossível quebrar totalmente o circuito durante a vida, pois os processos vitais estão tão profundamente enraizados na natureza, que não podemos suprimi-los por completo; mas uma atitude mental pode causar um entupimento do cano, por assim dizer, a pode tanto isolá-la a inibi-la a ponto de permitir que apenas um magro fluxo seja aspirado pelo organismo desesperado.
55. Em Tiphareth, o Sol Central a espiritual se manifesta no natural, a deveríamos reverenciar o deus do Sol como representante da naturalização dos processos espirituais; a espiritualização dos processos naturais teria muito a responder na história do sofrimento humano.
56. Os símbolos atribuídos à Sexta Sephirah tomam-se tema de um estudo muito iluminador quando os examinamos à luz do que agora sabemos sobre o significado de Tiphareth, pois temos aqui um exemplo muito claro da maneira pela qual os símbolos atribuídos a uma dada Sephirah se entrelaçam numa interminável cadeia de associações concatenadas.
57. O significado da palavra hebraica Tiphareth é beleza; a das muitas definiçôes de beleza que foram propostas, a mais satisfatória é a que faz a beleza constituir uma relação de proporçôes harmoniosas, qualquer que seja a coisa bela, moral ou material. Por conseguinte, é interessante descobrir a Sephirah da Beleza como o ponto central de equilíbrio de toda a arvore, constatando que uma das duas experiências espirituais atribuídas a Tiphareth é a visão da harmonia das coisas.
58. É curioso que duas experiências espirituais distintas e, à primeira vista, sem relação recíproca, sejam atribuídas a Tiphareth; ela é, de fato, a única Esfera da Árvore em que isso ocorre. É também a única a que se atribuem diversas imagens mágicas; devemos perguntar, por conseguinte, por que é essa Sephirah central que tem esses múltiplos aspectos. A resposta encontra-se no Texto Yetzirático que lhe corresponde, o qual declara: “O Sexto Caminho chama-se Inteligência Mediadora.” Um mediador é essencialmente um elo unificador, um intermediário; conseqüentemente, Tiphareth, em sua posição central, deve ser encarada como um comutador de duas fases, a devemos considerá-la ao mesmo tempo como receptora dos “influxos das emanaçôes” a como causa das influências que fluem “para todos os reservatórios das bênçãos”. Podemos assim considerá-la como a manifestação exterior das cinco Sephiroth mais sutis, a também como o princípio espiritual que subjaz às quatro Sephiroth mais densas. Se a considerarmos do Iado da forma, ela é força; se a considerarmos do lado da força, é forma. Ela é, de fato, a Sephirah arquetípica em que os grandes princípios representados pelas cinco Sephiroth superiores são formulados em conceitos. “Nele se multiplicam os influxos das emanações”, como declara o Sepher Yetzirah.
59.O nome Zoar Anpin, o Rosto Menor, antónimo de Arik Anpin, o Rosto Enorme, um dos títulos de Kether, confirma essa idéia. Pois as formulações informes de Kether tomam forma nessa Sephirah, a esfera da mente superior. Como já observamos anteriormente, Kether se reflete em Tiphareth. O Velho dos Dias vê-se refletido como num espelho, e a imagem refletida do Rosto Enorme chama-se Rosto Menor a Filho.
60. Mas, embora seja uma manifestação menor a uma geração mais jovem quando vista de cima, Tiphareth é também Adão Cadmo, o Homem Arquetípico, quando considerada de baixo – ou seja, do lado de Yesod e Malkuth. Tiphareth é Malek, o Rei, o Esposo de Malkah, a Noiva, que é um dos títulos de Malkuth.
61. É em Tiphareth que encontramos as idéias arquetípicas que formam a estrutura invisível de toda criação manifesta que formula a expressa os princípios primários emanados das Sephiroth mais sutis. Ela é, por assim dizer, um tesouro de imagens num arco superior; mas, ao passo que o plano astral é povoado por imagens refletidas das formas, as imagens da Esfera de Tiphareth são aquelas que se formulam e, por assim dizer, se cristalizam a partir das emanações espirituais das potências superiores.
62. Tiphareth é o mediador entre o microcosmo e o macrocosmo; “Como em cima, tal é embaixo”, essa é a linha mestra da Esfera de Shemesh, na qual o Sol que está atrás do Sol se concentra na manifestação.
63. Encontramos na anatomia do Homem Divino a interpretação do sentido da organização a da evolução; de fato, o universo material consiste literalmente nos órgãos a nos membros desse Homem Divino; e é através de uma compreensão da alma de Adão Cadmo, formado pelos “influxos das emanações”, que podemos interpretar-Lhe a anatomia èm termos de função, que é o único meio no qual a anatomia pode ser apreciada inteligentemente. É porque a ciência se contenta em ser descritiva, esquivando-se das explicaçôes fmalistas, que lhe falta a profundidade filosófica.
64. Na psicologia transcendental, que é a anatomia do microcosmo, o peito é a correspondência atribuída a Tiphareth. No peito estão os pulmões e o coração; imediatamente abaixo desses órgãos, intimamente relacionados com eles a controlando-os, está a maior rede de nervos do corpo, conhecida como plexo solar, nome que foi convenientemente cunhado pelos antigos anatomistas. Os pulmões mantêm um relacionamento singularmente íntimo entre o microcosmo e o macrocosmo, detemminando a entrada e a saída do movimento periódico da atmosfera, que jamais cessa de dia ou de noite, até que o vaso de ouro se quebre e o fio de prata se rompa a cessemos de respirar. O coração determina a circulação do sangue, e o sangue, como afirmou acertadamente Paracelso, é um “fluido singular”. A medicina modema sabe muito bem o que a luz solar significa para o sangue. Ela descobriu também que a clorofila, a substância verde das folhas das plantas a que lhes permite utilizar a luz solar como sua fonte de energia, tem uma poderosa influência sobre a pressão do sangue.
65. As três imagens mágicas de Tiphareth são curiosas, pois, à primeira vista, são tão díspares que cada uma parece invalidar as outras. Mas, à luz do que agora sabemos a respeito de Tiphareth, seu significado a relacionamento aparece claramente, através da linguagem do simbolismo, especialmente quando a estudamos à luz da vida de Jesus Cristo, o Filho.
66. Tiphareth, sendo a primeira coagulação das Supremas, é adequadamente representada como a Criança recém-nascida na manjedoura, em Belém; como Deus Sacrificado, ela se toma o mediador éntre Deus e o homem; e, quando ressuscita dos mortos, Ele o faz como um rei em seu reino. Tiphareth é a Criança de Kether e o rei de Malkuth, a em sua própria esfera Ele é sacrificado.
67. Não compreenderemos corretamente Tiphareth se não tivermos algum conceito do sentido real do sacrifício, que é muito diferente do sentido popular, que o concebe como a perda voluntária de algo querido. O sacrifício é a tradução da força de uma forma a outra. Não existe uma destruiçáo total da força; por mais que ela desapareça de nosso alcance, ela se mantém em alguma outra forma, de acordo com a grande lei natural da conservação da energia, que é a lei que mantém nosso universo em existência. A energia pode ser encerrada na forma, tornando-se, por conseguinte, estática; ou pode ser libertada dessa prisão da forma a posta em circulação. Quando fazemos um sacrifício de qualquer espécie, tomamos uma forma estática de energia e, quebrando a forma que a aprisiona, colocamo-la em livre circulação no cosmo. O que sacrificamos numa forma retoma novamente, no devido tempo, sob outra forma. Aplicando esse conceito às idéias religiosas a éticas do sacrifício, obtemos algumas pistas muito valiosas.
68.O Nome divino dessa Esfera é Aloah Va Daath, que a associa estreitamente com a Sephirah invisível que se encontra entre ela a Kether. Essa Sephirah, como já observamos, explica-se antes como apreensão – a alvorada da consciência; a podemos interpretar a frase “Tetragranunaton Aloah Va Daath” como “Deus manifesto na esfera da mente”.
69. No microcosmo, Tiphareth representa o psiquismo superior, o modo de consciência da individualidade, o eu superior. Ela é essencialmente a Esfera do misticismo religioso, que se distingue da magia a do psiquismo de Yesod; lembremos que as Sephiroth do Pilar Central da Árvore representam poderes a modos de funcionamento. Tiphareth é também a Esfera dos Grandes Mestres; é o templo edificado por mãos não-humanas, eterno nos céus, e a Grande Loja Branca. É aqui que o adepto iniciado opera quando está na consciência superior; é aqui que ele entra em contato com os Mestres, e é por meio do Nome a por uma compreensâo do significado do Nome de Aloah Va Daath que ele se abre a essa consciência superior.
70. Notemos que é apenas na proporção do significado que uma palavra tem para nós que ela se toma uma Palavra de Poder. O nome de sua vítima é uma Palavra de Poder para o assassino. Tal é seu poder que, em alguns países, a polícia, enquanto interroga um suspeito, registra com aparelhos as alteraçôes de sua pressão sangüínea; o nome da vítima a outras palavras relacionadas ao crime são subitamente sussurradas em seu ouvido e, se essas forem “palavras de poder” para ele, o instrumento as registrará sem margem de erro.
71. Acredita-se popularmente que os Nomes de Poder exercem influéncia direta sobre espíritos, anjos, demônios a outros seres, mas isso não é verdade. O Nome de Poder exerce sua influência sobre o mago e, exaltando-lhe a dirigindo-lhe a consciência, torna-o capaz de entrar em contato com o tipo escolhido de influência espiritual; se ele teve experiência desse tipo particular de influência, a Palavra de Poder agitará poderosas lembranças subconscientes; se ele não as teve, abordando o assunto com o espírito sem imaginação a incrédulo do erudito, o “bárbaro Nome de Evocação” será como o hocus-pocus para ele. Notemos, porém, que, para o católico crente, hocus-pocus – que é o nome protestante para a fraude a para a superstição, e de onde deriva a palavra hoax (logro) – significa Hoc est Corpus, o que é uma história totalmente diferente. É o ponto de vista que importa nesses assuntos.
72. É por essa razão que se atribui uma experiência espiritual definida a cada Sephirah; e, enquanto o aspirante não tiver a experiência correspondente, ele não será um iniciado dessa Sephirah, a não poderá utilizar os seus Nomes de Poder, mesmo que os conheça. Segundo a tradição, não basta conhecer um Nome de Poder; é preciso também saber como vibrá-lo. Acredita-se geralmente que a vibração de um Nome de Poder é a nota justa pela qual o cantamos; mas a vibração mágica é algo muito mais que isso. Quando experimentamos uma profunda emoção e, ao mesmo tempo, somos devocionalmente exaltados, a voz desce muitos tons abaixo de seu normal a toma-se ressoante a vibrante; é esse tremor de emoção, combinado com a ressonãncia e a devoção, que constitui a vibração de um Nome, a essa experiência não pode ser aprendida ou ensinada, devendo antes ser espontãnea. É como o vento que sopra onde lhe apraz. Quando ele ocorre, somos sacudidos dos pés à cabeça com uma onda de calor, a todos os que o ouvem prestam-lhe atenção involuntariamente. É uma experiência extraordinária ouvir uma Palavra de Poder vibrada. É uma experiência ainda mais extraordinária vibrá-la.
73. O arcanjo de Tiphareth é Rafael, o “espírito que está no Sol”, e que é também o anjo da cura.
74. Quando o iniciado “trabalha” na Árvore, ou seja, quando edifica em sua imaginação um diagrama da Árvore da Vida em sua aura, ele formula Tiphareth em seu plexo solar, entre o abdome e o peito; se desejar trabaIhar na Esfera da sexta Sephirah, a concentra o poder nesse centro, descobrirá que ele próprio se tomou um espírito imerso no Sol, rodeado pela flamejante fotosfera. Uma coisa é formular a Sephirah na aura, a outra completamente diferente é achar-se situado dentro dessa Sephirah. Embora se possa receber a influência de uma Sephirah por meio da primeira operação -, e esse é um bom método rotineiro para a meditação diária, – somente depois de “virarmos pelo avesso”, de modo que a posição se inverta, ficando não a Esfera dentro de nós, mas nós dentro da Esfera, é que poderemos trabalhar com o poder de uma Sephirah. É essa experiência que constitui a culminação iniciática de uma Sephirah.
75. O coro angélico de Tiphareth são os Malachim, ou Reis. São os princípios espirituais das forças naturais – e ninguém pode controlar, ou mesmo fazer um contato seguro com princípios elementais, a não ser que experimente a iniciação de Tiphareth, que é a de um adepto menor. É preciso que sejamos aceitos pelos Reis Elementais, ou seja, é preciso que compreendamos a natureza espiritual última das forças naturais antes de podermos manipulá-las em sua forma elemental. Em sua forma elemental subjetiva, elas aparecem no microcosmo como poderosos instintos de combate, de reprodução, de autodegradação, de autoexaltação, a todos aqueles fatores emocionais conhecidos pelo psicólogo. É óbvio, portanto, que, se agitamos a estimulamos essas emoções em nossas naturezas, devemos fazê-to para que possamos utilizá-las como servos do eu superior, dirigido pela razão e por princípios espirituais. É necessário, por conseguinte, que, quando operamos as forças elementais, o façamos por meio dos Reis, sob o governo do Arcanjo a pela invocação do Santo Nome de Deus, apropriados à Esfera. Microcosmicamente, isso significa que as poderosas forças elementais motrizes de nossa natureza estão relacionadas com o eu superior, a não dissociadas no submundo qliphótico da inconsciência freudiana.
76. As operações elementais não são, naturalmente, realizadas na Esfera de Tiphareth, mas é essencial que elas sejam controladas da Esfera de Tiphareth, se desejamos nos manter no âmbito da Magia Branca. Não havendo esse controle superior, as operações descambarão rapidamente para a Magia Negra. Afirma-se que, na Queda, as quatro Sephiroth inferiores se desligaram de Tiphareth a foram assimiladas pelas Qliphoth. Quando as forças elementais se desligam de seus princípios espirituais, tomando-se fins em si mesmos ainda que não se vise à experimentação maligna, a Queda tem lugar, e a degradação logo se lhe segue. Mas, quando compreendemos claramente o princípio espiritual que subjaz a todas as coisas naturais, estas permanecem num estado de inocência, para utilizar um termo teológico com uma conotação definida; elas não caem, a podemos operá-las com segurança e desenvolvê-las vantajosamente em nossas próprias naturezas, produzindo, assim, a liberdade e o equilíbrio tão necessários à saúde mental. Essa correlação do natural com o espiritual, que evita a queda deste último, mantendo-o num estado de inocência, é um ponto muito importante em todos os trabalhos práticos em qualquer forma de Magia.
77. Como já vimos, duas experiências espirituais concorrem para a iniciação de Tiphareth: a visão da harmonia das coisas e a visão dos Mistérios da Crucificação. Já vimos também que são dois os aspectos de Tiphareth, a que, por conseguinte, duas devem ser as experiências espirituais em sua iniciação.
78. Na visão da harmonia das coisas, percebemos mais profundamente o lado espiritual da natureza; em outras palavras, encontramos os reis angélicos, os Malachim. Por meio dessa experiência, compreendemos que o natural é apenas o aspecto denso do espiritual, o “Manto Exterior do Ocultamento”, que cobre o “Manto Interno da Glória”. É a falta dessa compreensão do significado espiritual do natural que se faz sentir tão lamentavelmente em nossa vida religiosa atual, a que é responsável por tantas enfermidades neuróticas a tanta infelicidade conjugal.
79. É por meio dessa visão da harmonia das coisas que nos unimos à natureza, não por meio dos contatos elementais. Os seres humanos que, pela cultura, se elevaram de uma ou outra maneira acima dos primitivos, não podem unir-se à natureza no nível elemental, pois fazê-to implica a degeneração, a eles se tomariam bestiais, nos dois sentidos da palavra. Os contatos naturais se fazem por meio dos reis angélicos dos elementos na Esfera de Tiphareth – em outras palavras, por meio da compreensão dos princípios espirituais que subjazem às coisas naturais -, e o iniciado encontra, assim, os seres elementais em nome de seu rei governante. Ele desce aos reinos elementais, vindo de cima, por assim dizer, trazendo consigo a sua humanidade; é, portanto, um iniciador para os elementais; mas, se o iniciado os encontra no nível deles, ele abre mão de sua humanidade a retoma a uma fase primitiva de evolução. A força elemental, não-limitada a não-mantida em xeque pelas limitaçôes de um cérebro animal, converte-se numa força desequilibradora quando flui através dos vastos canais de um intelecto humano, e o resultado é o caos, que é um dos reinos das Qliphoth.
80. Os Mistérios da Crucificação são macrocósmicos a microcósmicos. Em seu aspecto macrocósmico, encontramo-los nos mitos dos grandes redentores da humanidade, que nascem de um deus a de uma mãe virginal, enfatizando, assim, a natureza dual de Tiphareth, em que forma a força estão reunidas. Mas não esqueçamos seu aspecto microcósmico, enquanto experiência de consciência mística. É por meio da compreensão dos Mistérios da Crucificação, que diz respeito ao poder mágico do sacrifício, que somos capazes de transcender as limitaçôes da consciência cerebral, limitada à sensaçIo a condicionada à forma, a adentrar a consciência mais ampla do psiquismo superior. Tomamo-nos, assim, capazes de transcender a forma e, por conseguinte, realizar a força latente, transformando-a de estática em cinética a tomando-a disponível para a Grande Obra, que é regeneração.
81. A virtude característica da Esfera de Tiphareth é a devoção a essa Grande Obra. A Devoçáo é um fator muito importante no Caminho da Iniciação que conduz à consciência superior, a devemos, por conseguinte, examiná-to cuidadosamente, analisando-lhe os elementos constitutivos. Poderíamos definir a devoção como o amor por algo que é superior a nós; por algo que evoca nosso idealismo; por algo que, embora não possamos igualar, não obstante nos faz desejar ser como ele; “Contemplando como num espelho a glória do Senhor, eles se transformam na imagem da glória”. Quando um conteúdo emocional mais forte é infundido na devoção, tornando-se adoração, ele nos transporta por sobre o grande abismo existente entre o tangível e o intangível, a nos permite apreender coisas que os olhos não vêem nem os ouvidos ouvem. É essa devoçáo, que se eleva à adoração, na Grande Obra, que nos inicia nos Mistérios da crucificação.
82. O vício atribuído a Tiphareth é o orgulho, a nessa atribuição ternos uma importantíssima verdade psicológica. O orgulho tem suas raízes no egoísmo e, na medida em que estamos centrados em nós mesmos, não podemos nos unir com as coisas do mundo. No verdadeiro desprendimento do Caminho, a alma supera seus limites a penetra a Esfera das coisas por meio da simpatia ilimitada a do amor perfeito; mas no orgulho a alma tenta estender seus limites até possuir tudo o que estiver ao seu alcance, e é uma experiência muito diferente possuir uma coisa para com ela se unir, desejando que ela nos possua igualmente em perfeita reciprocidade. E esse arranjo unilateral é o vício do adepto. Ele deve tanto dar quanto receber, a deve dar-se sem reservas se quiser participar da união mística, que é o fruto do sacrifício da crucificação. “Que aquele que for o maior dentre vós seja o servo de todos”, disse o Senhor.
83. Os símbolos associados a Tiphareth são o lámen, a Rosa-cruz, a cruz do calvário, a piràmide truncada e o cubo.
84. O lámen é o símbolo que o adepto ostenta sobre o peito para indicar uma determinada força. Um adepto que opera na Esfera de Shemesh, por exemplo, utilizará sobre o peito uma imagem do Sol resplandecente. Um lámen é a arma mágica de Tiphareth; por conseguinte, toma-se necessário dizer algo a respeito da natureza das armas mágicas em geral, a fim de que a função de um lámen possa ser entendida.
85. Uma arma mágica é algum objeto adequado, como veículo, para a força de um tipo particular. Por exemplo, a arma mágica do elemento Água é uma taça ou um cálice; a arma mágica do elemento Fogo é uma lamparina acesa. Esses objetos são escolhidos porque sua natureza é congênita à da força a ser invocada; ou, em linguagem moderna, porque sua forma sugere a força à imaginação pela associação de idéias.
86. Tiphareth associa-se tradicionalmente com o peito, tanto em virtude da rede de nervos que se chama plexo solar como pela sua posição quando a Árvore é edificada na aura. Conseqüentemente, a jóia peitoral do adepto é o foco da força tipharética, qualquer que seja a operação realizada. A força real, operando em sua própria Esfera, é representada pela arma mágica que se lhe atribui. Por exemplo, um adepto que realiza uma operação do elemento Água teria como arma mágica a taça, a executaria todos os signos sobre a taça, nela concentrando a força obtida pela invocação. Mas, sobre seu peito, estaria o selo do elemento Água, representando o fator espiritual da operação e o arcanjo que governa esse reino particular. Se o adepto não compreender o significado de seu lámen, que é diferente do de sua arma mágica, ele não será um adepto, a sim um mago.
87. A Rosa-Cruz e a cruz do Calvário são ambas símbolos da Esfera de Tiphareth. Para compreendermos seu significado, cumpre dizer algo a respeito das cruzes em geral, a de como elas são utilizadas nos sistemas simbólicos. Embora a cruz com que tenhamos mais familiaridade seja a cruz do Calvário, devido à sua associação com o Cristianismo, há muitas outras formas de cruz, a cada uma tem o seu próprio significado. A cruz de braços iguais, tal como a cruz vermelha do serviço médico militar, recebe dos iniciados o nome de cruz da natureza, a representa o poder em equilíbrio. Ela costuma figurar no topo de algumas cruzes célticas, encerrada com freqüência num círculo, de modo que a cruz céltica consiste realmente numa haste afilada que termina numa cruz natural, nada tendo em comum com a cruz do Calvário, que é a cruz do Cristianismo. A haste afilada da cruz céltica é, na verdade, uma pirâmide truncada, a os exemplares ainda existentes desse tipo de cruz confirmam essa interpretação. Algumas formas arcaicas sugerem a imposição da cruz a do círculo sobre a pedra fálica cõnica, que é um objeto tão universal na adoração primitiva.
88. A suástica tem também a natureza da cruz, sendo chamada às vezes de “cruz de Thor”, ou “martelo de Thor”, supondo-se que sua forma indique a ação rodopiante de seus relámpagos.
89. A cruz do Calvário é a cruz do sacrifício, a sua cor verdadeira é o preto. A haste deve ser três vezes mais comprida do que os braços. A meditação sobre essa cruz conduz à iniciação por meio do sofrimento, do sacrifício e da auto-abnegação. O crucifixo é, naturalmente, uma elaboração da cruz do Calvário.
90. O círculo sobre a cruz é um símbolo iniciático, especialmente quando a cruz se assenta sobre três pés, como deveria ser neste caso. O círculo indica a vida eterna, a também a sabedoria; o emblema da Sociedade Teosófica, que tem como insígnia a “serpente que morde a própria cauda”, apresenta uma variação dessa forma. Uma cruz do Calvário com o círculo superposto indica a iniciação pelo Caminho da cruz, a os três pés são os três graus de iluminação. É essa cruz que recebe o nome de Rosa-cruz. O objeto de fantasia em que figuram sarças não é um símbolo iniciático. A rosa associada à cruz no simbolismo ocidental é a Rosa Múndi, e é uma chave para a interpretação das forças naturais. Sobre suas pétalas estão gravados os trinta e dois sinais das forças naturais; esses sinais correspondem às vinte a duas letras do alfabeto hebraico a às Dez Sephiroth Sagradas; estas, por sua vez, são atribuídas aos Trinta a Dois Caminhos da Árvore da Vida, a essa é a chave para a compreensão da Rosa Múndi. Os curiosos desenhos que constituem os selos dos espíritos elementais são feitos desenhando-se continuamente as letras de seus nomes sobre a rosa.
91. À luz dessa explicação, podemos compreender o valor das alegações daquelas organizações que tomam um emblema floral como seu símbolo. Elas assemelham-se àquele cavalheiro que pediu ao seu camiseiro uma gravata de magistrado salpicada com um pouquinho de vermelho.
92. O cubo é comumente atribuído a Tiphareth por constituir uma figura hexaédrica, a seis é o número de Tiphareth. Mas o simbolismo do cubo não se limita a esse aspecto. O cubo é a forma mais simples do sólido e, como tal, é o símbolo apropriado de Tiphareth, em cuja Esfera se encontra o primeiro prenúncio da forma. O símbolo de Malkuth é o cubo duplo, que simboliza o axioma “Como em cima, tal é embaixo”.
93. A pirâmide simboliza o homem perfeito, solidamente apoiado na Terra a esforçando-se por unir-se com os céus; em outras palavras, o Ipsissimus. A pirãnnide truncada simboliza o adepto iniciado, ou Adeptus Minor, que atravessou o Véu, mas ainda não completou os seus graus. Essa pirãmide a cujos seis lados correspondem as seis Sephiroth centrais que formam Adão Cadmo, ou o homem arquetípico, é completada pela adição das Três Supremas, que culminam na unidade de Kether.
