Jorge da Capadócia

 
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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja São Jorge (desambiguação).
 
São Jorge e o Dragão, de Gustave Moreau
Santo GuerreiroGrande Mártir
NascimentoCapadócia ou Lida 
entre 270 e 280
MorteNicomédia
Veneração porIgreja Católica
Igreja Ortodoxa
Igreja Anglicana
Religiões afro-brasileiras
Principal temploIgreja de S. Jorge (LidaIsrael)
Festa litúrgica23 de abril e 3 de novembro
Atribuiçõescavaleiro combatendo um dragão • cruz de São Jorge • espada
Padroeirosoldados • cavaleiros • escoteiros do Brasil • fazendeiros e agricultores; de Inglaterra • Portugal (orago militar) • Forças Armadas de Portugal • Geórgia • Lituânia • Catalunha • Sérvia • Montenegro • Etiópia • Bulgária • Londres • Barcelona • Génova • Ferrara • Régio da Calábria • Friburgo em Brisgóvia • Moscovo • Beirute
Gloriole.svg Portal dos Santos

São Jorge (em gregoΆγιος Γεώργιοςromaniz.: Ágios Geṓrgios; em latimGeorgius; entre 275 e 280 — 23 de abril de 303), também conhecido como Jorge da Capadócia e Jorge de Lida foi, conforme a tradição, um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. Na hagiografia, São Jorge é um dos santos mais venerados no Catolicismo, na Igreja Ortodoxa, bem como na Comunhão Anglicana. É imortalizado na lenda em que mata o dragão. É também um dos Catorze santos auxiliares. No cânon do Papa Gelásio (496 DC), São Jorge é mencionando entre aqueles que “foram justamente reverenciados pelos homens e cujos atos são conhecidos somente por Deus”.[1]

Considerado como um dos mais proeminentes santos militares, a memória de São Jorge é celebrada nos dias 23 de abril e 3 de novembro. Nestas datas, por toda a parte, comemora-se a reconstrução da igreja que lhe é dedicada, em Lida (Israel), na qual se encontram suas relíquias. A igreja foi erguida a mando do imperador romano Constantino.

São Jorge é o santo padroeiro em diversas partes do mundo tais como: (países) InglaterraPortugal (orago menor), GeórgiaLituâniaSérviaMontenegroEtiópia, e (cidades) LondresBarcelonaGénovaRégio da CalábriaFerraraFriburgo em BrisgóviaMoscovo e Beirute. No Oriente, ele é conhecido como “megalomártir”, ou seja, “grande mártir”. Ele também é reconhecido como modelo de virgem masculino, ao lado de São João Evangelista e o próprio Jesus Cristo.[2]

Há uma tradição que aponta o ano 303 como ano da sua morte. Apesar de sua história se basear em documentos lendários e apócrifos (decreto gelasiano do século VI), a devoção a São Jorge se espalhou por todo o mundo.

História

No caso específico — São Jorge — os limites terrenos e espirituais extrapolam o conhecimento atual, pois, sendo a sua existência real envolvida pelo mito, não se pode afirmar categoricamente onde termina a verdade e onde começa a fábula. Ademais, investindo no estado de santidade, sua figura celestial se confunde com a imagem material que os devotos têm dele.[3]

Fato é que, embora se trate de uma pessoa real, as origens deste mártir tão enobrecido pela hagiologia são confusas e incertas. O Breviário Romano não narra a história do santo, pois o Papa Gelásio I (492 a 496) foi ao ponto de proibir que se lessem suas atas por as considerar apócrifas e imbuídas de erros.[4]

Os detalhes exatos do nascimento de São Jorge são debatidos há séculos, apesar da data de sua morte ser sujeita a pouco questionamento.[5][6] A Enciclopédia Católica toma a posição de que não há base para duvidar da existência histórica de São Jorge, mas põe pouca convicção nas histórias fantásticas sobre ele.[7]

Algumas fontes indicam que seus pais eram cristãos da família nobre romana dos Anicii, ao tempo em que outras fontes dizem que seus pais eram cristãos de origem grega.[8]

De acordo com lendas já em voga no século IV, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte da Turquia. Ainda criança, mudou-se à Palestina com sua mãe após seu pai, Gerôncio, morrer em batalha. Sua mãe, Policrômia, era originária de Lida, na Palestina, atual Lod, em Israel, era possuidora de muitos bens, tendo educado o filho com esmero na Fé Cristã. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da província da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia.

 
Igreja de São Jorge, Corunha, (Galiza), (Espanha)

Devido a seu carisma, Jorge não tardou em ascender na carreira e, antes de atingir os 30 anos foi Tribuno Militar e conde, sendo encarregado como guarda pessoal do imperador Diocleciano (r. 284–305), em Nicomédia.[9] Consta que, quando do falecimento de sua mãe, ele, tomando sua vultosa herança, tudo doou aos pobres e necessitados, causando tal fato surpresa na corte imperial, a qual ainda desconhecia a fé cristã de Jorge.[10]

Em 303, Diocleciano (influenciado por Galério) publicou um édito que mandava prender todo soldado romano cristão e que todos os outros deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos. Jorge foi ao encontro do imperador para objetar, e perante todos declarou-se cristão. Não querendo perder um de seus melhores tribunos, o imperador tentou dissuadi-lo oferecendo-lhe terras, dinheiro e escravos. Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar aos deuses romanos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio, aos poucos, ganhado notoriedade e muitos romanos, tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia, na Ásia Menor.

 
Ícone de São Jorge, Museu Cristão-Bizantino, Atenas
 
Brasão de Armas de Moscovo, cidade que tem São Jorge como Padroeiro

Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.

Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, no Império Bizantino, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.

 
Igreja de São Jorge em LalibelaEtiópia

Posteriormente, quando da reforma do calendário litúrgico realizada pelo Papa Paulo VI em 9 de maio de 1969, a observância do dia de São Jorge tornou-se facultativa, e não mais em caráter universal. De fato, a reforma retirou do calendário os santos dos quais não havia documentação histórica, mas apenas relatos tradicionais, porém tal expurgo não atingiu o santo da Capadócia. Falava-se, naqueles tempos, em “cassação de santos”. No entanto, o fato da festividade de São Jorge ter se tornado opcional não quer dizer que não seja reconhecido como santo.[11] Frise-se a reabilitação do santo como figura de primeira instância, assim como os arcanjos, lembrando a figura do próprio Jesus Cristo, pelo Papa João Paulo II em 2000, o que conferiu nova relevância a São Jorge.

Disseminação da devoção a São Jorge

Na Itália, era padroeiro da cidade de GênovaFrederico III da Alemanha dedicou a ele uma ordem militar. Desde Dom Nuno Álvares Pereira, o santo é reconhecido como padroeiro de Portugal e do Exército. Na FrançaGregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.

São Pedro Damião (1072), doutor da Igreja, em uma de suas festas disse: “De uma milícia transportou-se totalmente para outra, porque do ofício de tribuno terreno que exercia passou para a profissão da milícia cristã; como verdadeiro soldado valente, distribuiu todos os seus bens aos pobres, lançou fora a carga das posses das terras e, assim livre e desembaraçado, cingiu-se com a couraça da fé, mergulhou o ardente guerreiro de Cristo no mais denso da luta”.[12]

O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da Jarreteira, fundada por ele em 1348. Por considerá-lo o protótipo dos cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam reconquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.

Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.

As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há dois quadros famosos de Rafael intitulados São Jorge e o dragão. Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.

A mais conhecida imagem brasileira de São Jorge seria, possivelmente, de autoria de Martinelli.[13]

Relíquias

 
Relicário com as relíquias de São Jorge, na Igreja de São Jorge, na Ilha da Madeira, em Portugal.

Em abril de 2019, a igreja de São Jorge, em São Jorge, na ilha da Madeira, em Portugal, recebeu solenemente algumas relíquias de São Jorge, santo padroeiro daquela paróquia, por ocasião dos 504 anos da sua fundação. As relíquias foram entregues pelo então recém-empossado bispo do Funchal, D. Nuno Brás.[14]

Padroados

Etiópia

 
Ilustração etíope de São Jorge

São Jorge é um símbolo importante desde a idade média na monarquia etíope, estando presente da coroa dos imperadores etíopes, no verso da bandeira Imperial de Haile Selassie, e no complexo religioso de Lalibela (Nova Jerusalém) a principal igreja é em homenagem a São Jorge.

Inglaterra

Não há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado padroeiro da Inglaterra. Seu nome era conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas influíram bastante na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348. De acordo com a história da Ordem da Jarreteira, o Rei Artur, no século VI, colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras.[15] Em 1415, a data de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.