94. Os seis do baralho Tarô são atribuídos também a Tiphareth e, nessas cartas, a natureza harmoniosa a equilibrada dessa Sephirah se revela claramente. O Seis de Paus é o Senhor da Vitória. O Seis de Copas, o Senhor da Alegria. Mesmo o naipe maléfico de Espadas transforma-se em harmonia nessa Esfera, e o Seis de Espadas é conhecido como o Senhor dos Sucessos Merecidos – ou seja, o sucesso obtido após a batalha. O Seis de Ouros é o Sucesso Material; em outras palavras, o poder em equilíbrio.
AS QUATRO SEPHIROTH INFERIORES
1. As Dez Sephiroth Sagradas, quando dispostas na Árvore da Vida em seu padrão tradicional, enquadram-se em três divisões horizontais principais, assim como nas três divisôes verticais dos Pilares. A mais alta dessas divisões horizontais consiste nas Três Supremas, que, para todos os propósitos práticos, estão além da Esfera de nossa compreensão. Postulamo-las como princípios fundamentais que devem existir para que as manifestações subseqüentes possam ser explicadas. Elas representam o Ser Puro a os princípios opostos da atividade a da passividade, e o nome de Triângulo Supremo cailhes muito bem.
2. O triângulo funcional que vem a seguir na Árvore consiste em Chesed, Geburah a Tiphareth. Essas esferas representam os princípios ativos do anabolismo, do catabolismo a do equiliíbrio, a podemos aplicar-lhes apropriadamente o nome de Triángulo Abstrato.
3. Considerando em detalhe as seis Sephiroth superiores, observamos que os três Princípios Supremos formam a base de manifestação, a que os três Princípios Abstratos dão expressão à manifestação. As três Esferas superiores são latentes a as três inferiores são potentes. Se compreendermos esse ponto, descobriremos que dispomos de um sistema para explicar a infinita diversidade da manifestação dos planos da forma, reduzindo-a aos seus princípios primários, o que toma as relações entre elas e o modo de sua interação a desenvolvimento claramente compreensíveis – resultado totalmente diverso daquele que obteremos se tentarmos reduzir todas as coisas em termos de força, em vez de resolvê-las nesses mesmós termos.
4. A unidade funcional mais baixa sobre a Árvore consiste não de um triângulo, mas de um quadrado, a esse quadrado, segundo dizem os cabalistas, foi afetado pela Queda, erguendo-se a cabeça de Leviatã das profundezas do Abismo, num ponto entre Yesod a Tiphareth. Não lhe é permitido it além, a por isso as seis Sephiroth superiores conservaram a sua inocência. Em outras palavras, as quatro Sephiroth inferiores pertencem aos planos da forma, em que a força não se move livremente, mas está “encerrada, confinada, contida”, sendo libertada apenas por obra da destruição.
5. Tiphareth, como já se observou, é o centro de equilíbrio da Árvore. O equilíbrio dá origem à estabilidade, e a estabilidade, à coesão. De agora em diante, na rota descendente da vida através do Caminho da Involução, encontramos o princípio da coesão que exerce um papel progressivamente predominante, até que em Malkuth encontra seu apogeu.
6. Os princípios ativos do Triángulo Abstrato sofrem uma subdivisão e especialização no curso da descida da vida através de Netzach, a em Yesod atingem um grau considerável de estereotipia, por meio da qual se determinam as formas de Malkuth. Assim que Malkuth – o plano da forma pura atinge o desenvolvimento, a corrente evolutiva começa a voltar-se para o espírito, libertando-se da prisão da forma, embora retendo as capacidades adquiridas pela experiência da disciplina da forma.
7. São numerosos, portanto, os princípios abstratos da função da vida que se revestem de forma devido à influência da experiência de suas manifestações exteriores no Reino da Forma. Ou, na linguágem dos cabalistas, a influência da Queda se irradiou até elas, a elas perderam sua inocência.
8. Essas considerações dão-nos a chave da natureza quatemária dos planos da forma, a permitem-nos trilhar o Caminho do Meio, entre a credulidade e o ceticismo, nesta Esfera da Ilusão, como a chamaram um tanto severamente.
9. A grande maré da vida evolutiva, proveniente de uma emanação de Tiphareth, pane-se na Sephirah Netzach, como num prisma, em diversos raios de manifestação; daí provém a descrição yetzirática dessa Sephirah como “o esplendor refulgente”. Em Hod, essas forças multifárias revestem-se de forma; e, em Yesod, elas agem como moldes etéreos para as emanações finais de Malkuth.
10. A manifestação em Malkuth completa o arco expansivo da involução, e a vida retoma sobre si mesma para seguir um curso paralelo no arco de retomo da evolução. A inteligência humana se desenvolve, a começa a meditar nas causas e a discemir os deuses. Note-se que o homem primitivo não atingiu o monoteísmo numa única pemada, mas imaginou múltiplas causas, a foram necessárias muitas gerações de cultura para reduzir a multiplicidade ao Um.
11. Isso nos leva à grande questão do que poderíamos chamar de Guardião do Tesouro da Ciência Oculta – figura tremenda que defronta todo aventureiro do invisível, unindo em si as funções da esfinge a dirigindo à alma uma pergunta de cuja resposta depende seu destino. Será ela condenada a errar nos reinos da ilusão? Voltará ela aos planos da forma ou ser-lhe-á permitido passar à luz? A questão é: “Acreditas nos deuses?”. Se responder “Sim”, a alma errará nos planos da ilusão, pois os deuses não sâo pessoas reais no sentido em que entendemós a personalidade. Se responder “Não”, será expulsa, pois os deuses não são ilusões. O que deverá ela responder?
12. A intuição de um poeta deu-nos a resposta: “For no thought of man made Gods to love and honour Ere lhe song within lhe silent soul began, Nor might earth in dream or deed take heaven upon her Till lhe word was clolhed with speech by lips of man.” [“Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar a honrar Senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma, E nem em sonhos pôde a terra unirse aos céus Antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem”.]
13. Temos aqui a chave do enigma. Os deuses são criaçôes do criado. Nascem da adoração daqueles que o invocam. Não são os deuses que fazem o trabalho da criação, mas sim as grandes forças naturais, cada uma agindo de acordo com a sua natureza; a procissão dos deuses tem início depois de o Cisne do Empíreo depositar o ovo da manifestação na noite cósmica.
14. Os deuses são emanaçôes ,das almas grupais das raças, a não emanações de Eheieh, o Um, o Eterno. Não obstante, são imensamente poderosos, porque, graças à sua influência na imaginação de seus adoradores, eles unem o microcosmo ao macrocosmo; meditando sobre a beleza ideal de Apolo, a alma humana abre-se à beleza em geral.
15. Quando os homens analisaram a discemiram, fator por fator, as causas primeiras, eles as endeusaram. Ao descobrir que em todas as partes do globo as mesmas necessidades a os mesmos motivos atuavam sobre eles, desenvolveram panteões semelhantes. Mas, visto que os temperamentos diferem, desenvolveram panteões tão diferentes quanto os bandoleiros do México a os radiantes seres da Hélade.
16. Podemos perguntar, portanto, se os deuses são completamente subjetivos; se vivem sua vida apenas na imaginação de seus adoradores, ou se têm uma vida independente. A respota a essa questão reside num aspecto da experiência oculta que náo pode ser explicado por aquilo que conhecemos modemamente como ciência natural, mas que deve ser admitido por todo ocultista prático que deseje obter resultados. Poder-se-ia dizer que os resultados por ele obtidos estão na proporção direta de sua fé, uma vez que eles são de fato obtidos porque o adepto neles acredita. A razão disso é que apenas uma proporção muito pequena do estofo mental existente no universo, qualquer que seja ele, está organizado nos cérebros a nos sistemas nervosos das criaturas sensíveis. A vasta massa do que, na falta de um nome melhor, chamamos de “matéria mental” – porque essa é a sua analogia mais próxima entre as coisas conhecidas – move-se livremente no que os ocultistas chamam de plano astral, organizado em formas, mas não necessariamente vinculado à matéria. Ocultistas diferentes referem-se a esse estofo mental livre por diferentes nomes. Mme. Blavatsky chama-o de “Akasha”; Éliphas Lévi drama-o de “éter refletor”. Netzach representa o aspecto da força, a Hod, o aspecto da forma desse Akasha.
17. Os moldes de todas as formas provêm desse estofo mental; a nesses moldes ergue-se a estrutura das correntes etéreas que funcionam na Esferya de Yesod, a em que estão suspensas as moléculas da matéria que formam o corpo da manifestação no plano físico.
18. Normalmente, essas formas são constituídas pela consciência cósmica a expressas como forças naturais, funcionando cada uma de acordo com a sua natureza; mas, quando a consciência começou a desenvolver-se nas criaturas do Criador, ela exercitou suas funções em vários graus na matéria mental astral, que, por sua natureza, era suscetível às influências da consciência; conseqüentemente, “o pensamento humano engendrou deuses para amar a honrar”. Essas formas, uma vez constituídas, tomaram-se canais de expressão dessas forças especializadas que as formas tinham por missão representar, concentrando-se sobre seus adoradores. Nesse sentido particular, os iniciados não apenas acreditam nos deuses, mas também os adoram.
QLIPHA
תגרירון Thagirion/Tagaririm (ThVGRYRYM ou ThGRYRVN)
Demonio: BELPHEGOR
Significado: Os Litigiadores
Descrição: Disputa
Poder: Discussão
Nomes de Poder: TAGARIRIM (TGRRM): MEPHISOPHIEL + GOBRAZIEL + REBREQUEL +TAUMESHRIEL +RAQUEZIEL
Planeta: Sol
Tarot: O Sol
Thagirion, o Sol Negro, os “Litigiadores”, “Ardentes Instigadores” que se combatem entre si, causam o caos, as revoltas, os lamentos e toda a fealdade no mundo. É um estado no qual o corpo Buddhico é completamente obscurecido dos princípios inferiores, tornando o ser extremamente ignorante, vazio, grosseiro e bestial.
Thagirion “Aqueles que originam lágrimas” tem como principal habitante Zomiel, Deus da Revolta. Belphegor, o Senhor dos Mortos, é o demônio da Qlipha, o deus dos moabitas e amonitas, idólatras descendentes de Moab e Amon, os filhos do incesto de Ló com suas filhas. Semeia a discórdia por meio das riquezas e é a personificação da misantropia extrema.
Arquétipos Qliphoticos:
Quimera: Deus grego do fogo devastador, do conhecimento ilusório, da confusão e da morte, monstro híbrido do conhecimento mal aplicado com intenções maléficas, relacionado com a esfera de Daath.
Khephra: Deus escaravelho do Sol noturno, do submundo, da morte e da ressureição.
Beelzebub: antigo deus da cura e profecia, transformado em demônio da discórdia, do litígio, da perseguição, causador da ruína dos reis; é outro nome de Baal.
Apollyon: Deus grego da morte e putrefação do Sol Negro, causador de pragas e enfermidades.
Anzu ou Zu: Monstro sumeriano, deus do destino e das fatalidades da vida.
7 – NETZACH – A’ARAB ZARA
Título: Netzach, Vitória. (Em hebraico: Nun, Tzaddi, Cheth.)
Imagem Mágica: Uma bela mulher nua.
Localização na Árvore: Na base do Pilar da Misericórdia.
Texto Yetzirático: 0 sétimo Caminho chama-se Inteligência Oculta porque é o esplendor refulgente das virtudes intelectuais percebidas pelos olhos do intelecto a pelas contemplações da fé.
Tftulo Conferido a Netzach: Firmeza.
Nome Divino: Jehovah Tzabaoth, o Senhor dos Exércitos.
Arcanjo: Haniel.
Coro Angélico: Elohim, deuses.
Chakra Cósmico: Nogah, Vênus.
Experiência Espiritual: A visão da beleza triunfante.
Virtude: Desprendimento.
Vicio: Impudor. Luxúria.
Correspondência no Microcosmo: Os rins, os quadris, as pernas.
Símholos: A lâmpada e o cinto. A rosa.
Cartas do Tarô: Os quatro setes: Sete de Paus: valor; Sete de Copas: sucesso ilusório; Sete de Espadas: esforço instável; Sete de Ouros: sucesso incompleto.
Cor em Atziluth: Ambar.
Cor em Briah: Esmeralda.
Cor em Yetzirah: Verde-amarelado brilhante.
Cor em Assiah: Oliva salpicado de ouro.
1. Compreenderemos melhor Netzach contrastando-a com Hod, a Esfera de Mercúrio, pois ambas representam, como já vimos, a força e a forma num arco inferior. Netzach representa os instintos a as emoções a Hod simboliza a mente concreta. No Macrocosmo, elas representam dois níveis do processo de concretização da força na forma. Em Netzach, a força ainda se move com certa liberdade, detendo-se apenas nas formas extremamente fluídicas a de movimento incessante, a em Hod ela toma pela primeira vez uma forma defmida a permanente, embora de natureza extremamente tênue. Em Netzach, uma forma particular de força se manifesta, traduzida em seres que se movem para a frente a para trás nos limites da manifestação, de maneira extremamente indefinida. Tais seres não têm personalidades individualizadas, mas são como exércitos com bandeiras que podem ser vistos nas nuvens do Sol poente. Em Hod, contudo, cada unidade se individualiza, e a existência apresenta continuidade. A mente é grupal em Netzach, mas Hod inicia o processo da mente humana.
2. Consideremos, agora, Netzach em si, tanto nos aspectos microcósmicos como nos macrocósmicos, não esquecendo que estamos agora na Esfera da ilusão, a que o que é descrito em termos de forma são aparências representadas pelo intelecto para si mesmo a projetadas na luz astral como formas mentais. É essencial compreender esse ponto, se queremos evitar a queda na superstição. Tudo que é percebido pelos “olhos do intelecto a pelas contemplações da fé”, como afirma pitorescamente o Texto Yetzirático, tem sua base metafísica em Chokmah, a Sephirah Suprema no topo do Pilar da Misericórdia. Mas, em Netzach, ocorre uma grande mudança em nosso modo de entender os diferentes tipos de existência atribuídos a cada Esfera. Até agora, percebemos por meio da intuição; nossas apreensôes eram informes, ou, pelo menos, representadas por símbolos altamente abstratos; estes não se manifestam depois de Tiphareth, a chegamos a símbolos concretos como a rosa, atribuída a Vênus, para Netzach, e o caduceu, atribuído a Mercúrio, para Hod.
3. Como já vimos, concebemos as Sephiroth superiores sob o aspecto dos fatores de manifestação a funções. Vimos, em nosso estudo de Tiphareth, como a Inteligência Mediadora, como a chama a Sepher Yetzirah, decompõe a Luz Branca da Vida única, tal como um prisma, de modo que ela se toma o Esplendor Refulgente de inúmeros matizes em Netzach. Aqui não temos força, mas forças; não vida, mas vidas. Muito apropriadamente, portanto, o coro angélico atribuído a Netzach é o dos Elohim, ou deuses. O Um foi reduzido ao múltiplo para os fins da manifestação na forma.
4. Esses raios não são representados como a pura luz branca pela qual vemos todas as coisas em suas cores verdadeiras, mas como uma cor de diversas nuanças, cada uma das quais revela a intensifica algum aspecto de manifestação especializado, assim como um raio de luz azul só mostrará as cores que lhe são harmônicas, fazendo as cores complementares parecerem negras. Toda vida ou forma de força que se manifesta em Netzach é uma manifestação parcial, mas especializada; por conseguinte, nenhum ser que tem como Esfera de evolução a Esfera de Netzach poderá experimentar um desenvolvimento completo, mas será sempre uma criatura de uma idéia, de uma única função, simples a estereotipada.
5. É o fator Netzach em nós a base de nossos instintos, cada um dos quais, em sua esséncia não-intelectualizada, dá origem a reflexos apropriados, assim como os lábios de um recém-nascido sugam tudo que é inserido entre eles.
6. Os seres de Netzach, os Elohim, não são inteligências, mas encamações de idéias.
7. Os Elohim, para dar-lhes o seu nome hebraico, são as influências formativas por meio das quaffs a força criativa se expréssa na Natureza. Seu verdadeiro caráter pode ser percebido em Chesed, onde são descritos pela Sepher Yetzirah como os “Poderes Sagrados”. Em Netzach, contudo, que representa o superestrato do éter refletor, eles sofrem uma mudança, a mente humana que formula imagens começa a operar sobre eles, moldando a luz astral em formas que os representarão à consciência.
8. É muito importante para nós compreender que essas Sephiroth inferiores do plano da ilusão são densamente povoadas pelas formas mentais; que tudo o que a imaginação humana foi capaz de conceber, embora confusamente, tem uma forma revestida de luz astral, a que, quarto mais a imaginação humana se aplicar em idealizá-la, mais definida essa forma se tornará. É por essa razão que as gerações de videntes, quando procuraram discemir a natureza espiritual e a essência íntima de qualquer forma de vida, encontraram essas imagens, as “criações do criado”, a foram iludidos, tomando-as erroneamente pela própria essência abstrata, que não se encontra em qualquer plano que fornece imagens à visão psíquica, mas apenas naqueles que são percebidos pela intuição pura.
9. Quando sua mente era ainda primitiva, o homem adorou essas imagens; por meio das quais representou para si mesmo as grandes forças naturais tão importantes para o seu bem-estar material, estabelecendo, assim, um vínculo entre elas, por meio das quais se desenvolveu um canal por onde as forças que representavam eram derramadas em sua alma, estimulando, assim, o fator correspondente em sua própria natureza, para, dessa forma, desenvolvé-la. As operações dessa adoração, especialmente quando se tomaram altamente organizadas a intelectualizadas, como na Grécia a no Egito, deram origem a imagens extremamente definidas a potentes, a são elas que geralmente se tomam por deuses. Gerações de adoração a culto constroem uma imagem fortíssima na luz astral e, quando o sacrifício é acrescentado à adoração, a imagem desce um passo a mais nos planos da manifestação, a adquire uma forma nos éteres densos de Yesod, tomando-se um objeto mágico muito potente, capaz de ação independente quando animado pelas idéias concretas geradas em Hod.
10. Vemos, assim, que todo ser celeste concebido pela mente humana tem como base uma força natural, mas que sobre a base dessa força natural, se ergue uma imagem simbólica que lhe corresponde a que é animada a ativada pela força que representa. A imagem, portanto, é apenas um modo de representação adotado pelo espírito humano para a sua própria conveniência, mas a força que a imagem representa a que a anima é uma coisa muito real, a que, sob certas circunstâncias, pode ser extremamente poderosa. Em outras palavras, embora a forma sob a qual o deus é representado seja pura imaginação, a força que se lhe associa é real a ativa.
11. Esse fato é a chave não apenas da Magia Talismãnica em seu sentido mais amplo, que inclui todos os objetos consagrados utilizados no cerimonial a na meditação, mas de muitas coisas na vida que não podemos deixar de observar, mas para as quais não temos nenhuma explicação. Isso explica muitas coisas na religião organizada que são muito reais para o devoto, mas muito estranhas para o incrédulo, que é incapaz de explicá-las a tampouco de negá-las.
12. Em Netzach, contudo, temos a forma mais tênue dessas coisas, e elas são percebidas muito mais pelas “contemplações da fé” do que pelos “olhos do intelecto”. Na Esfera de Hod, executam-se todas as operações mágicas em que o próprio intelecto surge para conferir forma a permanência a essas imagens tênues a flutuantes; mas, na Esfera de Netzach, tais operações não ocorrem em qualquer grau; todas as formas divinas em Netzach são reverenciadas por meio das artes, a não concebidas por meio de filosofias. Não obstante, para todos os propósitos práticos, é impossível separar as atividades de Hod a Netzach, que são um par funcional, assim como Geburah a Chesed constituem os dois aspectos do metabolismo, o catabólico e o anabólico. As funções de Netzach estão implícitas em Hod porque Netzach emana Hod, a os poderes desenvolvidos pela evolução na Esfera de Netzach são a base das capacidades de Hod. Conseqüentemente, todas as operações mágicas da Esfera de Hod operam sobre a base das tênues formas de vida de Netzach; e, como o intelecto humano trabalha de Esfera a Esfera, muitos poderes de Hod são transferidos a Netzach pelas almas iniciadas que se encontram no caminho da evolução. As duas Esferas, portanto, não estão claramente divididas a classificadas, mas em cada uma delas predomina definitivamente um certo tipo de função.
13. Os contatos com Netzach não se fazem concebendo-se a vida filosoficamente, nem por meio do psiquismo ordinário criador de imagens, mas pelo “sentimento adequado”, como expressou pitorescamente Algernon Blackwood em suas novelas, nas quais tanto transparece a Esfera de Netzach. É por meio da dança, do som a da cor que entramos em contato com os anjos de Netzach a podemos evocá-los. O adorador de um deus na Esfera de Netzach entra em comunhão com o objeto de sua adoração por meio das artes; a na medida em que seja um artista, de uma ou de outra maneira, e possa representar simbolicamente sua divindade, ele será capaz de fazer o contato a atrair a vida para si. Todos os ritos que têm ritmo, movimento e cor trabalha na Esfera de Netzach. E, como Hod, a Esfera das operações mágicas, extrai sua força de Netzach, segue-se que toda operação mágica da Esfera de Hod precisa ter um elemento Netzach em si para ser animada eficazmente; e, para conceder a base da manifestação, a substáncia etérea precisa ser fornecida por alguma forma de sacrifício, mesmo que este seja apenas a queima de incenso. Essa questão será mais aprofundada quando estudarmos a Esfera de Yesod, à qual diz respeito. Mas foi necessário fazermos referência a ela aqui, pois o significado dos ritos de Netzach não pode ser compreendido sem que se entendam os meios pelos quais a manifestação se efetua, e o deus se aproxima de seus adoradores.
14. Consideremos, agora, Netzach do ponto de vista da Árvore da Vida microcósmica – ou seja, da Árvore subjetiva na alma, em que os Sephiroth são fatores de consciência.
15. As Três Supremas e o primeiro par de Sephiroth manifestas, Chesed a Geburah, representam o Eu Superior, tendo Tiphareth como ponto de contato com o Eu Inferior. As quatro Sephiroth inferiores, Netzach, Hod, Yesod a Malkuth, representam o Eu Inferior, ou personalidade, a unidade de encarnação, tendo Tiphareth como ponto de contato com o Eu Superior, que é às vezes chamado de Anjo da Guarda Sagrado.
16. Do ponto de vista da personalidade, Tiphareth representa a consciência superior, ciente das coisas espirituais; Netzach representa os instintos, a Hod, o intelecto. Yesod representa o quinto elemento, o Éter, a Malkuth, os quatro elementos, que são o aspecto sutil da matéria. O intelecto humano médio só pode compreender a natureza da matéria densa, Malkuth, e do intelecto, Hod, ambos aspectos concretos da existência. Ele não pode apreciar as forças que edificam as formas, representadas por Netzach, a Esfera dos Instintos, a Yesod, ou duplo etéreo ou corpo sutil. Conseqüentemente, devemos fazer um cuidadoso estudo de Netzach, porque sua natureza a importância são muito pouco compreendidas.
17. Entenderemos melhor a natureza de Netzach se lembrarmos que ela é a Esfera de Vênus. Traduzida em linguagem comum, a linguagem simbólica da Cabala, isso significa que tratamos aqui da função da polaridade, que é muito mais do que apenas o sexo, como se concebe popularmente.
18. É importante notar, a esse respeito, que Vênus, ou, na sua forma grega, Afrodite, não é, em absoluto, uma deusa da fertilidade, tal como Ceres a Perséfone; ela é a deusa do amor. Ora, no conceito grego da vida, o amor abrange muito mais do que o relacionamento entre os sexos, incluindo a camaradagem dos guerreiros e o relacionamento entre professor e aluno. As heteras gregas, ou mulheres cuja profissão era o amor, diferiam muito de nossas prostitutas modernas. O grego reservava a simples relação física dos sexos para sua esposa legal, que era mantida em reclusão no gineceu, ou harém, a que servia simplesmente para os fins da procriação. A esposa, embora de sangue puro, não recebia educação, nem era encorajada a tornar se atraente ou praticar as artes do amor. E muito menos era encorajada a adorar a deusa Afrodite, que regia os aspectos superiores do amor; as divindades de sua adoração eram as da familia a do lar; Ceres, a Mãe Terra, era a regente dos Mistérios das mulheres gregas.
19.O culto de Afrodite era muito mais do que o cumprimento de uma função animal, relacionando-se, ao contrário, com a interação sutil da força vital entre dois fatores; o curioso fluxo a refluxo, o estímulo e a reação, que exerce um papel tão importante nas relações dos sexos, mas que ultrapassa, a muito, a Esfera do sexo.