Hoje em dia na Inglaterra, todavia, a festa de São Jorge comemorada todo dia 23 de abril tem tido menos popularidade ao longo das últimas décadas. Algumas rádios locais, como a BBC já chegaram a promover enquetes (ou inquéritos em Portugal) perguntando qual seria, de acordo com a opinião pública, o orago dos ingleses, e eis que o eleito foi Santo Alba. Muitos fatores contribuíram a isso. Primeiramente por ter sido substituído, segundo bula do Papa Leão XIII de 2 de junho de 1893, por São Pedro como padroeiro da Inglaterra — recomendação que perdura até hoje.

Atualmente, haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a escocesa St. Andrew’s Day, a irlandesa St. Patrick’s Day e mesmo a galesa St. David’s Day, têm-se formado grande iniciativa de setores nacionalistas para que o St. George’s Day volte a gozar da mesma popularidade entre os ingleses como antigamente.

Portugal

Pensa-se que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147 terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de D. Afonso IV que o uso de “São Jorge!” como grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior “Sant’Iago!“.

O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota e aí está a Ermida de São Jorge a testemunhar esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo, e foi no seu reinado que São Jorge substituiu Santiago Maior como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.

Catalunha

 
São Jorge é sincretizado como Ogum tanto no Brasil quanto em Cuba

A presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs remonta ao século VIII: documentos da época falam de um sacerdote de Tarragona chamado Jorge que fugiu para a Itália. Já no século X, um bispo de Vic tinha o nome de Jorge, e no século XI o abade Oliba consagrou um altar dedicado ao santo no mosteiro de Ripoll. Encontram-se exemplos do culto a São Jorge dessa época, na consagração de capelas, altares e igrejas em diversos pontos da Catalunha. Os reis catalães mostraram a sua devoção a São Jorge: Tiago I de Catalunha explica em suas crónica que foi visto o santo ajudando os catalães na conquista da cidade de Maiorca; Pedro o Cerimonioso fundou uma ordem de cavalaria sob a sua proteção; Afonso, o Magnânimo dedicou-lhe capelas nos reinos da Sardenha e Nápoles.

Os reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da festa de São Jorge por todas as regiões catalãs. Em 1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas cortes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória de São Jorge; em 1456, as cortes reunidas na Catedral de Barcelona ditaram uma constituição que ordenava a festa, inclusa no código das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da Generalidade (sede do governo catalão) feitas durante o século XV são a prova mais clara da devoção impulsionada por esse órgão público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao construir no interior a capela de São Jorge.

Brasil

A influência de São Jorge na cultura portuguesa acompanhou a fundação do Brasil pelos portugueses.

Este santo é o padroeiro extraoficialmente, da cidade do Rio de Janeiro (título oficialmente atribuído a São Sebastião) e da cidade de São Jorge dos Ilhéus, além de ser padroeiro dos escoteiros, e da Cavalaria do Exército Brasileiro. Em maio de 2019, foi oficializado como padroeiro do Estado do Rio de Janeiro, ao lado de São Sebastião.[16]

São Jorge também é venerado em diversas religiões afro-brasileiras, como a Umbanda, onde é sincretizado na forma de Ogum.

Todavia, a ligação de São Jorge com a Lua é algo puramente brasileiro, com forte influência da cultura africana, e em nada relacionado com o santo europeu. Em estados como PernambucoRio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o santo foi sincretizado a Ogum, enquanto na Bahia, sincretizado a Oxóssi.[17] A tradição diz que as manchas apresentadas pela Lua representam o milagroso santo, seu cavalo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.[18]

Lenda do dragão e da princesa

 
Imagem do santo localizada na Igreja de São Jorge no Centro do Rio de Janeiro

Baladas medievais contam[19] que Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao dá-lo à luz e o recém nascido Jorge foi roubado pela Dama do Bosque para que pudesse, mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge possuía três marcas: um dragão em seu peito, uma jarreteira em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses por terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.

Nesta cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse que toda a cidade estava em sofrimento, pois lá existia um enorme dragão cujo hálito venenoso podia matar toda uma cidade, e cuja pele não poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. O eremita lhe disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.

 
Casamento de São Jorge e Sabra (1857), pintura de Dante Gabriel Rossetti
 
O dragão e a princesa, vitral de J. Mehoffer na catedral de Friburgo, Suíça

Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa. Ele passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres para o local do sacrifício. São Jorge se colocou na frente das mulheres com seu cavalo e, com bravas palavras, convenceu a princesa a voltar para casa.

O dragão, ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto quanto o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito não queria ver sua filha casada com um cristão, envia São Jorge para a Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.

De acordo com a outra versão,[20] Jorge acampou com sua armada romana próximo a Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscaram refúgio nas muralhas desta. Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura era tão venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram oferecidas à fera até estas terminarem e logo crianças passaram a ser sacrificadas.

O sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de catorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura. Jorge, o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do “dragão”. Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.

Ao ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão com sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa, conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de todos e as pessoas de toda cidade se tornam cristãs. A vitória de São Jorge sobre o dragão é simbolizada como a vitória sobre as hostes islâmicas na época das Cruzadas. Ricardo Coração de Leão o invocava como protetor dos soldados.[21]

dragão (o demónio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.

Ver também

Referências

  1.  Felipe de Azevedo Ramos (22 de abril de 2020). Gaudium Press, ed. «Quem foi São Jorge? 7 curiosidades: desde a lua até o dragão». Consultado em 4 de maio de 2020
  2.  Felipe de Azevedo Ramos (22 de abril de 2020). Gaudium Press, ed. «Quem foi São Jorge? 7 curiosidades: desde a lua até o dragão». Consultado em 4 de maio de 2020
  3.  Dorius C., Marius (1995). São Jorge — O Santo Guerreiro. [S.l.]: Monterrey. p. 04
  4.  anônimo, anônimo (1979). História de São Jorge — Coleção Série Sagrada. [S.l.]: Brasil América. p. 3
  5.  Mills, Charles (2012). The History of Chivalry. [S.l.]: Longman, Rees. p. 9. ISBN 978-1-428642-15-7.
  6.  Spenser, Edmund (1998). Fierce Wars and Faithful Loves. [S.l.]: Cannon Press. p. 196. ISBN 978-1-885767-39-4.
  7.  Wikisource-logo.svg Herbermann, Charles, ed. (1913). «St. George». Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company
  8.  Clapton, Edward. The Life of St. George. p. 9
  9.  «A Igreja militante – Jornal O Clarim» (em inglês). Consultado em 23 de abril de 2021
  10.  anônimo, anônimo (1979). História de São Jorge — Coleção Série Sagrada. [S.l.]: Brasil América. p. 08.
  11.  Mengali, Jefferson Flávio, São Jorge: O Poder do Santo Guerreiro. Petra; Rio de Janeiro 2015
  12.  «Devoção a São Jorge no Brasil e Oriente»Formação. 22 de abril de 2017. Consultado em 23 de abril de 2021
  13.  Sobre imagens de São Jorge
  14.  Gonçalves, Luisa. «D. Nuno Brás presidiu à Festa em honra de São Jorge | Jornal da Madeira». Consultado em 3 de setembro de 2019
  15.  Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter: And the several Orders of Knighthood extant in Europe. A Bell; E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715
  16.  «Governador sanciona lei que torna São Jorge e São Sebastião padroeiros do estado»Extra Online. Consultado em 23 de abril de 2021
  17.  https://super.abril.com.br/historia/candomble-no-brasil-orixas-tradicoes-festas-e-costumes/
  18.  Santos, Georgina Silva dos.Ofício e sangue: a Irmandade de São Jorge e a Inquisição na Lisboa moderna.Lisboa: Colibri; Portimão: Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, 2005
  19.  Bishop Percy’s folio manuscript: loose and humorous songs ed. Frederick J. Furnivall. London, 1868
  20.  The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de Voragine, Archbishop of Genoa, 1275. First Edition Published 1470. Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S. Ellis, Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931)
  21.  Felipe de Azevedo Ramos (22 de abril de 2020). Gaudium Press, ed. «Quem foi São Jorge? 7 curiosidades: desde a lua até o dragão». Consultado em 4 de maio de 2020
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21 Curiosidades sobre São Jorge, sua lenda e sua oração

21 Curiosidades sobre São Jorge, o Santo Guerreiro, a lenda do dragão, oração e música de um dos santos mais queridos entre os cariocas, que pode nem ter existido

Igreja Matriz de São Jorge – Quintino | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

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Dia de São Jorge, um feriado tipicamente carioca, que até motivo de novela já foi, e olha que é um santo que tem gente que acha que nem existiu, é que sua história é cercada de lendas como a de que teria matado um dragão. Bem, já podemos deixar claro que o dragão apenas representa a idolatria sendo destruída com as armas da Fé.