20. A hetera grega era uma mulher culta; evidentemente, havia distinções entre elas, desde a categoria mais baixa, semelhante à da gueixa japonesa, à mais elevada, que mantinha salões, à maneira das famosas escritoras francesas, a eram mulheres de reconhecida virtude física, a quem nenhum homem ousava fazer propostas sensuais; devido à reverência com que a função do sexo era encarada entre os gregos, é provável que, em sua época e sociedade, a vida da hetera grega em nada se aproximasse da degradação da moderna prostituta.
21. A função da hetera consistia em satisfazer tanto o intelecto de seus clientes como seus apetites; ela era tanto uma anfitriã quanto uma cortesã, e a ela recorriam os filósofos a poetas para receber inspiração a aguçar o espírito; pois considerava-se não existir inspiração maior para um homem intelectual do que o convívio com uma mulher culta a vital.
22. Nos templos de Afrodite, a arte do amor era cuidadosamente cultivada, sendo as sacerdotisas treinadas desde a infãncia em sua habilidade. Mas essa arte não consistia apenas em provocar a paixão, mas em satisfazê-la adequadamente em todos os níveis de consciência; não simplesmente pela gratificação das sensaçôes físicas do corpo, mas pela troca etérea sutil de magnetismo a de polarização intelectual a espiritual. Tal processo elevava o culto de Afrodite acima da esfera da simples sensualidade a explica por que as sacerdotisas do culto inspiravam respeito a não eram em absoluto consideradas como prostitutas vulgares, embora recebessem todos os que chegassem. Elas procuravam suprir certas necessidades mais sutis da alma humana por meio de suas hábeis artes. Nós, os modernos, superamos em muito os gregos na arte de estimular o desejo, criando o cinema, os espetáculos e a música, mas não temos a menor noção da arte muito mais importante de despertar as necessidades da alma humana por um intercâmbio etéreo a mental de magnetismo, e é por essa razão que nossa vida sexual, tanto fisiológica como socialmente, é tão instável a insatisfatória.
23. Não podemos compreender corretamente o sexo se não compreendermos que ele é um dos aspectos do que o esoterista chama de polaridade, a que esse é um princípio que percorre toda a criação, sendo, de fato, a base de manifestação. Ele é representado na Árvore pelos Pilares da Severidade a da Misericórdia. Toda a atividade da força está compreendida no princípio da polaridade, assim como toda a função da forma está compreendida no princípio do metabolismo.
24. A polaridade significa essencialmente o fluxo de força de uma Esfera de alta pressão para uma Esfera de baixa pressão, sendo os termos “alto” a “baixo” relativos. Toda Esfera de energia precisa receber o estímulo de um influxo de energia da pressão superior a enviá-to a uma Esfera de pressão inferior. A fonte de toda energia está no Grande Imanifesto, a ela segue seu Caminho para baixo, de nível em nível, alterando sua forma de uma Esfera a outra, até se converter, finalmente, em força “terrestre”, em Malkuth. Em toda vida individual, em toda forma de atividade, em todo grupo social organizado para qualquer propósito, exército, igreja ou companhia comercial, vemos a exemplicação desse fluxo de energia percorrendo o circuito. o ponto capital que devemos entender é que, na Árvore microcósmica, há um fluxo descendente a ascendente dos aspectos positivo a negativo de nossos níveis subjetivos de consciência, em que o espírito inspira a mente, e a mente dirige as emoções, a as emoções formam o duplo etéreo, e o duplo etéreo molda o veículo físico, que é o “fio terra” do circuito. Esse ponto é fácil de compreender, a podemos confirmá-to facilmente quando lhe prestamos a devida atenção.
25. Mas um ponto que não compreendemos facilmente é que há um fluxo a refluxo entre cada “corpo”, ou nível de consciência, a seu aspecto correspondente no macrocosmo. Assim como há uma entrada a uma saída no nível de Malkuth por onde o corpo recebe alimento a água como nutrição a os expulsa com excreções, que são o alimento do reino vegetal sob o polido nome de “adubo”, assim também há uma entrada a uma saída entre o duplo etéreo e a luz astral, a entre o corpo astral e o lado mental da natureza, a assim por diante nos planos, sendo os fatores sutis representados pelas seis Sephiroth superiores. A essência da Cabala Mágica, que é a aplicação prática da Árvore da Vida, consiste em desenvolver esses circuitos magnéticos de níveis diferentes, a assim fortalecer a reforçar a alma. Assim como o corpo físico se nutre comendo a bebendo, a se mantém saudável pela excreção adequada – processos que poderiam receber o nome de “operações da Esfera de Malkuth” -, assim é a alma do homem vitalizada pelas operações da Esfera de Tiphareth, que se chama também de Esfera do Redentor, que confere saúde à alma. Sabemos como a iniciação desenvolve os poderes do psiquismo superior a permite a percepção das verdades superiores; o que não compreendemos é que, para percorrer a escala plena do desenvolvimento humano, precisamos também desenvolver nosso poder para entrar em contato com a energia natural em sua forma essencial representada pela Esfera de Netzach. Estamos acostumados a admitir que o espiritual e o natural são mutuamente antagônicos a que devemos despir um santo para vestir o outro, a concluímos que, se o espiritual é o Bem superior, o natural deve ser necessariamente o Mal inferior; não compreendemos que a matéria é espírito cristalizado, a que o espírito é matéria volatizada, a que não existe diferença substancial entre eles, assim como não existe entre a água e o gelo, sendo ambos estágios diferentes da Coisa única, como os alquimistas a chamam; esse é o grande segredo da Alquimia, que constitui a base filosófica da doutrina secreta da transmutação.
26. Mas a trasmutação dos metais tem uma importãncia meramente acadêmica se comparada à transmutaçâo da energia na alma. É com essa que o iniciado opera por meio da técnica da Arvore da Vida; e, assim como a consciência se transmuta no Pilar Central da Cordura, ou Equilibrio, assim também a energia se transmuta no Pilar da Misericórdia, do qual Netzach é a base, e a forma se transmuta no Pilar da Severidade, do qual Hod, o intelecto, é a base.
27. Em Chokmah, portanto, temos o tremendo impulso da vida, que é a grande potência masculina do universo; em Chesed, temos a organização das forças em complexos interativos; a em Netzach, temos uma esfera em que a evolução, ascendendo de Malkuth como força organizada que anima a forma vivificada, é capaz de fazer contato mais uma vez com a força essencial. Netzach, a Esfera de Nogah, que é o nome hebraico de Vênus-Afrodite, é, portanto, uma Esfera extremamente importante do ponto de vista do trabalho prático do ocultismo. Como a maior parte dos ocultistas aprendizes trabalha apenas no Pilar Central, que é o Pilar da Consciência, a não prestam nenhuma atenção ao pilares laterais, que são os Pilares da Função, eles obtêm resultados insignificantes no que diz respeito à iniciaçáo. O cego guia o cego, e o pretenso iniciador médio das modernas fraternidades ocultistas não compreende que precisa iniciar tanto a subconsciência quanto a consciência, a iluminar tanto os instintos quanto a razão.
28. Até agora, consideramos Netzach do ponto de vista objetivo e subjetivo; resta-nos estudar o simbolismo atribuído a essa Sephirah à luz do conhecimento obtido.
29. Observaremos, de imediato, que o simbolismo contém duas idéias distintas: a idéia do poder e a idéia da beleza; o que evoca o amor que existia entre Vênus a Marte de acordo com o velho mito. Ora, esses mitos não são fabulosos, a não ser no sentido histórico, mas representam verdades do espírito; e, quando descobrimos a mesma idéia presente em diferentes panteões, quando descobrimos que o cabalista hebreu e o poeta grego, cujas mentalidades eram tão distantes quanto os pólos, apresentaram o mesmo conceito em formas diferentes, devemos concluir que isso não é acidental, mas merece uma cuidadosa atenção.
30. Não utiiizaremos nosso método habitual de analisar os símbolos numa dada ordem, mas vamos classificá-los de acordo com os dois tipos a que pertencem.
31. O título hebraico da Sétima Sephirah é Netzach, que significa Vitória. Seu título adicional é Firmeza, que evoca a mesma idéia do domínio e da energia vitoriosa. O Nome divino é Jehovah Tzabaoth, que significa o Senhor das Hostes, ou Deus dos Exércitos. O coro angélico atribuído a Netzach é o dos Elohim, ou deuses, os regentes da natureza.
32. As quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah contêm a idéia da batalha, ainda que numa forma negativa. É curioso notar, contudo, que apenas o Sete de Paus tem um significado bom ou positivo, sendo os outros setes cartas de má sorte. A razão desse fato se esclarece, contudo, quando compreendemos o simbolismo como um todo, de modo que vamos deixá-to de lado por enquanto, reconsiderando-o mais adiante.
33. Analisemos agora o outro grupo de imagens simbólicas. O chakra cósmico de Netzach é o planeta Vênus, e a imagem mágica é, com bastante propriedade, “uma bela jovem desnuda”. A experiência espiritual atribuída a essa Esfera é a visão da beleza triunfante. A virtude é o desprendimento ou seja, a capacidade de adotar o pólo negativo. Os vícios são os causados pelo abuso do amor – o impudor e a luxúria.
34. A correspondência no microcosmo indica os rins, os quadris a as pemas, os quais, como podemos observar, formam o enquadramento dos órgãos geradores, a confirmam a idéia, já esboçada, de que a Deusa do Amor e a Deusa da Fertilidade não são idênticas.
35. Os símbolos atribuídos a Netzach são a lãmpada, o cinto e a rosa. O cinto e a rosa explicam-se por si mesmos, pois estão tradicionalmente associados a Vênus. A lãmpada, contudo, requer uma explicação adicional, pois as associaçôes clássicas não nos dão pista alguma a esse respeito. Devemos voltar à Alquimia.
36. Os quatro elementos estão associados às quatro Sephiroth inferiores, e o elemento Fogo está associado a Netzach. A lâmpada é a arma mágica utilizada nas operações do elemento Fogo. Daí a associação com Netzach. O elemento Fogo está associado à energia ígnea no coração da natureza, e vincula-se ao aspecto marciano da Sephirah Vênus.
37. Vemos, assim, pelo estudo do simbolismo precedente, que o simbolismo de Marte, ou da vitória, está associado ao macrocosmo, e o simbolismo de Vênus, o amor, ao aspecto microcósmico ou subjetivo. Temos aqui a chave de uma verdade muito importante, que os antigos compreendiam muito bem, mas que precisou esperar a obra de Freud para encontrar uma interpretação em linguagem moderna. Para dizê-to em outras palavras, a energia elemental, ou, dinamismo fundamental de um indivíduo, está estreitamente associada com a vida sexual desse indivíduo.
38. Esse é um aspecto muito importante de nossa vida psíquica que os psicólogos conhecem muito bem, embora os místicos a os sensitivos não o considerem apropriadamente, pois tendem geralmente a um idealismo que procura escapar da matéria a de seus problemas. Mas escapar assim é deixar uma fortaleza não-conquistada à retaguarda; e o meio mais sábio – o único meio que pode produzir a plenitude de vida a um temperamento equilibrado – é dar o devido lugar a Netzach, que equilibra o intelectualismo de Hod e o materialismo de Malkuth, lembrando sempre que a Árvore consiste nos dois Pilares da Polaridade, com o Caminho do Equilíbrio entre eles.
39. O verdadeiro segredo da virtude natural reside no conhecimento dos direitos litigantes dos pares de opostos; não existe qualquer antinomia entre Bem a Mal, mas apenas o equilíbrio entre dois extremos; cada um deles é mau quando levado ao excesso; ambos dão origem ao mal se perdem o equilíbrio. A licença não-controlada conduz à degradação, mas o idealismo desequilibrado conduz à psicopatologia.
40. Há três tipos de pessoas que passam pelo Véu: o místico, o sensitivo e o ocultista. O místico aspira à união com Deus, a atinge seu fim pondo de lado tudo que não é de Deus em sua vida. O sensitivo é um receptor de vibraçôes sutis, mas não um transmissor. O ocultista precisa ser, pelo menos em certa medida, um receptor, mas seu objetivo primário é obter o controle a dirigir os reinos invisíveis, da mesma maneira que o homem de ciência aprendeu a controlar a dirigir o reino da Natureza.
41. Para alcançar esse objetivo, ele precisa trabalhar em harmonia com as forças invisíveis, da mesma maneira que o cientista domina a Natureza, compreendendo-a. Dessas forças invisíveis, algumas sâo espirituais, originárias de Kether, a algumas são elementais, operando de Malkuth. As forças Kether do Macrocosmo são recolhidas no Microcosmo por meio do centro Tiphareth, para utilizar a terminologia cabalística; as forças elementais são recolhidas pelo centro Yesod, mas – e este é o ponto capital – dirigidas a controladas na medida em que o equilíbrio é mantido entre Netzach e Hod.
42. Netzach, no Microcosmo, representa o dado instintivo a emocional de nossa natureza, a Hod representa o intelecto; Netzach é o artista em nós, a Hod é o cientista. De acordo com a variação de nosso humor entre dinamismo a restrição, assim será a polaridade de Hod a Netzach no Microcosmo, que é a alma. Se não há influência de Netzach para introduzir um elemento dinâmico, o predomínio de Hod conduzirá a muita teoria e a nenhuma prática nos assuntos ocultos. Ninguém pode manipular a magia na qual a Esfera de Netzach não tem funçôes, pois o ceticismo de Hod matará todas as imagens mágicas antes de seu nascimento. Como todas as coisas na Natureza, Hod, não-fertilizada por sua polaridade oposta, é estéril. É necessário que, em todo ocultista que queira trabalhar praticamente haja um artista. Embora poderoso, o intelecto, por si só, não confere poderes. É por meio de Netzach, em nossa natureza, que as forças elementais tem acesso à consciência; sem Netzach, elas permanecem na Esfera subconsciente de Yesod, trabalhando cegamente. Ensinam os Mistérios que todo nível de manifestação tem sua própria ética, ou padrão de certo a errado, a que não devemos confundir os planos esperando, de um, o padrão do outro que não lhe é aplicável. No reino da mente, a ética é verdade; no plano astral, que é a Esfera das emoções a dos instintos, a ética é a beleza. Precisamos aprender a compreender a justiça da beleza, assim como a beleza da justiça, se quisermos que todas as províncias de nosso reino interior obedeçam ao poder central da consciência unificada.
43. Ao penetrar a região das quatro Sephiroth inferiores, entramos na Esfera da mente humana. Consideradas subjetivamente elas constituem a personalidade a seus poderes. O objetivo da iniciação oculta é desenvolver esses poderes e, considerados do ponto de vista superior, como deveria ser sempre, sob pena de degenerar na Magia Negra, uni-los com Tiphareth, que é o ponto focal do eu superior, ou individualidade. Ao discutir Netzach, ultrapassamos, por conseguinte, definitivamente, o portal dos Mistérios, e trilhamos o campo sagrado reservado aos iniciados.
44. Não estou advogando um sigilo, que é simplesmente política clerical, mas há certos segredos práticos dos Mistérios que não convém divulgar para que não ocorram abusos. Existe também a tendência inveterada da natureza humana em aplicar suas próprias definições a termos familiares, a em recursar-se a reconhecê-las fora de suas associações familiares. Se levantamos uma ponta do Véu do Templo a revelamos o fato de que o sexo é simplesmente uma instância especial do princípio universal da polaridade, a dedução imediata é que a polaridade e o sexo são termos sinónimos. Se digo que, embora o sexo seja uma parte da polaridade, há muito na polaridade que nada tem a ver com o sexo, minha explicação será ignorada. Talvez eu seja mais bem compreendida se substituir a terminologia dos psicólogos pela dos físicos mais apropriada, a dizer que a vida só flui através de um circuito; isolemo-la, a ela se tornará inerte. Encaremos a personalidade como uma máquina elétrica: ela precisa estar ligada à casa de força, que é Deus, a Fonte de Toda Vida, ou não funcionará; mas ela precisa igualmente estar em contato com a Terra, do contrário seu mecanismo não poderá ser posto em movimento. Todo ser humano precisa estar em contato com a Terra, tanto no sentido literal como no metafórico. O idealista tenta induzir uma completa isolação de todos os contatos terrestres, a fim de que o poder afluente não se disperse; ele não compreende que a Terra é um grande ímã.
45. A tradição declara, desde a mais remota antigüidade, que a chave dos Mistérios foi escrita na Tábua de Esmeralda, de Hermes, onde estavam inscritas as palavras “Como em cima, tal é embaixo”. Apliquemos os princípios da física à psicologia a teremos a solução do enigma. Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça.
46. Consideremos, por fim, o significado das cartas do Tarô associadas a Netzach. São os quatro setes do baralho.
47. Como chegamos à Esfera de influência do plano terrestre, consideramos oportuno explicar o que representam essas cartas menores do Tarô na adivinhação. Elas simbolizam os diferentes modos de funcionamento das diferentes forças sephiróticas nos Quatro Mundos dos cabalistas. O naipe de Paus corresponde ao nível espiritual; Copas, ao nível mental; Espadas, ao plano astral; a Ouros, ao piano físico. Conseqüentemente, se o Sete de Ouros sai na adivinhação, ele significa que a influência ,de Netzach exerce um papel no plano físico. Reza um velho adágio, “Feliz no amor, infeliz nas cartas”, o que não é senão outra maneira de dizer que a pessoa que é atraente ao sexo oposto está perpetuamente em apuros. Vênus exerce uma influência perturbadora nos assuntos terrestres. Ela distrai dos negócios sérios da vida. Assim que sua influência chega a Malkuth, ela deve entregar a palma a Ceres e desaparecer. São os filhos, a não o amor, que mantêm o lar unido. O nome cabalístico do Sete de Ouros é Sucesso Incompleto, a devemos apenas passar em revista as vidas de Cleópatra, Guinevere, Isolda a Heloísa para compreender que Vênus no plano físico tem por divisa “Pelo amor, renuncio ao mundo”.
48.O naipe de Espadas é atribuído ao piano astral. O título secreto do Sete de Espadas é Esforço Instável, o qual expressa bastante bem a ação de Vênus na Esfera das emoções, com sua intensidade efêmera.
49. O título secreto do Sete de Copas é Sucesso Ilusório. Essa carta representa a operação de Vênus na Esfera da mente, onde sua influência em nada contribui para tornar claras as concepções. Acreditamos no que queremos acreditar quando estamos sob a influência de Vênus. Nesse plano, sua divisa deveria ser “O amor é cego”.
50. Apenas na Esfera do espírito, Vênus está em seu lugar adequado. Aqui, sua carta, o Sete de Paus, recebe o nome de Valor, que descreve convenientemente a influência dinâmica a vitalizante exercida quando seu significado espiritual é compreendido a empregado.
51. As quatro cartas de Tarô atribuídas a Netzach revelam de maneira muito interessante a natureza da influência venusiana quando esta atinge os planos. Elas nos ensinam uma lição muito importante, mostrando como essa força é essencialmente instável, quando não tem raízes num princípio espiritual. As formas inferiores do amor são as emoções, a nestas não nos podemos liar; mas o amor superior é dinâmico a energizador.
QLIPHA
ערב זרק A’arab Zaraq (HRB-SRRAL)
Demonio: Baal
Significado: O Corvo da dispersão, Corvos da Morte
Descrição: Desejo
Poder: Gula, Dispersão
Nomes de Poder: HARAB-SERAPEL (HRB-SRRAL): HELEBRIEL + SATORIEL + BARUCHIEL + RETERIEL + REFREZIEL + LABREZIEL + ASTORIEL +REPTORIEL
Planeta:Venus
Tarot: Morte/Carruagem
A Qlipha venusiana, A’arab Zaraq, Corvos da dispersão, é o lado sombrio de Vênus, onde se opera a magia luciferiana obscura e o misticismo erótico da mão esquerda. É o mundo dos desejos, prazeres descontrolados e deleites que aprisionam a viciam de modo patológico o ignorante escravo. Esta Qlipha é a manifestação do Algol, a estrela de 8 pontas Luciferiana”, sendo este um dos símbolos de sua expressão.
Seu principal habitante é Theumiel, “A substância Suja de Deus”. Baal, deus fenício da fertilidade e sabedoria, a personificação das forças inferiores e primitivas da natureza, e marido de Astarte. São vários espíritos e demônios cuja adoração e culto se faz por meio de imagens e ídolos. Baal, a palavra em hebraico para “Senhor” e os próprios hebreus possivelmente cultuavam mediante sacrifícios humanos e ritos violentos e asquerosos. Uma entidade diferente de Baalzebub. Chamado Bel pelos babilônios e Ammon pelos egípcios.
Arquétipos Qliphoticos:
Hetaíra: Deusa grega do sexo e da promiscuidade. As heteras ou hetairas (do grego ἑταίραι – hetaírai – “companheiras”), na sociedade da Grécia Antiga, eram cortesãs e prostitutas sofisticadas, que além de suas prestações sexuais ofereciam companhia e com as quais os clientes frequentemente tinham relacionamentos prolongados. De boa educação, as heteras destoavam das mulheres da época por não se enquadrarem no conceito de arte própria dessas, ligado à formosura, não apenas enquanto objeto erótico, mas na qualidade de modéstia, moral rígida e governo do lar.
Pandemos: Deusa grega da paixão descontrolada e dos desejo sexual impulsivo.
Pandora: Semideusa grega da beleza e da curiosidade, abriu a caixa que continha todos os vícios e males da humanidade, ficando somente a esperança no fundo.
Príapo: Priapo ou Príapo (em grego: Πρίαπος, transl. Príapos) é o deus grego do apetite sexual insaciável, da fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite. Sua imagem é apresentada como um homem idoso, mostrando um grande órgão genital (ereto). Priapo era considerado como protetor de rebanhos, produtos hortículas, uvas e abelhas. É representado por um busto em cima de uma pilastra com cornos de bode, orelhas de cabra, uma coroa de folhas de vinha ou de loureiro. Os antigos borravam as estátuas com cinábrio ou zarcão, algumas vezes coloca-se instrumentos de jardinagem junto à imagem, cestos para fruta, foice, um bastão para afastar ladrões e uma vara para amedrontar os pássaros. Sobre o monumento colocam também cabeças de burro e outros animais que os habitantes lhe ofereciam em sacrifício. Existia ainda um ritual onde meninas virgens sentavam em cima de um falo gigante representando Priapo.
Sekhmet: Deusa leoa egípcia das paixões, do desejo sexual impulsivo, da raiva passional, das bebida alcoólicas e da guerra. Associada a Marte.
Fulla: Deusa escandinava da vaidade exagerada e da futilidade.
Asmodeus: Deus persa/hebreu da fornicação e do desejo sexual descontrolado.
Tzinteotl: A deusa asteca do sexo, da promiscuidade, da prostituição e da luxúria.
8 – HOD – SAMAEL
Título: Hod, Glória. ( Em hebraico: Hé, Vau, Daleth.)
Imagem Mágica: Um hermafrodita.
Localização na Árvore: Na base do Pilar da Severidade.
Texto Yetzirático: 0 oitavo Caminho chama-se Inteligência Absoluta ou Perfeita, pois é o instrumento do Primordial, a não possui raízes, com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica.
Nome Divino: Elohey Tzebaoth, o Deus das Hostes.
Arcanjo: Miguel.
Coro Angélico: Beni Elohim, Filhos de Deus.
Chakra Cósmico: Kokab, Mercúrio.
Experiência Espiritual: Visão do esplendor.
Virtude: Veracidade.
Vício: Falsidade. Desonestidade.
Correspondéncia no Microcosmo: Os quadris a as pernas.
Símbolos: Nomes a versículos. Avental.
Cartas do Tarô: Os quatro oitos: Oito de Paus: rapidez; Oito de Copas: sucesso abandonado; Oito de Espadas: força diminuída; Oito de Ouros: prudência.
Cor em Atziluth: Violeta-púrpura.
Cor em Briah: Laranja.
Cor em Yetzirah: Vermelho-roxo.
Cor em Assiah: Preto-amarelado, salpicado de branco.
1. Os dois poderes primordiais do universo estão representados na Árvore da Vida por Chokmah a Binah, forças positiva a negativa. Afirmam os cabalistas que, embora toda Sephirah emane a Esfera que se lhe segue em ordem numérica, essas duas Supremas, uma vez estabelecida a Árvore, se refletem diagonalmente de um modo particular: Essa característica é claramente indicada no Texto Yetzirático dessa Sephirah, o qual afirma que Hod “não possui raízes com as quais possa penetrar a implantar-se, salvo nos lugares ocultos de Gedulah, da qual emana sua essência característica”. Gedulah, lembremos, é outro nome de Chesed.
2. Binah é o Dador de Forma. Chesed é anabolismo cósmico, a organização das unidades formuladas por Binah em estruturas complexas e interatuantes; Hod, o reflexo de Chesed, é por sua vez uma Sephirah de Forma, e representa esse princípio coagulador em outra Esfera.