Veja curiosidades e fatos sobre um dos santos mais queridos entre os cariocas:

1) O dia de São Jorge é o dia de seu falecimento

São Jorge diante de Diocleciano

O Imperador de Roma Diocleciano mandou degolar São Jorge, em 23 de Abril, na Nicomédia porque o santo não negou sua fé no cristianismo.

2) São Jorge também homenageado no dia 3 de Novembro

St.-Georges-Church-3

É que neste dia foi reconstruída a Igreja dedicada ao Santo em Lida (Israel), onde estão seus restos mortais. Ela foi erguida a mando do Imperador de Roma, Constantino I.

3) Há quem coloque em dúvida a existência do Santo

São Jorge e o Dragão

Já que sua história é mistura de tradições cristãs e lendas,

 

4) A bandeira da Inglaterra usa a Cruz de São Jorge

Bandeira da Inglaterra

É bandeira com fundo branco e cruz vermelha, a outra é do Reino Unido

5) Mas São Jorge não é o padroeiro da Inglaterra

Papa Leão XII

O Papa Leão XII substituiu em 1893 São Jorge por São Pedro como padroeiro da Inglaterra.

6) E São Jorge é  padroeiro de Londres

London

E de Genova e Moscou

7) É padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro

Cavalaria do Exército Brasileiro

8) É um Santo Guerreiro

Santo Guerreiro

Santos Guerreiros são aqueles que compartilham de um tema comum: um soldado do Império Romano que se tornou cristão descobre que a sua nova religião conflita com as práticas religiosas das forças militares romanas. Ao se recusar a participar dos rituais de lealdade ao imperador, o santo dava causa para castigos corporais que podiam escalar até a tortura — que milagrosamente podia não afetá-lo — e mesmo assim ele não nega a sua fé e acaba martirizado. Um outro epíteto comum para este tipo de santo era “atleta de Cristo”

9) O Papa Paulo VI em 1963 rebaixou São Jorge para santo menor de terceira categoria (na hierarquia católica)

Papa Paulo Vi

Seu culto, então, seria opcional nos calendários locais e não mais em caráter universal

10) Em 2000 o Papa João Paulo II (que se dizia carioca) o restaurou a relevância do santo

São Jorge Patrono da Inglaterra

Que voltou a aparecer nos Missais como Santo Patrono da Inglaterra.

11) É um dos 14 Santos Auxiliares (intercessores eficazes contra as mais diversas doenças)

Santos Auxiliares

Os outros são Santo Acácio, Santa Bárbara, São Brás, Santa Catarina de Alexandria, São Cristóvão, São Ciríaco, São Denis, Santos Erasmo, Santo Eutásquio, Santo Egídio, Santa Margarida de Antióquia, São Pantaleão e São Vito

12) A invocação de São Jorge é pela saúde dos animais domésticos

Diva, Leia e Bart

13) Geórgia tem este nome por causa do santo

Brasãod e Armas da Georgia

Que está em seu brasão de armas e é patrono do país também.

14) Na Catalunha o dia de São Jorge é como se fosse o dia dos namorados

Dia de São Jorge na Catalunha

O dia de São Jorge lembra o dia dos namorados na Catalunha e outras regiões da Espanha, e também é conhecido como El dia de la Rosa, Dia da Rosa, ou El dia del Libre, Dia do Livro. Historicamente os homens dão às mulheres rosas e as mulheres livros aos homens, “uma rosa por amor e um livro para sempre”. A troca não é apenas entre namorados ou apaixonados, amigos trocam rosas amarelas, por exemplo.

15) Os ortodoxos comemoram no dia 6 de maio

St_George

Tudo devido ao calendário juliano, enquanto os católicos usam o gregoriano. E se cair durante a Semana Santa Ortodoxa, a data é comemorada na segunda seguinte a Páscoa.

16) Na Bulgária o Dia de São Jorge é feriado nacional

Dia de São Jorge na Bulgária

No dia é preparado e comido um carneiro inteiro, devido a uma tradição pagã dos eslavos e ao fato de que São Jorge é o santo patrono dos pastores. O

17) Alguns búlgaros rolavam nus no orvalho da manhã do Dia de São Jorge

Orvalho

É que eles acreditam que o orvalho da manhã é abençoado pelo santo, então eles andam pelos pastos e prados e coletam o orvalho, lavam seus rostos, mãos e pés por boa sorte. E, em algumas partes rurais do país, era costume rolar nú no orvalho.