3. Chokmah, por outro lado, é o princípio dinâmico; ela se reflete em Geburah, que é o Catabolismo Cósmico, representando a ruptura do complexo no simples, a qual libera energia latente; a isso se reflete novamente em Netzach, a força vital da Natureza.
4. É importante notar, para a compreensão das cinco Sephiroth inferiores, que o presente estágio de evolução representou algum grau de desenvolvimento da consciéncia humana nessas Esferas. Tiphareth representa a consciência superior, em que a individualidade se une à personalidade; Netzach a Hod simbolizam, respectivamente, os aspectos da força a da forma da consciéncia. Porque a consciência humana avançou um grau de desenvolvimento nessas Esferas, sua natureza puramente cósmica é consideravelmente excedida por suas influências; e, como a consciência humana, desenvolvendo-se em Malkuth, é uma consciência de formas derivada da experiência das sensações físicas, as condições de Malkuth se refletem, numa forma rarefeita, em Hod a Netzach, a em grau menor em Tiphareth; Yesod está ainda mais marcadamente condicionada pela influência amplificadora da Malkuth.
5. Isso se deve ao fato de que a mente de qualquer ser, tendo obtido um grau suficiente de desenvolvimento para alcançar uma vontade independente, opera objetivamente sobre seu meio e, dessa forma, o modifica. Ilustremos esse ponto por meio de um exemplo. As criaturas de desenvolvimento inferior, como as formas simples de vida que não têm poder motor, como as anêmonas, só podem exercer uma influência muito limitada sobre seu meio; mas uma criatura de tipo superior a mais inteligente pode exercer uma influência muito grande sobre o meio ambiente, forçando-o, por sua inteligência a energia, a conformar-se à sua vontade, como quando um castor constrói um dique. Os seres humanos, a mais elevada de todas as criaturas da matéria, aprenderam a exercer uma influência profunda sobre seu meio, de modo que o globo terrestre está gradualmente se sujeitando à vontade do homem.
6. No que concerne a cada nível de consciência, as condiçôes são exatamente análogas. A mente realiza suas construções por meio do estofo mental a da natureza das forças espirituais do cosmo, exatamente como a anêmona retira sua substância da nutrição que a água lhe traz. Os tipos supepores de personalidade, contudo, são análogos aos tipos superiores de animals, porque podem, num grau crescente, de acordo com a sua energia a capacidade, influenciar o seu meio sutil; a mente edificada no estofo mental faz sentir seu poder no plano mental.
7. Observamos, ao tratar do plano astral – que é essencialmente o nível de função dos aspectos mais densos da mente humana -, que as forças e fatores desse plano se apresentam à consciência como formas etéreas de um tipo distintamente humano; e, se abordarmos o assunto filosoficamente, e não credulamente, teremos dificuldades para explicar como isso se dá. O iniciado, contudo, tem sua explicação. Ele declara que foi a própria mente humana que criou essas formas, representando para si mesmo essas forças naturais inteligentes como formas portadoras de um tipo humano, a raciocinando por analogia que, como elas são individualizadas, sua individualidade deve ter a mesma espécie de veículo para a manifestação que a sua própria individualidade.
8. Essa não é, naturalmente, uma constatação óbvia. De fato, essas formas de vida, quando deixadas a si próprias, terminam sua encamação nos fenômenos naturais, constituindo seus veículos coordenações de forças naturais, tais como um rio, uma cadeia de montanhas ou uma tempestade. Sempre que o homem entra em contato com o astral, seja como um sensitivo ou um mago, ele cria as formas à sua semelhança, para representá-las como forças sutis, fluídicas, a assim entrar em contato com elas, compreendendo-as e submetendo-as à sua vontade. Ele é uma verdadeira criança da Grande Mãe, Binah, a leva suas propensões naturais para organizar a construir forma a qualquer plano que seja capaz de exaltar-lhe a consciência.
9. As formas percebidas no plano astral por aqueles que são capazes de vê-las são as formas produzidas pela imaginação humana para representar essas forças naturais sutis que pertencem a formas de evolução diferentes da nossa. As inteligências de outras formas de evoluçâo que não a humana, se entram em contato conosco, podem às vezes ser persuadidas a fazerem uso dessas formas, assim como um homem pode pôr um escafandro a descer para outro elemento. Um certo tipo fundamental de magia se dedica a fazer essas formas e a induzir as entidades a animá-las.
10. Consideremos o que ocorre quando tal processo está em ação. O homem primitivo, que é muito mais sensível do que o homem civilizado, devido ao fato de sua mente não estar tão elaboradamente organizada pela educação, percebe intuitivamente que há algo sutil atrás de uma unidade altamente complexa de força natural que a diferencia de qualquer outra unidade. Os homens percebem subconscientemente esse aspecto num grau muito maior do que querem admitir; a não é por obra do simples acaso que damos nomes femininos aos furacões, ou chamamos, em inglês, os rios de “pal”. Um selvagem, que sente essa vida que existe por trás dos fenômenos, tenta fazer contato com ela para poder aliar-se-lhe. Como não pode, obviamente, esperar conquistá-la, ele precisa achegar-se a ela, assim como o faria com outras vidas estranhas animadas nos corpos de outra tribo. Para entrar em acordo com alguém, precisamos parlamentar. Não se pode entrar em acordo com pessoas que não parlamentam. O selvagem imagina, raciocinando por seu próprio método primitivo de analogia, que os seres por trás dos fenômenos repousam num reino semelhante àquele em que sua própria vida onínca ocorre; como os sonhos diurnos são estreitamente afros aos sonhos noturnos, a têm a vantagem de estar submetidos à vontade, ele tenta aproximar-se desses seres de outra esfera penetrando-lhes o reino; ou seja, ele fabrica no sonho diurno ou na fantasia a aproximação mais estreita de que é capaz com as visões da noite, e, se consegue alcançar um alto grau de concentraçâo, é capaz de fechar sua consciência desperta a penetrar voluntariamente no estado onírico, formulando um sonho regido por sua própria vontade.
11. Para conseguir esse propósito, ele formula em sua imaginação um retrato mental que visa representar o ser que é o gênio governante do fenômeno natural com que deseja entrar em acordo; ele o formula muitas e muitas vezes; ele o adora; ele o reverencia; ele o invoca. Se a invocação é suficientemente fervorosa, o ser que está buscando o ouvirá telepaticamente e poderá interessar-se pelo que ele está fazendo; se sua adoração a os sacrifícios lhe são agradáveis, poderá obter sua cooperação. Aos poucos, ele pode ser domado a domesticado; e, por fim, pode ser persuadido a animar, de tempos em tempos, a forma que se construiu com o estofo mental à guisa de veículo. O sucesso dessa operação depende, naturalmente, do grau em que o adorador aprecia a natureza do ser invocado, a ele só pode fazê-to na medida em que o seu próprio temperamento partilhar dessa natureza.
12. Se esse processo tem êxito, conseguimos, então, a domesticação de uma parte da vida da Natureza, encamando-a na forma pela qual os seus adoradores a conhecem. Enquanto a forma astral se mantém viva pelo tipo apropriado de adoração empreendido pelos adoradores com a necessária capacidade para entrar em comunhão com essa espécie de vida, dispomos de um deus encarnado, que desceu ao âmbito da percepção humana. Cessando a adoraçáo, o deus se retira para sua morada no seio da Natureza. Se existem outros adoradores, contudo, que possuem o conhecimento necessário para edificar uma forma em consonância com a natureza da vida que deve ser invocada, e a simpatia imaginativa necessária para invocá-la, é algo relativamente simples atrair uma vez mais à forma a vida que estava acostumada a animá-la; não mais difícil, do que apanhar, com uma cesta de aveia, um cavalo que vive em estado selvagem nos pastos.
13. Poder-se-á dizer que tudo isso não passa de especulação fantástica a puro dogmatismo. Como posso eu saber que é esse o modo pelo qual agia o homem primitivo? Porque é esse o método de ação que a tradição secreta dos Mistérios nos transmitiu desde tempos imemoriais, a porque, quando esse método é empregado por alguém que adquiriu o grau necessário de habilidade na concentração a conhece os símbolos que são utilizados para constituir as diferentes formas, esse mesmo método mostra sua validade, e a chama do altar atrai novamente os Velhos Deuses. Resultados definidos se produzem na consciência dos adoradores; e, se eles emprestam a técnica do espiritista a se podem recorrer a um médium materializador, fenômenos de um tipo bem definido podem ser produzidos.
14. Esse método é empregado nos trabalhos da Missa pelos sacerdotes que têm o conhecimento. Existem dois tipos de sacerdotes na Igreja Romana: o clérigo paroquial e os homens que pertencem a ordens monásticas. Esses monges empregam freqüentemente, no trabalho da Missa, um altíssimo grau de poder mágico, como qualquer sensitivo pode testemunhar. O ato da transubstanciação é, na verdade, a animação de uma forma astral com força espiritual. É no conhecimento dessas coisas e na posse de corpos organizados de homens a mulheres treinados em sua utilização nas ordens monásticas que reside a força da Igreja Católica e Apostólica; é a ausência desse conhecimento interior que constitui a fraqueza das comunhões cismáticas, ausência que toma os rituais anglicanos, mesmo quando operados com todo o cerimonial, tão diferentes como a água do vinho, quando comparados com os rituais romanos; pois os homens que os operam não têm qualquer conhecimento das operações secretas tradicionais da comunhão romana, e não são treinados na técnica da visualização. Não sou católica, e jamais o serei, porque não me submeteria à sua disciplina, nem acredito que haja apenas Um Nome sob os céus por meio do qual os homens se possam salvar, embora eu reverencie esse Nome, mas reconheço o poder quando o vejo, e o respeito.
15. Mas o poder da Igreja Romana não repousa nos documentos, e sim na função. Ela é poderosa não porque Pedro recebeu as Chaves (e é provável que ele não as tenha recebido), mas porque ela conhece seu trabalho. Não há razão que impeça os sacerdotes da Comunhão Anglicana de operarem com o poder se eles aplicarem os princípios que expliquei nestas páginas. Na Sociedade do Mestre Jesus, que é parte de minha própria organização, a Fratemidade da Luz Interior, rezamos a Missa com o poder porque aplicamos esses princípios. Quando começamos, ofereceram a Sucessão Apostólica aos nossos oficiantes, mas nós a recusamos, porque sentimos que seria melhor utilizar nosso conhecimento para fazer novamente os contatos por nossa conta do que receber a Sucessão Apostólica de uma fonte que não estava acima de suspeitas – e a experiência justificou a nossa escolha.
16. Para compreendermos plenamente a filosofia da Magia, devemos lembrar que uma Sephirah isolada não é funcional; a função supõe sempre um par de opostos em equilíbrio, que resulta numa terceira Esfera equilibrada que é funcional. O par de opostos em si não é funcional porque ele se neutraliza mutuamente; só quando se une com a força equilibrada para fluir por uma terceira Esfera, segundo o simbolismo do Pai, da Mãe a do Filho, alcança o par a atividade dinâmica, distinta da força latente que está encerrada nele à espera da invocação.
17.O triângulo funcional da Tríade Superior consiste em Hod, Netzach a Yesod. Hod a Netzach, como já observamos, são, respectivamente, Forma a Força no plano astral. Yesod é a base da substância etérea, Akasha, ou a Luz Astral, como é às vezes chamada. Hod é especialmente a Esfera da Magia, porquanto é a Esfera da formulação de formas, a é, por conseguinte, a Esfera na qual o mago realmente opera, pois é sua mente que formula as formas a sua vontade que reúne as forças naturais da Esfera de Netzach que animam essas formas. Note-se, contudo, que sem os contatos de Netzach, o aspecto da força do astral, a animação não poderia ocorrer; e, em Netzach, sendo essa a Esfera das emoções, os contatos se fazem por meio da simpatia. O poder da vontade projeta o mago para fora de Hod, mas apenas o poder da simpatia pode colocá-to em Netzach. Uma pessoa fria a de vontade dominadora não pode se tomar um adepto que trabalha com o poder, assim como não o pode uma pessoa fluidicamente simpática de pura emoção. O poder da vontade concentrada é necessário para que o mago enfrente sua obra, mas o poder da simpatia imaginativa é essencial para que esses contatos se façam. Pois é apenas através de nosso poder para entrar imaginativamente na vida dos tipos de existência diversos do nosso que podemos entar em contato com as forças da natureza. Tentar dominá-las pela Aura vontade, amaldiçoando-as pelos poderosos Nomes de Deus se elas resistem, é pura feitiçaria.
18. Como já observamos, é por meio dos fatores correspondentes em nossos próprios temperamentos que entramos em contato com as forças da Natureza. É a Vênus interior que nos põe em contato com as influências simbolizadas por Netzach. É a capacidade mágica de nossa própria mente que nos pôe em contato com as forças da Esfera de Hod-Mercúrio-Thoth. Se em nossa própria natureza não existe Vênus a nenhuma capacidade para responder ao chamado do amor, as portas da Esfera de Netzach jamais se abrirão para nós a nunca receberemos a sua iniciação. Da mestna maneira, se não temos qualquer capacidade mágica, que é o trabalho da imaginação intelectual, a Esfera de Hod será um livro fechado para nós. Só podemos operar numa Esfera depois de termos recebido a iniciação dessa Esfera, a qual, na linguagem dos Mistérios, confere os seus poderes. Na operação técnica dos Mistérios, essas iniciações são concedidas no plano físico por meio do cerimonial, que pode ou não ser efetivo. O ponto fundamental da questão reside no fato de que não podemos despertar uma atividade que já não existe em estado latente. A vida é o verdadeiro iniciador; as experiências da vida estimulam o funcionamento das capacidades de nossos temperamentos no grau em que as possuímos. A cerimônia da iniciação a os ensinamentos dadòs nos diversos graus têm por objetivo apenas tornar consciente o que era anteriormente subconsciente, a submeter ao controle da vontade, dirigida pela inteligência superior, as capacidades de reação desenvolvidas que até então só responderam cegamente aos estímulos apropriados.
19. Cumpre lembrar que é apenas na proporção em que nossas capacidades de reação se elevam acima da Esfera dos reflexos emocionais a se colocam sob o controle racional que podemos transformá-las em poderes mágicos. Apenas quando o aspirante – tendo a capacidade de responder em todos os planos, ao chamado de Vênus, pode recusar-se com facilidade e sem esforço à vontade de responder é que ele pode se iniciar na Esfera de Netzach. Eis por que se diz que o adepto utiliza todas as coisas, mas não depende de nada.
20. Esses conceitos são claros para aqueles que têm olhos para ver o simbolismo de Hod. O Texto Yetzirático declara que Hod é a Inteligência Perfeita porque é o instrumento do Primordial. Em outras palavras, é o poder em equilíbrio, pois a palavra “instrumento” implica uma posição intermediária entre dois extremos.
21. O conceito da reação a da satisfação inibidas está expresso no título do Oito de Copas do Tarô, cujo nome secreto é “Sucesso Abandonado”. O naipe de Copas do Tarô, no simbolismo do Tarô, está sob a influência de Vênus a representa os diferentes aspectos a influências do amor. O “Sucesso Abandonado”, a inibição da reação instintiva, que daria a satisfação – em outras palavras, a sublimação -, é a chave dos poderes de Hod. Mas lembremos que a sublimação não é a mesma coisa que a repressão ou a erradicação, e se aplica ao instinto de autopreservação, assim como ao instinto de reprodução, com o qual a mente popular a associa exclusivamente.
22.O mesmo conceito reaparece no título secreto do Oito de Espadas, que é “O Senhor da Força Diminuída”. Temos, nessas palavras, uma clara imagem da suspensão a retenção do poder dinâmico que procuramos controlar.
23. No Oito de Ouros, que representa a natureza de Hod manifesta no plano material, temos o Senhor da Prudência – que é também uma influência restritiva. Mas essas três cartas negativas se resumem sob o governo do Oito de Paus, que representa a ação da Esfera de Hod no plano espiritual, e essa carta recebe o nome de Senhor da Rapidez.
24. Vemos, pois, que é pelas inibições a restriçôes nos planos inferiores que á energia dinámica do plano superior pode ser utilizada. É na Esfera de Hod que a mente racional impõe essas inibições à natureza animal dinámica da alma, condensando-as, formulando-as a dirigindo-as por meio de sua linútação a impedindo-lhes a difusão. É essa operação da Magia que trabalha com os símbolos. Por meio dela, as forças naturais livres são reprimidas a dirigidas aos fins desejados. Esse poder de direção e controle só pode ser obtido pelo sacrifício da fluidez, a Hod é, por conseguinte, justamente considerado como o reflexo de Binah através de Chesed.
25. Tendo considerado os princípios gerais da Esfera de Hod, podemos agora considerar em detalhes o seu simbolismo.
26. O significado da palavra hebraica Hod é Glória, o que sugere de pronto à mente que, nessa Sephirah, a primeira Esfera em que as formas estão definitivamente organizadas, o esplendor do Primordial se revela à consciência humana. Os físicos nos dizem que a luz só se manifesta como azul no céu devido à refração das partículas de pó na atmosfera. Uma atmosfera absolutamente sem pó seria completamente negra. Ocorre o mesmo na metafísica da Árvore. A glória de Deus só pode brilhar na manifestação quando existem formas que a manifestam.
27. A Imagem Mágica de Hod concede um tema muito interessante para meditação. Aqueles que compreenderam o signiflcado das páginas anteriores verão até que ponto a natureza dinámica a formal do trabalho mágico está resumida no símbolo do ser em que se combinam os elementos masculino a feminino.
28. Hod é essencialmente a Esfera das formas animadas pelas forças da natureza; e, inversamente, é a Esfera em que as forças da natureza assumem uma forma sensível.
29. O Texto Yetzirático já foi extensamente comentado e, quanto a esse assunto, o leitor deverá reportar-se a ele.
30. O Nome Divino de Hod, Elohim Tzabaoth, Deus das Hostes, contém o símbolo hermafrodita de modo muito interessante, pois a palavra Elohim é um substantivo feminino com um plural mascuiino, indicando, assim, segundo a maneira dos cabalistas, que ela representa um tipo duplo de atividade ou de força que funciona por meio de uma organização. As três Sephiroth do Pilar Negativo da Árvore têm a palavra Elohim como parte do Nome Divino. Tetragrammaton Elohim em Binah; Elohim Gebor em Geburah; e Elohim Tzabaoth em Hod.
31. A palavra Tzabaoth significa hoste, ou armada. Temos, assim, a idéia da Vida Divina que se manifesta em Hod por meio de uma hoste de formas animadas com força, em oposição à atividade fluídica de Netzach.
32. A atribuiçáo do poderoso arcanjo Miguel a Hod oferece-nos um tema muito interessante para reflexão. Esse arcanjo é comumente representado pisoteando uma serpente a atravessando-a com uma espada, a tendo em mãos um par de balanças, símbolo do equilíbrio, que expressa a mesma idéia do Texto Yetzirático, “Instrumento do Primordial”.
33. A serpente pisoteada pelo grande Arcanjo é força primitiva, a serpente fálica dos freudianos; a esse hieróglifo nos ensina que é a “prudência” restritiva de Hod que “amortece” a força primitiva, impedindo-a de ultrapassar os seus limites. A Queda, devemos lembrar, é representada na Árvore pela Grande Serpente, que ultrapassa os limites colocados para ela e ergue suas sete cabeças coroadas até Daath. É muito interessante observar a maneira pela qual os símbolos se interpenetram, reforçando-se a esclarecendo-se mutuamente, a fornecendo os seus frutos à contemplação do cabalista.
34. O coro angélico que opera em Hod é o dos Beni Elohim, os Filhos dos Deuses. Temos novamente o conceito dos “Deuses das Hostes”, ou armadas. Um dos conceitos mais importantes da ciência arcana diz respeito à operação do Criador por meio dos intermediários. O não-iniciado e o profano imaginam que Deus trabalha como um pedreiro, juntando tijolos com as próprias mãos a levantando o edifício; mas o iniciado concebe Deus como o Grande Arquiteto do Universo, que desenha Seus projetos no plano dos arquétipos e a Quem recorrem os videntes, os arcanjos, em busca de instrução, dirigindo as armadas dos operários humildes que assentam pedra sobre pedra de acordo com o plano arquetípico do Superior. Constrói o arquiteto com as suas próprias mãos? Não; a tampouco assim foi quando o universo estava sendo edificado.
35. O chakra cósmico, como já observamos, é Mercúrio, a já analisamos o seu simbolismo como Hermes-Thoth.
36. A experiência espiritual atribuída a essa Sephirah é a Visão do Esplendor, que é a compreensão da glória de Deus manifesta no mundo criado. O iniciado de Hod vê além das aparências das coisas criadas a percebe o seu Criador; e, na compreensão do esplendor da Natureza como a veste do Inefável, ele recebe a sua iluminação a se toma um co-operador do Grande Artífice. É essa compreensão das forças espirituais que manipulam todas as manifestações a aparições que é a chave dos poderes de Hod tal como são eles considerados na Magia da Luz. É formando-se um canal para essas forças que o Mestre da Magia Branca ordena as Esferas de Força Desequilibrada, não utilizando os poderes para sua vontade pessoal. Ele é o equilibrador do desequilibrado, não o manipulador arbitrário da natureza.
37. Nessa esfera, que é a Esfera de Mercúrio-Hermes, deuses da ciência e dos livros, vemos claramente que a virtude suprema é a veracidade, e que o aspecto contrário dessa Sephirah é aquele que Mercúrio revela em seu aspecto como deus dos ladrões a dos trapaceiros astutos. Na ética esotérica, acredita-se que cada plano tem o seu padrâo de certo a errado. O padrão do plano físico é a força; o padrão do plano astral é a beleza; o padrão do plano mental é a verdade; e o padrão do plano espiritual é o certo e o errado, tal como entendemos esses termos; portanto não existe ética, a não ser em termos de valor espiritual; tudo o mais é transitório. Na Esfera que é essencialmente a Esfera da mente concreta, é lógico que a Cabala lhe atribua como virtude suprema a veracidade.
38. A correspondência no Microcosmo estabelece-se entre os quadris e as pernas, de acordo com a regência astrológica do planeta Mercúrio.
39. Os símbolos associados a Hod são os nomes, os versículos e o avental. Os nomes são as Palavras de Poder por meio das quais o mago resume a evoca na consciência as potências multiformes dos Beni Elohim. Esses nomes não são, em absoluto, vocábulos arbitrários a bárbaros, sem etimologia ou significado. São fórmulas filosóficas. Em alguns casos, sua interpretação é etimológica, como no caso das divindades egípcias, cujos nomes se baseiam nos nomes das forças que servem para designar forças complexas. Em todos os sistemas mágicos, contudo, que têm sua raiz na Cabala, os nomes mágicos se baseiam no valor numérico das consoantes deste ou daquele alfabeto sagrado; há uma Cabala grega, uma árabe a uma copta, além da bem conhecida hebraica. Essas consoantes, quando substituídas pelos números apropriados, fornecem uma cifra, que pode ser manipulada matematicamente de diversas maneiras. Alguns desses meios estáo de acordo com os métodos da matemática pura, e o resultado volta a se traduzir em letras, revelando correspondências muito interessantes com os nomes das forças similares ou conexas. Esse é um aspecto muito curioso da tradição cabalística, e, nas mãos de mestres experientes, fornece resultados interessantes; mas pode, ao contrário, conduzir o inexperiente ao abismo, porque não há limite para as combinações, a apenas um profundo conhecimento dos princípios pode dizer-nos quando as analogias são legítimas ou não, impedindo-nos de cair na credulidade a na superstição.
40. Os versículos são frases mântricas, a um mantra é uma frase sonora que, quando repetida indefinidamente à maneira de um rosário, opera sobre a mente como uma forma especial de auto-sugestão – cuja psicologia é por demais complexa para que dela possamos aqui nos ocupar.
41. O avental evoca associações imediatas para os iniciados do Sábio Salomão; ele é o traje característico do iniciado nos Mistérios Menores, que é sempre qualificado figurativamente como um pedreiro, isto é, um construtor de formas, a como a Sephirah Hod é a Esfera das operações dos construtores de formas mágicas, o símbolo que lhe corresponde é bastante pertinente. O avental cobre a oculta o centro lunar de Yesod, que estudaremos em seu devido tempo. Como já observamos, Yesod é o aspecto funcional do par de opostos do plano astral.
42. Já estudamos, em páginas anteriores, os quatro oitos das cartas do Tarô, atribuídos a essa Sephirah.
43. Para concluir, temos em Hod a Esfera da Magia Formal, distinta do simples poder mental. As formas que são construídas pelo mago que trabalha com as forças da Natureza são os Beni Elohim, os Filhos dos Deuses.
QLIPHA
סמאל Samael (SMAL)
Demônio: ADRAMELECH
Significado: Veneno de Deus
Descrição: Amarelo sem vida
Poder: Decepção, Heresia
Nomes de Poder: SAMAEL (SMAL): SHEOLIEL + MOLEBRIEL + LIBRIDIEL +AFLUXRIEL
Planeta: Mercúrio
Tarot: O Enforcado
As forças qliphoticas de Samael, “O Mentiroso”, “Veneno de Deus”, manifestam-se como falsidade, desonestidade, inveja. Esta esfera representa também os aspectos de Lúcifer/Samael, ambos como portadores da Luz do conhecimento para o Homem, ambos expulsos do Paraíso e fadados a conhecer tanto o êxtase da Luz quanto o das Trevas. Assim deve ser o adepto. Samael representa as falhas da criação, o Mergulho no Abismo,sacrifício pelo conhecimento pleno, dor, auto sacrifício e receber devolta a essencia da Luz. O enforcado representa a queda de Lúcifer/Samael e Mercúrio concede os desejos do Adepto a serem transformados em realidade diante da falha da criação, remodelando a realidade a sua imagem e semelhança. Tornando-se como Deus, mas fora dele. Esta Qlipha está relacionada aos mistérios Abel em sacrifício de Caim.
Seu principal habitante é Theuniel, “Os sujos que pranteiam por Deus”. O deus assírio Adrammelech é o arquidemônio, o espirito do intelecto pervertido e grande mentor dos espíritos infernais. Descrito na bíblia como um Deus dos Sepharvaim a quem eram queimadas crianças, em homenagem a ele e outros deuses. Samael manifesta o mundo das satisfações e das sensações mentais grosseiras, da fraude e da perdição intelectual, desolação e queda da criação.
Arquétipos Qliphoticos:
Apollyon: Demônio grego da mentira e das fraudes.
Abaddon: Demônio hebreu equivalente a Apollyon.
Deggial ou Al Dajjal: Demônio árabe gigante e cego de um olho, demônio da falsa profecia, o impostor que irá perverter e desencaminhar a humanidade por meio de suas palavras cativantes;
Ahrian ou Angra Maynu: Demônio persa da mentira, das fraudes, da ignorância, da ilusão e da desordem.
Pazuzu: Demônio sumeriano dos ventos que uivam do deserto, voa espalhando pestes, pregas e causando a morte.
9 – YESOD- GAMALIE
Título: Yesod, o Fundamento. (Em hebraico, יסוד : Yod, Samech, Vau, Daleth.)
Imagem Mágica: Um belo homem desnudo, muito forte.
Localização na Árvore: Na base do Pilar do Equilíbrio.
Texto Yetzirático: O Nono Caminho chama-se Inteligência Pura, porque purifica as Emanaçôes. Ele prova a corrige o desenho de suas representações, a dispõe a unidade em que elas estão desenhadas, sem diminuição ou divisão.
Nome Divino: Shaddai el Chai, o Deus Vivo Todo-poderoso.
Arcanjo: Gabriel.
Coro Angélico: Kerubim, os Poderosos.
Chakra cósmico: Levanah, a Lua.
Experiência Espiritual: A visão do mecanismo do universo.
Virtude: Independência. Vício : Ociosidade.
Correspondência no Microcosmo: Os órgãos reprodutores.
Símbolos: Os perfumes a as sandálias.
Cartas do Tarô: Os quatro noves. Nove de Paus: grande força; Nove de Copas: felicidade material; Nove de Espadas: desespero a crueldade; Nove de Ouros: ganho material.
Cor em Atziluth: Índigo.
Cor em Briah: Violeta.
Cor em Yetzirah: Citrino salpicado de azul.
Cor em Assiah: Púrpura muito escura.
1. O estudo do simbolismo de Yesod revela dois grupos de símbolos aparentemente incongruentes. Por um lado, temos a concepção de Yesod como o fundamento do universo, estabelecido na força,: a que é indicada pela recorréncia da idéia da força, como na imagem mágica de um belo homem desnudo, muito forte, no Nome divino de Shaddai, o Todopoderoso, nos Kerubim, os anjos poderosos, a no Nove de Paus, cujo nome secreto é o Senhor da Grande Força. Mas, por outro lado, temos o simbolismo da Lua, que é essencialmente fluida a que apresenta um estado contínuo de fluxo a refluxo, sob o govemo de Gabriel, o arcanjo do elemento Água.
2. Como podemos reconciliar esses conceitos conflitantes? A resposta encontra-se nas palavras do Texto Yetzirático, que afirma a respeito do Nono Caminho: “Ele purifica as Emanações. Prova a corrige o desenho de suas representações, a dispôe a unidade em que elas estão desenhadas sem diminuição ou divisão.” Esse conceito é esclarecido, ademais, pela natureza da experiência espiritual atribuída a Yesod, que é descrita como “a visão do mecanismo do Universo”.
3. Temos, então, a idéia das águas fluidas do caos reunindo-se a organizàndo-se por meio das “representações” que foram “desenhadas” em Hod; a “prova, correção a disposição da unidade” final dessas “representaçôes” ou imagens formativas resultam na organização do “mecanismo do Universo”, cuja visão constitui a experiéncia espiritual dessa Sephirah. De fato, Yesod poderia ser corretamente descrita como a Esfera do mecanismo do universo. Se comparássemos o reino da Terra a um grande navio, Yesod seria a casa das máquinas.
4. Yesod é a Esfera dessa substãncia peculiar, que participa tanto da natureza da mente quanto da da matéria, a que se chama o Éter do Sábio, o Akasha, ou Luz Astral, de acordo com a terminologia empregada. Não se trata do mesmo éter do físico, que é um elemento ígneo da Esfera de Malkuth, a que representa para esse éter o mesmo que este représenta para a matéria densa; ele é, na verdade, a base dos fenômenos que os físicos atribuem ao seu éter empírico. Poderíamos chamar o Éter do Sábio de raiz do éter dos físicos.
5. O universo material é um enigma insolúvel para o materialista, porque ele insiste em tentar explicá-to nos termos de seu próprio plano. Eis uma coisa que jamais poderá ser feita em qualquer Esfera de pensamento. Nada pode ser explicado em termos de si mesmo; só se pode fazé-lo, relacionandose uma coisa num todo maior. Os quatro elementos dos antigos encontram sua explicação num quinto elemento, o Éter, como sempre afirmaram os iniciados. Reza uma doutrina da filosofia esotérica que os quatro estados visíveis tém sua raiz num quinto estado, que é invisível. Por exemplo, os Quatro Mundos dos cabalistas radicam num ponto além dos Véus do Imanifesto. É apenas quando postulamos esse quinto imanifesto a lhe atribuímos certas qualidades deduzidas dos quatro manifestos como essenciais à primeira causa, que somos capazes de chegar a qualquer compreensão da natureza dos quatro estados. Assim, encontramos em Yesod o quinto imanifesto dos quatro elementos de Malkuth, correspondendo o fogo dos antigos ao éter dos modernos, e a terra, a água e o ar, aos estados sólidos, líquido a gasoso da matéria.
6. Devemos conceber Yesod, portanto, como o receptáculo das emanações de todas as outras Sephiroth, como ensinam os cabalistas, a como o único a imediato transmissor dessas emanaçôes a Malkuth, o plano físico. Como diz o Texto Yetzirático, é função de Yesod purificar as emanações, e prová-las a corrigi-las; conseqüentemente, é na Esfera de Yesod que ocorrem as operações destinadas a corrigir a Esfera da matéria densa, ou dispor sua unidade de desenho. Yesod, portanto, é a Esfera essencial de qualquer magia que pretende agir no mundo físico.
7. É essencial notar que todas as Esferas operam de acordo com a sua natureza, a que essa natureza não pode, de maneira alguma, ser alterada por qualquer influência mágica ou milagrosa, embora cheia de poderes; podemos “corrigir” o “desenho” das representações. As coisas representadas permanecem firmes. As condiçôes do mundo material não podem, por conseguinte, ser arbitrariamente alteradas, nem mesmo pela força espiritual superior, como acreditam aqueles que pedem a Deus para intervir em seu próprio meio, curando-lhes as enfermidades ou fazendo a chuva cair sobre a terra; essas condições não podem igualmente ser influenciadas pelo mago mais poderoso com seus encantamentos. Só podemos nos aproximar de Malkuth por meio de Yesod, a só podemos nos aproximar de Yesod por meio de Hod, onde as “representações” são “desenhadas”. Libertemos de uma vez por todas nossas mentes da idéia de que o espírito pode agir diretamente sobre a matéria. Isso jamais acontece. O espírito opera por meio da mente, e a mente opera por meio do Éter; e o Éter, que é a estrutura da matéria e o veículo das forças vitais, pode ser manipulado nos limites de sua natureza, que não são de maneira alguma estreitos. Todos os acontecimentos miraculosos a sobrenaturais ocorrem, portanto, pela manipulação das qualidades naturais do Éter e, se compreendêssemos a natureza do Éter, deveríamos compreender a racionalidade da produção desses acontecimentos. Não devemos atribuí-los à intervenção direta de Deus ou às atividades dos espíritos dos mortos, assim como não atribuímos hoje os fenômenos da combustão às atividades do flogisto, que as gerações anteriores acreditavam ser o princípio do fogo, cuja presença ou ausência determinava se uma dada substáncia queimaria ou não. Ainda vivem hoje algumas pessoas que ouviram falar da escola do flogisto, a que testemunharam a mudança de pensamento; da mesma maneira, virá o dia em que os homens considerarão os fenômenos psíquicos e a cura “espiritual” do mesmo ponto de vista que hoje encaramos o flogisto.
8. No estágio atual de nosso conhecimento, não é possível descrever de maneira detalhada a natureza do Éter Yesódico. Não obstante, podemos adiantar algumas coisas a seu respeito, ensinadas pela experiência. Entre elas, figuram as experiências com o ectoplasma, que é muito semelhante a esse Éter quanto à natureza; de fato, poderíamos descrevê-to como Éter orgánico, em contraposição ao Éter dos físicos, que é Éter inorgánico. Sabemos que o ectoplasma assume formas a as retém a as abandona com igual facilidade, o que mostra que não é a forma que confere a vida, mas a vida que determina a forma. Sabemos também que o ectoplasma pode ser emanado e absorvido, embora não conheçamos as condiçôes que governam esse fenômeno. O ectoplasma é, na verdade, uma espécie de protoplasma etéreo; e podemos conceber que o Éter ou a Luz Astral’tem com o ectoplasma a mesma relação que o ectoplasma tem com o protoplasma.
9. Embora não conheçamos a natureza última do Éter Astral, da mesma forma como não conhecemos a natureza última da eletricidade, não obstante sabemos, pela observação, que ele possui certas propriedades; sabemos, por experiência, que estas existem, porque nos permitem manipular essa substância sutil em certos modos definidos – como já explicamos – nos limites de sua própria natureza. Duas dessas propriedades são importantíssimas para o trabalho do ocultista prático, a formam, de fato, a base de todo o seu sistema.
10. A primeira dessas propriedades é a capacidade que o Éter astral apresenta de ser moldado pela mente; a segunda é a capacidade de sustentar as moléculas da matéria densa em seus raios parecidos a fios, como numa rede. Alguém poderá perguntar de que maneira sabemos que o Éter possui essas qualidades, tão vitais para nossas hipóteses mágicas. Respondemos que a existência dessas propriedades é a única explicação para as propriedades da matéria viva a da mente consciente. Não podemos explicar a mente ou a matéria apenas em seus próprios termos, nem podemos explicar a mente sem empregar os termos da consciência. A sensação é tanto um caso da mente quanto da matéria, inexplicável em si. Para explicar a sensação nervosa, devemos postular uma substãncia que é intermediária entre a mente e a matéria; para compreender o moviunento precisamos igualmente afirmar a existência de tal substância – isto é, que possui o poder de receber a manter a marca do pensamento a influenciar a posição no espaço das unidades atômicas da matéria. Essas são propriedades que atribuímos ao nosso hipotético Éter astral, empregando, para justificar esse procedimento, os mesmos argumentos que foram aceitos em benefício de um procedimento similar no caso do Éter dos físicos. Defenderemos o que precede em favor de nossa hipótese; a se os argumentos em favor do éter dos físicos são aceitos, é difícil entender por que um Éter não deveria ser admitido na psicologia. Diz uma velha máxima que não se devem multiplicar desnecessariamente as hipóteses, mas, quando uma hipótese como a do Éter prova ser tão frutífera, estamos amplamente justificados em experimentar uma hipótese similar na ciência irmã da psicologia. Uma coisa é certa: a psicologia jamais fez qualquer progresso enquanto se lirnitou ao ponto de vista materialista a encarou a consciência como um epifenômeno, isto é, como um subproduto irrelevance a sem propósito da atividade fisiológica – se é que se pode dizer que algo na natureza é irrelevante a sem propósito. Aprendamos uma lição com o alcatrão, subproduto irrelevante a sem utilidade da produção do gás, que inicialmente desprezado revelou-se depois a fonte de muitos produtos químicos, tinturas a drogas.
11. Do ponto de vista da Magia, Yesod é a Sephirah importante, assim como Tiphareth é a Esfera funcional do misticismo, com seus contatos transcendentes com o Supremo. Se considerarmos a Árvore da Vida como um todo, veremos claramente que ela opera em tríades, tendo as Três Supremas suas correspondências num arco inferior em Chesed, Geburah a Tiphareth. Quem quer que tenha alguma experiência do cabalismo prático, Babe que, para todos os propósitos práticos, Tiphareth é Kether para nós, enquanto habitamos esta casa de carne, pois nenhum homem pode ver a face de Deus a sobreviver. Só podemos ver o Pai refletido no Filho, a Tiphareth “mostra-nos o Pai”.
12. Netzach, Hod a Yesod formam a Tríade Superior, ofuscada por Tiphareth, assim como o Eu Inferior é ofuscado pelo Eu Superior. Poderseia dizer, de fato, que as quatro Sephiroth inferiores formam a personalidade, ou unidade de encamação da Árvore; que a Tríade Superior de Chesed, Geburah a Tiphareth forma a individualidade, ou Eu Superior; a que as Três Supremas correspondem à Centelha Divina.
13. Embora cada Sephirah emane sua sucessora, as Tríades são sempre representadas, uma vez emanadas a em equilíbrio, como um par de opostos manifestando-se numa Terceira Funcional. Na Tríade inferior, encontramos Netzach a Hod equilibradas em Yesod, que é concebida como a receptora de suas emanações. Mas ela recebeu também as emanações de Tiphareth, e, por meio de Tiphareth, as de Kether, porque há sempre uma linha de força operando em sentido descendente num Pilar; conseqüentemente, como ela recebeu também de Netzach a Hod as influências que estas por sua vez receberam de seus respectivos Pilares, ela pode ser corretamente chamada, nas obras dos cabalistas, de “receptáculo das emanações”; e é de Yesod que Malkuth recebe o influxo das forças divinas.
14. Yesod é também de suprema importância para o ocultista prático, porque ela é a primeira Esfera com que entra em contato quando começa a “elevar-se nos planos”, a ergue a consciência acima de Malkuth. Tendo trilhado o terrível Trigésimo Segundo Caminho do Tau, ou Cruz do Sofrimento, a de Saturno, ele penetra em Yesod, a Casa do Tesouro das Imagens, a Esfera da Maia, a Ilusão. Yesod, considerada em si mesma, é inquestionavehnente a Esfera da Ilusão, porque a Casa do Tesouro das Imagens não é outra coisa senão o Éter Refletor da Esfera da Terra, a corresponde, no microcosmo, ao inconsciente dos psicólogos, repleto de coisas velhas a esquecidas, reprintidas desde o alvorecer da raça. As chaves que fecham as portas da Casa do Tesouro de Imagens a nos permitem comandar seus habitantes acham-se em Hod, a Esfera da Magia. Afirma-se corretamente nos Mistérios que nenhum grau se toma funcional antes de se alcançar o próximo. Todo aquele que tenta operar como um mago em Yesod logo aprende seu erro, pois, embora possa perceber as Imagens na Casa do Tesouro, ele não tem nenhuma palavra de poder para comandá-las. Por conseguinte, na iniciação no Caminho Ocidental pelo menos (não posso afirmá-to quanto ao Oriental, pois não o conheço), os graus dos Mistérios Menores seguem pelo Pilar Central até Tiphareth, a não a linha do Relâmpago Brilhante. Em Tiphareth, o iniciado toma o primeiro grau de adepto, a daí retoma, se o desejar, para aprender a técnica da Magia relativa à personalidade da Árvore, ou seja, a unidade macrocósmica da encamação. Se ele não o deseja, mas quer libertar-se da Roda do Nascimento a da Morte, ele avança pelo Pilar Central, que os cabalistas chamam de Caminho da Flecha, a passa por sobre o Abismo e atinge Kether. Aquele que penetra nessa luz não pode mais voltar.
15. Yesod é também a Esfera da Lua; por conseguinte, para compreender-lhe o significado, devemos saber algo a respeito de como a Lua é vista no ocultismo. Sustentam os iniciados que a Lua se separou da Terra num período em que a evolução estava no ápice entre a fase etérea de seu desenvolvimento e a fase da matéria densa. Aqueles que estão familiarizados com a terminologia astrológica sabem que a cúspide é a fase entre dois signos em que a influência de ambas se interpenetra. A Lua, então, tem algo de material em sua composição, daí o globo luminoso que vemos no céu; mas a parte realmente importante de sua composição é etérea, porque foi durante a fase da evolução em que a vida desenvolveu a forma etérea que a Lua teve o seu apogeu e, por essa razão, tal fase é chamada por alguns ocultistas de Fase Lunar da evolução. Aqueles que desejarem saber mais sobre esse assunto lerão com proveito Lhe Rosicnucian Cosmo-conception, de Max Heindel, e A doutrina secreta, de Mme. Blavatsky. Como os cabalistas utilizam um sistema diferente de classificação do dos vedantistas, não podemos tratar do vasto assunto dos “Raios a Rondas” nestas páginas. Limitar-nos-emos a afirmar dogmaticamente certos fatos conhecidos dos ocultistas, indicando onde o leitor poderá encontrar, se o desejar, informações mais completas.
16. A Lua e a Terra, de acordo com a teoria ocultista, partilham um duplo etéreo comum, embora seus dois corpos físicos estejam separados e a Lua seja o elemento mais velho; ou seja, nos assuntos etéreos, a Lua é o pólo positivo da bateria, e a Terra é o pólo negativo. Yesod, como já observamos, reflete o Sol de Tiphareth, que por sua vez é Kether num arco inferior. Os astrónomos já nos falaram que a Lua brilha por causa da luz alheia, refletida do Sol, a eles estão começando agora a descobrir que o Sol pode receber sua energia ígnea do espaço exterior. Traduzido na terminologia cabalística, o espaço exterior seria o Grande Imanifesto, a os cabalistas têm ensinado essa doutrina desde os dias em que Enoch passeava com Deus e desapareceu, pois Deus o tomou – em outras palavras, Enoch recebeu a iniciação de Kether.
17. Viu-se mais acima que Yesod-Luna está sémpre num estado de fluxo a refluxo, por causa da quantidade de luz solar recebida a refletida, que brilha a se apaga num ciclo de vinte a oito dias. Malkuth-Terra está também num estado de fluxo a refluxo num ciclo de vinte a quatro horas, e pela mesma razão. Malkuth-Terra tem também um ciclo de trezentos a sessenta a cinco dias, cujas fases são assinaladas pelos equinócios a solstícios. É o conjunto de interações dessas marés que importa para o ocultista prático, porque muito de seu trabalho depende delas. Os mapas dessas marés foram sempre mantidos em segredo, a alguns são extremamente complexos. Como essas informaçôes dizem respeito aos trabalhos secretos – os genuínos a legítimos segredos ocultos, que são transmitidos apenas após a iniciação -, não podemos comunicá-las nestas páginas. Já dissemos o bastante, contudo, para indicar que certas marés no Éter lunar existem a são importantes, a que os estudantes do oculto perdem seu tempo se tentam operálas sem os necessários mapas.
18. Essas marés lunares exercem um papel importantíssimo nos processos fisiológicos das plantas a dos animais, a especialmente na germinação a crescimento das plantas a na reprodução dos animais, como o testemunha o ciclo sexual de vinte a oito dias lunares da fêmea humana. O macho tem um ciclo sexual baseado no ano solar, mas, em casas iluminadas e aquecidas artificialmente esse ciclo não é tão marcado; embora o poeta nos tenha chamado a atençáo para o fato de que “Na primavera, a fantasia de um jovem volta luminosa para os pensamentos de amor”, e a referência é tão correta que basta apenas citá-la.
19. É a luz da Lua o fator estimulante dessas atividades aéreas e, como a Terra e a Lua partilham de um duplo etéreo, todas as atividades etéreas sâo mais ativas quando a Lua está em sua fase cheia. Da mesma maneira, durante a Lua nova, a energia etérea está em sua fase mais baixa, e as forças desequilibradas tendem a elevar-se a causar problemas. O Dragão das Qliphoth ergue suas múltiplas cabeças. Em conseqüência, é melhor abandonar o trabalho oculto prático durante a Lua nova, a só os trabalhadores experientes devem executá-lo. As forças que dão vida estão relativamente fracas a as forças desequilibradas relativamente fortes; o resultado, em mãos inexperientes, é o caos.
20. Todos os sensitivos estáo conscientes dessas marés cósmicas, e mesmo aqueles que não são deliberadamente sensitivos se vêem afetados muito mais por elas do que geralmente se reconhece, especialmente durante as enfermidades, quando as energias físicas estão em baixa.
21. Não se pode dizer muitas coisas a respeito de Yesod, porque nela estão ocultas as chaves dos trabalhos mágicos. Devemos, por conseguinte, nos contentar em elucidar o simbolismo numa forma um tanto quanto criptológica, embora aquele que tenha ouvidos para ouvir esteja livre para utilizá-las.
22. Já observamos a curiosa natureza dupla de Netzach a Hod, pois a imagem mágica de Hod é um hermafrodita, a os antigos representavam Vênus-Afrodite como uma mulher barbada. Encontramos novamente em Yesod esse simbolismo dual e, mais uma vez, como veremos depois, em Malkuth. Lsso indica claramente que nessas Sephiroth, que pertencem aos níveis inferiores da Árvore, devemos reconhecer definitivamente, em cada uma, um lado da força a um lado da forma. Esse aspecto se toma muito clam tanto em Yesod quanto em Malkuth, às quais se atribuem deuses e deusas.
23. Yesod é essencialmente a Esfera da Lua e, como tal, está sob o govemo de Diana, a deusa lunar dos gregos. Ora, Diana era no início uma deusa casta, etemamente virgem e, quando o ousado Acteão a importunou, foi ele destroçado por seus cães de caça. Diana, contudo, foi representada em Éfeso provida de muitos seios a reverenciada como uma deusa da fertilidade. Além disso, Isis é também uma deusa lunar, como o indica o crescente lunar sobre sua testa, que, em Hathor, se converte nos cornos da vaca, sendo a vaca, entre todos os povos, o símbolo especial da maternidade. No simbolismo cabalístico, os órgãos geradores são atribuídos a Yesod.
24. Tudo isso é muito enigmático à primeira vista, pois os símbolos parecem ser mutuamente exclusivos. Quando dermos um passo a mais, contudo, começaremos a descobrir os elos unificadores entre as idéias.
25. Três deusas são atribuídas à Lua: Diana, Selene ou Luna a Hécate. Esta é a deusa da feitiçaria a dos encantamentos, que preside também os partos.
26. Há também um deus lunar muito importante: Thoth, o Senhor da Magia. Portanto, quando descobrimos que Hécate na Grécia a Thoth no Egito são ambos atribuídos à Lua, não podemos deixar de reconhecer a importãncia da Lua nos assuntos mágicos. Qual é então a chave da Lua mágica, que é às vezes uma deusa virgem a às vezes uma deusa da fertilidade?
27. Não é preciso buscar muito longe a resposta. Ela se encontra na natureza rítmica da Lua, e, de fato, na natureza rítmica da vida sexual da mulher. Há ocasiôes em que Diana tem muitos seios; há ocasiões em que seus cães reduzem o intruso a pedaços.
28. Ao tratar dos ritmos de Luna, tratamos de estados etéreos, não de estados físicos. O magnetismo das criaturas vivas cresce a diminui com um ritmo definido. Isso é de fácil observação quando se conhece a meta almejada. A força magnética revela-se com clareza nas relações entre pessoas em quem o magnetismo está em perfeito equilíôrio. Às vezes, uma estará em ascensão e, às vezes, a outra.
29. Mas, poder-se-is perguntar, se a Esfera de Yesod é etérea, por que são os órgãos geradores atribuídos a essa Esfera, uma vez que a sua função é sem dúvida física? A resposta a essa questão reside no conhecimento dos aspectos mais sutis do sexo, conhecimento, aliás, que parece estar totalmente perdido no mundo ocidental. Não podemos aqui comentar esse tema em detalhes, mas basta assinalar que todos os aspectos mais importantes do sexo são etéreos a magnéticos. Podemos compará-to a um iceberg, cuja maior parte está sob a superfície. As reações físicas do sexo são apenas uma parcela muito pequena, de maneira alguma a parte mais vital de seu funcionamento. É por ignorarmos esse fato que muitos casamentos não conseguem cumprir o propósito de unir duas metades num todo perfeito.