18) E para os búlgaros  é um dia mágico e que todos os feitiços malignos podem ser quebrados.Dia de São Jorge na Bulgária 2

E que o santo garante uma boa colheita

19) Nasceu na Capadócia

Capadócia

Aposto que essa você sabia!

20) No Rio de Janeiro, São Jorge é Ogum na Umbanda, orixá guerreiro. Na Bahia é Oxossi

Ogum
Quadro Decorativo Orixá Ogum Com Moldura G02 no Elo7 | Espaço Vital das Artes (13C7353)

Ogum é o guerreiro, general destemido e estratégico, é aquele que veio para ser o vencedor das grandes batalhas, o desbravador que busca a evolução. Defensor dos desamparados, segundo a lenda, Ogum andava pelo mundo comprando a causa dos indefesos, sempre muito justo e benevolente. Ele era o ferreiro dos orixás, senhor das armas e dono das estradas. Irreverente, pois é um orixá valente, traz na espada tudo o que busca.

Oxóssi ou Oxoce é o orixá da caça, florestas, dos animais, da fartura, do sustento. Está nas refeições, pois é quem provê o alimento. É a ligeireza, a astúcia, a sabedoria, o jeito ardiloso para capturar a caça. É um orixá de contemplação, amante das artes e das coisas belas. É o caçador de axé, aquele que busca as coisas boas para um ilé, aquele que caça as boas influências e as energias positivas.


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A Lenda de São Jorge e o Dragão

Lenda de São Jorge

Essa é a lenda mais famosa envolvendo o Santo, retirada do site Paulinas:

A sua imagem de jovem guerreiro, montado no cavalo branco e enfrentando um terrível dragão, obviamente reporta às várias lendas que narram esse feito extraordinário. A maioria delas diz que uma pequena cidade era atacada periodicamente pelo animal, que habitava um lago próximo e fazia dezenas de vítimas com seu hálito de fogo. Para que a população inteira não fosse destruída pelo dragão, a cidade lhe oferecia vítimas jovens, sorteadas a cada ataque.

Certo dia, chegou a vez da filha do rei, que foi levada pelo soberano em prantos à margem do lago. De repente, apareceu o jovem guerreiro e matou o dragão, salvando a princesa. Ou melhor, não o matou, mas o transformou em dócil cordeirinho, que foi levado pela jovem numa corrente para dentro da cidade. Ali, o valoroso herói informou que vinha da Capadócia, chamava-se Jorge e acabara com o mal em nome de Jesus Cristo, levando a comunidade inteira à conversão.

O significado seria que o dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu, representaria a província da qual ele extirpou as heresias. Diz a tradição que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.

A Morte de São Jorge

A morte de São Jorge

Também retirado do Paulinas

O soldado Jorge foi denunciado como cristão, preso, julgado e condenado à morte. Entretanto o momento do martírio também é cercado de muitas tradições. Conta a voz popular que ele foi cruelmente torturado, mas não sentiu dor. Foi então enterrado vivo, mas nada sofreu. Ainda teve de caminhar descalço sobre brasas, depois jogado e arrastado sobre elas, e mesmo assim nenhuma lesão danificou seu corpo, sendo então decapitado pelos assustados torturadores. Jorge teria levado centenas de pessoas à conversão pela resistência ao sofrimento e à morte. Até mesmo a mulher do então imperador romano.

Oração a São Jorge

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Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge.
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem,
tendo mãos não me peguem,
tendo olhos não me enxerguem
e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.

Armas de fogo o meu corpo não o alcançarão,
facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar,
cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.

Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça,
Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu Sagrado e divino manto, me protegendo em todas minhas dores e aflições,
E Deus com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor, contra as maldades de perseguições dos meus inimigos,

Glorioso São Jorge, em nome de Deus,
me estenda o seu escudo e as suas poderosas anulas,
defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza,
do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas sua más influências,
e que debaixo das patas de seu fiel ginete,
meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós,
sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar.

Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

Amém.

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés, não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos, não me peguem, não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal

Armas de fogo, meu corpo não alcançará
Facas, lanças se quebrem, sem o meu corpo tocar
Cordas, correntes se arrebentem, sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge

Jorge é de Capadócia, viva Jorge!
Jorge é de Capadócia, salve Jorge!

Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor
Perseverança, ganhou do sórdido fingimento
E disso tudo nasceu o amor

Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum
Ogam, Ogam toca pra Ogum

Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia
Jorge é da Capadócia

Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum

Jorge sentou praça na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia

Ogam toca pra Ogum
Ogam toca pra Ogum



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