30. Conferimos pouca importância ao lado mágico do casamento, a despeito do fato de a Igreja o classificar entre os sacramentos. Ora, um sacramento é definido como um signo exterior a visível de uma graça interior e espiritual, e é essa graça interior a espiritual que é tão raro encontrar no ato matrimonial das raças anglo-saxônicas, com seu temperamento relativamente frígido a seu desrespeito pelo corpo. Essa graça interior a espiritual que faz do matrimônio um sacramento verdadeiro em seu gênero não é a graça da sublimação ou da renúncia, ou a pureza da negação a da abstinência; é a graça da bênção de Pã na alegria das coisas naturais, muito bem expressa por Walt Whitman em sua série de poemas Children of Adam.
31. A atribuição de perfumes a sandálias a YeSQd é muito significativa. Essas duas coisas exercem um papel muito importante nas operações mágicas. As sandálias, ou chinelos sem salto a confortáveis, são utilizadas no trabalho cerimonial para trilhar o círculo mágico. Elas são tão importantes no equipamento do ocultismo prático quanto a sua vara de poder. Deus disse a Moisés: “Retira os sapatos, pois o lugar em que estás é local sagrado.” O adepto faz um campo sagrado para si mesmo colocando em seus pés as sandálias consagradas. O tapete de cor apropriada a gravado com símbolos adequados é também uma peça importante na mobffia das lojas ocultas. Ele concentra o magnetismo da Terra utilizado na operação, da mesma maneira como o altar é o foco das forças espirituais. Através de nossos pés, tocamos o magnetismo da Terra; e, quando esse magnetismo é de um tipo especial, utilizamos chinelos que não o inibem.
32. Os perfumes são também muito importantes nas operações cerimoniais, pois representam o lado etéreo. Sua influência psicológica é bem conhecida, mas a fina arte de utilizá-los psicologicamente tem sido pouco estudada fora das lojas ocultas. O use de perfumes é o meio mais efetivo de tirar proveito das emoções e, conseqüentemente, de alterar o foco da consciência. Como nossos pensamentos fogem rapidamente das coisas terrestres quando a fumaça errante do incenso chega a nós vinda do altar superior! E como retomam eles novamente quando sentimos um odor de patchuli vindo do banco que está à nossa frente!
33. E nas quatro cartas do Tarô atribuídas a essa Sephirah vemos claramente os efeitos do magnetismo etéreo. Possuímos uma Grande Força quando estamos em contato com a Terra, abençoados por Pã; há também a Alegria Material; de fato, sem a bênção de Pã, não pode haver nenhuma felicidade material, porque não há paz dos nervos. Nesse lado negativo, contudo, encontram-se as profundidades do desespero a da crueldade; mas, nos contatos terrestres firmes sob nossos pés, obtemos o Ganho Material, porque estamos prontos para trabalhar o plano material.
QLIPHA
גמיאל Gamaliel (GMLIAL)
Demonio: Lilith, a Mulher.
Significado: Obscenos, O Obscuro
Descrição: Homem-Touro
Poder: Obscenidade
Nomes de Poder: GAMALIEL (GMLIAL): IDEXRIEL + MATERIEL + LAPREZIEL + GEDEBRIEL + ALEPHRIEL +LABRAEZIEL
Planeta: Lua
Tarot:Lua/Alta Sacerdotisa
Gamaliel (Obscenos) é a representação do Abismo aquático do feminino e da obscenidade e sexualidade. Seu habitante principal é Ogiel (AGAL), “Aquele que foge de Deus”. É regida por Lilith, noiva de Samael e mãe das bestas. A grande prostituta que rege os Vampiros. Lilith é a lua negra, o aspecto sombrio do desejo sexual, a fêmea fatal do subconsciente feminino, o lado noturno da cópula. Ela é a Noite, (Nox, em latim; Nyx, em grego; Layil, em hebraico). A lua de Sangue, o processo fisiológico de ovulação e mesntruação periódica, que causa uma forte alteração psíquica na mulher. O sangue menstrual é o sangue qliphotico lunar do óvulo não fecundado, do óvulo morto, um processo natural atávico. Lilith é uma vampira que odeia bebês com o prazer sexual obsessivo, muitas vezes sem a intenção de gravidez.
Lilith, de origem sumeriana, conhecida como Lilitu e com similaridades com a grega Lamia e muitas deusas tenebrosas como a Kali hindu, Hécate grega, Hel escandinava, Néftis egípcia e Khado tibetana. É considerada um demônio da noite e mãe de todas as súcubus vampiras que atacam homens absorvendo o sangue e também assassinam bebês e mulheres grávidas considerados todos como descendência de Adão e Eva. “Adota” todos os filhos de sua irmã Nehemoth para devorá-los.
Gamaliel, no mais profundo deste terrível plano, são sonhos sombrios, as trevas astrais, a feitiçaria do astral inferior e a força cega e negariva da corrente astral , chamada Ob. Gamaliem é o círculo infra-dimensional que produz imagens deformadas e corrompidas que geram degradação e malefícios. É o círculo das sombras, cadáveres astrais e cascões do corpos astral humana transformados em espectros pútridos reanimados e reutilizados por outras entidades que habitam esse plano.São cascões astrais com resquícios grosseiros de consciência sensorial.
Arquétipos Qliphoticos:
Hécate: Deusa grega geralmente representada segurando duas tochas ou uma chave, e em períodos mais recentes na forma tripla. Ela foi associada a cruzamentos, entradas, fogo, luz, a lua, magia, bruxaria, o conhecimento de ervas e plantas venenosas, necromancia e feitiçaria e do fluxo do sangue menstrual. Ela reinava sobre a terra, mar e céu, bem como possuía um papel universal de salvadora (Soteira), Mãe dos Anjos e a Alma do Mundo Cósmico.
Karina: Deusa demoníaca árabe, vampira-súcubo que provoca sonhos depravados nos homens de caráter débil, causa abortos e discórdia entre casais.
Lâmia: Vampira grega sensual que seduz homens para sugar-lhes o sangue e alimenta-se de bebês.
Dakini: Deusa sinistra hindu que alimenta de sangue e carne humana.
Khado: Deusa tibetana equivalente a Dakini.
10 – MALKUTH- NAHEMA
Título: Malkuth, o Reino. (Em hebraico, מלכות : Mem, Lamed, Kaph, Vau, Tau.)
Imagem Mágica: Uma jovem coroada, sentada no trono.
Localização na Árvore: Na base do Pilar do Equilíbrio.
Texto Yetzirático: O Décimo Caminho chama-se Inteligência Resplandecente, porque é exaltado sobre todas as cabeças a tem por assento o trono de Binah. Ele ilumina os esplendores de todas as luzes, fazendo emanar a influência do Príncipe dos Rostos, o Anjo de Kether.
Títulos Conferidos a Malkuth: A Porta. A Porta da Morte. A Porta das Trevas da Morte. A Porta das Lágrimas. A Porta da Justiça. A Porta da Oração. A Porta da Filha dos Poderosos. A Porta do Jardim do Éden. A Mãe Inferior. Malkah, a Rainha. Kallah, a Noiva. A Virgem.
Nome Divino: Adonai Malekh, ou Adonai ha Aretz. Arcanjo: Sandaephon.
Coro Angélico : Ashin, Almas de Fogo.
Chakra Cósmico: Cholem ha Yesodoth; Esfera dos Elementos.
Experiência Espiritual: Visão do Anjo da Guarda Sagrado.
Virtude: Discriminação.
Vício: Avareza. Inércia.
Correspondências no Microcosmo: Os pés. O ânus.
Símbolos: O altar do cubo duplo. A cruz de braços iguais. O círculo mágico. O triângulo de arte.
Cartas do Tarô: Os quatro dez: Dez dePaus: opressão; Dez de Copas: sucesso completo; Dez de Espadas: ruína; Dez de Ouros: riqueza.
Cor em Atziluth: Amarelo.
Cor em Briah: Citrino, oliva, castanho-avermelhado a preto.
Cor em Yetzirah: Citrino, oliva, castanho-avermelhado a preto, salpicado de ouro.
Cor em Assiah: Preto, com listras amarelas.
1. Já se terá observado que a conformação da Árvore abrange três triãngulos funcionais, mas que Malkuth não participa de nenhum deles, estando isolado; dizem os cabalistas que ela recebe as influências ou emanações de todas as outras Sephiroth. Mas, embora Malkuth seja a única Sephirah que não participa de um triãngulo, ela é também a única Sephirah representada por diversas cores em vez de uma única, pois ela se divide em quatro quadrantes, que são atribuídos aos quatro elementos: Terra, Ar, Fogo e Água. E, embora não seja funcional em nenhum triângulo, ela representa o resultado final de todas as atividades da Árvore. Malkuth é o nadir da evolução, o ponto mais afastado do arco em expansão, pelo qual passa toda a vida antes de retomar à sua origem.
2. Malkuth recebe o nome de Esfera da Terra; mas não devemos cometer o erro de pensar que os cabalistas designam por Malkuth apenas a Esfera terrestre. Eles designam também a alma da Terra – isto é, o aspecto sutil a psíquico da matéria, o número subjacente do plano físico que dá origem a todos os fenômenos físicos. Ocorre o mesmo com os quatro elementos. Eles não são a terra, o ar, o fogo, e a água dos físicos, mas os quatro estados em que a energia pode existir. O esoterista os distingue de suas contrapartes mundanas referindo-se a eles como o Ar do Sábio, ou a Terra do Sábio, conforme o caso. Ou seja, o elemento Ar ou Terra. como os conhece o iniciado.
3. O físico reconhece a existência da matéria em três estados. Em primeiro lugar, o sólido, em que as partículas componentes aderem firmemente umas às outras; em segundo lugar, o líquido, em que as partículas se movem livremente umas sobre as outras; em terceiro lugar, o gasoso, em que as partículas tentam separar-se o mais possível umas das outras, ou, em outras palavras, difundir-se. Esses três estados da matéria correspondem aos três elementos Terra, Água, a Ar, a os fenômenos elétricos correspondem ao elemento do Fogo. A ciência esotérica classifica todos os fenômenos que se manifestam no plano físico sob essas quatro rubricas, pois acredita que estas ofereçam a chave para a compreensão verdadeira de sua natureza; a ela reconhece que qualquer força dada pode passar de um estágio ao outro sob certas condiçôes, assim como a água pode existir tanto mum estado de gelo e vapor como em sua fluidez normal.
4. O esoterista vê em Malkuth o resultado final de todas as operações; só depois de os pares opostos terem alcançado o equilíbrio que estabelece o estado de Terra, ou coerência, é que se pode dizer que eles completaram um ciclo de experiência. Quando este é alcançado, eles constroem um veículo permanente de manifestação a estereotipam suas reações; o mecanismo de expressão assim desenvolvido torna-se autoregulador, a continuará a funcionar sem alarde, assim como o coração humano abre a fecha suas válvulas com perfeita regularidade, em resposta a um ciclo estereotipado de impulsos e à pressão sangüínea.
5. O ponto capital concemente a Malkuth é que nela se completa a estabilidade. É na inércia de Malkuth que repousam suas virtudes. Todas as outras Sephiroth são dinâmicas em vários graus; mesmo o Pilar central só atinge o equiliôrio quando em funcionamento, como um equilibrista que caminha sobre um arame.
6. Como as demais Sephiroth, Malkuth só pode ser entendida se a considerarmos em sua relação com as vizinhas. Mas, nesse caso, só há um vizinho – Yesod. Não se pode compreender Malkuth a não ser por meio do entendimento de Yesod.
7. Embora Malkuth seja essencialmente a Esfera da forma, a coerência das partes, salvo as correntes mecânicas a as atrações a repulsões eletromagnéticas, depende das funçôes de Yesod. E Yesod, embora seja essencialmente uma Sephirah que produz formas, depende, para a manifestação de suas atividades, da substáncia fomecida por Malkuth. As formas de Yesod são “a tela com que se tecem os sonhos”, que absorvem as partículas materiais de Malkuth para incorporar-lhes as formas. São sistemas de correntes em cuja estrutura se erguem as partículas físicas.
8. É semelhante a situação de Malkuth. Ela é matéria inanimada até que os poderes de Yesod a animem.
9. Deveríamos conceber o plano material como o signo exterior e visível da atividade etérea invisível. Malkuth, em sua essência primeira, só é conhecida com a ajuda dos instrumentos do físico. Não é necessário dizer que onde há vida, lá está Yesod, porque Yesod é veículo da vida; mas devemos compreender também que, onde há qualquer espécie de atividade elétrica ou condutividade, seja de cristais, metais ou químicos, há força yesódica em funcionamento. É esse fato que toma certas substâncias adequadas para a utilização como talismãs, porque elas se carregam de força astral.
10. Não é possível compreender nestas páginas um estado detalhado da física esotérica; cumpre, no entanto, dar ao estudante uma compreensão dos princípios que explicam esse conceito do mundo material, que parece serum manto visível lançado sobre uma estrutura invisível.
11. A natureza exata da relação entre Yesod a Malkuth precisa ser claramente entendida, pois é muito importante para o trabalho oculto prático. Yesod é, naturalmente, o princípio que confere as formas, a toda forma que é edificada nessa Sephirah tomará corpo na Esfera de Malkuth, a menos que contenha incompatibilidades, pois tenderá a atrair as condições da expressão material. As partículas materiais, contudo, são extremamente resistentes e inertes em sua natureza, e é apenas operando o aspecto mais tênue da matéria – que o iníciado chama de elemento Fogo – que as forças yesódicas podem produzir qualquer efeito. Assim que se obtém uma resposta desse Fogo elemental, os outros elementós podem por sua vez serem influenciados.
12.O Fogo elemental, contudo, é uma espécie de sobreestado da matéria com que apenas os físicos mais avançados têm qualquer familiaridade. Poderíamos chamá-to antes de estado de relações do que de uma coisa em si. O Ar elemental poderia ser descrito como a capacidade para obter essas relações e, como tal, ele é o princípio da vida física, pois é apenas na medi. da em que a matéria tem uma capacidade para a organização que a substância orgánica é possível. A Água elemental, a Água do Sábio, é na verdade protoplasma; e a Terra elemental é matéria inorgânica.
13. Ora, cada um desses tipos.de força organizada a de capacidade de reação tem a sua própria natureza defmida, da qual não se afasta por qualquer força no cosmo manifesto. Mas, como há inter-relações definidas de influência a expressão entre esses quatro estados elementais, é possível, utilizando suas influências recíprocas, obter resultados que por falta de compreensão são chamados de “mágicos”. Esse é, na verdade, o método mágico de manipular as tênues formas elementais, mas é também o método ao qual a vida recorre para fazer a mesma coisa; a sea Magia é algo mais do que auto-sugestão, ela deve utilizar os métodos da vida – isto é, ela precisa operar por meio da intermediação do protoplasma, pois o protoplasma, em sua curiosa estrutura reticular, serve de veículo para a força magnética sutil do Fogo do Sábio, transmitido pelo Ar elemental. Em outras palavras, o operador precisa utilizar o seu próprio corpo como um arranque automático, pois é o magnetismo de seu próprio protoplasma que fornece a base de manifestação de qualquer força que é introduzida na Esfera de Malkuth. Levado à sua conclusão lógica, esse é o princípio de geração tanto dos protozoários como dos espermatozóides.
14. O conceito moderno da matéria aproxima-se bastante daquele que tem sido sustentado pela ciência esotérica desde tempos imemoriais. O que os nossos sentidos percebem são os fenómenos que se podem atribuir à atividade de diferentes tipos de forças, comumente organizados a combinados. Apenas por meio de uma compreensão da natureza dessas forças é que podemos entender a natureza da matéria. A ciência exotérica está procurando resolver o problema refinando sua concepção da matéria, no sentido de extrair-lhe toda a substãncia. O que o físico agora conhece como matéria está muito longe do cònceito comum que se tem desse aspecto da natureza.
15. O esoterista, observando o problema do ponto de vista oposto, assinala que matéria a mente são dois lados da mesma moeda, mas que há um ponto de investigação em que é proveitoso mudar a terminologia, a falar de forças a formas em termos de psicologia, como se elas fossem conscientes e finalistas. Segundo sua óptica, isso nos permite lidar muito melhor com os fenómenos que encontramos do que se nos limitássemos aos termos que se aplicam apenas à matéria inanimada e à força cega a nãodirecionada. Devemos sempre, pela natureza do nosso intelecto, utilizar a analogia como uma ajuda para a compreensão; se as analogias que utilizamos nesse nível de investigação são as analogias da matéria inanimada, descobriremos que elas são táo limitadas que conduzirão ao erro e à limitação e, em vez de esclarecer, darão lugar à confusão.
16. Se, contudo, utilizarmos as terminologias da vida, da inteligência e da vontade consciente, tendo o cuidado de adaptá-las às necessidades do estado muito rudimentar de desenvolvimento com que temos de lidar, descobriremos que temos uma analogia que é iluminadora em vez de limitadora, e que nos permitirá avançar em nossa compreensão.
17. É por essa razão que o esoterista personifica as forças mais sutis e as chama de Inteligências. Ele as aborda como se de fato fossem inteligentes, e descobre que há um lado sutil em sua própria natureza a consciência que responde a elas, a ao qual, como acredita convictamente, elas respondem. Pelos menos, haja uma resposta mútua ou não, seus poderes para tratar com elas ficam, por else meio, muito mais desenvolvidos do que quando ele as encara como um “concurso fortuito de acidentes sem relação”
18. Malkuth é o nadir da evolução, mas devemos encará-la não como o abismo último da não-espiritualidade, a sim como a bóia de sinal de uma corrida de barcos. Todo barco que retoma ao ponto de partida sem ter dado a volta pela bóia é desclassificado. Ocorre o mesmo com a alma. Se tentarmos escapar da disciplina da matéria antes de termos dominado suas lições, não avançaremos na direção do céu, mas sofreremos um atraso em nosso desenvolvimento. São esses desertores espirituais que saltam de um rebanho a outro nas inúmeras organizações que nos chegam do Extremo Oriente a do Extremo Ocidente. Eles descobrem no idealismo vulgar uma escapatória para as rigorosas leis da vida. Mas else não é um meio de progresso, a sim um meio de retirada. Mais cedo ou mais tarde, eles terão de enfrentar o obstáculo a explicá-lo. A vida os agrupa a os coloca novamente à frente dal dificuldades, a utiliza o chicote e a espora da enfermidade psicológica, pois aqueles que não querem enfrentar a vida se dissociam, e a dissociação é a causa primária de muitas enfermidades de que a mente é a herdeira.
19. Se estudarmos as lições da história, veremos que muitos problemas morais a espirituais se esclarecem de um ãngulo imprevisto. Constataremos que a civilização e a inspiração surgiram no Oriente – fato que os orientais ou os seguidores de uma tradição oriental assinalam orgulhosamente, afirmando que o Ocidente deverá curvar-se aos pés do Oriente se desejar aprender os segredos da vida.
20. Ora, é inegável que há muitas coisas – especialmente os aspectos mais ocultos da psicologia – a respeito das quail o Oriente tem muito mais a dizer do que o Ocidente, a que seríamos sábios se as aprendêssemos; mas é inegável também que, tendo nascido no Oriente, o ponto focal da evolução agora se encontra no Ocidente, a que, no que toca ao avanço na arte de viver neste nosso planeta, é o Oriente que deve olhar para o Ocidente, a menos que se contente em retroceder ao padrão de vida da roda de fiar. Mas não esqueçamos que o padráo de vida primitivo corre paralelamente ao padrão de morte primitivo. Uma cultura primitiva só pode suportar uma população escassa. Muitas pessoas devem morrer, especialmente os velhos a os jovens. Quando retomamos à natureza, ela nos trata à sua própria maneira, com seus dentes a garras vermelhas. O impacto rude da Natureza não é uma coisa agradável. Quando os seres humanos se multiplicam na Terra, esta os ceifa com doenças a fome. A civilização do homem branco implica o saneamento do homem branco. Abstendo-se de todas as ações, o indivíduo pode libertarse do corpo mais iápida a efetivamente do que aquele que nelas se engaja, mormente se entre as ações refreadas estão aquelas relacionadas com a higiene comunitária numa terra densamente povoada.
21. Os gregos compreenderam melhor do que ninguém o princípio de Malkuth, a foram eles os fundadores da cultura européia. Eles nos ensinaram a ver a beleza na proporção a no funcionamento perfeito, a em nenhuma outra parte. As frisas dal figural na uma grega lançaram a mente de Keats na contemplaçáo da verdade a da beleza ideais. Esse é o ideal mais elevado da contemplação a que pode aspirar a mente finita, pois nesse ideal a lei a os profetas se erguem muito mais acima das severas proibições do código mosaico, levando-o à inspiração de um ideal a ser seguido.
22. Foi na Esfera de Malkuth que a civilização se desenvolveu durante o último milênio. Não é preciso que um astrólogo nos diga que a Primeira Guerra Mundial assinalou o fim de uma época, a que estamos agora na aurora de uma nova fase. De acordo com a doutrina cabalística, o Relâmpago Brilhante, alcançando seu ponto terminal em Malkuth, é substituído pelo simbolismo da Serpente da Sabedoria, cujas espirais sobem pelos Caminhos até que sua cabeça repouse atrás de Kether. O Relâmpago Brilhante representa a descida inconsciente da força, que edifica os planos de manifestação e passa do ativo ao passivo, retomando ao ponto de partida para que o equilíbrio possa ser mantido. A Serpente que se enrosca nos Caminhos representa a aurora da consciência objetiva, e é o símbolo da iniciação; no Caminho trilhado pelos iniciados, que estão sempre à frente de sua época, a evolução se põe em marcha, conduzindo consigo a raça como um todo. É agora normal para o homem comum fazer o que apenas os iniciados costumavam fazer.
23. Vemos, por conseguinte, que o ponto focal da evolução começa a elevar-se de Malkuth a se dirige para Yesod. Isso significa que a ciência, tanto a pura como a aplicada, ultrapassa o estado da matéria inanimada a começa a ter em conta o lado etéreo a psíquico das coisas. Essa fase de transformação é visível em nosso redor para aqueles que podem ler os sinais dos tempos. Vemo-la na medicina, nas relações internacionais, na organização industrial. Por fim, a com muita relutância, vemo-la fazer-se sentir nas ciências da fisiologia a da psicologia, que se aferram tenazmente às explicações materialistas de todas as coisas, a especialmente dos processos vitais, mesmo depois de os físicos, que tratam reconhecidamente da matéria inanimada, terem abandonado a posição materialista a preferido falar em termos de matemática.
24. A divisão oculta de Malkuth nos quatro elementos dá-nos uma chave preciosa. Deveríamos encarar a matéria como a Terra de Malkuth. Os tipos diferentes de atividade física, nas massas ou nas moléculas, classificamse sob as rubricas do anabolismo a do catabolismo, ou seja, os processos de edificação a destruição, que se podem classificar, na terminologia esotérica, como a Água e o Ar de Malkuth. Tudo o que a filosofia esotérica ou a mitologia pagã pode dizer a respeito desses elementos será aplicável a esses dois processos a funções metabólicas. O Fogo de Malkuth é aquele aspecto eletromagnético da matéria que estabelece o vínculo com os processos de consciência a vida, aos quais se aplicam os mitos da vida.
25. Quando se compreende esse princípio de classificação, a terminologja alquimista toma-se menos abstrusa a absurda, pois então se vê que a classificação em quatro elementos se refere realmente aos quatro modos de manifestação no plano físico. Esse método de classificação é muito valioso, pois permite-nos compreender o relacionamento e a correspondência entre o plano físico e o processo vital subjacente. Ele é especialmente importante no estudo da fisiologia a da patologia, a representa, em sua aplicação prática, uma chave importantíssima para a terapêutica. Os médicos mais avançados estão começando a voltar-se para esse método, a as classificações de Paracelso estão sendo citadas por mais de uma autoridade médica. O conceito da diátese, ou predisposição constitucional, está merecendo uma atenção especial. A psicoterapia está novamente começando a compreender que a velha classificação em quatro temperamentos nos concede um guia proveitoso para o tratamento, a que não se deve tratar todos da mesma maneira, a que tampouco os resultados similares nascem sempre de causas similares nos reinos da mente, porque o temperamento intervém a falsifica os resultados. Por exemplo, a apatia no tipo fleumático pode significar um mero aborrecimento, ao passo que o mesmo grau de apatia no tipo sangüíneo pode significar um colapso completo de toda a personalidade. As analogias entre as coisas materiais a mentais podem conduzir a grandes enganos, ao passo que as analogias entre as coisas mentais a materiais podem ser muito esclarecedoras.
26. Os quatro elementos correspondem aos quatro temperamentos descritos por Hipócrates, aos quatro naipes do Tarõ, aos doze signos do Zodíaco a aos sete planetas. Se estudarmos as implicações dessa afirmativa, veremos que nela se ocultam algumas chaves muito importantes.
27.O Elemento Terra corresponde ao Temperamento Fleumático; ao naipe de Ouros; aos signos de Touro, Virgem a Capricómio; a aos planetas Vênus a Lua.
28.O Elemento Água corresponde ao Temperamento Linfático; ao naipe de Copas; aos signos de Câncer, Escorpião a Peixes; a ao planeta Marte.
29.O Elemento Ar corresponde ao Temperamento Colérico; ao naipe de Espadas; aos signos de Libra, Gêmeos a Aquário; a aos planetas Saturno e Mercúrio. 30.O Elemento Fogo corresponde ao Temperamento Sangüíneo; ao naipe de Paus; aos signos de Áries, Sagitário a Leão; a aos planetas Sol a Júpiter.
31. Portanto, se classificarmos os assuntos do mundo a os fenômenos em termos dos quatro elementos, veremos imediatamente sua vinculação com a Astrologia e o Tarô. Ora, a classificação é o estágio que segue imediatamente a observação no método científico. Boa parte do trabalho científico consiste simplesmente nesses dois processos; de fato, para os soldados rasos da ciência, eles representam toda a sua atividade. Se a ciência se limitasse a essas duas atividades, como de fato o faria se prestássemos ouvidos aos nossos cientistas mais prosaicos, ela seria apenas uma compilação dos fenómenos naturais, como se os agentes estivessem no universo. Mas o cientista imaginativo, o único que merece o nome de pesquisador, utiliza a classificação não tanto como meio para ordenar as coisas, mas para conhecer-lhes as relações.
32. A distância que vai do cientista imaginativo (que percebe) ao cientista filosófico (que interpreta) é muita pequena; e a distância que vai do cientista filosófico (que interpreta em termos de causa) ao cientista esotérico (que interpreta em termos de propósito e, assim, une a ciência à,ética) é menor ainda. A tragédia da ciência esotérica consiste no fato que seus expoentes nunca estiveram convenientemente apetrechados no plano de Malkuth, sendo, conseqüentemente, incapazes de coordenar seus resultados com aqueles obtidos pelos trabalhadores de outros campos. Enquanto tolerarmos esse estado de coisas, continuaremos a ter pensamentos confusos e suposiçôes crédulas como nosso quinhão inalienável. A ciência esotérica precisa observar a regra da corrida de barcos, a fazer com que cada operação mágica contorne a bóia de marcação de Malkuth antes de poder vangloriarse de um êxito completo.
33. Tratemos agora de interpretar essa metáfora do ponto de vista do ocultismo técnico. Toda operação mágica tem por objetivo fazer com que o poder desça aos planos a pô-to a serviço do operador, que, então, o aplica à finalidade desejada. Muitos operadores se contentam em obter resultados puramente subjetivos – ou seja, uma sensação de exaltação; outros visam à produção de fenômenos psíquicos. No entanto, todos deveriam reconhecer que nenhuma operação é completada antes de o processo ser expresso em termos de Malkuth, ou, em outras palavras, antes de pôr-se em ação no mundo físico. Se isso não é feito, a força então gerada não se torna convenientemente “terrestre”, e é essa força perdida, dispersada, que causa os problemas dos experimentos mágicos. Tal força pode não causar problemas num único experimento, pois poucos operadores geram bastante poder para fazer qualquer coisa, muito menos problemas; mas, numa série de experiências, o efeito pode ser cumulativo, a resultar em transtorno psíquico, em má sorte a em acontecimentos estranhos, relatados com freqüência pelos experimentadores. São essas coisas que dão má fama à Magia Experimental, fazendo-a ser vista como perigosa a comparada ao use de drogas. A verdadeira analogia, contudo, seria com os perigos da pesquisa dos raios X em seus primórdios. É a técnica errada que causa a perturbação, como ocorre sempre que se operam poderes ativos. Aperfeiçoemos nossa técnica para evitarmos os problemas e, assim, teremos uma poderosa força à nossa disposição.
34. O único meio de transição entre Yesod a Malkuth é a mediunidade das substâncias vivas. Ora, há vários graus de vida. O esoterista reconhece a vida em qualquer parte em que haja forma organizada, pois ele diz que só a vida pode organizar a forma, embora naquilo que chamamos vulgarmente de “substâncias inorgânicas” a proporção de vida seja muito pequena, a em alguns casos infinitesimal. Em algumas formas de matéria orgânica, contudo, a proporção de vida não é, em absoluto, negligenciável, assim como nas plantas a proporção de inteligência não é em absoluto descartável. Só os mais recentes progressos do trabalho experimental, notadamente os de Sir Jagindranath Bhose, puderam demonstrar esse fato, mas ele é conhecido empiricamente há muito pelo ocultista prático. Este sempre fez use de substâncias cristalinas a metálicas como acumuladores de forças sutis, considerando a seda como um isolador a aproveitando-se das propriedades das mesmas substâncias que o eletricista emprega hoje. Os melhores talismãs são os discos de metal puro gravados com frases adequadas a recobertos em seda de cor apropriada com que o talismã está carregado. Uma pedra preciosa, que é naturalmente um cristal colorido, desempenha um papel muito importante em certas operaçôes, porque age como um foco para a força, a também em certos tipos de receptores sem fio. A influência das cores nos estados mentais é bem conhecida. Nenhum trabalhador permaneçe muito tempo nas salas vermelhas dos laboratórios fotográficos, pois sabe-se que esses trabalhadores estarão sujeitos a distúrbios emocionais a mesmo a um desequiliôrio mental temporário. Redescobrimos todas essas coisas por meio do moderno método científico a seus instrumentos, mas eles eram bem conhecidos dos antigos, a suas aplicaçôes práticas foram aproveitadas numa extensão com que hoje não sonhamos, exceto entre aqueles que são popularmente conhecidos como “excêntricos”.
35. Também entre as plantas encontramos um grau variável de “atividade psíquica”, atribuído especialmente às plantas aromáticas. Os antigos tinham um elaborado sistema de atribuição das plantas às diferentes formas de força sutil. Algumas dessas atribuiçôes são, evidentemente, fantasiosas, mas há certos princípios gerais que podem nos servir de guia. Onde quer que encontremos uma planta tradicionalmente associada a qualquer divindade, podemos estar certos de que essa planta tem afinidades com o tipo de força que aquela divindade representa. Essa associação pode parecer superficial a irracional, como aquelas que Freud afirmou existirem na mente do sonhador, mas os adoradores da divindade, se a associação é consagrada pela tradição, terão estabelecido a conecção psíquica entre a planta e a força, e, como em todas as associações tradicionais, o vínculo, uma vez estabelecido, pode ser facilmente recuperado por aqueles que sabem como fazer use da imaginação criadora. Se existe qualquer relação intrínseca entre a natureza da planta e a natureza da força à qual é atribuída (como no caso da rosa a Vênus a do lírio à Virgem Maria), ela é estabelecida rapidamente pelos adoradores de um culto a também rapidamente recuperada por aqueles que lhe seguem as pegadas, mesmo após um lapso de séculos. Por conseguinte, para todos os propósitos práticos, há sempre uma relação; existente não apenas entre plantas a determinada divindade, mas, igualmente, também entre animais a divindades.
36. Uma atribuição que tem uma especial importância prática é a dos perfumes a das cores. As atribuições coloridas já foram indicadas nas tabelas no cabeçalho de cada capítulo. A respeito dos perfumes, é menos fácil formular regras precisas, pois os perfumes existentes são inumeráveis, a as forças no trabalho prático tendem a confundir-se com outras. Por exemplo, é difícil, a na verdade indesejável, manter as forças de Netzach separadas das de Tiphareth, ou as de Hod das de Yesod, ou de Yesod das de Malkuth; e todo aquele que tentar operar Geburah sem Gedulah “queimará os dedos”.
37. Os perfumes não são empregados apenas para permitir a manifestação, mas para sintonizar a imaginação do operador. Para esse fim, eles são muito eficazes, como o poderá descobrir aquele que tentar executar uma cerimônia sem o perfume apropriado. Nos operadores inexperientes, é aconselhável dispensar a utilização dos perfumes, caso o efeito psíquico seja muito drástico para a sua tranqüilidade ou conveniência.
38. Falando de modo geral, podemos dividir os perfumes em dois grupos: aqueles que exaltam a consciência a aqueles que despertam a atividade da subconsciência. Entre os primeiros, as gomas aromáticas ocupam um lugar à parte, a são empregados exclusivamente na manufatura de incenso eclesiástico. Podemos acrescentar, a essa gomas, certos óleos essenciais que possuem propriedades similares, especialmente aqueles que estâo mais para aromáticos a adstringentes do que para ácidos. Essas substâncias sáo muito úteis em todas as operaçôes em que o objetivo é o aumento da clareza intelectual ou a exaltação do tipo místico.
39. Os perfumes que despertam a mente subconsciente são de dois tipos: os dionisíacos a os venusianos. Os odores dionisíacos são do tipo aromático a ácido, como a essência de cedro ou sándalo ou de pinho. Os odores venusianos são de natureza aromática a penetrante, como a baunilha. Na prática atual, esses dois tipos de odores se confundem, a os odores florais característicos encontram-se em ambas as divisôes. No trabalho prático de compor os perfumes quase sempre se faz uma mistura de ingredientes, pois eles se realçam mutuamente. Muitos perfumes que em si são acres a crus, ou adocicados a pesados, tomam-se admiráveis quando misturados.
40. Já se afirmou alhures que os perfumes sintéticos são inúteis para o trabalho mágico. Em minha opinião experiente, esse não é o caso, desde que a essência seja de boa qualidade. As boas essências sintéticas em nada diferem dos produtos naturais, a não ser nos testes químicos. Como o valor dos perfumes é psicológico, a sua ação se exerce sobre o operador a não sobre o poder invocado, a natureza química da substãncia é irrelevante, desde que produza os efeitos apropriados.
41. A mesma observação se aplica às pedras preciosas, embora isso pareça uma heresia. Tudo de que precisamos é um cristal de cor apropriada e, se ele é um rubi desta ou daquela classe, isso pouca diferença faz, a não ser na conta bancária. Que esse fato era bem conhecido pelos antigos, provamno as listas de pedras preciosas consagradas às divindades, nas quaffs figuram diversas classes de pedras. Por exemplo, Crowley, em 777, consagra as pérolas, as selenitas, o cristal e o quatzo às forças lunares, e o rubi ou qualquer pedra vermelha a Marte.
42. Acreditam os ocultistas que a concentração mental de uma corrente de vontade, apoiada pela imaginação, exerce um efeito sobre certos cristais, metais a óleos. Eles utilizam essa propriedade para conservar nesses objetos as forças de um tipo particular, de modo que essas forças possam ser facilmente despertadas à vontade, ou mesmo exercer ininterruptamente a sua influência por meio de uma emanação constante. Muitas cerimônias dependem, em algum grau pelo menos, do princípio das armas mágicas consagradas. É digno de menção que todo equipamento mais importante de uma igreja, antes de ser utilizado, é sempre consagrado. Não se pode duvidar de que essa consagração é efetiva. Todo bom sensitivo será capaz de distinguir um objeto consagrado de outro não-consagrado, desde que, é claro, essa consagração tenha sido efetiva. Todo ocultista prático sente por experiência a mudança marcante que o assalta quando manipula seus instrumentos mágicos ou veste as roupas consagradas. Ele pode realizar coin tais objetos o que de outro modo seria incapaz de executar. Ele também sabe que leva tempo para “domar” um novo instrumento mágico. É interessante notar a esse respeito que não consigo escrever nada sobre a Cabala Mística sem minha velha a gasta “Árvore da Vida” atrás de mim. É igualmente interessante notar que, quando essa Árvore da Vida – que foi originalmente preparada para mim por uma certa pessoa – se tomou tão encardida a ponto de ser indecifrável, eu a repintei, a descobri que ela aumentou consideravelmente o seu magnetismo, comprovando assim a velha tradição de que, na medida do possível, devemos preparar nossas armas mágicas coin nossas próprias mãos.
43. O grande problema no trabalho prático consiste em trazer as coisas à Esfera de Malkuth. Os antigos descreveram muitos métodos – cuja veracidade não temos meios de comprovar. Até que ponto eram reais as materializações obtidas pelo método do sacrifício de sangue descrito por Virgílio, a até onde a imaginação exaltada dos participantes desses impressionantes ritos fornecia a base da manifestação?
44. Mas, quaisquer que sejam os fatos, os holocaustos dos antigos não constituem um método prático que os experimentadores possam seguir. A base da idéia, contudo, repousa no fato de quvsangue fresco derramado fornece ectoplasma. Na verdade, existem médiuns materializadores que também produzem ectoplasma sem o derramamento de sangue. Mas aqueles que são capazes de fornecer uma grande quantidade dessa substãncia sâo muito raros. Quando um número de pessoas psiquicamente desenvolvidas se reúnem num círculo para os fins da evocação, elas podem produzir uma quantidade suficiente de ectoplasma para formar a base necessária dos fenômenos físicos. Esse método não está isento de dificuldades, para não dizer de riscos, e o esoterista, que é antes um filósofo do que um experimentador, raramente lança mão dele. Basta-lhe obter manifestações na Esfera de Yesod e percebê-las coin sua visão interior.
45. O único canal de evocação satisfatório é o próprio operador. No método egípcio de evocação, conhecido como “ascensão das formas divinas”, o operador identifica-se coin o deus a se oferece como canal de manifestação. É seu próprio magnetismo que vence o abismo entre Malkuth e Yesod. Não existe outro método tão satisfatório, pois a quantidade de magnetismo num ser vivo é maior do que em qualquer metal ou cristal, mesmo precioso.
46. Esse antigo método é também conhecido modernamente como “mediunidade”. Quando o espírito fala através do médium em transe, ocorre o mesmo que ocorria no Egito antigo quando o sacerdote, coin a máscara de Hórus, falava coin a voz de Hórus.
47. Quando analisamos a Árvore microcósmica, o corpo físico é malkuth, o duplo etéreo é Yesod; o corpo astromental é Hod a Netzach; e a mente superior é Tiphareth. Tudo que a mente superior é capaz de conceber pode facilmente ser trazido à manifestação na esfera subjetiva de Malkuth. Deveríamos, sem dúvida, confiar antes nesse método de evocação do que nos meios estranhos de extrair ectoplasma ou de derramar os fluidos vitais, mesmo que esses métodos pudessem ser praticados em nossa moderna civilização.
48. A melhor arma mágica é o próprio mago, a todos os demais expedientes não passam de meios para um fim, a este é a exaltação a concentraçâo da consciência que transforma o homem comum num mago. “Não sabeis que sois o templo do Deus vivo?”, disse um Grande Ser. Se sabemos como utilizar os objetos simbólicos desse templo vivo, temos as chaves do céu em nossas mãos.
49. A chave para essa utilização encontra-se nas atribuições microcósmicas da Árvore. Interpretando-as em termos de função, e a função em termos de princípios espirituais, podemos entreabrir a porta do “armazém de força”. A melhor a mais completa manifestação do poder de Deus se produz por meio do entusiasmo energizado do homem treinado a devoto. Seríamos mais sábios se esperássemos o resultado final da operação mágica produzida por canais naturais do que se esperássemos uma interferência no curso da natureza – espera que, na própria natureza das coisas, está fadada ao desapontamento.
50. Procuremos esclarecer esse ponto por um exemplo. Supondo-se que a meta seja uma cura, deveríamos empregar, de acordo coin o método da Árvore, um rito ou uma meditação sobre Tiphareth. Mas devemos, por essa razão, limitar nossas operações à Esfera de Tiphareth a fazer da cura um assunto exclusivamente espiritual, como o fazem os cientistas cristãos? Ou devemos modificar o nosso método, de modo a utilizar a imposição das mãos e a unção do óleo, que são operações da Esfera de Yesod, planejadas para conduzir a força magnética? Ou deveríamos, de acordo coin o que me parece ser o método mais sábio, utilizar também uma operação de Malkuth, trazendo assim o poder para os planos da manifestação sem interrupção ou lapso na transmutação a condução?
51. E o que é uma operação da Esfera de Malkuth? Simplesmente uma ação no plano físico. Numa invocação de cura, por conseguinte, penso que deveríamos antes invocar o Grande Médico para que nos manifeste Seu poder por meio do médico humano, visto que esse é o canal natural, do que contar com uma força espiritual para a qual o único canal de evocação é a natureza espiritual do paciente, que pode ou não ser capaz de responder ao chamado.
52. É fora de questão que grandes forças espirituais podem atuar eficazmente na cura de nossas doenças, mas elas precisam ter um canal de manifestação; a por que deveríamos fazer um esforço sobre-humano para construir um canal psíquico quando temos outro ao alcance das mãos? Deus manifesta Seus milagres de uma maneira misteriosa apenas enquanto a lei natural é um livro selado para nós; mas, quando compreendemos os meios do trabalho da natureza, vemos que Deus age de uma maneira perfeitamente natural, por meio de canais regularmente estabelecidos; a diferença entre o natural e o sobrenatural não reside nos canais de manifestação empregados, mas na quantidade de força que se manifesta através deles. O que varia não é a qualidade, mas a quantidade do fluxo de força quando as forças espirituais são evocadas com sucesso.
53. Todo problema de MaIkuth consiste numa questão de canais e elos de conexão. O resto do trabalho é realizado pela mente nos planos mais sutis; a dificuldade real repousa na transição do sutil ao denso, pois o sutil está mal-equipado para operar no denso. Essa transição se efetua por meio do magnetismo das coisas vivas, orgánicas ou inorgânicas. Ce n’est que le demier pas qui côute nas operações mágicas.
54. Três idéias surgem da meditação sobre o Texto Yetzirático relativo a Malkuth – o conceito da Inteligência Resplandecente, que ilumina o esplendor de todas as luzes; a relação entre Malkuth a Binah; e a função de Malkuth em fazer uma influência emanar do Anjo de Kether.
55. Talvez pareça curiosa a idéia de que Malkuth, o mundo material, é o iluminador das luzes, mas poderemos entender o sentido dessa sentença se nos referirmos à analogia física, segundo a qual o céu só parece ser azul e luminoso devido à refração luminosa de inúmeras partículas de pó que flutuam na atmosfera; o ar absolutamente limpo carece de luz, a nosso céu teria a escuridão do espaço interestelar se não fosse a ação dessas partículas. Aprendemos também, pelo estudo da física, que vemos os objetos graças apenas aos raios de luz que suas superfícies refletem. Quando há pouco ou nenhuma refração, como ocorre com um objeto negro, este é quase invisível sob luz diminuta, propriedade de que se servem os prestidigitadores e ilusionistas.
56. É a função formadora a concretizante de Malkuth que toma finalmente tangível a definido o que era, nos planos superiores, intangível e indefinido, e é esse seu grande serviço à manifestação a seu poder característico. Todas as luzes, ou seja, as emanações de todas as outras Sephiroth, tornam. se luminosas a visíveis quando refletidas nos aspectos concretos de Malkuth.
57. Toda operação mágica deve chegar a Malkuth antes de poder completar-se, pois somente em Malkuth a força se aloja na forma. Portanto todo trabalho mágico se cumpre melhor na forma de um ritual executado no plano físico – ainda que o operador trabalhe só – do que por qualquer forma de meditação que opere apenas no plano astral. Deve haver algo no plano físico, mesmo que sejam apenas as linhas traçadas num talismã, ou os sinais traçados no ar, que traz a ação ao plano de Malkuth. A experiência prova que uma operação assim executada é muito diferente de uma operação que começa a termina no astral.
58. A relação entre Malkuth a Binah é claramente indicada nos títulos atribuídos a ambas essas Sephiroth. Binah é a Mãe Superior a Malkuth, a Mãe Inferior. Como já vimos, Binah é o Dador de Forma primordial. Sendo Malkuth a Esfera da Forma, a relação é óbvia. O que se iniciou em Binah encontra sua cuIminação em Malkuth. Este ponto nos dá uma importante chave por meio da qual podemos guiar nossas pesquisas entre as ramificaçôes dos panteões politeístas. O sistema cabalístico é explícito a respeito da doutrina das Emanaçôes, por meio das quaffs o Um se transforma no Múltiplo, e o Múltiplo é reabsorvido no Um. Nenhum outro sistema é específico sobre esse ponto, embora se encontre em todos eles uma alusão ao método à guisa de genealogia. As uniões a as descendências de deuses a deusas – de modo algum realizadas sempre no âmbito do sagrado matrimbnio – apresentam uma indicação definida das doutrinas implícitas da emanação a da polaridade, a não são apenas fantasias grosseiras do homem primitivo, que criou os deuses à sua imagem a semelhança.
59. Uma cuidadosa comparação das informações que temos sobre os ritos pelos quaffs os amigos reverenciavam suas inúmeras divindades revela que os mitos bem delineados que tanto deleitam as crianças tinham pouca ascendéncia sobre a religião real dos povos que os utilizavam como meio de expressão para os ensinamentos espirituais. Os deuses a deusas fundem-se de modo enigmático, de sorte que temos Vénus Barbada, a Hércules, o herói viril entre todos, com trajes femininos.
60. Fica claro, no estudo da arte antiga, que as pessoas a as características dos vários deuses a deusas eram utilizadas como uma forma pictográfica para indicar idéias abstratas defmidas, cuja convenção era bem conhecida pelos sacerdotes. Tendo de lidar com uma população na maior parte analfabeta, pois o ensino era limitado a pouquíssimas pessoas naqueles dias, os sacerdotes diziam sabiamente: “Observem este símbolo a reflitam sobre ele; vocês podem não saber o que ele significa, mas estão olhando na direção certa, a direção de onde provém a luz; e, na medida em que puderem recebé-la, a luz fluirá para suas almas, se contemplarem essas idéias.” É certamente provável que a iluminação conferida nos Mistérios incluía a elucidação metafísica desses mitos.
61. Perséfone, Diana, Afrodite, Hera mudam seus símbolos, funçôes, características, a mesmo títulos acessórios, de maneira desconcertante nos mitos a na arte grega. Também Priapo, Pã, Apolo a Zeus. O melhor que podemos dizer deles é que todas as deusas são Grandes Mães a que todos os deuses são Dadores de Vida; a diferença entre eles reside não na função, mas no nível em que funcionam. Existe uma distinção entre Vênus Celestial e a deusa do amor terreno de mesmo nome; aquele qué sabe ler saberá notar uma igual distinção a uma mesma identidade secreta entre Zeus, o Pai de Todos, a Priapo, igualmente inclinado à paternidade, mas de outra maneira, sendo um terrestre e o outro celeste. Não obstante, eles não são dois deuses, mas um só: assim como Binah a Malkuth não são dois tipos distintos de força, mas a mesma força funcionando em níveis diferentes. Essa é a chave da compreensão do significado do culto fálico, que exerce um papel tão importante em todas as fés antigas a printitivas – papel, aliás, tão pouco compreendido por seus intérpretes escolásticos. Seu sentido real é a descida da divindade até a humanidade, na esperança de elevar a humanidade à divindade. Esse processo é a base igualmente da terapia freudiana.
62. A afirmação de que Malkuth faz uma influência emanar do Anjo de Kether confirma plenamente essa idéia. Vemos que a Grande Mãe, que é Malkuth, se polariza com o Pai Universal, que é Kether.
63. Essa classificação, contudo, é demasiadamente simples para servir-nos adequadamente, seja porque queiramos reduzir um panteão pagão aos seus termos mais simples, seja porque tratamos das vicissitudes a das faces da vida pessoal. Mas encontramos, nos quatro quadrantes em que Malkuth se divide, a chave de que precisamos.
64. Esses quatro elementos são a Terra, o Ar, o Fogo e a Água do Sábio – ou seja, os quatro tipos de atividade. A notação da ciência esotérica os representa por quatro diferentes tipos de triângulo. O Fogo é representado por um triángulo, do qual uma das pontas está voltada para cima; o Ar, por um triãngulo semelhante atravessado por uma barra, indicando assim que o Ar tem uma natureza semelhante à do Fogo, porém mais densa. Aliás, não estaríamos errados se chamássemos o Ar de “Fogo Negativo”, ou o Fogo de “Ar Positivo”. A Água é representada por um triângulo voltado para baixo, e a Terra, pelo mesmo triãngulo atravessado por uma barra; e a esses dois símbolos se aplicam os mesmos princípios anteriores.
65. Supondo-se que consideremos o triângulo do Fogo como representante da força incondicionada e o triângulo do Ar como representante da forma totalmente inerte, e o triângulo da Água como representante de um tipo ativo de forma, teremos outra forma de classificação disponível. Nos mitos mais antigos, o ar, ou o deus do espaço, é o pai do Sol, o fogo celestial, e a água é a matriz da Terra. Isso fica bem clam no Pilar Central da Arvore da Vida, onde Kether, o espaço, ofusca Tiphareth, o centro solar, e a Esfera aquática de Yesod, o centro lunar, ofusca a Esfera terrestre de Malkuth. 66. Supondo que ordenemos os símbolos compondo o hieróglifo de outra maneira (uma das glórias da Arvore é permitir-nos fazé-lo), a coloquemos como os quatro elementos o citrino, a oliva, o castanhoavermelhado e o preto na Esfera de Malkuth, a consideremos que a forma vital que desce de Kether opera como uma corrente elétrica altemante, como a doutrina da polaridade altemante nos ensina a fazer, descobriremos que a força flui às vezes de Malkuth a Kether a às vezes de Kether a Malkuth.
67. Esse é um ponto capital quando aplicado ao microcosmo, pois nos ensina que precisamos estar em circuito com a alma da Terra, assim como com o Deus do céu; há uma inspiração que surge da inconsciência, assim como há uma inspiração que flui da supraconsciência. 68. Isso fica muito claro nos mitos gregos, em que encontramos forças terrestres positivas como Pã, que, graças ao seu simbolismo caprino, só pode ser atribuído à Esfera da Terra, pois Capricómio é o signo mais terrestre da triplicidade terrestre. Pã representa o magnetismo positivo da Terra que volta, em seu retomo, ao Pai Universal. Ceres, por outro lado, ou Diana de Muitos Seios, ambas Vénus muito terrestres a de modo algum virginais, representam a encamação final da força celeste na matéria densa. Hera, que foi chamada de Vênus Celestial ou Afrodite Celeste, representa o retomo da força terrestre ao céu, e é terra positiva num nível celestial. 69. Essas são coisas difíceis de elucidar para aqueles que não viram o Sol da meia-noite. Elas se revelam claramente na meditação, a muito pouco pela discussão.
70. As adivinhações se operam na Esfera de Malkuth. Ora, o objeto de todo método de adivinhação é descobrir um grupo de coisas no plano físico que corresponda precisa a compreensivamente às forças invisíveis, da mesma maneira pela qual os movimentos dos ponteiros de um relógio correspondem à passagem do tempo.
71. Para revelar tendências a condições gerais, a experiência universal daqueles que estudaram essas matérias concorda em que a Astrologia é o meIhor sistema de correspondências. Mas, para obter respostas a uma questão isolada, ela não é suficientemente específica, pois muitos fatores podem entrar em jogo, modificando o resultado. O adivinho iniciado faz uso, por conseguinte, de sistemas mais específicos, como a adivinhação pelo Tarô ou pela geomancia, quando deseja obter uma respota a uma questão específica.
72. Mas não vale a pena entrar numa loja a comprar um baralho de Tarô, a menos que se tenha o conhecimento necessário para construir as correspondências astrais de cada carta. Isso leva tempo, pois é preciso utilizar setenta a duas cartas. Uma vez isso feito, contudo, o operador poderá manipular as cartas com a plena certeza de que sua mente subconsciente, de qualquer maneira, escolherá as cartas que se referem ao assunto em questão. Não sabemos exatamente como isso se produz, mas uma coisa é certa, quando entramos em contato com o Grande Anjo do Tarô, as cartas são extremamente reveladoras.
73. Havendo considerado os princípios gerais da Esfera de Malkuth, estamos agora em posição de estudar-lhe, com proveito, o simbolismo.
74. Malkuth recebe o nome de Reino – em outras palavras, a Esfera governada por um rei – e Rei é o título de Microprosopos, que consiste nas seis Sephiroth centrais, com exclusão das Trés Supremas. Podemos considerar Malkuth, ou a Esfera material, como a Esfera da manifestação dessas seis Sephiroth centrais, as quais, por sua vez, emanam das Três Supremas. Portanto, tudo termina em Malkuth, assim como tudo começa em Kether.
75. A imagem mágica de Malkuth é uma jovem mulher, coroada a velada; trata-se de Ísis da Natureza, cuja face velada indica que as forças espirituais estão ocultas pela forma exterior. Essa idéia está presente também no simbolismo de Binah, que se resume no conceito do “manto exterior de ocultamento”. Malkuth, como o indica o Texto Yetzirático, é Binah num arco inferior.
76. Binah recebe o nome de Mãe Celestial Obscura, a Malkuth, o de Noiva do Microprosopos, ou Mãe Fértil Brilhante, a ambos os títulos correspondem aos aspectos duais da deusa lunar egípcia, Isis a Hathor, sendo aquela o aspecto positivo da deusa a esta o aspecto negativo. No simbolismo grego, corresponderiam a Afrodite a Ceres. Ora, Afrodite é o aspecto positivo da potência feminina, pois lembremos que, sob a lei da polaridade alterrrante, o que é negativo no plano exterior é positivo no plano interior, e viceversa. Afrodite, a Vênus Celestial, é quem confere o estímulo magnético ao masculino espiritualmente negativo; pelo fato de sua função não ser compreendida na vida moderna é que tanta coisa nela está errada. Binah, o aspecto superior de Isis, é, contudo, estéril, porque o pólo positivo é sempre o dador do estímulo, a nunca o produtor do resultado. O aspecto Malkuth de Isis é a Mãe Fértil Brilhante, a deusa da fecundidade, indicando assim o resultado final da operação de Isis no plano físico.
77. A posição de Malkuth na base do Pilar do Equilíbrio a coloca na linha direta da descida do poder que provém de Kether, transmuda-se em Daath, a Sephirah Invisível, a passa aos planos da forma via Tiphareth. Esse é o Caminho da Consciéncia, ao passo que os dois Pilares Laterais são Caminhos de Furrção; mas os dois Pilares Laterais também corfvergem para Malkuth via o Trigésimo Primeiro e o Vigésimo Nono Caminhos. Conseqüentemente, tudo termina em Malkuth.
78. Nós, que estamos encarnados em corpos físicos, achamo-nos em Malkuth e, quando abraçamos o Caminho da Iniciação, nossa rota segue pelo Trigésimo Segundo Caminho até Yesod. Esse Caminho, que sobe a linha reta para o Pilar Central, chama-se Caminho da Flecha, lançada por Qesheth, o Arco da Promessa; é por essa rota que o místico se eleva aos planos; o iniciado, contudo, acrescenta à sua experiência os poderes dos Pilares Laterais, juntamente com as realizações do Pilar Medial.
79. Esse aspecto do Pilar Central é expresso no Texto Yetzirático, que afirma que Malkuth faz uma influéncia emanar do Príncipe dos Rostos, o Anjo de Kether.
80. Os títulos adicionais atribuídos a Malkuth explicam claramente seus atributos. Ela é a Porta e a Esposa. Essas duas idéias representam na verdade uma única idéia, pois o útero da Mãe é a Porta da Vida. Ela é também a Porta da Morte, pois o nascimento no plano da forma é a morte para as coisas superiores.
81. Malkuth é também Kallah, a Noiva de Microprosopos, a Malkah, a Rainha de Malekh, o Rei. Isso indica claramente a função na polaridade que prevalece entre os planos da forma a os planos da força, sendo os planos da forma o aspecto feminino, polarizado a fertilizado pelas influências dos planos da força.
82. O Nome divino de Malkuth é Adonai Malekh, ou Adonai ha Aretz, que significa “O Senhor que é Rei”, a “O Senhor da Terra”. Vemos aqui claramente a afirmação da supremacia do Deus único nos Reinos da Terra, a toda operação mágica, em que o operador toma o poder em suas próprias mãos, deveria começar corn a evocação a Adonai para habitar seu templo da Terra a govemá-lo, para que nenhuma força possa desviar de sua obediência ao Um.
83. Aqueles que invocam o Nome de Adonai invocam o Deus manifesto na Natureza, que é o aspecto de Deus adorado pelos iniciados dos Mistérios da Natureza, seja os de Dionísio ou os de fsis – que concemem aos diferentes meios de abrir a supraconsciência por meio da subconsciência.
84. O arcanjo é o grande anjo Sandalphon, que os cabalistas chamam às vezes de Anjo Negro, ao passo que Metraton, o Anjo do Rosto, é o Anjo Brilhante. Esses dois anjos, como se diz, permanecem atrás dos ombros direito a esquerdo da alma em suas horas de crise. Eles poderiam representar o born Carma e o mau Carma. É relativamente à função de Sandalphon como o Anjo Negro, que preside sobre a dívida cármica, que Malkuth recebe o título de Porta da Justiça a Porta das Lágrimas. Disse um humorista, corn mais verdade do que poderia ele supor, que este planeta é atualmente o inferno de outro planeta. Ele é, na verdade, a esfera em qpe se cumpre normalmente o carma. Onde há suficiente conhecimento, contudo, o carma pode ser operado nos planos mais sutis, a esse método é uma das formas da cura espiritual.
85. O coro angélico atribuído a Malkuth é o dos Ashim, as Almas do Fogo, ou Partículas Ígneas, sobre as quais Mme. Blavatsky diz algumas coisas muito interessantes. Uma Alma do Fogo é, na verdade, a consciência de um átomo; os ~ por conseguinte, representam a consciência natural da matéria densa; sáo eles que lhe dáo suas características. São as Vidas Ígneas, essas cargas elétricas infinitesimais, que ondulam sem cessar para frente a para trás corn tremenda atividade na estrutura da matéria a lhe formam a base. Tudo que conhecemos como matéria baseia-se nessa estrutura. É corn a ajuda dessas Vidas fgneas que certos tipos de magia são operados. São pouquíssimas as pessoas que podem operar essa magia, pois quanto mais denso o plano a ser manipulado, maior deve ser o poder do mago.
86. O chakra cósmico de Malkuth é a Esfera dos Elementos, a qual já foi considerada em detalhes nestas páginas.
87. A experiência espiritual de Malkuth é a visão do Anjo da Guarda Sagrado. Esse anjo, que, de acordo corn os cabalistas, é atribuído a cada alma que nasce a que a acompanha até a morte, quando então a toma e a apresenta diante da face de Deus para julgamento, é na realidade o Eu Superior de cada um de nós, que formula a Centelha Divina – o núcleo da alma – e persiste por uma evolução, estabelecendo um processo na matéria a cada encamação para formar a base da nova personahdade.
88. Quando o Eu Superior e o Eu Inferior se unem, pela completa absorção do inferior pelo superior, alcança-se o verdadeiro Adeptado; é a Grande Iniciação, a União Divina Menor. É a suprema experiência da alma encarnada; e, quando isso ocorre, ela está hvre de qualquer compulsão para reencarnar na prisão da carne. Ela está hvre para subir aos planos a entrar em seu repouso, ou, se assim escolher, para permanecer na Esfera Terrestre a funcionar como um Mestre.
89. É essa, pois, a experiência espiritual atribuída a Malkuth – a descida da Divindade na humanidade, assim como a experiência espiritual de Tiphareth é elevar a humanidade à Divindade.
90. A virtude especial de Malkuth é a discriminação. Essa idéia é bem exemplificada no curioso simbolismo dos antigos, que declararam que a correspondência no microcosmo se estabelece corn o ânus. Tudo o que na vida está corrompido deve ser excretado, e a excreção macrocósmica se dá nas esferas qliphóticas, que dependem de Malkuth, de onde os excrementos cósmicos não podem retomar aos planos da forma organizada sem antes encontrar o equilibrio. Há, portanto, no mundo qhphótico, uma Esfera que não é o inferno, mas o purgatório; é um reservatório de forças desorganizadas emanadas de formas destruídas a expulsas pela evolução; é o caos num arco inferior. É desse receptáculo de fomias voltadas à destruição que as Conchas, ou entidades imperfeitas, extraem seus veículos. Essa Esfera serve também para os tipos inferiores de magia de má espécie. A tendência dessas forças que se encontram na Esfera qliphótica é sempre a de assumir uma vez mais as formas a que estavam acostumadas antes de sua desintegração a redução ao seu estado primordial; como essas formas eram pelo menos antiquadas, se não ativamente más, segue-se naturalmente que essa matéria de caos não é uma substância desejável corn a qual se possa trabalhar. Seria melhor deixá la até que sua purificação seja completa a que ela tenha sido filtrada pela Esfera da Terra pelos canais naturais a lançada umá vez mais no fluxo da evolução. É por essa razão que todos os cultos subterrâneos e a evocação dos mortos são indesejáveis, pois as formas que as entidades manifestas assumem devem ser construídas em parte corn essa substância do caos.
91. Portanto, a virtude especial de Malkuth é agir como uma espécie de filtro cósmico, expulsando a excreção a preservando o que ainda tenha alguma utilidade.
92. Os vícios característicos de Malkuth são a avareza e a inércia. É fácil ver como a estabilidade de Malkuth pode ser levada ao excesso, a dar origem à lerdeza e à inércia. O conceito de avareza, embora não seja tão óbvio na superfície, revela rapidamente seu significado à investigação, pois o apego excessivo da avareza é uma espécie de constipação espiritual, o oposto exato da discriminação que rejeita as excreçôes da vida por meio do ánus cósmico deitando-as no esgoto cósmico das Qliphoth. É interessante notar que Freud declara que o avarento está invariavelmente constipado, associando, ademais, o sonho da moeda às fezes.
93. Uma das coisas mais importantes que temos de fazer antes de podermos nos elevar das limitações da vida em Malkuth a respirar uma atmosfera mais leve é aprender a nos desapegarmos das coisas; a sacrificar o inferior em função do superior, construindo, assim, a preciosa pérola. É a discriminação que nos permite saber qual é o valor menor que deve ser abandonado, a fim de se obter o maior, pois não há ganho sem sacrifício. O que não compreendemos é que todo sacrifício deve ter uma utilidade substancial para o céu, onde nem a traça nem a ferrugem corrompem, pois, do contrário, ele representará uma perda inútil.
94. 1á observamos uma das correspondências atribuídas a Malkuth no microcosmo. Contudo, diz-se também que Malkuth corresponde ao pés do Homem Divino. Temos aqui novamente um importante conceito, pois, a menos que os pés estejam firmemente plantados na Mãe Terra, nenhuma estabilidade é possível. Há, não obstante, muitíssimos místicos desequilibrados que gostam de pensar que o Homem Divino termina no pescoço como um querubim, a não dão lugar aos órgãos geradores de Yesod, ou ao ânus de Malkuth. Eles precisam aprender a lição que o sonho celestial ministrou a São Pedro – ou seja, de que nada que Deus fez é impuro, a não ser que nós o tomemos impuro. Deveríamos reconhecer a Vida Divina em todas as suas funções, a assim elevar a humanidade até a Divindade a santiflcá-la. A pureza está próxima à Divindade, especialmente a pureza interna. Se fugimos de uma coisa e a evitamos, como podemos mantê-la pura a saudável? Os tabus dos povos primitivos foram completamente esquecidos em nossa vida civilizada, com desastrosas conseqüéncias para a saúde e o bem-estar da humanidade.
95. Os símbolos de Malkuth são o altar do cubo duplo e a cruz de braços iguais, ou cruz dos elementos.
96. O altar do cubo duplo simboliza a máxima hermética “Como em cima, tal é embaixo”, a ensina que o que é visível é o reflexo do que é invisível, a lhe corresponde exatamente. Esse altar cúbico é o altar dos Mistérios, em oposição ao altar horizontal, que é o altar da Igreja. Pois o altar horizontal permanece no léste, ao passo que o altar cúbico permanece no centro. Afirma-se que ele está bem proporcionado quando a altura do centro é de seis pés, e a largura e a profundidade são a metade da altura.
97. A cruz de braços iguais, ou cruz dos elementos, representa os quatro elementos em perfeito equilíbrio, que é a perfeição de Malkuth. Ela é representada na Árvore da Vida pela divisão de Malkuth em quatro quadrantes, nas cores citrino, oliva, castanho-avermelhado a preto, estando o citrino voltado para Yesod e o negro para as Qliphoth, o oliva para Netzach e o castanho-avermelhado para Hod. São os reflexos dos Três Pilares a da Esfera Qhphótica, atenuados a filtrados pelo véu da Terra.
98. Todas as coisas se resumem, desse modo, em Malkuth, embora vistas num cristal turvo, por reflexo, a não face a face.
99. As quatro cartas do Tart produzem curiosos resultados quando sujeitos à meditação à luz do que sabemos sobre Malkuth. O Dez de Paus chama-se Senhor da Opressâo; o Dez de Copas, o Senhor do Sucesso Completo; o Dez de Espadas, o Senhor da Ruína; e o Dez de Ouros, o Senhor da Riqueza.
100. Como já vimos, é em Malkuth que as forças espirituais atingem sua perfeição no plano da forma e, tomando essas formas completas a “sacrificando-as”, podemos reconduzi-las ao estado de poderes espirituais.
101. Essas quatro cartas do Tarô, note-se, são alternadamente boas e más em seu significado; de fato, o Dez de Espadas é a pior carta que se pode tirar numa adivinhação. A esse propósito, poderíamos lembrar uma curiosa doutrina alquímica, a qual ensina que os signos dos planetas são compostos de três símbolos: o disco solar, o crescente lunar e a cruz da corrosão ou do sacrifício. Esses símbolos, quando corretamente interpretados, dão a chave da natureza alquímica do planeta a da sua utilidade prática na Grande Obra da transmutação. Por exemplo, Marte, em cujo símbolo a cruz encima o círculo, é, como se afirma, externamente corrosivo a internamente solar; Vênus, em que o círculo encima a cruz, é externamente solar a internamente corrosiva, ou, nas palavras da Escritura, “doce nos lábios, mas amarga nas entranhas”.
102. Nos quatro dez do Tarô prevalece o mesmo princípio. Cada carta representa a operação de um certo tipo de força espiritual, no plano da matéria densa. A carta mais espiritual, o dez do naipe cujo ás é a Raiz dos Poderes do Fogo, chama-se Senhor da Opressão. Isso nos ensina que as forças espirituais superiores podem ser externamente corrosivas quando operam sobre o plano da matéria. Os Poderes do Fogo, em sua potência mais elevada, no dez de paus, são os do fogo refinador. “Assim como o ouro se prova pela chama, assim o coração se prova pela dor.”
103. Por outro lado, todo o simbolismo do naipe de Copas, ou Cálices, manifests claramente a influência venusiana; é nesse naipe que encontramos os Senhores do Prazer, da Felicidade Material a da Abundância. Mas encontramos também os Senhores do Sucesso Ilusório, do Sucesso Abandonado, da Perda no Prazer, o que mostra claramente que esse naipe, embora externamente solar, é internamente corrosivo.
104. As Espadas estão sob a influência marciana, e o Senhor da Ruína indica o sacrifício total de todas as coisas materiais.
105. Mas, em Ouros, Terra da Terra, a combinação é inversa, a descobrimos que o dez de Ouros é o Senhor da Riqueza.
106. Observamos, dessa maneira, que as cartas de naipes de natureza primordialmente espiritual são externamente corrosivas no plano físico; a as cartas de naipes de natureza primordialmente material são externamente solares, ou benéficas, no plano material. Isso ensina uma lição muito útil, a dá uma importante chave quando utilizada nos sistemas de adivinhação em que se procura discemir a ação dos poderes espirituais que agem num determinado caso.
107. Todos os assuntos do mundo sobem a descem como as ondas do mar, uma crista seguindo a outra em progregão rítnrica; por conseguinte, quando uma situação cósmica está no zênite ou no nadir sabemos que uma mudança de maré deve ser esperada no futuro próximo. Essa noção se acha expressa em muitos ditados populares: “Não há mal que sempre dure”; “A hora mais negra é a que precede a aurora”. Harriman, o grande milionário norte-americano, dizia que fez sua fortuna comprando sempre nos mercados em baixa a vendendo em alta – procedimento oposto à prática normal. Não obstante, é um procedimento engenhoso, pois a alta transforms-se em depressão, e a depressão resulta em alta. Isso ocorre tão freqüentemente que deveríamos esperar que os especuladores conhecessem essa lição histórica, mss eles não conhecem. Foi o conhecimento desse fato que permitiu à Sociedade da Luz Interior seguir firmemente sua marcha em meio às dificuldades do pós-guerra, a atravessá-las sem ter de restringir nenhuma de suas atividades. Há ocasiões em que é necessário ser modesto para continuar solvente, mss há ocasiôes em que se pode ser arrojado, a despeito de todas as indicações em contrário, porque se sabe que a maré está subindo.
108. Essas quatro cartas, portanto, dão uma indicação muito,exata da natureza da operação das forças em Malkuth e, quando elas se apresentam numa adivinhação, podemos esperar que o ouro material irá corromperse, e a corrosão exterior se voltará ao ouro, mais cedo ou mais tarde, sendo conveniente conduzir os negócios de acordo com essa situação.
109. É a verdadeira utilidade da adivinhação permitir-nos discernir as forças espirituais implicadas em qualquer acontecimento, para agirmos adequadamente. Qual seria a utilidade, então, da adivinhação executada por alguém que não tem discernimento espiritual? E podemos esperar encontrar discernimento espiritual no ocultismo mercenário que fornece um tanto por uma certa quantia a muito mais por uma quantia maior? As coisas espirituais não se fazem dessa maneira. Entre os antigos, a adivinhação era um rito religioso, a deveria sê-to para nós, a não ser que desejemos semear a má sorte.
QLIPHA
לילית Lilith – Nahema (NHMATh)
Demonio: Nehemoth/ Lilith /Belial
Significado: Rainha da Noite
Descrição: Mulher que muda a sua aparência de bela a bestial.
Nomes de Poder: NAHEMOTH (NHMATh): NOBREXIEL + A’AINIEL + MOLIDIEL +HETERIEL +THAUHEDRIEL
Planeta:Terra
Tarot: Imperatriz
Nehemoth “Noturna”, fêmea de beleza tenebrosa, rainha do fingimento e do falso amor. É irmã de Lilith, personifica os impulsos sexuais promíscuos, a obsessão por prazeres sensoriais do sexo a todo custo, a negligência, o descaso o desamor maternal. Lilith foi a primeira mulher de Adão, gerada através das vontades subconscientes de Adão, quando pareceu ter que ser submissa a Adão ela o abandonou partindo para o Mar Vermelho, lugar tido como a morada de demônios e lá se uniu a Samael. Adão solicitou a anjos que lhe buscasse e estes ameaçaram assassinar os filhos dela caso não retornasse. Não retornando, decidiu vingar a toda a descendência de Adão se tornando uma devoradora de bebês, assassina de mulheres grávidas e uma súcubo que seduz homens e suga-lhes a vitalidade. Esta Qlipha é um verdadeiro esgoro de excrementos cósmicos e psíquicos, o receptáculo de todo e qualquer elemento corrompido, foco de forças infernais e pestilentas remanescentes de elementos degradados destruídos dos conflitos materialistas. Nesta Qlipha habitam cinco nações amaldiçoadas: Amalekitas, os Agressores; Gheburin, os violentos; Raphaim, os covardes; Nephilim, voluptuosos; Anakim, Anarquistas, as crianças do Caos. Essas cinco nações Malditas representam áreas de maestria dos Demônios e atuação na Terra e no plano físico.
Arquétipos Qliphoticos:
Belial: Demônio hebreu da matéria, da terra, da carne, aprisiona as pessoas fracas e ignorantes nos desejos materiais.
Hades: Deus grego do submundo, das trevas, da morte e do frio, também associados a Kether/Thaumiel. Plutão ou Dis é o deus romano equivalente.
Anunnakis: Os deuses sumerianos da terra e do submundo, guardiões dos ossos dos mortos.
Mictlantecuhtki: Deus esqueleto asteca, senhor das trevas e da morte;
Cihuateteo: Deusas astecas esqueléticas e vampirescas das trevas e da morte. Regem o parto fatal, roubam bebês, e nos homens provocam loucura.
Perséfone: Deusa grega do inferno, rainha do submundo,, da terra estéril e fria, tendo sida raptada por Hades. Prosérpina é a deusa romana equivalente.
Néftis: Deusa egípcia do submundo, da morte e da desintegração da vida sob a terra.
Osíris: Deus egípcio do submundo e juiz dos mortos, deus da vida e da morte, da ressurreição e da transformação da natureza, considerado um “deus negro”.
Hel: Deusa escandinava com metade do corpo putrefato e a outra metade a mais linda das mulheres da terra, rainha do inferno, da morte, da dor e da vida nas trevas.
Ereshkigal: Deusa sumeriana do submundo, das trevas e dos mortso, rainha do inferno e senhora da Terra.
Cailleach: Deusa celta anciã da morte, das trevas e da terra, rege o inverno e a germinação da vida no interior frio e escuro da terra.
Macha: Deusa celta da morte e do sofrimento, a “rainha corvo” do submundo, anuncia a morte próxima em suas aparições.
Coatlicue ou Tonantzin: Deusa asteca da Terra, da escuridão, do inverno, da dor e da morte.